10 - Sem escolhas
3564 words
Mil desculpas por isso, mas...
Este período da minha vida foi tão conturbado e insano que eu não sei como arrumar na mente para poder contar.
Isso já rolou com você?
Ter tanta coisa acontecendo junta que você se perde dentro de si mesmo e quando vai lembrar da época parece um turbilhão de acontecimentos e você não sabe muito bem o que contar antes do que?
Então.
Mas tentarei ao máximo polir os ocorridos e deixar de um modo compreensível, afinal foi nesta época que aceitei minha sina e percebi que realmente não tinha escolha a não ser abraçar meu destino.
E tudo começou assim, quando meu pai ganhou um presente:
Parecia ser algo de um fã, afinal o cara parecia um popstar... Eu realmente não entendia por que um policial era tão popular assim, mas era algo lógico; ele era lindo e muito legal, a garotada da minha idade pagava o maior pal pra ele.
Mas em fim...
Cheguei e vi o pacote do lado de fora e levei para dentro, mas quando ele chegou, não somente ignorou completamente o pacote, como o jogou na lixeira no mesmo segundo sem nem mesmo abrir; e eu achei a atitude dele tão errada que peguei de volta e abri o presente.
Erro meu...
Deveria confiar mais nos instintos do meu pai.
Ele só pode saber de algo!
Pus o pacote grande e enfeitado com um laço vermelho dignos dos desenhos do Papai Noel sobre a mesa da sala e me arrependi amargamente no segundo que abri a tampa da caixa, pois se tratava de uma boneca horripilante: toda estragada com vestígios de sujeira que só me faziam pensar que havia sido abandonada no mato por anos e apodrecido ali. Estava toda manchada e muito estragada, com um dos olhos tortos e o outro riscado; fora o acúmulo de terra preta em tudo até dentro da boca da boneca.
Logicamente joguei fora assim como meu pai fez inicialmente, e entendi que deveria ser alguma pegadinha ou ameaça já que ele era o chefe de polícia.
Mas infelizmente eu estava errada, e aquilo não eram simples bonecas feias. E para piorar meu pai não foi o único a receber aquilo.
Mas voltando à "vaca fria" como diz meu pai:
Ninguém conseguiu ir à aula e não conseguiam tirar o ocorrido da mente, realmente parecia que estávamos sendo perseguidos por uma entidade de caos assim como no filme "premonição" onde a própria morte fica mandando coisas aleatórias matar os protagonistas.
Eu tentei evitar entrar nas redes sociais, pois sabia que novamente estariam falando de mim. E mais uma vez eu não teria defesa alguma.
Então sentei no PC novamente e fui ver aquele livro que o mensageiro falou.
Achei o arquivo e salvei no meu Drive enviando um link para Katy e outro para Aleh, e fui procurar o livro físico não o encontrando em canto algum do meu quarto.
— Paieee! Tu viu um livro enorme escrito Térekin na capa? — Dei aquele berro digno de uma adolescente que eu ainda era, e logo o vi sari da academia que era bem em frente ao meu quarto, tomando um puta susto pois estava de quatro olhando de baixo da cama.
— Um com detalhes de ouro que parece bem velho? E caro? — Pergunta ao abrir o meu closet e entrar, ignorando completamente minha vergonha. — Achei melhor guardar em um lugar mais seguro. — Diz ao mostrar que dentro de um dos armários de madeira que compunha o closet, havia um teto falso para esconder coisas.
Que tipo de casa era essa?
Mais tarde no mesmo dia combinamos nos encontrar naquela praça que ficava no centro da cidade; e com isso fiquei um pouco de papo com Katy que tinha o dom de me acalmar, e estranhamente Daniel puxou papo comigo em uma chamada de vídeo:
― Como você está? Soube do que ouve na festa; isso está bizarro. ― Nem evito ficar olhando como era o quarto dele através da chamada. Estava curiosa. ― Geral está falando que o Kevin estava envolvido. Aparentemente todos os malucos morreram, mas não acharam o corpo dele; então ele ainda pode estar por aí.
― Obrigada por me acalmar. Estou bem melhor. ― Zombo e ele faz cara de quem vacilou. — Mas da forma que todos foram triturados, ele pode só ter virado um mingau.
― Desculpa. Escapou. ― Fala sem graça e até me emociono; ele não pede desculpas... ― Como sou do jornal, sei as fofocas. Disseram que o... ― Ele claramente para para ler algo. ― Marcos, Augusto e o André conseguiram escapar, mas voltaram com algum tipo de arma especial. Você confirma isso?
― Sim senhor policial. ― Volto a zombar, tentando espantar o pensamento de que provavelmente o cara que me perseguia estava à solta. ― Foi tudo bizarro. Alguém falou sobre como os caras morreram? Ou sobre mim?
― Bem... não vou esconder. ― Ele passa a mão nos cabelos ruivos todo sem graça. ― Falaram muito de você, pra variar sempre falam de você. Mas ninguém entendeu por que essa implicância de você conhecer o tal do Alex ou poder os ajudar. Na real ninguém mais acha que você tem haver com algo por que eles quase te mataram. Estão debatendo se não te confundiram com outra pessoa.
― Menos mal. ― Murmuro desanimada para sair com o grupo; queria continuar conversando com ele. ― Sabe algo do David?
― Quem?
― O carinha que vivia apanhando.
― Ata. Poxa, verdade... faz tempo que não vejo um dos shows na escola. ― Diz pensativo e posso ver que ele digitava algo ou fazia alguma busca pela forma que ele olha a tela. Era legal acompanhar seus olhos verdes. ― Ou os babacas desistiram de implicar com ele depois do trauma, ou não sei. Bem aqui no grupo de teatro tá falando que ele abandonou faz um tempo, pouco depois de você entrar na escola na verdade. Na real no dia depois da confraternização com a: "nossa escola rival" e eu não sei se ele fazia outros cursos. ― Pontua com um tom de desdém com a rivalidade que ele achava ridícula; e me perco a atenção vendo seu quarto novamente.
Atrás dele estava uma grande janela, que apesar do horário estava fechada deixando tudo muito escuro, e podia ver que sobre ela ficava uma prateleira de livros, e abaixo dela estava sua cama; tão alinhada que parecia que ele tinha vindo do exército.
― Ele saiu de todos os clubes que fazia? ― Pergunto preocupada.
― Aparentemente sim. ― Diz sério voltando a me dar atenção. ― Mas e você como está?
― Estou bem na medida do possível. Tenho que sair mas... Queria conversar com você cara a cara. Será que rola?
― Vou pensar no seu caso. ― Brinca. ― Cola aqui em casa depois. ― Diz ao me enviar o endereço e eu sorrio feliz.
Por causa disso cheguei depois de todos; com meus fones no último volume a fim de fugir da realidade a minha volta, desta vez resolvi por um vestido rodado com esse tom de garota do campo, meti uma jaqueta por cima e o costumeiro coturno de mesma cor pra combinar que já não estava mais tão branco assim.
― Você soube? O parque do cais afundou. Explodiu tudo. ― Ela diz assim que chego e dou de ombros. Nem sabia que tinha um cais nesse fim de mundo que ficava dentro de um vale.
Pra que um cais ali?
Isso não é coisa de cidade costeira?
Oi? Lógica cadê você menina!
Alias... qual o tamanho deste lugar?
― Parece que antigamente tinha muitos peixes no lago, mas com o tempo os bichos foram extintos. ― Edd explica vendo minha cara de dúvida. ― Mas como já tinha um treco construíram um parque em cima pra lucrar com os festivais e quem ia lá pra se banhar. Já fomos muito lá.
― Na real eu tava doida pra te levar lá quando a reforma acabasse. ― Ela diz com a cara enfiada no celular como sempre.
― Entendi. ― Dei de ombros. Era meio triste a ver olhando as redes sociais das amigas falecidas, que nunca mais seriam atualizadas ou poderiam responder. Pensei em pedir sua ajuda para montar o meu perfil e a distrair um pouco. ― Olha Aleh... ― Mostrei meu aparelho. ― Me da uma força? ― Completo e ela salta de dentro do aparelho dela agarrando o meu.
― Claro! ― Diz toda animada. ― Primeiro vamos por um plano de fundo, sem nada assim é muita coisa de velho. Aí montamos seu avatar. Espera? Que foto é essa? Que horror! Não e não. Vamos agora mudar essa foto e por uma descrição melhor. Nossa. ― Ela fala tão absorta que o namorado dela apenas olha pra mim e sorri agradecendo e entendendo muito bem o que eu tinha feito.
E nesta hora eu vejo um garotinho literalmente sair de dentro de um destes poços medievais.
Que porra?
Os demais olharam ele sair e deram de ombro como se fosse normal uma criança sair de dentro de um poço assim. É a Samara versão masculina, mas nós não somos o alvo porque não vimos a fita?
― Esse guri vive brincando lá embaixo. ― All explica ao ver o quanto estava inconformada. ― Pelo que já me contaram todo mundo já entrou neste poço em algum momento, tem uma construção lá embaixo e uma escada velha que dá pra descer pelo poço.
Wtf?
Sério... lógica, cadê você? Se demitiu da minha vida?
― Uma construção de que? ― Pergunto querendo ir olhar, mas fiquei e ouvi.
― Sei lá. Algo muito antigo que a cidade acabou sendo erguida por cima. Aí você já sabe. Enche de lenda urbana tosca. ― Ela diz ao claramente ridicularizar o fato ainda com a cara dentro do celular, mas eu me senti como uma criança curiosa que quer saber todas essas lendas, além de ver o que tem lá embaixo.
E neste momento olhei para o garotinho que parou para comprar um sorvete na lojinha que ficava no centro da praça:
Muito fofo, não parecia ter mais de nove anos, e usava um casaco de frio todo azul com uma toca larga que era adornada por grandes orelhas de coelho macias e fofinhas. Isso me chamou muito a atenção; pois não imaginava uma criança desta idade com tal traje sem ser zombada principalmente por se tratar de um menino.
Olhei as demais crianças no parque que davam voltas em suas bicicletas entre as lindas flores que adornavam o lugar como se fosse uma amostra do próprio éden; ou se esborrachavam ao tentar fazer alguma manobra na pista de Skate onde Marcos estava a treinar, mas o garotinho realmente não parecia interagir com elas e viver em seu mundinho particular.
Acho que ele era excluído mesmo.
Pobrezinho.
― Sobre a festa... ― Tentei retomar o papo.
― Esquece. Tu faz coisas estranhas, e acho que os policiais estão certos. Os invasores nos doparam. Não tem como elásticos dispararem raios. ― All diz deitado no banco de pedra sobre o colo da namorada, e apenas concordo.
― Não dá pra ser outra coisa. ― Marcos diz ao se aproximar do grupo, suado como se estivesse saído da piscina. ― Até porque a chave que você nos deu sumiu no ar assim que a usamos. Além de que eu moro nessa cidade a vida toda e nunca vi aquela mansão antes.
― Concordo. Coisas assim não acontecem. ― Edd diz pensativo.
Sim, coisas assim não deveriam acontecer.
Pensei olhando as nuvens fofinhas que pareciam ser muito presentes todos os dias ali como se o clima fosse terrivelmente perfeito sempre; me lembrando do papo estranho que tive com o cara inglês.
Parei para pensar.
Por ser um vale, a cidade não deveria ser mais fria?
Mas não. O lugar era uma delícia.
Mas logo nossa conversa foi interrompida pois várias viaturas passaram correndo, sendo seguidas por ambulâncias.
― Não é por nada não, mas... é normal ter tanta desgraça assim por aqui? ― Pergunto olhando as pessoas curiosas e os quatro olham para mim.
― Não. Aqui sempre foi um lugar tranquilo e bem monótono na real. ― Edd diz acusador.
― Na verdade as coisas só ficaram mais animadas quando você apareceu. ― Ela diz nitidamente me acusando de algo que não poderia provar. E me lembro das palavras de Sherlok:
Eu sou a herdeira de uma linha de heróis. Mesmo que eu não aceite o fardo, os seres estão procurando por mim para me destruir. Negar este poder só me deixa indefesa e não poderei proteger todos que amo.
Mas eu tinha medo.
Quem é louco de querer ser um super herói?
Tentei espantar esses pensamentos da cabeça e fiquei conversando com eles sobre como era minha vida antes, e zombamos que eu era um gato preto.
Mas Aleh estava muito mal pela morte de suas melhores amigas e não tirava a cara do celular vendo as fotos e conversas com elas, e eu não sabia o que fazer para a consolar, alem de breves momentos de distração; então deixei ela na casa de All e fui direto para a casa de Daniel pensando que algo muito ruim deve ter acontecido com David, e o Edd sabia o que era, por isso passou a evitar o Miúdo a todo custo, onde antes ficava o provocando.
Mas eu não tinha argumentos para contrapor Edd.
― Entra. ― Diz ao abrir a porta antes mesmo de eu bater.
― Fala sério. Você tem poderes não tem? ― Brinco e ele apenas caminha até o sofá. Era um desses apartamentos que você entra pela cozinha e chega na sala quase no mesmo cômodo.
Olho as fotos sem querer e não tenho como negar que definitivamente ele era adotado. Não tinha nada haver com os pais.
― São meus tios. ― Explica, por que eu realmente devo ser expressiva em excesso. ― O que você quer conversar? ― Sempre direto ao assunto.
― Sabia que eu adoro esse seu jeitinho direto e reto? ― Falo apoiando o corpo na parede, não queria demorar ali.
― Você deve ser a única. Não, de fato você "é" a única. ― Pontua me chamando para sentar próximo a ele no sofá.
― Você me perguntou das minhas crenças... mas e as suas?
― Veio até aqui pra isso? ― Me pergunta sério, mas apenas o encaro; já que era tão expressiva não precisava falar tudo. ― Unf! Está certo... ― Murmura olhando para as nossas sombras que a janela formava contra a outra que vinha da luz acesa formando uma sombra dupla muito legal. ― Eu... Sei que falam que você é maluca na escola porque... você diz que vê coisas... Eu me aproximei de você. Por que eu também vejo coisas...
― Que tipo de coisas? ― Pergunto realmente curiosa e ele sorri, um sorriso legítimo e aponta para a minha sombra.
Eu podia simplesmente achar ele maluco, mas a essa altura só queria não me sentir maluca sozinha.
Olho para ela e não vejo nada de mais.
― Veja. Você tem duas sombras. ― Pontua como se fosse óbvio. ― Você está sempre pensativa, olhando as árvores. Mas não olha pra baixo. Não vê sua sombra. Mas você tem sempre duas. ― Diz apontando para a dele, e realmente vejo que tudo na casa tinha apenas uma sombra eu... somente eu tinha duas sombras.
Isso me assustou.
Muito!
Por muito pouco não saí correndo dali.
Mas seria terrivelmente patético realmente ocorrer da minha própria sombra.
Ergui as pernas apoiando sobre o sofá como uma criança assustada e fiquei movendo a mão vendo que realmente eram duas, sobrepostas.
― Você... faz ideia do... ― Falei trêmula.
― ... Do por que? De alguma explicação ou motivos? ― Ele dá de ombros. ― Não. Simplesmente não sei nada pra poder te explicar. Eu só sei que eu vejo ou melhor, eu percebo coisas que os demais não. ― Ele diz meio incomodado, mas não comigo e sim como se fosse uma questão antiga dele. Eu mais que ninguém entendo esse sentimento, então apenas o olhei complacente e aguardei que prosseguisse. ― Eu sempre vi e... como deve imaginar... quando era mais novo eu contava e... ou as pessoas riam de mim ou ficavam preocupadas com o meu psicológico. Mas ninguém acreditava, então eu só fiz o óbvio. Parei de contar o que eu via.
― Pode contar pra mim. ― Digo por instinto pondo a mão sobre sua coxa, percebendo como era magro e que minha mão de dedos longos davam a volta fácil. ― O que você vê? Viu algo na minha casa pela câmera? ― Perguntei e ele engoliu seco virando o rosto para a janela como se tentasse me fazer ver o que ele via.
― Eu vejo coisas assustadoras... o tempo todo. Por toda parte. ― Pontua sério e seu tom me faz arrepiar mais ainda, como se não fosse papo de maluco. Fosse algo... real e não pude deixar de lembrar do livro. ― No seu pai. Eu... não vi nada. ― Diz com um fio de voz como se tivesse medo de me contar. ― Seu pai... é enorme, mas... ele não tem sombra. Eu acho que seu pai.. pode ser como eu... ele deve poder ver coisas e viu algo em mim... algo que eu por estar acostumado não sei o que é. E isso me assustou.
― A ideia de ter algo em você? Mas não é bom achar mais alguém que acredita? Eu posso tentar falar com ele, mas antes... ― Digo entrando no meu drive e o enviando o livro que havia digitado. ― ... quero que leia esse livro por favor.
Ele olha o arquivo e fica pasmo apenas com a capa.
― Você... tirou foto deste livro? Está com ele? ― Pergunta pálido feito um fantasma.
― Está na minha casa. Mas posso te emprestar sem problemas depois. Prefere ver o de verdade? se tiver algo mágico que eu não vejo. ― Pergunto me levantando para ir buscar por intuito e ele me segura ali junto dele.
Ele faz que sim, que desejava ter o livro físico para ler, mas faz sinal de silêncio e aponta para a janela discretamente. E isso já me faz gelar. A forma como ele fez, os gestos de pleno medo que ele exalava.
Eu não vi nada demais, mas ele parece apavorado. E logo pega seu celular escrevendo algo e mostrando o que tinha digitado pra mim, como se não pudesse falar.
*-* Estão olhando nossa conversa. Não sei se podem ouvir.*-*
Lógico que eu já estava quase infartando de medo, mas tornei a olhar a janela fingindo ir fechar a cortina pra ter privacidade. Afinal éramos um cara e uma garota e geral julgaria sermos um casal; era a desculpa perfeita.
Olhei lá pra fora procurando algo errado. Nas sombras... tinha que ser pelas sombras.
Varri o chão com o olhar e não tardou comecei a perceber o que ele via.
Um arrepio ruim percorreu todo o meu corpo quando percebi que haviam três sombras ali fora, voltadas a direção da janela como se caminhassem na nossa direção pelo chão.
Busquei uma explicação lógica, um ângulo que o sol pudesse estar fazendo aquilo, mas... o sol estava atingindo de lado e não na direção da janela para dar aquele ângulo justamente a apenas as treze sombras específicas que pareciam caminhar sem perder a forma.
Fechei os olhos de medo como quem reza por uma entidade superior por socorro, mas eu não tinha crença alguma ainda. E quando abri não tinha mais nada lá.
Bem... tinha.
"Ele" estava parado ao meu lado olhando para Daniel.
Dei um pulo enorme e ele olhou perfeitamente na direção de onde o cara do chapel estava, diferente de Kevin que ficou o procurando.
― Você.. o vê? ― Perguntei olhando Daniel. ― Um homem com uma longa cartola bem colorida olhando você? Bem aqui?
― Agora é você quem está me assustando. Eu não vejo nada. ― Me responde assustado.
OK.
Nós dois podiamos ser loucos ou... cada um podia ver uma coisa diferente. Mas se eu podia ver o que ele me apontava, por que ele não podia ver o homem de chapéu como eu?
Voltei a olhar lá pra fora e ao longe vi as árvores da praça que passei a tarde. A essa hora elas pareciam pernas de uma aranha. Eram medonhas e minha imaginação dizia que elas se moviam.
― Na escola... te levo o livro. OK... ― Murmuro me sentando novamente no sofá.
Não podia ir embora ainda.
Tinha muito o que conversar com ele.
Mesmo que ele não soubesse, eu queria saber exatamente tudo que ele via mesmo sendo assustador. Na verdade, justamente por ser assustador!
Mesmo não querendo, comecei pelo meu pai.
Ele era suspeito, não podia negar, mesmo sendo tudo que eu tinha; e ainda amoroso. Não podia negar que ele claramente era suspeito de algo.
Afinal... tinha aquelas estátuas.
Eu temia, mas desejava que Daniel fosse até em casa ver tudo que poderia ter de errado ali. Principalmente as estátuas...
Eu até pensei em por neste mesmo cap o Bestiário bonitinho, mas... acho que fica melhor eu deixar um cap "facultativo" vc lê se vc quiser se aprofundar mais nos detalhes da obra. Se não quiser pode pular os caps q n tem números \o pq são todos glossários ok. Bjs Assim eu faço a Val ir contando o que ela aprendeu nestes caps ^_^
uma piadinha aleatoria
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