20 - Mais um pouco de explicação
2422 Words
OK.
Essa garota estava mais ferrada do que eu.
Como assim queriam jogar tanta responsabilidade em cima dela?
Pelo jeito ela podia ganhar super poderes incríveis e até dar poderes às pessoas.
Na cabeça deles parecia algo justo e correto deixar toda a responsabilidade de uma guria que tinha a maior cara de colegial menor de idade.
...
.....
.....
Era impossível que só eu estivesse vendo o pânico que ela emanava com o que o homem dizia!
― Não sabemos quanto tempo temos. Mas estimamos de acordo com a atividade dele e estamos o monitorando. ― Ele continua a explicar calmamente e a luz ambiente me deixavam em dúvida se os pelos de suas costeletas eram completamente alvos ou se ainda mantinham um leve tom. ― Queremos acreditar que ele esteja de alguma forma a esperar que você se fortaleça um pouco para ter um filme mais interessante, mas não contamos muito com isso; pois segundo o trailer que ele lançou o Porta- voz nem aparece.
― Posso ver este trailer? Ou até os demais filmes? ― Pergunto sério e ele volta a me dar atenção, analisando se podia ou não confiar em mim.
― Certo. ― Se levantou vindo até mim pegando um bloco de notas em seu bolso. ― Este é o nome do site onde estão hospedadas todas as obras e onde os trailers e teasers são enviados. Mas se vocês têm acesso à mansão nada melhor que ela. Afinal tudo que está neste site vem dela, e é dela que saem tudo que temos e um dia poderíamos usar. ― Explica me dando a folha.
― Como assim?
― A casa pertence à Térekin e seu parceiro. Tudo nela é... mágico. ― Diz ao claramente resumir toda a explicação necessária.
― Aquele lugar não tem cheiro. Como pode isso? ― Argumento e ele me olha mais uma vez. ― Tudo tem cheiro. Como algo tão grande como uma mansão pode não ter? E não me fale que é porque está limpo.
― Eu... não posso dizer. O segredo da mansão é muito sério. ― Explica sem explicar. ― Apenas um grupo seleto tem esta resposta e no momento sou o único vivo, já que infelismente Sebastian foi morto por Alex antes de o jovem ter direito de saber. Pelo menos assim espero. ― Completa pensativo voltando a se sentar ajeitando os trajes que me faziam lembrar de um professor de faculdade.
― Isso não é um problema? ― Ela pergunta preocupada. ― E se algo acontecer e o conhecimento se perder?
― Esta é a ideia. Há coisas que a humanidade não precisa saber.
― Isso é ridículo! ― Protesto me levantando.
― Você é muito bravo não? Possui uma fúria que não lhe pertence. ― Sorri convicto como se soubesse de algo e fico ouvindo. ― Estes olhos... verdes como faróis. Com um contorno dourado. Isso... é mesmo possível? Qual sangue prevaleceu em suas veias meu rapaz? ― Diz de modo calmo e curioso. Quase que delicado. ― Permita-me. ― Diz ao pegar minha mão. ― Interessante demais.
― O que está analisando aí?
― Você meu rapaz. É um Grimm, entretanto por ser um Renfield este encobriu totalmente sendo um gene mais dominante. Renfield tem classes assim como os Nospheratus e os Lycantropos; e o fato de ser um Grimm te faz um "item" raro. Isso eleva suas habilidades fazendo com que se compare a... digamos que dá mais pedigree. ― Brinca claramente usando estes termos apenas para explicar. ― Se um dia a maldição que o aflige for quebrada e por milagre voltar a ser um humano, perderá seus poderes e vantagens entretanto seu sangue Grimm poderá finalmente agir em plenitude. E estes olhos poderão ver o que se esconde nas sombras como jamais outro Grimm pode, já que voce perambulou pelas trevas a vida toda.
― Então eu sou tão forte por que sou mestiço? ― Pergunto e ele ri alto.
― Não existe mestiço meu caro. O poder dos Grimm foi algo concedido pelo porta voz e só conseguem usar se tiverem a vida livre de pecados caso contrário são simples humanos e seus olhos se "apagam" digamos assim. E os Renfield estão com uma maldição assim como um Lycantropo que diferente de um Nospheratus está morto assim como uma múmia. São coisas diferentes, um é um dom concedido por um deus o outro uma maldição.
― Não tenho nada que possa fazer? ― Bufo olhando para ela. ― E se essa bosta toda for verdade... eu também estou em risco já que o mundo está em perigo e eu moro nele. ― Digo olhando para ela de forma mais analítica. E se essa garotinha trêmula e fraca é a esperança do mundo, tamo fodido de mais! ― Acabo me exaltando novamente. ― Ela realmente não parece que dá conta de salvar ninguém. ― Afirmo sem esconder minha opinião sobre ela me lembrando que se não tivesse puxado os três pra fora...
― Minha dica é: ouçam Térekin e usem tudo que podem da casa. ― Diz ao se levantar e acabar com a conversa. ― Se precisar, este é meu número. ― Diz ao me entregar um cartão improvisado como se fosse uma criança brincando com seus lápis de cor e não algo forjado em uma gráfica por profissionais descentes e competentes.
Não evitei um sorriso.
Era um homem cativante.
― Vai mesmo me ajudar? ― Ela murmura com voz de gato. Seu cheiro começa a voltar ao normal saindo aquele odor fétido do sangue que tinham posto nela.
Não sei por que ela tinha cheiro de vela.
Não uma vela aromática.
Vela mesmo.
― Ouviu o que disse? Não tenho escolha, tenho? Ou você dá conta sozinha?
― Claro que não! Viu o que ouve! Eu "não- sei - o que - fazer"! ― Fala pausada de forma a dar ênfase a seu pânico.
― Ok. Já entendi, não tem que gritar. Ai. ― Digo sentindo o ouvido zunir. E logo vejo o grupo de amigos dela invadir o quarto todos sorridentes.
Me afasto deixando a festa rolar.
Logo ela vai até o banheiro tomar um bom banho e se trocar e saímos para ver os treinos dos caçadores e a cidade.
Estranhamente ninguém me olhava feio quando estava com esse grupo.
Creio que só neste momento eles conseguiram conversar sobre o que passaram naquela cidade, e fiquei apenas ouvindo enquanto olhava o lugar.
Creio que estávamos em Londres... Como? Não me pergunte; estava distraído demais na viagem pra cá.
O grupo contava que os caçadores se reuniam nas cidades mais populosas e numerosas, pois assim evitavam ser atacados já que as criaturas teriam de se dedurar para fazer um ataque em massa. Foi interessante.
Isso quer dizer que para manter os humanos sobre controle eles também não podiam se revelar. Interessante. Então de certo modo a idéia da velha Licantropo... ou melhor a duvida entre revelar ou não só vinha da falta de capacidade de provar ao mundo todo de uma vez. Se alguém conseguisse fazer isso.... Unmmm! To tendo umas idéias aqui para a nossa grande heroína fazer.
Vem na minha que "da bom".
― Todos aqui são tão legais! ― O louro diz todo animado explicando como estavam sendo bem tratados e que eles gostariam de ficar ali treinando para conseguirem ser úteis no futuro.
― Vamos conseguir te ajudar na próxima! ― A garota diz a abraçando como se fosse uma tocante despedida.
Apenas me afasto deixando que conversem.
E aí sim vejo o olhar das pessoas mudarem comigo.
Era um nojo misturado ao medo.
Caçadores...
Eu não sou como eles! Porra!
― Toma. ― Ela se aproxima me entregando uma sacola de algo que claramente acabou de comprar; sorrindo ao esperar minha reação.
Abro o pacote percebendo ser de alguma ótica e ter aquele recipiente de lentes de contato dentro.
― Nossa... essa me pegou desprevenido. Obrigado.
Ok. Ela não era tão má assim.
De alguma forma estranha ela era... cativante.
Mas mais do que isso, era humilde e apenas se virou satisfeita com a minha reação e voltou a conversar com os amigos se despedindo toda dramática.
Voltamos para a cidade em um helicóptero e ela passou a viagem toda em silêncio olhando o nada, como se ouvisse alguém palestrar ou discursar.
― Ele não para de falar? ― Pergunto e ela me olha como quem sai da concentração e se põe a rir.
― Não. Nunca. ― Ri alto provavelmente porque ele dizia algo do meu comentário. ― Está me explicando várias coisas. Quer que te conte?
― Gostaria muito.
E assim ela me explicou sobre essa trindade familiar e como cada criatura do mundo se tornou subordinada de um das três raças mesmo que viessem antes dela. Como por exemplo, as múmias que eram mais antigas que os lospheratus, obedeciam a eles.
Depois me contou sobre os caçadores e nos distraímos com esse treino da "casa interna". Disse que ainda não poderia me explicar sobre a religião pois não tinha entendido direito, mas assim que conseguisse entender me contaria.
E assim chegamos.
― Me diz uma coisa. Seus amigos... não tem casa nem família não? ― Pergunto pensando nestes detalhes já que largaram tudo aqui e ficaram por lá mesmo. Eu entendo o medo deles mas...
― Eles ainda vão voltar para cá. Só vimos antes. Querem terminar o último ano e depois vão se mudar para treinar; planejam mentir a seus familiares que ganharam uma bolsa para faculdade. Pelo jeito os caçadores forjam isso para eles.
― Entendi. O básico é mentir para proteger. ― Digo ao devolver seu aparelho celular. ― Em falar de mentir. O que vai fazer agora?
― Eu não sei. ― Diz olhando a tela do aparelho descarregado. ― Vai mesmo me ajudar?
― Aff. Vai perguntar isso de hora em hora? Meu interesse nisso é saber mais do que está rolando e ficar com você me da estas respostas de graça. Entendeu? E treinar com seu parasita mágico não parece ruim.
― Por que faz isso? Fazer força para parecer um cara mal?
― Que?
Nem tinha me dado conta.
Eu estava fazendo isso?
Que coisa idiota.
― Tudo bem. Olha eu.. unf... É como você disse. Nos dois somos iguais neste ponto. Só quero ter uma vida normal. Por isso vou te ajudar ok. ― Explico e ela sorri.
― Obrigada. É bom conhecer alguém que me entende.
― Digo o mesmo.
Realmente...
Era bom e estranho.
Conversar com uma pessoa que também foi arrastada para esse filme de terror era um grande alívio. Mas não éramos tão iguais assim.
Ela era vista como a esperança, a heroína de tudo, enquanto eu realmente era caçado e eles me matariam a qualquer momento se ela não me defendesse. Diferente dela eu aceitaria de boas este cargo; até acharia lógico, afinal sempre me senti melh... mais forte e observador que os demais a minha volta. Mas ela? Eu entendo sua negação.
Ela é fraca e medrosa. E não está errada em ser assim.
Afinal é só uma colegial.
― Você não tem onde ficar certo? Por que não fica morando na mansão? Sei que te dá agonia, mas é melhor que aqueles quartos de hotel vagabundos que tem por aqui e não posso chegar para o meu pai e dizer: Olha o que me seguiu até em casa. Posso ficar com ele?
― Vai mesmo ficar me zuando como cachorro?
― Vou. Não nego. ― Ela ri.
Que filha da puta.
― Ok. Deixa eu arrumar com o que te zuar pra você ver. ― Respondo caminhando a seu lado ate o hotel onde tinha deixado minhas coisas e ela parece me acompanhar calmamente.
― Vai ficar tudo bem. ― Diz mais para si mesma do que para mim. ― Tenta ficar repetindo isso como eu. Sei que tem horas que parece uma mentira mal contada, mas... dizem que uma mentira repetida mil vezes se torna verdade.
Bonito.
― Não é isso. ― Murmuro pondo a mão nos bolsos olhando a lua que tomava o céu, e jogando a mochila nas costas. ― Eu acreditava realmente que os Renfield eram vítimas. Que não tinham escolha e eram escravos, mas eles não passam de monstros com um comportamento distinto. Eu estava errado... os caçadores que me atacaram e aos meus amigos... só seguiram o padrão achando que eu era como eles.
― Sim. ― Responde direta. Nem por um segundo ela tentou mandar um: "não pensa isso" seguido de um conselho vazio qualquer como: você é diferente e isso que importa. ― Os caçadores seguem o padrão que vêem e eles nunca viram alguém como você não dar problemas ou ser perigoso, igual a pessoa que tem a alma de Drácula ser perigoso por ser rebelde demais. ― Murmura pensativa. ― E é verdade. Só dou ouvidos quando não tenho outra opção ou se me agrada. ― Da de ombros. ― Sim, é verdade e a verdade dói. Conviva com isso.
― Sabe. Você é legal, mas também é bem cuzona quando quer. Gostei. ― Ri e ela me olhou meio sem graça pelo elogio. ― O que foi? Gente boazinha demais é fingida. Você é sincera.
― Obrigada. ― Diz pensativa.
Me sentia desolado e sem objetivos.
Só me restava mesmo seguir o pedido velho e ajudar essa garota a tentar salvar o mundo.
Engraçado pensar assim:
Já que não tenho nada melhor pra fazer bora salvar o mundo. To de bobeira aqui.
Os três muito provavelmente não irão mais aparecer nesta obra.
Vou explicar um pouco.
Planejo dividir a obra por temas: a obra toda é de horror mas este início tem terror e apesar de Valery poder ter poderes este é o período de treino e ela ainda não tem, e para ser terror a diferença de força dela para os inimigos têm de ser grande. Já na segunda parte da obra será dividida porque muda para o gênero mais parecido com aventura, ainda contendo o foco em horror, uma vez que ela já tem os poderes e consegue revidar muito mais fácil. Ai sim os amigos dela voltam tunados para ajudar.
Por ser uma obra longa achei melhor ceder ao estilo de dividir em livros 1, 2 e 3 não indo além disso. Para dar a cada obra seu peso e tema. Então todos terão HORROR, mas no primeiro tem terror, no segundo aventura e no último... veremos. Kkk
E não, isso não garante que ela terminara esta primeira parte bem.
Planejo algo muito surpreendente para o final da primeira parte e que de um fechamento mesmo, dando a escolha de parar de ler ali por que acabou ou ver a continuação. Ok? Não gosto mesmo da idéia de obrigar a pessoa a ler uma coleção.
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