24 - Encontro com o destino
2479 Words
Como deve imaginar eu estava bem nervosa com essa coisa toda.
Mas mais do que isso, estava morrendo de nojo!
― Vai dar tudo certo. Não precisa ficar assim. ― Aquele que me enganei em simpatizar mais, vem até mim saudoso e tranquilo.
De todos ali ele parecia o menos... Humano.
Cédruick naturaliza tanto essas coisas insanas, que chegava a perder a percepção das coisas.
― Você já entendeu certo? ― Diz ao se virar e falar com Yvan, que não teve de mudar nada em suas roupas ou atitudes. A única dica foi que continuasse quieto e fosse obediente a mim.
Me pediram para dar ordens bobas e aleatórias a ele, só para demonstrar meu domínio; mas isso não me passou pela cabeça graças ao nervoso.
Foi bem incômodo ver o debate dos dois sobre mudar ou não as roupas de Yvan; mas no fim disseram que Alex apenas iria querer o pôr uma roupa vergonhosa para o incomodar, mas se o Renfield for fiel iria adorar por qualquer roupa que o mestre peça, e por isso ele não ligaria como o servo se veste, já que não teria a menor graça para ele.
Com tudo isso eu só consigo pensar o quanto esse cara era perturbado.
E pra variar eu só queria chorar.
Como se isso fosse ajudar em algo.
Só que era o que eu sentia e não conseguia lidar com isso; porque mais uma vez fui obrigada a me vestir com algo desagradavel e me comportar como não gostaria. Poderia parecer outra coisa para qualquer um... mas para mim parecia a mesma vida de merda!
― Respira. ― Ele põe aquela mão pesada sobre meu ombro, e o olho assustada.
Era a primeira vez que ele se aproximava tanto de mim; senti meu corpo todo ser tomado por um arrepio forte.
E não, não de uma forma boa.
Ele me dava medo.
Muito medo.
Yvan era perigoso e eu sabia bem o quanto.
― Unf. ― Suspira ao se afastar de mim e voltar a direção do carro. ― Vai dar tudo certo.
Ele estava tentando ser gentil e demonstrava ser bem educado desde que... (o capturamos depois dele matar meu amigo) ...saímos daquela cidade de loucos. Mas o meu medo não me deixava. Como poderia? eu vi ele virar um lobo humanoide enorme e destroçar pessoas armadas facilmente.
Entrei no carro me olhando no espelho, já com a forma do tal de Alex.
Aparentemente ele tinha quase a minha idade mesmo que tenha dito que ele era dois anos mais velho que eu.
Era a imagem de um anjo que enfeita o imaginário popular.
Loiro de olhos azuis e pele clara. Lindo e com um rostinho delicado e angelical; um corpo moldado a academia e um voz de veludo. Típico psicopata de histórias.
O que foi?
Quando você viu um serial killer ou psicopata nas mídias que não fosse perfeito? Uma pessoa linda, inteligente, rica e educada? Eu nunca. Gente normal não era perfeita assim, só se for em livros ou ficção.
Nem meu pai era... mesmo que para mim ele fosse.
Devaneei tanto que logo chegamos a uma balada famosa na cidade de nome: Aquilo deu Nisso.
Elegante ornada de preto e dourado, possuía opulentos quadros enormes que adornavam todos os cômodos.
Os dois treinadores nem sequer vieram comigo.
Voltaram para suas casas e quem veio dirigindo foi apenas Yvan como o combinado, já que eu nem sequer tinha feito uma aula de direção na vida e não tinha a mínima ideia de como um carro funcionava. Sentia que isso seria um baita problema no futuro, e já pedi para que meu pai me ensinasse a dirigir.
Ele abriu a porta para mim assim que estacionamos, e os motoristas do lugar levaram aquele carro na cor de cobre tão lindo.
Entramos no lugar como se já fossemos esperados com muita animação pelos funcionários, mas me mantive séria e apática a eles como fui instruída fazer; logo chegando a uma sala particular no segundo andar.
Saindo do elevador particular igualmente ornado com entalhes únicos em dourado com a opulência de pedras preciosas, tendo a vista lindíssima mostrando toda a praça central, as casas mais ricas de toda cidade e a encosta de montanhas que circundava a cidade ao fundo. Entre isso até podia ver algumas plantações de não sei o que.
― Alexandre.
Uma voz toma totalmente minha atenção.
Era tão encantadora que não consegui definir ser de mulher ou de um homem; tinha o efeito oposto ao uivo de um Lycantropo que atingia a nossa alma de forma a fazer mal a ela. Parecia ter o poder de curar as feridas da minha alma de tão perfeita que era.
Tomei um tempo para me recuperar do som de uma voz tão bela e virei e me deparei com a pessoa mais... indescritível que já vi em toda a minha vida; contado até o dia de hoje de onde escrevo este relato.
Imagina o homem mais lindo na sua definição particular.
Pronto era ele.
Sério.
Ele conseguia ser aquele nível de cara bonito que qualquer um paga pal, e não tem discussão sobre ele ser gostoso; não a gosto ou estilo que negue. Se os gostosos da terra tem um rei, esse era ele.
― Já estava me preocupando com sua ausência. ― Diz tranquilo ao me ver se aproximar, voltando os olhos para Yvan de forma sutil e voltando a me dar plena atenção. ― Pelo visto andou mesmo muito ocupado. Nunca vi um tão... diferente quanto este. Que raridade. Meus parabéns pela aquisição. ― Completa enquanto me sento e ajeito.
Pelo jeito a mera existência de Yvan já fez com que eu não precisasse tentar dar as explicações que foram ensaiadas Menos mal.
Suas vestes eram igualmente elegantes.
Com meu auto conhecimento em moda e costura, sabia que eram feitas particularmente para ele e que não havia outra igual no mundo. Ele definitivamente era esse tipo de pessoa.
Um nível de elegância e soberba digno de um rei.
Minha mãe dizia que existiam pessoas ricas, milionárias e outras que poderíamos definir como donas do mundo. Desta vez eu não tenho como discordar dela. Até me pergunto se ela sabia de algo; se tentou me preparar para a verdade ou se ela simplesmente enlouqueceu por saber.
Acho que eu não devia... mas ela era minha mãe e tentar pelo menos entender o por que ela fez o que fez comigo era impossível.
― Posso? ― Pede educado ao virar a palma da mão para cima a direcionando a Yvan de forma graciosa e aceno que sim logo iniciando o assunto.
― Por que queria tanto me ver? ― Digo ente dentes com tom raivoso como fui ensinada a fazer, enquanto ele analisava Yvan que fica quieto como um destes soldados da rainha.
― Nêmesis está mais ativo do que nunca. Não está mais nem aí se é visto ou não, e contratou mais ajudantes. ― Diz ao pôr luvas que um criado o entrega vendo os dentes de Yvan, e desta forma posso ver que ele tinha as presas mais grossas e longas que uma pessoa. Não parecia com os vampiros dos filmes que via, era muito mais parecido com um... ― Não tem pedigree alguma. ― Suspira um pouco decepcionado. ― Mas esse poder é mesmo incrível. Quanto potencial em uma criatura tão jovem. ― Diz ao segurar em seu rosto e olhar fundo em seus olhos, voltando a se sentar à mesa. ― Eu não sabia que o filhote tinha sobrevivido, mas devia ter imaginado. Estou com a mãe e a irmã ainda, mas elas não obedecem ninguém. Já perdi vinte bons empregados essa semana. ― Suspira pensativo como se eu soubesse do que diabos ele falava. ― Mas para tanto potencial vale a pena continuar tentando. ― Da de ombros.
― Foco. ― Reclamo tentando não demonstrar interesse no que ele dizia, mesmo querendo saber mais.
Parecia ser algo que o verdadeiro Alex já sabia, e fui instruída que ele não era uma pessoa paciente para as enrolações do anfitrião.
Outra coisa que fui instruída é não comer nada ali.
No máximo obrigar Yvan a comer, mas eu não faria isso; mesmo que eles confirmem que um Renfield tem uma capacidade digestiva bizarramente poderosa, eu não queria arriscar outra pessoa assim, mesmo que esta pessoa seja ele.
― Bem. Temos de pensar no que fazer com relação aos planos dele. ― Diz cruzando as pernas de forma elegante e posso ver por rabo de olho que Yvan ficava reagindo a ele. Algo deve estar mexendo com algum instinto dele. Depois pergunto. ― Sabe muito bem que antes dos humanos a minha raça dominava tudo e... Nêmesis nos baniu para o esquecimento do nada. Deixando apenas a mim como um lembrete. ― Sorri vitorioso como se fosse o melhor da raça.
Que raça?
A teoria de seres antes dos humanos vem desses papos com ele?
E se ele estiver mentindo? Armando algo?
― E qual seria a minha parte nisso? Vai direto ao assunto. ― Imponho firme e ele sorri. Me sentia sendo muito grosseira, mas fingir ser um psicopata era assim não?
― Preciso que o mantenha distraído para que ele atrase suas gravações enquanto trabalho. ― Diz ao estender a mão e um dos criados que nos circundam como estátuas, vem até ele o entregando um lindo pergaminho. ― Isto vai o manter longe. Preciso que faça estas missões. Não precisa ser exatamente nesta ordem; sei que gosta de fazer do seu jeito.
Abro o pergaminho quebrando o selo de cera feito na forma de um crânio e leio o conteúdo escrito em pena com uma linda letra adornada. Parecia o tipo de coisa que eu via em filmes e séries de época que a Katy amava.
― Certo. Já que é só isso, vou indo. ― Me levanto sem delongas, não podia cair ao luxo de enrolar ali e acabar sendo pega, então me aproveitei deste traço impaciente da personalidade dele.
O Yvan vem logo atrás de mim e então saímos dali.
― Posso ver? ― Me pergunta assim que saimos com o carro e eu o entrego o pergaminho.
Ele passa o caminho lendo e eu me segurando pra não surtar.
― Aaaahhhhh! Me ajuda a tirar essa porcaria! ― Grito assim que saio do carro arrancando aquelas roupas pra poder tirar essa pele humana de mim.
― Calma. ― Responde ao me segurar e soltar esse troço que era preso como um vestido de festa, pelas costas para não aparecer a abertura, e por conta disso precisava da ajuda de outra pessoa para vestir e tirar. ― Você está parecendo a Carrie. ― Sorri assim que tiro esse troço do rosto, sentia meu corpo melado e só corri para o banho.
Não estava nem aí se ele tinha me visto nua, nessa hora eu só pensava em tirar essa pele humana de mim.
Entrei no banho e ali fiquei um tempo.
Não sei no que eu pensava.
Sim eu odiava tudo isso. Mas quem não odiaria? Talvez essas pessoas que querem ser super heróis, mas nessas histórias ninguém vestia pele humana... Mas tinha outro problema, algo que me fazia ser essa reclamona de marca maior.
Já percebeu uma coisa muito importante sobre mim? Se não tudo bem eu vou desenhar agora de qualquer forma:
Tudo que relato em maioria são gostos dos outros, meu irmão era nerd e gostava de muitas coisas, já Katy amava coisas antigas como obras de época, ou tinha o que aprendi com minha mãe e estava a aprender com meu pai. Eu nunca relato meus gostos, ou preferências. Isso porque me sinto vazia. Sou uma pessoa sem gostos, pois ainda estou me descobrindo; ainda estou tentando saber do que eu gosto e quem sou.
Minha casa está vazia pois eu sou vazia, quebrada e feia...
Me deixei levar pela deliciosa água quente daquela banheira e acabei cochilando.
Quando voltei a minha casa interna havia um chafariz lindo no meio do rau de entrada.
Aquilo era novo.
Mas foi a única mudança.
Fui até ele curiosa com o que seria ele, mas não entendi seu significado. Só sei que achei ele a coisa mais linda do mundo.
Será que foi isso que senti ser criado dentro de mim com a influência daquele homem?
Despertei ao escorregar e cair dentro da banheira e tomar um puta susto. Me sequei e sai do banho sem saber onde estavam minhas roupas ou o que faria agora.
Não demorou para lembrar que havia deixado tudo em um quarto e fui de toalha até lá me trocando rapidamente e já desci para voltar para casa, a casa de meu pai.
Yvan estava na sala lendo atenciosamente o pergaminho e fazendo anotações e mal me olhou.
― Aconteceu algo lá? ― Perguntei e ele me olhou de baixo voltando a atençao ao pergaminho sem querer continuar o assunto.
― Não. ― Respondeu ríspido voltando os olhos às anotações que fazia.
Suspirei e me sentei no sofá ao seu lado.
― Se vamos fazer isso. Você precisa confiar um pouco em mim.
― E você confia em mim?
Tuxe.
― Não. Eu morro de medo de você. Tenho pesadelos na verdade. Mas eu preciso. E você também. ― Sou o mais franca que posso e isso parece o surpreender.
Ele suspira e se senta melhor me mostrando suas anotações.
― Tracei uma rota do que pegar ou fazer e a ordem do que você pode dar conta e esse é o ponto mais... facil por assim dizer. Dizem que só tem zumbis ali.
― Só?
― O restante é bem pior. ― Da de ombros. ― O cara acha que você é o Alex, lembra? O pica dura que sabe tudo. E controla o poder da destruição com facilidade.
― Eu sei. ― Murmuro revoltada. ― Vai me ajudar? ― Pergunto meio tímida e bem sem graça. Ele de fato não tinha motivos, mesmo tendo dito que iria. Isso era estranho demais.
― E tenho escolha? ― Diz ao se levantar. ― E tá tudo bem. Eu também tenho medo. ― Diz olhando suas unhas e percebo serem garras grossas e meio ocas como as presas de uma serpente venenosa, como se ele pudesse injetar algo com suas garras.
Eu não esperava por essa.
Tudo que esse cara faz ou diz me surpreende...
Olhei o tal lugar que ele disse que seria o melhor começo, e não tinha como não reconhecer tal nome: Chernobyl.
Era a minha primeira missão e tinha de ser justo no lugar mais famoso e perigoso do planeta?
Eu usei a imagem do filme para ilustrar, mas vai pela descrição dele ok? Afinal no livro ele tem uma nos vários filmes, várias e várias obras. Deixei bem em aberto pq ao meu ver a beleza dele é mesmo anormal e indescritível.
Pra quem lê NPS sabe que essa balada apareceu em um momento por lá; agora conhecem o dono de tudo isso ^_^
N disse o nome dele de proposito kkk no prox cap ela conta; lembra que ela esta aprendendo a escrever. Bjs
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