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Epílogo: Jimin

OI, OI, OI, MEUS BACONZITOS!!!!! CHEGUEI COM O ÚLTIMO CAPÍTULO, ACHO QUE VOU CHORAR!!! Vou ser breve aqui pq nas notas finais vou armar uma choradeira kkkk

A playlist pode ser encontrada aqui nos comentários ou na bio!

Boa leituraaaaaa! #6Baconzitos

»🥓«

Senti meu coração acelerar quando chegamos em um complexo universitário completamente desconhecido por mim. O céu já estava escuro e parecia tornar tudo mais emocionante. O ambiente era iluminado parcamente pelas luzes amareladas do poste e já dava para ouvir ao longe o barulho do som da UrbanFest.

— Caralho, tinha que ser no cu da faculdade? — Yoongi torceu o nariz sendo que só estávamos caminhando há uns 10 minutos. Acho que ele era desacostumado com campi universitários, eu não conhecia aquele, mas onde eu, Yugyeom e Namjoon estudávamos era bem grande também.

— Você fica reclamando que nem um velho sempre que tá nervoso — Kidoh pontuou sabiamente. — É por causa da apresentação?

— Tu que é o velho reclamão dessa porra! — Yoongi retrucou, as bochechas começando a corar por ter sido descoberto. Nossa, Yoongi era muito fofinho tímido mesmo, nem parece que comia o cu de todo mundo através de seus versos.

— Sou mesmo. — Kidoh não tentou escapar, afinal, já tinha uma fama bem consolidada de ser um chato do caralho. — Reclamão no caso, o velho aqui só o Pdogg mesmo.

De graça — reclamou meu amado titio Hyowon ao ser incluso na troca de ofensas. — Eu estava tranquilo aqui, sem fazer mal a ninguém...

E, credo, eles continuaram se alfinetando o caminho inteiro até o evento. Acho que é o nervosismo tomando conta deles. Deve ser doideira se apresentar pra tanta gente que nem eles faziam e iam fazer. Sem contar que o público era bem maior do que o normal dessa vez. Assim sendo, não julguei o matraquear do Verso Reverso.

Acho que tínhamos chegado cedo porque além da gente só mais umas cinco pessoas caminhavam em direção ao evento. De resto, a universidade — já em período de férias, suponho — estava completamente fantasma. Tão vazia que o vento frio noturno, sem nenhum empecilho para o desviar, fazia minhas bochechas queimarem.

O evento em si estava mais bem iluminado. Ainda bem, porque imagina como ficariam tortas as flash tattoos feitas sob a luz precária dos postes de iluminação... Eu que não seria doido de fazer uma.

Enfim, havia quatro tipos de ambientes pelo que eu tinha entendido. O principal, margeado por toldos brancos, abrigava dentro destes vendinhas de bugingangas, tatuadores, body piercers, cartunistas, hippies vendendo as coisas que faziam a partir das coisas que a natureza dá e venda de bebidas e comidas. Pena que os alcóolicos só seriam liberados mais tarde... E, para quem estava preocupado com a qualidade das tatuagens e desenhos assim como eu, as barracas possuíam lâmpadas de LED bem fortes, graças a Deus.

O espaçamento entre as barracas do lado direito e do lado esquerdo eram grandes o suficiente não só pra bastante gente caminhar no meio quanto para um grupo de dança de hip hop ficar improvisando vários passinhos no meio de uma rodinha sem atrapalhar tanto assim a passagem. Todos nós olhamos significativamente Hoseok, mas ele fugiu de nossos olhares, parecendo mais concentrado em caçar seu boyzinho discretamente.

O outro espaço era uma quadra esportiva onde estavam rolando várias partidas descontraídas de basquete. Observei impressionado um cara fazendo uma enterrada sabendo que se eu fizesse uma coisa daquelas era provável que eu me estrupiasse todo e parasse no hospital. Ainda bem que sou da geração dos eSports, meu único jeito de ser atleta.

O outro espaço era meio difícil de definir, acho que não tinha sido calculado para ser um espaço, mas tinha se transformado em um. Vários skatistas tinham se apropriado de uma escada, fazendo manobras radicais nos corrimãos dela. Bem, espero que ninguém precise chegar no evento por aquela escada, porque ela já era.

E, por último, e mais importante de todos, tinha uma espécie de galpão com um palco improvisado, onde as atrações da noite iriam se apresentar. Nem preciso dizer que o Verso Reverso era a melhor delas! Jin tomou a iniciativa e liderou o grupo até a direção do palco, indo conversar com um cara que olhava uma prancheta e provavelmente era staff. Ah, era staff mesmo, ele tinha até um cracházinho.

Acabou que o Verso Reverso foi sequestrado de nós para dar uma tour na estrutura e checar os equipamentos necessários para a apresentação. Seokjin resolveu ir junto com eles porque de acordo com o próprio "só tem sonso, ninguém vai perceber nada de errado se eu não estiver junto". Hoseok, por outro lado, simplesmente desapareceu — o que o desespero pra encontrar o boy não faz — e no final fiquei eu e os outros dois nerds nos entreolhando, sem saber o que fazer em um evento no qual claramente éramos deslocados.

Por fim, resolvemos comprar uns cachorros quentes, nos afastando um pouco do evento para sentar em um gramado meio pisoteado e comer. Como bons três introvertidos, ficamos observando admirados o fluxo de pessoas passando por nós. Nerd gosta de observar seres humanos normais interagindo, é algo um tanto quanto bucólico da nossa parte.

— Nam, vamos calcular a chance, em porcentagem, do Kook dar o cu pra um desses caras — Yugyeom sugeriu entediado, Namjoon concordou rindo e eu me senti completamente ofendido. Quando meu cu tinha virado entretenimento alheio daquele jeito?

— Vão caçar uma crush pra vocês! Vocês estão tão na seca quanto eu! — reclamei.

— Aquele ali é 30%. Parece simpático, mas tem o cabelo um pouco raspado, o Kook gosta daqueles cabeludos de humanas — Yugyeom ignorou meu protesto e apontou discretamente para um cara no meio de um grupinho no evento.

— Nossa, aquele é um 99%, hein? — Namjoon, por sua vez, apontou um cara com uma vibe de hippie que com certeza já tinha fumado uns três mais cedo. Sério, eu conseguia sentir a marola de longe.

— Então o meu tipo ideal é maconheiro? — perguntei confuso, não percebendo aquela correlação até então.

— Você que devia saber isso, né. — Meu melhor amigo olhou pra mim espantado. — Sério que você não escolhe eles de propósito?

— Só acontece... — refleti, tentando rebobinar todos os machos que já tinha ficado e porra... Acho que eu realmente tinha um fraco por maconheiro, talvez na esperança de me oferecerem um beck e eu me tornar um jovem adulto completo. Ai, ai, como eu explicaria aquilo pros meus pais? Se bem que eu tenho suspeitas enormes que eles eram casal revolucionário maconheiro na época deles.

— Ih, aquele ali é um 0% então. — Namjoon apontou um cara andando sozinho.

Vestia uma jaqueta de couro preta, na qual as mãos estavam enterradas. O cabelo raspado nas laterais parecia acobreado na luz dos postes amarelados, mas assim que entrou na parte mais iluminada do evento pude perceber que era bem vermelho, quase cor de sangue. Tinha uma expressão contrariada, como se estivesse muito puto, coisa completamente improvável se ele tivesse puxado um beck que nem meu ideal de crush.

— Caralho, os olhos deles são lindos... — comentei, me sentindo estranhamente atraído pelo cara.

Pois é, aquele era Jimin, o 0%. Mas não se pode julgar as aparências, né? E, naquela altura do campeonato, ninguém fazia a mínima ideia de que aquele era Jimin, não sabíamos nem que ele era melhor amigo do Taehyung. Ele não tem redes sociais, então não tinha nem como eu ter descoberto stalkeando o estudante de moda.

— Cê endoidou, Kook? — Nam perguntou. — A necessidade de queimar a rosca até mesmo mudou seus gostos.

— Mudou pra pior, né, imagina querer dar prum estressadinho daqueles... — Yug argumentou, como se ele tivesse muito embasamento pra falar sobre dar pra alguém.

— Eu só falei que os olhos dele são bonitos, que exagero. — Perdi o garoto de vista e voltei o olhar pros meus amigos, bem a tempo de ver algumas salsichas cortadas caírem do pão do Yugyeom e de poder rir da cara de tristeza dele.

— Você notou um detalhe muito específico... — Namjoon falou, ainda parecendo desconfiado com tudo aquilo. Yugyeom parecia querer concordar, mas estava ocupado, de luto pela salsicha.

Percebe-se que eles não têm bom gosto que nem eu, né? Porque Jimin é maravilhoso pra caralho, o homem mais incrível do mundo, perfeito e puta merda... Ok, eu não sabia disso na época. Mas porra, eu tinha notado à primeira vista! Expliquem essa, ateus!

Enfim, depois de comer ficamos passeando pelo evento pra matar tempo até a hora da apresentação. Hoseok se juntou a nós, falhando em sua missão de achar Taehyung e fizemos umas tatuagens de henna da amizade. Só quando encarei a mancha escura em formato de coração em meu braço que eu percebi que aquela provavelmente era a coisa mais ridícula que eu já tinha visto na minha vida e nem bêbado eu tava pra justificar aquilo.

Namjoon parou na barraquinha de um cartunista pra fazer um retrato seu e, sem mais nada o que fazer, fomos comer de novo, dessa vez compramos bolo. Engraçada a alimentação daquela galera swag, cachorro quente e bolo... Dessa vez, ficamos assistindo as partidas de basquete e uma outra apresentação de dança que aconteceu.

Quando começaram as programações no palco do galpão, nos aproximamos de uma vez para pegar bons lugares a fim de assistir nosso amado Verso Reverso. Yugyeom até tirou da minha mochila o cartaz que preparou junto com Namjoon escrito "Verso Reverso tudo pra mim!" em letras garrafais e coloridas. Bem swag, pode-se perceber.

Como conseguimos chegar na grade, acabamos encontrando Seokjin, que transitava perto do palco com sua câmera profissional de lentes enormes. Fotógrafos eram privilegiados mesmo. Descobrimos que ele tinha conseguido fechar um contrato ali, ao vivo, para fazer a cobertura do evento, porque aparentemente o fotógrafo que tinham contratado passou mal. Azar pro cara que passou mal, né, mas Seokjin pareceu bastante satisfeito em ter aumentado ainda mais sua esfera de influência urbana e com a possibilidade de ganhar um bom pagamento. Ele tinha que tirar o sustento dos produtos Apple dele de algum lugar, né.

A programação começou com apresentações de dança e foi bem maneiro. Eu não daria muita bola antes, mas Hoseok tinha ensinado um monte de técnica pra gente e eu estava me sentindo um nojo avaliando a consciência corporal e o isolamento dos poppers que se apresentavam, matraqueando tudo no ouvido do Yugyeom pra parecer esperto. O público assistindo começava a aumentar e a fazer um coro acompanhando o beat e os movimentos dos dançarinos, aquecendo o ar frio da noite.

Depois do quarto grupo de dança eu já sentia meu coração ir parar na boca, porque eu sabia que o Verso Reverso era o primeiro grupo de música a se apresentar e que o bloco de música vinha depois do de dança. A empolgação era tanta que nem parecia que eu tinha assistido eles ensaiarem incontáveis vezes.

E chegou a vez deles. Me arrepiei inteiro ao ouvir a conhecida introdução até mesmo um pouco macabra da primeira música, parecendo ainda mais maneiro quando os rappers apareciam um por um sob a luz vermelha dos refletores.

Eu, Yugyeom, Namjoon e Hoseok vibramos alto, contagiando quem estava ao nosso redor e logo virou um rugido quando a plateia inteira gritou, animando calorosamente o grupo de rappers que entrava. Consegui observar um sorrisinho envergonhado no rosto do Yoongi antes dele se transformar em Agust D, segurar seu microfone com força e mergulhar em seus versos.

E foi do caralho, porra, do caralho mesmo! A presença de palco do Verso Reverso era incrível e eu me sentia tão inundado pelas músicas que faziam meu corpo até tremer com os graves tocando tão alto nas caixas de som próximas de nós, que não dava nem para dizer que eu já estava cansado de ouvir a mixtape todo jantar em família.

Yugyeom, alto do jeito que era, levantou seu cartaz, arrancando uma risada de — pasmem — Kidoh, mas abaixou ela assim que levou uma cotovelada dos espectadores de trás por atrapalhar a visão deles. O meu melhor amigo xingou alto, gritando "não sabe pedir licença, não, porra?" me espantando. Realmente, shows faziam entrar em erupção todos os tipos de sentimento, até o de raiva do Yug, que era o maior bunda mole.

Yoongi, ou melhor, Agust D brilhava no palco, o flow incrível e não sei como Namjoon não desmaiou, porque eu estava quase tendo um ataque de fanboy. O titio Hyowon estava longe de ser titio, a aura desafiadora e poderosa tomando conta do local junto com seus parceiros. O jeito rabugento e desconfiado de Kidoh era facilmente transformado em atitude em palco e até mesmo Supreme Boi, o que tinha o jeito mais afável de todo o grupo, fazia com que pulássemos junto com ele num hype bizarro.

A apresentação foi tão, tão boa que me senti de certa forma vazio quando terminou, encarando desacreditado os homens sumiram de vista. Tinha passado tão rápido... O coração ainda batia acelerado, inundado de euforia, mas eu não recebia mais toda aquela energia do palco, da multidão pulando junto e gritando. O próximo grupo a se apresentar entrou no palco, e, apesar de não serem ruins, ainda me sentia de ressaca, com saudades do Verso Reverso. Caralho, eu era amigo daqueles caras, isso era foda demais! Quem diria que um nerdzinho com o rabo entre as pernas que nem eu seria brother dos rappers mais incríveis da cidade?

Resolvi ir comprar uma cerveja pra ver se minha tristeza pós show aliviava um pouco e tive que me esgueirar com dificuldade entre as pessoas pra sair. Yugyeom, percebendo minha movimentação, se agarrou aos passa-cinto da minha calça e me acompanhou pra fora da plateia.

Fim da história é que eu e Yugyeom já tínhamos virado três latões, sentados de qualquer jeito no gramado, meio pensativos, quando a programação acabou e Namjoon e Hoseok nos encontraram logo antes da festa começar. Aparentemente, tínhamos perdido o Verso Reverso e consequentemente Jin, que se achava empresário deles, pelo resto da noite, todos altamente requisitados para outros eventos, parcerias e gravações profissionais.

Eu já tava meio no grau, mas aí o Hoseok começou a chorar por não conseguir achar o Taehyung e virei mais uma lata antes de abrir outra, agarrar o braço dele e sair andando por aí. Por que eu fiz isso? Não sei explicar, eu acho que pro choro do Hoseok não soar tão alto enquanto ele se entretinha em buscar o namoradinho novamente, mas eu logo percebi que não era muito bom em identificar pessoas bêbado.

Todas as barraquinhas que continham atrações já tinham se transformado em um lugar pros festeiros cansados sentarem e só as de comida e bebida continuavam funcionando. Como esperado, a fila da bebida era quilométrica, então resolvi que seria um bom lugar para se procurar— e porque o resto tava cheio de pessoas dançando e luzes piscando que me deixavam enjoado.

— O Taehyung não costuma beber... — Hoseok reclamou da ideia antes de parar de andar do nada. Com os reflexos prejudicados, continuei a andar por um momento, me desequilibrando porque Hoseok segurava meu ombro e eu acabei sendo "puxado" pra trás. Só pra complementar a tristeza, derramei um monte de cerveja na minha mão.

— Ah, não... — murmurei triste pra cerveja, lambendo minha mão pra tentar deixá-la menos melada.

— Taehyung? — Hoseok chamou e eu finalmente levantei o olhar.

Em nossa frente não estava nada mais nada menos que Taehyung, fingindo uma expressão de choque por encontrar Hoseok — fala sério, ele tinha ido no evento justamente pra encontrar o ex! — e nada mais nada menos do que Jimin ao seu lado. Não que eu soubesse que era Jimin, né, mas eu sabia que era o cara dos olhos bonitos e automaticamente minha atenção repousou neles de novo.

Jimin não percebeu meu olhar, encarando incrédulo Hoseok e o escaneando de baixo a cima, fazendo uma careta desgostosa. Depois olhou para Taehyung, que começava a corar e dar um sorrisinho cheio de más intenções.

— Ah, você não veio nessa porra de evento por causa disso... — Jimin murmurou, incrédulo. Ao ver o amigo ignorar sua fala, ficou ainda mais irado. — Caralho, e você tinha que me arrastar até aqui também, filho da puta?

Jimin foi ignorado novamente, subjugado pela força de um relacionamento avivado através do poder de compartilhar letras sofrência no Twitter. Taehyung saiu da fila para enlaçar o pescoço de Hoseok e o mesmo soltou meu ombro pra segurar a cintura do ex. Do nada. Ou pelo menos pareceu do nada pra mim, eu tava bem bêbado e talvez tivesse perdido algumas etapas, mas eu tenho lá minhas dúvidas.

Estava tão abatido pelo álcool que minha reação àquilo foi um pouco lenta. Primeiro eu tive que voltar a me equilibrar sem ajuda da mão do Hoseok e, quando eu olhei pro lado, presenciei de camarote as línguas do Taehyung e do Hoseok se encontrando do lado de fora da boca antes deles ajustarem o beijo. Caralho, que casal emocionado.

Sem nem um pouco de juízo, fiquei assistindo eles se beijarem a literalmente dois palmos de distância enquanto tomava mais um gole da minha cerveja. Tinha dado certo, né? Eu estava orgulhoso do meu próprio trabalho apesar de ter esperado que eles começassem com um diálogo e não comendo a boca um do outro. Órgão do corpo certo, a boca, mas aplicação inicial errada.

Minha atenção só saiu deles quando eu percebi uma movimentação com o canto do olho, enxergando Jimin bufar e sair andando, quase com uma fumacinha saindo da cabeça de tão puto. Meu julgamento crítico completamente bêbado não pensou muito e só resolveu seguir ele. Queria ver os olhos de novo.

— Ai, não acredito que o filho da puta do Taehyung fez isso! Me obrigou a vir, atrasou e agora tenho que assistir essa porra? — Jimin gritou alto para si mesmo, achando que ninguém ia notar no meio do som da festa. Era uma hipótese interessante se não tivesse a variável "eu" atrapalhando. — Assim que ele tirar aquela língua de dentro da garganta do outro arrombado eu vou arrancar ela e enfiar no cu dele.

— O Hobi não tem mau coração, só é chorão mesmo... — Apareci do seu lado, consolando-o. Não sei como eu tive a cara de pau de fazer isso. Mentira, eu sabia, foi o álcool.

— E você quem é, cuzão? — Me olhou com uma careta e sorri, todo bobo, ele era tão bonito...

— Jungkook... — respondi, provavelmente a voz pastosa me dando uma aparência ainda mais imbecil do que o normal. — Um admirador indiscreto.

— Admirador? Tá admirando o quê? Você nem me conhece, otário. — Ok, vocês podem achar que meu começo com Jimin foi ruim, mas eu chamaria de espontâneo apenas. O jeitinho que ele me xinga é lindo... Não que eu tenha kink nisso, claro, já me basta ser otaku.

— Seus olhos, são tão bonitos... — Coloquei a mão em seu ombro e tentei encarar o fundo de suas orbes. Dei uma cambaleada, ficando tonto por ter virado minha cabeça rápido demais. Jimin me olhou ainda mais feio. — Não quer ir pro cinema comigo, não?

— Você tá bêbado? — perguntou.

Ué... Pensei que aquilo era óbvio, né. Tentando verificar se eu tava bêbado mesmo, olhei pra latinha de cerveja na minha mão e depois pra ele de volta, ainda confuso se tinha algo pouco claro. Franzi a testa, processando a pergunta, definitivamente não tinha feito sentido pra mim.

— Sim... — respondi por fim, focando mais na pergunta do que no motivo dela ter sido feita ou eu explodiria meu único neurônio de tanto trabalhar. Pensando bem... Que feio, meu neurônio tava bêbado que nem eu, mas ele tava em horário de trabalho, eu não! — Vamos pro cinema, vai ser legal... Tem um monte de filme ruim em cartaz...

— Por que eu iria querer assistir um filme ruim, cuzão?

— Pô, é muito melhor beijar em filme ruim... — falei um tanto pausadamente, a voz arrastada e comecei a rir sozinho com lembranças aleatórias do cinema. — Eu me distraio quando o filme é bom. Uma vez um cara quis me beijar no meio de Vingadores e acabei lambendo o nariz dele sem querer.

— Quê? — Jimin arregalou os olhos e riu brevemente, logo voltando à pose de durão.

— Pois é. Ele ainda ficou puto e foi embora... Passei o resto da sessão com o gosto salgado das melecas dele na boca porque tinha acabado o refri. — choraminguei. — Mas depois eu comecei a chorar porque eu sou um viado triste pelo Tony Stark e o gosto da minha meleca se misturou com a dele e pareceu normal...

— Caralho, era para eu querer ir pro cinema com você? — Fez uma cara de nojo depois de rir sem querer de novo. Nossa, realmente eu lancei a braba bêbada de como não seduzir alguém. — Quero não.

— Pô, só quero que alguém coma meu cu... — respondi francamente, suspirando frustrado depois da recusa, talvez bêbado demais. Bem, com certeza bêbado de mais. E franco demais. — Se quiser fazer tal caridade, eu fico agradecido.

— O que sexo tem a ver com cinema? — o ruivo questionou confuso. Demorei uns bons cinco segundos para perceber que Jimin não tinha que saber que o cinema era meu point de consumação de baitolagem, a meleca já tinha sido o suficiente.

— Nada não... — neguei e ele levantou a sobrancelha, duvidando. — Nada não, ô caralho!

— Caralho digo eu, esquisitão da porra! Um cuzão desses tinha que ser amigo do corno do Hoseok!

— Calma, muita informação... — Levantei a mão para ele, pedindo uma pausa. Virei o resto da latinha de cerveja e joguei ela fora para poder apoiar a mão na minha cabeça, assumindo uma pose pensativa. — Eu quero fazer considerações sobre sua frase...

— Vai lá — deu uma risada debochada, cruzando os braços. Droga, detestava o quão lúcido ele parecia e o quão bêbado eu sabia estar. Era uma merda ter consciência de estar lerdo, queria eu achar que estava arrasando.

— Primeiro... Você nunca viu meu cu pra me chamar de cuzão. E se eu tiver um cuzinho? Ou um cu médio? Ele se chama Gyeomzinho, aliás. — A mão da pausa se transformou em um dedinho levantado, pra ver se me ajudava na contagem das tais considerações. Estendi mais um. — Segundo... Hoseok é corno? Pô, mó maneiro o cara, não merece ser chifrado.

— Ah, não, eu que tenho esse jeito escroto de falar mesmo — se explicou —, bem que minha mãe reclama que eu sou boca suja demais... Taehyung nunca traiu o Hoseok, não, ele é um puta gado lamentável.

— Tudo bem, Hoseok também é gado. — Dei um joinha, feliz em saber que a relação do meu amigo era saudável e composta por dois cornos igualmente mansos.

— Aliás... — Jimin riu e segurou minha cintura. Naquele momento eu agradeci o nível de álcool no meu sangue, porque só ele me impediu de surtar com o toque daquele homão em mim. — Aceito ir ao cinema com você e com o Gyeomzinho.

— Pô, mas com o Gyeomzinho lá não vai ter clima... — reclamei, confuso. Não tinha entendido nem a parte que ele tinha aceitado aquilo tudo. Cara estranho...

— Então você pretende deixar seu cu de tamanho não especificado para trás? — perguntou aturdido, mas rindo de mim. Ah, tá, eu tinha falado pra ele que meu cu se chamava Gyeomzinho... Por que eu tinha feito aquilo?

— Ah, tá, esse Gyeomzinho.

— Tem outro?

— Uhum, meu melhor amigo...

— Ok, te pergunto sobre isso quando estiver sóbrio — aceitou e a mão na minha cintura escorregou pelas minhas costas até a bunda e me arrepiei todinho. Não sabia que ia conseguir algo ali mesmo! Jimin era de fato um homem muito caridoso.

Mas logo ele se afastou, mostrando meu celular entre seus dedos. Ah... Ele tava pegando meu celular. Poxa, o Gyeomzinho-cu tinha ficado animado até com a possibilidade de um mimo.

— Me dá o dedo — pediu, segurando minha mão e pressionando meu indicador contra o sensor do meu celular, desbloqueando-o.

— Criminoso! Tá me roubando! — protestei tonto, rindo e doidão, tentando me jogar pra cima dele.

— Ih, caralho, fui descoberto! Vou tomar no cu na prisão por quantos anos? — riu enquanto digitava algo rapidamente no meu celular e colocava-o de volta no meu bolso. Poxa, ele podia dar um apertinho na minha bunda, algo assim... Tava tão perto... Suspirei triste quando ele só voltou à posição anterior.

— 10 anos... 5 pelo furto e outros 5 por ter um rabão gostosão — respondi, orgulhoso, antes de me arrepender. Tudo isso com um atraso de 6 segundos porque eu tava muito doido. — Ih, desculpa... Mas você tem um rabão gostosão mesmo.

— Ah, foda-se. Melhor um rabão gostosão do que um Gyeomzinho incrustado no meio — argumentou e tive que concordar.

Logo caí no riso, sem acreditar em tudo que estava acontecendo, a bebida me permitindo focar nas partes engraçadas e ignorar o quão bêbado vergonhoso eu era. Jimin gargalhou também, o pouco que ainda tinha de pose de marrentinho se derretendo. Me senti bobo, porque a gargalhada dele também era linda, o sorriso lindo... Será que o álcool em meu sistema tava potencializando a beleza dele? Não era capaz um homem ser tão lindo... E ele nem era cabeludo, muito menos cheirava a erva. Jubileu (eu) estava realmente estranho.

— Vou vazar dessa festa de merda, mas foi um prazer, Jungkook. — Ele sorriu depois de se recuperar do riso. Aproximou-se rapidamente e deixou um beijo leve no canto da minha boca, sem encostar nela. O coração acelerou no mesmo momento, sóbrio, mas a mente deu pane só uns 10 segundos depois. — Uma pequena amostra pro Jungkook sóbrio.

— O Jungkook sóbrio?

— Uhum, quando formos ao cinema assistir o tal filme merda. Salvei meu contato no seu celular, é só me chamar lá. Pode deixar que eu levo a fita métrica pra medir o Gyeomzinho.

E, com tal frase de efeito, deu um tchauzinho e foi embora.

-x-

Era vergonhoso lembrar de tudo que eu tinha falado pro Jimin durante a festa, um completo desastre! De verdade, queria ter bebido o suficiente pra não lembrar das merdas que eu falava, e não só falar as merdas e acabou. Mas o mais inacreditável de tudo era como Jimin tinha concordado com um encontro daqueles?

Demorei um pouco pra achar o contato. Tudo começou com o fato de que eu não sabia o nome do Jimin na época — sim, um péssimo começo, eu sei —, então eu tive que perguntar pro Hoseok o nome do meu pitelzinho e o corno só foi acordar e me responder no final do dia. Eu queria mandar logo a mensagem pro Jimin antes que ele tomasse juízo e mudasse de ideia! Hoseok deveria ter entendido a pressa, pô.

Aí depois que eu descobri que Jimin se chamava Jimin, eu não achei nenhum "Jimin" na lista telefônica além de uma menina da época do ensino médio e quase chorei de tristeza pelo bofe perdido. Não acreditei que ele tinha feito de trouxa um bêbado tão fofinho e inofensivo quanto eu.

Só fui achar o número dele enquanto rolava minha lista de contatos, completamente triste e desesperançoso logo antes de dormir, pra ter certeza que iria dormir me sentindo um bosta e achar ele sob o pseudônimo "Candidato a Medidor de Gyeomzinho". Parte de mim ficou feliz por eu não ter sido feito de trouxa de verdade, parte riu do senso de humor dele e outra parte quis chorar de vergonha por ser lembrado de uma forma tão ridícula.

Mas todas as partes se juntaram para admirar a beleza do Jimin na foto de perfil. Não era só o alcóol que fazia ele bonito, no final das contas. Quase liguei sem querer pro macho quando tentei apertar o ícone e abrir a imagem na minha tela inteira e quis morrer de vergonha de novo, mas foi só quase.

A foto era muito de homenzinho revoltado, para combinar com a personalidade boca suja dele e só me pareceu ainda mais perfeito. Estava apoiado em um muro cinza escuro, as mãos enterradas nos bolsos da jaqueta jeans preta e grande, que complementava a camisa branca justa por baixo. Tinha um sorriso de filho da puta no rosto, amaciado pelos olhos que eu achava tão lindos levemente cobertos pelos cabelos ruivos, ai, ai, nem lembro de ter uma paixonite daquelas antes, puta merda. Eu já era gado do Jimin e nem sabia.

Enfim, depois de tanto encarar a foto dele, eu tinha que tomar a coragem de falar com o bofe, não é? Mas eu realmente não sabia como fazer isso sem parecer o puta paspalhão que eu era. Poxa, não queria passar mais vergonha ainda na frente do candidato a comer meu cu. No fim, busquei um filme ruim na internet e horários das sessões antes de mandar uma mensagem.


Eu [23:47]

Eai

Blz?

O maluco que você deu trela na festa aqui

Quer assistir The Last Sharknado?

Parece muito ruim

Sábado você tá livre?


Mandei nervoso e, olhando de novo a conversa, só consegui pensar em como eu era incapaz socialmente. Quase morri do coração quando Jimin apareceu online enquanto eu encarava minha tela triste e minhas mensagens ficaram com o certo azul de lido. Merda, agora nem dava mais pra apagar.


Candidato a Medidor de Gyeomzinho [23:53]

Colé, Jungkook

Achei de um bom gosto incrível sua escolha merda

Partiu

De tarde é foda p mim pq tenho treino

Tem horário de noite?


Eu [23:53]

Obg por notar

Tem uma sessão 21:15 e outra 22:35

Alguma rola?


Candidato a Medidor de Gyeomzinho [23:54]

Bora 21:15

A gnt pode se encontrar às 20:30 na bilheteria p comprar os ingressos pq eu tenho vontade de enfiar a taxa de ingresso online no cu de tanto ódio

Aí a gnt aproveita e bate um rango tbm

Rola?


Eu [23:55]

Top

Fechou então

Até lá

Boa noite


Candidato a Medidor de Gyeomzinho [23:55]

KKKKKKKKKKKKKK

Boa noite


Que saco! Até ele tinha rido do puta gay panic que eu dei. Eu queria perguntar do treino, queria puxar conversa, ou ao menos mandar um boa noite bonitinho acompanhado de um sticker pornográfico, mas Jimin me deixava tão nervoso que eu não conseguia fazer nem as estratégias básicas do meu autointitulado "flerte do gay nerdão". Só me restava namorar a foto de perfil dele até sábado mesmo.

E foi mais ou menos isso, fiquei nervoso a semana inteira e inclusive convoquei uma reunião de emergência lá em casa para me ajudarem a não cagar no pau. Yugyeom reclamou a tarde inteira porque, de acordo com ele, "nunca me viu surtar tanto com a possibilidade de queimar a rosca, tá doido", mas na hora de achar ruim comer os biscoitos que minha mãe fez, não achou.

A reunião foi composta por Yugyeom e Namjoon, por serem meus melhores amigos, por Jin, uma poc respeitável e estilosa e Hoseok, que deveria ter mais informações sobre o Jimin. A verdade é que eu tinha convidado todo o grupinho, mas Yoongi respondeu que tinha mais o que fazer do que ver gay surtando e os outros rappers nem chegaram a responder. Vai vendo aí as amizades verdadeiras.

Jin foi o único que prestou atenção e de fato me ajudou na maior parte das coisas. Separou comigo a roupa que eu usaria no encontro enquanto Yug e Namjoon jogavam videogame e Hoseok assistia os outros dois. Não só separou a roupa comigo como emprestou alguns acessórios. Nossa, eu amava Jin.

No final, escolhemos uma calça justa meio de gótico que eu tinha, preta com zíperes em vários lugares e algumas correntes, uma camisa preta lisa com mangas bem curtinhas, que ficaria pra dentro da calça, com um cinto também preto. Pra quebrar o preto, o fotógrafo escolheu uma jaqueta jeans azul clara. Jin também me emprestou um cordão prateado que tinha, a corrente fina sustentando um pigente de uma pedra verde opaca, e algumas pulseiras de couro. Achei bem hispter. Hipster e gótico.

Vesti as peças que separamos para a gente avaliar se daria certo mesmo, bufando quando Yugyeom afastou o olhar da tela do monitor apenas para zoar a cor da minha cueca antes de voltar a jogar. Achei um absurdo o preconceito com a minha amada azul bebê, mas Jin ficou preocupado e separou uma das minhas boxers pretas para eu usar no dia também. Fiquei indignado e com a gaveta de cuecas violada.

Ao vestir a roupa fiquei me observando no espelho do armário, sem saber o que sentir porque aquilo era um pouco diferente de como eu normalmente me vestia. Mas acho que tava bom. Jin que se empolgou, tirando casualmente uma câmera semi-profissional da sua mochila e tirando uma foto minha sem avisar. Eu devo ter saído com cara de idiota, pra variar.

Jin disse eu fiquei gostoso e preferi acreditar, realmente estava me preocupando até um pouco demais com o que Jimin acharia de mim. Disse que me passaria a tal foto depois para eu colocar bem sedutor na minha foto de perfil, mas não agora para não dar "spoiler" pro crush.

No meio da consultoria de moda que Jin me deu, Hoseok se aproximou para falar do Jimin. Foi bom porque eu já tava quase me conformando que ele não sabia de nada depois de tanto dar indiretas para ele querendo saber das paradas e receber silêncio de volta.

Jimin treinava Kendo aos sábados e eu, otaku vergonhoso, fiquei com o cu piscando só de pensar naquele homem maravilhoso segurando a porra de uma espada. Ai, ai, só passo vontade mesmo, que saco! Ele fazia graduação em Ciências Contábeis. Nem exatas, nem humanas: ciências econômicas. Tive certeza que aquele era pra ficar, ele poderia até ser contador do Verso Reverso. Tínhamos uma equipe inteira, de fato.

Não falou muito mais além daquilo, afinal, enfiar a língua na garganta do melhor amigo do Jimin não garantia conhecimento avançado sobre meu crush. Sobre anatomia da boca talvez.

E foi mais ou menos isso aí mesmo. Jin e Hoseok me ajudaram e os tão ditos melhores amigos não fizeram nada para acalmar meu pobre coração. O único pronunciamento deles, aliás, foi a foto de uma rosca de padaria que o Yugyeom enviou sábado de manhã no nosso grupo e um gif feio de fogo — tipo que mandavam em comunidade do Orkut — que Namjoon mandou de resposta. Bloqueei os dois, mesmo sabendo que logo desbloquearia para chorar sobre alguma coisa.

Às 19:00 eu já estava completamente arrumado e vestido, mesmo que o shopping só ficasse a 10 minutos da minha casa de carro — mamãe ia me levar porque sou o bebê precioso dela —, lamentável. Tentei inventar mais coisa pra fazer, tipo entrar em um Jogo Rápido no Overwatch, mas não deu certo.

Parei na frente do espelho e fiquei encarando os cravos do meu nariz imenso. Será que Jimin ia encarar ele? A gente estaria perto o bastante para estar enxergável... E, antes que a voz da consciência pousasse a mão na minha cabeça e dissesse "não", eu já tinha entrado no banheiro da minha mãe e roubado uma máscara preta que ela passava em cima do nariz pra tirar cravos.

Final da história: não tirou cravo nenhum, quase chorei de dor e meu nariz além de enorme, agora estava vermelho e ardido. Faltava uns bons 30 minutos para a hora marcada com Jimin e desejei muito que até lá a vermelhidão passasse.

Quando desci para encontrar minha mãe, ela pareceu incomodada de ter parado de assistir o filme que passava pela 57ª vez na TV aberta para olhar meu nariz vermelho. Não perguntou nada, talvez por medo da resposta, mas riu e se levantou para pegar as chaves do carro.

— Tá arrumado, doce — ela comentou, me olhando de baixo a cima. Sinceramente, eu tinha a suspeita de que ela já tinha percebido que eu era um grande viadão. A pobre mulher dava de cara com muita coisa que não possuía explicação hétero e prefiro nem lembrar.

— Fiquei com dó de ter tanta roupa bonita no armário e não usar. Aí já que eu marquei de ir pro cinema com meus amigos achei que seria uma boa oportunidade — sorri. — Gostei do seu pijama.

— Não é pijama, é homewear, de acordo com o site em que seu pai comprou — ela debochou, dando uma voltinha para mostrar o tal pijama chique com calça florida e camisa preta. — Gourmetizaram até pijama, não sei mais o que esperar desse mundo, doce...

— Nunca teve nada a se esperar dele — respondi e ela deu de ombros, concordando. Caminhamos até a garagem e eu me enfiei no carro já ligando a rádio e colocando todo tipo de poluição sonora que eu gostava.

— Uma coisa é verdade, esse pijama é bonito o suficiente para eu não parecer desleixada saindo na rua com ele — minha mãe riu, dando partida no automóvel.

Não demorou muito para que minha progenitora estilosíssima me deixasse na frente do shopping com um beijo no rosto e dando a entender que ela e meu pai iriam para uma social na casa dos amigos da cidade vizinha e que era uma ótima oportunidade de eu levar alguém pra nossa. Acho que meus pais morrem de desespero que eu transe em algum lugar estranho... E olha que eu nunca contei pra eles que já me comeram no meio de um mato lá da universidade e que a gozada foi interrompida por um grupo de alunos procurando a plantação de maconha que tinham feito lá perto. Acho engraçado que os contatinhos da faculdade me deram muita pirocada, mas nenhum beck. Só decepção, o que esperar de homens, não é mesmo?

Dei um beijo de volta na minha mãe porque ela era muito incrível, fofa e cheirosa mesmo, dando um longo abraço para recarregar minhas energias e tomar coragem para ir encontrar o crush. A mulher riu e a mão da responsabilidade finalmente pairou na mente dela, pedindo juízo da minha parte depois de me incentivar a transar com alguém.

Como eu tinha chegado cedo, resolvi não ficar parado na frente da bilheteria com cara de paspalho prestes a morrer do coração e entrei em uma livraria. Eu raramente comprava livros, lia mais digitalmente, mas gostava muito de olhar livros. E livrarias eram perfeitas, porque muitas, além de livros, tinham mangás, quadrinhos, jogos, filmes e bugingangas aleatórias, o paraíso de um nerdzinho como eu.

Fiquei lá fugindo do olhar dos vendedores que pareciam prestes a me perguntar se eu estava procurando algo específico até cinco minutos antes do combinado, horário que eu achei razoável para subir até o cinema. Eu deveria ter passado no banheiro pra ver se tava tudo certo, mas preferia acreditar que meu nariz não estava mais vermelho. O que os olhos não vêem o coração não sente, não é mesmo?

A fila da bilheteria estava longa e xinguei baixinho só de olhar. Como eu estava com muito medo de mandar uma mensagem pro Jimin sabe-se lá porque, resolvi esperar na frente da fila para a gente decidir o que fazer depois. Fiquei olhando para a escada rolante, viajando e sentindo o coração acelerar a cada cabeleira ruiva que aparecia antes da pessoa subir mais e revelar que não era Jimin.

— Colé, Jungkook e Gyeomzinho. — Uma voz ao meu lado me assustou e acho que nunca tive tamanho gay panic na vida. Meu coração pareceu parar e coloquei a mão em cima dele, tentando ver se estava tudo certo com o pobre órgão. — Vi essa fila caralhuda e resolvi entrar nela de uma vez, aqui seu ingresso.

Não consegui responder nada verbalmente, mas pelo menos tive presença de espírito suficiente para esticar a mão e pegar o papel amarelado que estendia e colocar com dificuldade no bolso apertado da minha calça justa. Jimin me olhou de baixo a cima e sorriu. Puta merda, eu ia morrer!

— Achei foda sua roupa — falou. Seu sorriso era a coisa mais linda do mundo, eu não sabia lidar com aquilo. Ele também estava tão, tão lindo... Vestindo uma jaqueta jeans, com uma blusa branca e uma calça preta... Devia ser errado alguém parecer tão gostoso com tão pouco. Refleti que a gente tava meio que combinando sem querer também e... Caralho, eu sou muito boiola. — Tá gato.

— Hm, é... Nossa, você chegou cedo, né? — respondi, completamente encabulado e incapaz de processar os elogios sendo que eu queria gritar que ele que estava lindo, gostoso e que se ele quisesse me comer ali mesmo eu ficava de quatro, de três, de dois, de um, de qualquer jeito. Sem problema nenhum.

— Meu busão é um arrombado, só passa a cada uma hora se eu tiver sorte. Aí ou eu chego muito cedo ou atrasado pra caralho, em geral a segunda opção.

— Mas você chegou cedo... — comentei, um pouco confuso.

— Por que será que cheguei, né? — riu de novo e me senti corar com o que ele dava a entender... Jimin era estranho. Quando eu tinha acabado de encontrar ele na festa tinha um jeitão tão durão e agora parecia se divertir com a minha cara. — Tá afim de comer alguma coisa?

— Uhum... — respondi, ainda encabulado demais, me xingando internamente. Cara, como que eu ia conseguir alguma coisa com o bofe se eu não reagia direito a nenhuma investida dele? Sinceramente, era muito vergonhoso mesmo da minha parte.

Descemos as escadas rolantes até a praça de alimentação. Eu tentando entender por que me sentia tão nervoso com Jimin sendo que eu em geral que investia nos encontros. Sim, eu sou introvertido, mas a necessidade de dar o cu faz com que eu desenvolva algumas habilidades sociais, principalmente de flerte.

— Onde você vai? — Jimin perguntou, pousando a mão de leve na minha cintura e me fazendo arrepiar todinho.

— Em qualquer fast-food, eu gosto de levar batatas pro filme — falei, tomando coragem de me aproximar um pouco mais de seu corpo.

— Vamos no Burguer King então, tô com vontade pra caralho de tomar aquele milkshake de Oreo desgraçado. Pareço um crackudo.

— Não sabia que você mexia com drogas pesadas. — Acabei rindo e suspirei aliviado ao perceber que eu estava conseguindo voltar a conversar normal,

— Falou o cara que estava completamente louco de cerveja na festa. — Riu de mim enquanto entrávamos na fila do fast food.

— Que cara? Louco de cerveja? Desculpa, desconheço. — Me fiz de desentendido. — Achei que isso aqui era um chat evangélico, não mexo com essas coisas.

Comprei duas batatas grandes, virando elas dentro do saquinho pra viagem. Eu gostava de comer no cinema como se fossem pipoca, me julguem. Além delas, peguei uma garrafinha de Coca-Cola também porque eu sempre sentia muita sede. Guardei para comer no filme porque eu era daqueles, mas não teria que esperar tanto porque a sessão estava prestes a começar também. O shopping estava lotado e realmente ficamos muito tempo na fila.

E foi maneiro, porque naqueles minutos esperando para pedir eu tinha engatado em tantas conversas diferentes e aleatórias com Jimin que parecia até que a gente tinha passado uma eternidade ali. Ele era debochado também, só que de um jeito muito mais direto ao ponto e, sei lá, eu até que gostava daquilo.

Me sentia tão natural com ele que só fui lembrar do nervosismo do encontro quando entramos na sala escura. Porque caiu a ficha de que eu não só tinha levado ele ali para fisgá-lo como ele sabia completamente das minhas intenções porque eu sou um bêbado desgraçado e talarico.

Sentamos na última fileira, mais para o canto. Até que tinha mais gente do que eu esperava na sessão, não era muita, mas não sabia que a galera tinha tanta disposição para ir assistir um filme abertamente ruim. Achei que eu já tinha me contido demais e resolvi abrir o saco e comer umas batatas.

— Um cara da minha sala vive falando que sorvete com batata é bom pra caralho — Jimin comentou despretensiosamente.

— É bom, mas assim... Quando eu provei só senti o gosto do sorvete e acho que isso é injusto com a batata, ela é gostosa demais pra servir só de base pro sorvete.

— Que cu, vou ter que provar para ver se concordo.

Eu estava indo levantar meu saco com as batatas em direção a ele quando senti sua mão segurar com cuidado meu queixo e unir nossos lábios. Meus olhos arregalaram-se por um momento de tanta surpresa, mas logo cerraram-se enquanto eu me sentia derretido com o toque da boca dele na minha.

Correspondi enquanto sentia meu rosto esquentar e meu coração acelerar ainda mais. Jimin não demorou nem um pouco para enroscar sua língua na minha e gemi baixinho ao senti-la, tão geladinha e doce contra o sabor salgado da minha. Encontramos com facilidade o ritmo certo, tão natural e gostoso que parecia que a gente tinha passado a vida inteira se beijando.

Suspirei chateado quando ele afastou brevemente, porque apesar de ter sido pego completamente no susto aquilo tinha sido muito bom, muito bom mesmo. Ele beijava bem demais, aquilo era muito injuto.

— Caralho... — ele murmurou baixinho contra minha boca e mordiscou meus lábios. — Desculpa, mas vou ter que concordar com o cara da minha sala.

— Mudei de ideia — logo me corrigi, rindo, e arrisquei chupar de leve seu lábio inferior. — Com o sorvete fica muito gostoso.

Jimin deu um sorriso, me encarando profundamente com os olhos que eu achava tão bonitos. Quem diria que eu seria um pastel por causa de um crush que conquistei completamente bêbado. Acho que mais improvável ainda era Jimin ter me dado bola depois de tudo aquilo, mas ainda bem que deu. Aquilo parecia tão certo...

— O filme tá começando... — sussurrou baixinho contra minha boca antes de virar para a tela. Estremeci todinho de novo, seus toques e seu tom de voz realmente mexiam muito comigo.

No final, não nos beijamos mais durante o filme, o que foi estranho porque ele tinha sido escolhido especialmente para a gente não prestar atenção. Talvez nós dois fôssemos muito idiotas mesmo, porque ficamos presos na narrativa, sussurrando piadinhas deboachadas um pro outro e prendendo com dificuldade o riso para não atrapalhar as outras pessoas a cada segundo.

Pra não dizer que não fizemos nada, eu apoiei a mão em um dos coxões do Jimin e tava decidindo se eu explodia com a minha própria audácia ou por Jimin ser um puta gostosão mesmo. Jimin deu uma daquelas risadas meio maliciosas dele e apoiou a mão na minha nuca, massageando lá de leve e me deixando todo mole.

E, sendo sincero, eu não achei ruim. Tipo, é claro que eu beijaria Jimin até minha boca cair porque ele era um puta gostosão do caralho e só um beijo despretencioso dele botou no chinelo todas as outras bocas que tocaram a minha, mas assim, ele também era muito engraçado. Muito mesmo. Eu acho que valia o esforço de não enfiar minha língua na boca dele para que pudesse enunciar livremente seu deboche ferino.

— Não acredito que a gente prestou atenção de verdade nisso, puta merda! — ri assim que os créditos começaram a rolar.

— Duvido que o mérito seja desse filme merda — ele riu e encarei de volta curioso, levantando as sobrancelhas para que se explicasse. — Suas piadinhas que deixaram ele interessante.

— Você não tem vergonha de falar uma coisa dessas? — Um sorriso envergonhado despontou em meu rosto e Jimin negou com a cabeça. — Quem deu graça foi você, larga de ser humildão. Tá achando que tá concorrendo a Miss com seu discurso?

— Só se você gostar de Miss... — Flertou novamente, sorrindo travesso enquanto segurava meu queixo para juntar nossos lábios em um novo beijo demorado. Fechei os olhos, me derretendo inteirinho e subindo minhas mãos até sua nuca, acariciando seu cabelo raspado, tão gostoso ao toque. Soltei um suspiro de susto quando em vez de um selinho, senti uma lambida no meu nariz quando Jimin afastou o beijo. — Só pra você não achar esse encontro normal demais e esquecer...

Olhei ao redor, vendo as pessoas já saindo da sala ainda escura, alheias a nós, antes de segurar uma gargalhada e aproveitar a idiotice do momento pra lamber o nariz dele também. Jimin era tão, tão estranho, puta merda.

— Pronto. Fiquei memorável agora também? — ri.

— Você já era. — Investiu de novo. Eu sempre ficava meio atordoado com como Jimin era direto, mas eu também gostava demais daquele jeito dele. — Parabéns pelo jeito merda de paquerar, fui completamente conquistado na festa.

— Você é estranho — acusei, me levantando assim que as luzes ligaram. Jimin me acompanhou, se espreguiçando um pouco antes de apoiar a mão na minha lombar, todo galanteador.

— Por gostar do jeito que você é estranho? — perguntou e eu concordei com a cabeça. Ele riu. Acho que a gente ria muito junto. — Ah, vai se foder.

— Falando em foder... — comentei, sem vergonha nenhuma. É incrível a intimidade que se conquista ao acariciar uma coxa falando mal de Sharknado. — Eu preciso ser sincero... Depois do cinema eu normalmente... Bem, você sabe. Fico com as pessoas.

— Uhum, você fica — debochou. — Você quer ficar comigo?

— Não. Quer dizer, quero. — Me embolei de novo nas palavras, um nervosismo chato se apoderando de mim quando eu percebi as minhas intenções com o que eu iria falar. Ai, se fosse só pedir uma transa era tão mais fácil... — É que eu... Eu quero ir em outros encontros com você.

Jimin parou de andar, me olhando surpreso. Me caguei todinho, achando que ele ia me dar um choque de realidade ali mesmo e falar pra eu só dar meu cu logo e parar de besteira. Mas ele sorriu, e de um jeito nada debochado, os olhos normalmente atentos e maliciosos se derretendo em gentileza.

— Que bom, eu também queria te conhecer melhor, na verdade... — Tentou conter o sorriso mordendo o lábio inferior e corou tanto quanto eu. — Você é tão direto ao ponto que fiquei com medo de você me achar um cuzão se eu falasse isso. Não que eu não tenha interesse no Gyeomzinho, nem nada disso, mas é que te achei do caralho mesmo.

— Também te achei do caralho... — confessei baixinho, imitando o jeito dele.

Andamos calmamente até a saída do shopping sem falar nada, talvez um pouco envergonhados com nossas últimas atitudes. Afinal, lamber nariz, fazer uma pseudo declaração e negar sexo não eram atitudes de todos os dias.

Me senti chateado ao ver a saída, o trânsito de pessoas saindo e entrando no shopping, o ventinho gelado vindo da rua já escura. Não queria chegar até ela porque seria minha despedida do Jimin, certo? Eu já queria pular pro próximo encontro. Queria que a gente saísse tão frequentemente quanto meus pais.

— Jimin? — arrisquei falar uma ideia que passou na minha cabeça, afinal, eu queria tanto...

— Quê?

— Não quer ir lá pra casa? Eu moro perto. Podemos jogar alguma coisa, assistir filme, ouvir música... Sei lá, o que você quiser — despejei nervoso, sentindo que eu orgulharia meus pais por aquilo.

— Você quer que eu vá? — Conteve um sorriso mordendo os lábios de novo. Credo, ele era lindo demais e isso era uma desgraça, eu me perdia todo.

— Quero. Não quero ter que esperar por outro encontro...

— Pois me parece uma ideia boa pra caralho... Eu já tava achando um cu ter que esperar mais.

Como minha casa de fato não era distante, fomos à pé, sentindo o ar frio da noite congelar nossas bochechas e nariz, deixando-os ainda mais vermelhos. Aliás, se Jimin percebeu meu nariz vermelho por causa da máscara de cravos, ele ficou quieto.

Conversamos sobre coisas meio banais, tipo, nos conhecendo mesmo. Ele falou da faculdade, dos treinos e de Taehyung. Fui falar do Yugyeom, o que desencadeou a explicação de por que meu cu se chamava Gyeomzinho e Jimin brincou que ia chamar o próprio cu de Teteco, um apelido merda que tinha dado pro Taehyung — palavras dele mesmo.

E puta merda, a gente era estranho pra caralho mesmo, mas não chegou parecer um problema. Na verdade, nunca me senti tão confortável com alguém e realmente não fazia sentido Jimin ter me conquistado daquele jeito em só um dia. Tipo, eu abro meu cu pra uma quantidade razoável de pessoas, mas não meu coração. Caralho, eu sou muito poeta mesmo.

Felizmente, meus pais realmente não estavam em casa, então nós passamos um tempo na cozinha, bebendo com tranquilidade um suco que minha mãe fez antes de subir pro meu quarto. Jimin pareceu animado ao ver os consoles de videogame que eu tinha, apesar de não ter muito jeito de nerd.

A gente bem disse que ia ficar mais de boa, se conhecendo, conversando, jogando tempo fora e tudo mais, e tava realmente tudo dentro dos conformes. Eu e Jimin resolvemos jogar Fortnite e passamos umas boas horas resgatando gente no nosso abrigo top, rindo e nos empanturrando com uma pipoca que eu fiz depois.

Estávamos sentados no chão do meu quarto, as costas apoiadas na cama quando no meio da madrugada alguma coisa aconteceu e, quando eu menos percebi, Jimin já tava no meu colo e nós dois nos beijávamos como desesperados. Vou colocar a culpa nos hormônios e no desespero por sobrevivência do jogo.

Não foi por maldade nem nada, foi só instinto. Minhas mãos repousaram automaticamente na cintura fina por debaixo da jaqueta e não pude fazer nada contra isso, a pele quente e macia tentadora demais para eu conseguir resistir. Sentir o peso do Jimin pressionando o meu, sentir as coxas grossas dele emoldurarem meu quadril, o jeito que empurrava meus ombros contra a cama enquanto se debruçava em mim e me beijava era diferente...

Era uma química filha da puta, uma química fodida que eu nunca tinha dado de cara antes. Mas parecia que mesmo mal se conhecendo, nossas línguas sabiam exatamente o jeito certo de deslizar uma contra a outra. Parecia que Jimin sabia o quanto eu gostava de mordidas nos lábios e beijos molhados. Que eu gostava de quando ele segurava meu cabelo e inclinava minha cabeça pra aprofundar o beijo. Era do caralho mesmo.

Mas é isso aí, foi assim que eu conheci o Jimin. Beijamos por mais tempo do que eu gostaria de admitir, ficando de pegação a madrugada inteira. A gente, de fato, não transou — juro, nenhum Gyeomzinho ou Teteco foram expostos —, mas rolou uma esfregação necessitada sem querer. E uns beliscões em mamilos... Na verdade, talvez a gente tenha dado uma chupadinha no mamilo um do outro porque os beliscões não foram o suficiente... Mas só na amizade, claro, nos conhecendo. E também teve a cena engraçada do Jimin tendo que dar um jeito de sair escondido da minha casa na manhã seguinte para meus pais não pensarem besteira.

E, como vocês podem perceber porque eu fiz um relato da porra só pra chegar até o Jimin, a gente ficou sério de verdade. Ninguém do nosso grupo de amigos entendeu muito bem o que aconteceu porque foi muito do nada, mas acho que nem a gente sabia explicar aquela conexão tão idiota e estranha.

Hoseok e Taehyung ficaram felizes e, por algum motivo, achavam que eram nossos cupidos, apesar de nunca terem mexido um dedo para ajudar nenhum dos lados. A única coisa que Hoseok fez por mim foi contar que o Jimin se chamava Jimin — ok, isso é bem importante — e Jimin fez um super exposed do Taehyung falando que ele foi contra o nosso primeiro encontro. Achei um absurdo, porque se não fosse por mim os Taeseok continuariam separados por serem dois paus moles.

Jimin me fazia sentir como se eu fosse um adolescente padrão idiota dos livros de romance infanto-juvenis, coisa que eu nunca pensei que iria acontecer comigo, otaku introvertido que tinha fé no poder de um cu, mas não no do amor. Antes que vocês achem que eu queria ser profundo com isso e fodi com tudo falando de cu, eu não pretendia ser profundo. Credo, acho que Jimin me contaminou pela saliva, minha boca tá tão suja quanto a dele.

Jimin conseguia me fazer rir mesmo quando eu estava completamente insuportável e puto por causa da faculdade, conseguia me motivar tanto que minha equipe foi ganhadora nacional de Overwatch. Conseguia me deixar tão apaixonado que eu me pegava sorrindo que nem um bobo, aleatoriamente, só de pensar nele. Teve um dia que eu lembrei do Jimin enquanto imprimia umas coisas com o tio homofóbico da xérox e dei um sorrisão tão grande que o cara teve um gay panic, achando que eu estava dando em cima dele. Bem típico de gay enrustido homofóbico.

Eu comecei a assistir todos os treinos de Kendo dele, o cu piscando porque sinceramente... Um puta homão de espada, mesmo que de madeira, era demais pra mim. Nossa, ele podia me dar uma espadada a qualquer momento que eu ficava feliz. Interprete quando quiser.

Depois dos treinos íamos pro shopping comprar batata frita e milkshake, porque gostávamos muito do sabor dos dois juntos e, então, íamos pra minha casa ficar de namorico e jogando videogame enroscados um no outro. Ah, verdade, Jimin também fez com que eu me assumisse pros meus pais.

Não foi tão emocionante assim porque de acordo com eles, "tava óbvio", mas apesar de ter dado tudo certo eu quase morri de nervosismo antes de contar. Nossa, só o simples pensamento de perder meus pais me deixava desesperado, eles eram muito preciosos pra mim.

A parte boa é que eles adoravam Jimin, mesmo com a boca suja que ele tentou conter no jantar em família, mas não conseguiu. E Jimin adorava meus pais, mas como não? Eles eram perfeitos. Eles e Jimin, a perfeição se reconhecia e era a coisa mais preciosa do mundo pra mim. Eles costumavam marcar de sair pra passear no parque e fazer piquinique entre eles enquanto eu tava estressado com o fim de semestre pra me fazer inveja — o que não era um detalhe tão precioso assim. Não sei como Jimin não ficava tão estressado assim com os estudos também, logo ele, que tinha aquele jeito nervosinho.

Aliás, eu não sabia como ele fazia, mas fui contaminado também. Depois de muito jogarem na minha cara, comecei a participar dos passeios e nossa... Parecia que minha qualidade de vida tinha aumentado 1000%. No final, não era três horas relaxando que iam me reprovar, até porque eu com certeza daria um jeito de protelar aquelas três horas assistindo anime em algum momento.

As noites viradas com Yugyeom e Namjoon obviamente continuaram, o namoro não me afastou deles. Na verdade, nada afastou nada, só juntou mais ainda. Éramos um grupo completamente improvável, cheio de gente diferente e minha casa nunca esteve tão cheia.

Olha que loucura. Eu, introvertido que tive literalmente um amigo verdadeiro a vida inteira — Yug, caso vocês não se lembrem — me vi rodeado de gente. Tinha Yugyeom, Namjoon, Yoongi, todo o Verso Reverso, Seokjin, Hoseok, Taehyung e Jimin. Isso era muita gente. Volta e meia eu ficava refletindo sobre aquilo, principalmente enquanto encarava o rosto sonolento do Jimin quando ele dormia lá em casa, o narizinho meio franzido, como se ele estivesse constantemente puto.

Jimin apareceu na minha vida unicamente por causa da Teoria de Bacon. E não só por existirem pessoas nos conectando, mas sim porque essas pessoas que nos conectaram formaram um caminho sólido pra gente, com suas próprias relações, fortes.

Pensem bem: eu e Yug fomos conectados pelo sofrimento em conjunto de fazer Ciência da Computação, virar noite, estudar juntos e assistir animes. Aquilo era um laço forte do caralho. O laço entre Yug e Nam também era feito de aço, amigos de infância que se juntaram, unidos dentro da própria solidão e transformando-a em felicidade e cumplicidade.

Namjoon uniu nós dois a Yoongi e ao Verso Reverso por outra coisa poderosa: o amor pela música. Pelo coração que se acelerava ao ouvir os beats tão conhecidos e pela pele que se arrepiava com as letras rimadas, que carregavam mensagens tão importantes. Eu nem sabia que curtia tanto música até conhecer eles. E definitivamente eu curtia muito as músicas que Namjoon estava arriscando escrever junto com o Agust D.

Voltando, Seokjin se ligou ao Verso Reverso e, em consequência a nós, por causa de sua energia, que era incrível. Acho que a energia do platinado era o que fazia com que tantas pessoas orbitassem ao seu redor, o que fazia ele ser tão contagiante e interessante. E a energia dele era um laço diferente dentro da nossa Teoria de Bacon, porque não era emocional longamente cultivado, mas sim espontâneo. E eu arrisco a dizer que ficou emocional depois porque não tinha uma alma viva dentro daquele grupinho que não era apaixonada pelo Jin e por toda sua energia carismática.

Bem, e voltamos aos laços emocionais, que são Jin e Hoseok. E pensar que eu pude usar como caminho uma amizade tão incrível, que eles cultivaram tantos anos para conhecer Jimin... Era incrível, por isso deu certo, porque eram laços reais. Coisas que dava pra perceber só pelo jeito carinhoso que um olhava pro outro.

E aí veio Taehyung, que o laço com Hoseok é feito de saliva e paixão. Talvez não fosse o laço mais agradável, mas ardia forte, porque os dois eram incrivelmente intensos em seu relacionamento. Nem pareciam dois paus moles que precisaram trocar indiretas sertanejas no Twitter para voltarem a namorar.

Nem preciso dizer nada sobre Taehyung e Jimin também... Melhores amigos unidos pelas mães no jardim de infância e que continuavam lá até hoje, juntos nos melhores e também nos piores momentos — que nem ir prum evento urbano encontrar o ex. Eles eram grudados, grudadinhos, não é à toa que a passagem entre esses Baconzitos pareceu tão natural e automática.

Eu sei que essa reflexão foi muito boiola e que teoricamente eu sou de exatas e de acordo com o esteriótipo eu deveria pensar mais em números do que em relações humanas, mas toda vez que eu reflito sobre aquilo, mais eu acho do caralho. Imagino que tudo deu tão certo porque o caminho era firme, tão firme que todos os Baconzitos envolvidos são grudados um no outro até hoje, os caminhos tão intriscecamente entrelaçados que não conseguiam mais se separar.

E, nossa, eu fico grato pra caralho por ter tido a oportunidade de vivenciar aquilo. Não só porque eu cheguei até Jimin, que me fazia sentir a pessoa mais única do mundo, mas também porque todo mundo era muito importante pra mim. Acho, que no final, essa não é uma história só sobre Jimin, é uma história sobre todo mundo que eu amo. Puta epifania, né? Eu sou um baitola emocionado.

Com isso tudo eu fiquei com um hype imenso, uma animação que não era apagada por nada. Eu queria criar laços tão fortes, tão sinceros e tão sólidos quanto os que meus Baconzitos me deram. Quero ser um Baconzito tão incrível na vida de alguém quanto os meus foram na minha, porque eu queria conectar e dar pra mais pessoas todas as coisas incríveis que passei e continuo passando.

Pô, acho que me perdi um pouco na ideia. Mas acho que isso faz parte da minha personalidade estranha de otaku gamer perdedor. Um perdedor que tinha como missão criar com Jimin uma conexão tão forte e segura quanto as que me trouxeram até ele, para que mais pessoas pudessem navegar e se encontrar usando de rota a nossa paixão.

»🥓«

Oi de novo! Primeiramente, queria saber o que vocês acharam da fific e dos jikook, que foram tão breves, mas que me transformaram em cadela deles shuahsauhaus

Segundo, queria agradecer muito, muito, muito, muito mesmo a você, que está lendo. Quem me acompanha, se empolga comigo, comenta, vota, surta no twitter, chora de boiolagem comigo... Acho que essa experiência de poder compartilhar com vocês é tão incrível, fico triste de amor mesmo :((

Escrever Teoria de Bacon foi tão, tão divertido, não sei nem colocar em palavras o quão gostoso foi, de verdade, ela me fez perceber o quão eu fico feliz em escrever. Eu amo demais mesmo, me cura, e escrever Teoria de Bacon deixou isso ainda mais claro pra mim porque eu sentava na minha cadeira e passava mais de uma hora escrevendo direto kkkk foi muito gostoso mesmo e eu gostei muito do jeitinho que ela ficou :(( eu planejei mto pouco dela então veio tudo tão naturalmente... Acho que foi um presente para mim feito por mim

E, por último, acreditam que eu plotei ela há mais de três anos atrás??? É de cair o cu da bunda hsuahusa

O que eu queria dizer com isso é: eu tô muito feliz mesmo em ter concluído uma ideia tão antiga e engavetada minha, me senti tão, tão capaz! E segundo, fico muito feliz de escrever isso em 2020 porque acho que a Melissa de 2020 escreveu algo que a Melissa de 2017 nunca pensaria e perceber a evolução que eu tive foi muito incrível! Tenho muito a melhorar ainda, mas me enche de animação que cada dia eu consigo transformar melhor em palavras todas as coisas aleatórias da minha cabecinha. Então, se gostam de algo, não desistam, você sempre vai melhorar <3

E é só isso mesmo!!! Obrigada por tudo e, como sempre, se quiserem surtar comigo eu sou a @callmeikus no twitter e tô de olho na hashtag #6Baconzitos

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