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Capítulo 2


Garotas festeiras não se magoam

Não sentem nada, quando eu vou aprender

Eu não dou importância, não dou importância

Chandelier

Sia

Malu

Ainda bem que o Sr. Stein foi embora porque, misericórdia, aquele pai da Julia estava decididamente tirando a minha concentração. Que homem, senhoras e senhores! De aplaudir de pé e com a calcinha molhada. Um verdadeiro deus nórdico, imenso, e com aquele par de olhos verdes-claros, aquele cabelo loiro levemente bagunçado e aquela barba tão loira quanto, era de sair causando tremores de terra pela cidade. Em mim tinha causado, sem sombra de dúvidas. Eu precisei usar todo o meu poder de concentração e colocar uma cara de paisagem para não assoviar e subir e descer os olhos naquele homem ali parado, com aquele sorriso leve e aquela boca... Bom Deus. Queria ter conseguido fazer uma foto e mandado para Stella, sorri comigo mesma, curvando-me, tentando concentrar-me no início da minha aula com a filha do dito cujo.

O cara parecia jovem para ter uma filha da idade da Julia, talvez ele tinha o quê, uns 35 anos, pensei, elevando os braços e observando a garota fazer o mesmo, aquecendo-se para nossa aula. Bem, de qualquer modo, gostoso ou não, era o pai de uma aluna e com certeza era casado, porque minha amiga, não tem como um espetáculo daquele estar dando sopa por aí "solteiro da Silva", pode apostar. O que não queria dizer que uma mulher com sangue nas veias como eu não pudesse apreciar devidamente um espécime daqueles, não era?

Eu tinha colocado uma música da Sia, Chandelier, que Julia havia dito que gostava, para irmos nos aquecendo, sentindo a dança, já que sentir uma música que você gostava ou que tinha uma conexão, ajudava a ficar mais solta, a relaxar os músculos e se concentrar nos movimentos corporais necessários para a aula.

Interessante que eu tinha gostado quase que de imediato da Julia, que tinha me procurado ao final do espetáculo na escola, interessada em ter aulas particulares de dança. Desde o início eu havia notado o interesse real da menina pelos movimentos da dança, mesmo tendo percebido que dançar não era exatamente algo que ela tinha familiaridade. Essa questão, no entanto, poderia ser resolvida com prática e dedicação, coisas que ela vinha demonstrando bastante nas últimas aulas. Claro, além de ter ficado encantada com a garota gentil e educada, eu não podia desperdiçar a chance de obter uma renda extra, o que geralmente acontecia com as aulas particulares que os professores de dança ofereciam ali. Eu e Stella, por exemplo, amigas desde a faculdade e morando juntas no mesmo apartamento, complementávamos a nossa renda como professoras de dança com esse tipo de trabalho.

Eu estava trabalhando naquela academia em Copacabana há uns oito meses, cortesia dos contatos que Stella, graças a Deus, já tinha como professora de dança de salão ali. Nos últimos dois anos, com o meu diploma em Licenciatura em Dança, eu tinha trabalhado mais na área de Expressão e Corporal e Terapia de Dança, que era a área da minha futura especialização, e isso era ótimo porque eu poderia trabalhar mais com treinamentos e oficinas de técnicas corporais e de terapias em hospitais, clínicas, asilos e empresas. Era algo que eu gostava muito, e me fazia sentir que, para além da dança em si, que já era algo maravilhoso, eu estava efetivamente contribuindo para a melhoria de vida e o bem-estar mental e corporal de pessoas em tratamento.

De modo geral, era um trabalho bom, que me afagava a alma e pagava as contas, já que eu precisava pagar aluguel e sustentar-me, e um salário fixo em uma grande academia em um bairro nobre da cidade tinha vindo a calhar naquele momento. Muito melhor do que contar com os contratos mais instáveis que geralmente eram feitos para esse tipo de trabalho.

Dar aulas para um ou dois alunos apenas, tinha suas vantagens, como era o caso de Julia. Eu poderia focar no que queria de forma mais efetiva do que quando tinha uma turma cheia, como na dança de salão, por exemplo. Isso não queria dizer que não fosse gratificante e delicioso dançar em uma turma repleta de pessoas, só que às vezes o silêncio, a concentração e a possibilidade de montar um programa específico para um único aluno, de acordo com as suas necessidades e objetivos, era estimulante e desafiador, e eu desconfiava que aquela menina queria bem mais do que apenas aprender a dançar.

Depois de mais de uma hora de exercícios e movimentos que relaxavam os músculos, sentamos no chão com garrafas de água e toalhinhas ao nosso redor.

— E então, está tudo bem? É isso que você está buscando nas aulas?

— É sim, eu estou amando, Malu. Sempre me senti meio desengonçada, meio sem jeito com meu corpo, e como nunca fui muito feminina, sei lá, mas percebi lá nas aulas do espetáculo que eu conseguia me soltar bem assim, acho que foi isso... — ela disse, timidamente. Sorri, realmente surpresa.

— Desengonçada? Pouco feminina? Que história é essa? Você é linda e graciosa, Julia. — Essas adolescentes e seus problemas de autoestima, pensei, intrigada. Mas eu sabia bem como era aquilo, guardadas as devidas proporções. Havia passado a adolescência toda achando que eu não era bonita o suficiente, ou que o meu cabelo não era "bom" e que eu precisava adequar-me aos padrões das meninas brancas para que os meninos me notassem. Tinha levado um tempo significativo até que eu tivesse confiança e autoaceitação o suficiente para estar perfeitamente bem com a minha aparência, e eu já era uma adulta.

Julia, por exemplo, estava constantemente de preto, com camisas de bandas de rock ou super-heróis, como a que estava vestindo mais cedo, de mochila e tênis, mas ao contrário do que poderia pensar, ficava extremamente bonita daquele jeito, despojada e com cara de moleca. Aquela menina era realmente linda. Bem, agora eu sabia que puxou ao pai, concluí, suspirando.

— Pois é, sei lá, eu acho.

— E seus pais? Gostaram da ideia de você querer dançar?

Ela fez uma careta de leve.

Hum...não exatamente. Meu pai ficou meio bolado, sabe? Surpreso por eu de repente querer dançar, já que sempre fui um pedaço de pau e nunca havia demonstrado interesse para dança. — ela sorriu, depois ficou um pouco mais séria, franzindo as sobrancelhas loiras muito parecidas com as do pai, notei. — Minha mãe não sabe ainda, mas acredito que não vai fazer muita diferença, de qualquer modo.

Bebi um pouco mais de água, assentindo e catalogando o seu papai como um espécime delicioso e intocado, já que homem casado estava definitivamente fora da minha agenda, sem discussões. Uma pena.

— Não se preocupe com isso, ela vai amar quando olhar você algum dia dançando, leve, linda e solta. É impossível não amar. — garanti à menina, olhando o meu relógio de pulso e suspirando. Meu horário estava terminando e as salas eram reservadas para que tivessem aulas lá, quando estavam disponíveis. Muito provavelmente algum outro professor já deveria estar chegando para o seu horário, e eu precisava sair. — Nosso horário acabou por hoje, vamos lá?

Observei que alguns alunos já começavam a se aglomerar na porta da sala, prontos para a aula seguinte. Graças aos céus que não haveria mais aulas naquela sexta, que de modo geral era meu dia de folga quando eu não aceitava aulas particulares, então eu poderia ir para casa, tomar um banho gostoso, estudar, relaxar, ver um filme, dormir... tantas possibilidades! Talvez até sair com Stella para dançar. Tudo ia depender se ela estivesse livre, o que eu achava difícil, já que tinha um tempo que ela começara a sair com um advogado gostoso, e estava quase sempre com as sextas ocupadas.

Recolhi minhas coisas e rumei para porta, acompanhada por Julia.

—Você está indo para casa agora? — quis saber, só para garantir, lembrando do cuidado e preocupação do seu papai tesão, mais cedo. E ele estava certo, a cidade estava cada dia mais violenta, mesmo para aquelas bandas, e todo cuidado era pouco com uma adolescente sozinha.

— Sim, tenho aula mais tarde, preciso me arrumar ainda. — Antes de alcançarmos a saída, um homem negro, alto e musculoso encostou-se ao umbral da porta, com um sorriso no rosto, todos os músculos evidenciados pela camiseta preta sem mangas que ele usava. Ele me deu uma conferida, de modo descarado.

—Bom dia, dona Malu. Saindo de fininho? — perguntou, juntando as sobrancelhas.

— Acabou a minha aula Roberto, então, estou saindo, sim. Vai pegar essa sala?

— Isso, minha aula foi transferida para cá. Então, que tal um chopp mais tarde, bater um papo? — ele curvou-se em direção ao meu ouvido, sugestivo. Eu balancei a cabeça, não acreditando no descaramento de Roberto, e ajustei minha bolsa no ombro. Ele não tinha jeito, mesmo: uma vez pilantra, sempre pilantra.

— Agradeço o convite, mas vou sair com a Stella. Aliás, a sua mulher iria com a gente, não? — perguntei, piscando um olho para ele. Roberto riu alto.

— Você não pode condenar um homem por tentar.

Inacreditável, pensei, passando por ele sem nem dar-lhe mais uma resposta. Roberto era um cara legal, sem falar que era bonito, e assim que eu havia chegado à academia, tive um pequeno "rolo" com ele, digamos assim. Saímos juntos, nos divertimos, ele era relativamente bom na cama, mas tinha um relacionamento complicado com a namorada, que ele convenientemente esqueceu de mencionar que tinha. Quando eu o confrontei, ele havia dito que eles não viviam bem e estavam se separando, claro, a desculpa típica do homem safado e traidor. Dei um chute na sua bunda e semanas depois a namorada tinha aparecido por ali com ele, como se nada tivesse acontecido. Soube depois que eles estavam morando juntos, na verdade, e nunca haviam se separado. Ele poderia tentar novamente até a morte, mas comigo não. Idiota.

Quando eu e Julia chegamos à porta da academia, ela pegou seu celular, chamando um Uber e me deu um rápido abraço.

— Obrigada pela aula, Malu, foi muito boa. Sexta novamente?

— Claro, sexta novamente. A gente se fala, você tem meu número.

Nós sorrimos uma para a outra, e momentos depois, um carro amarelo chegou. Julia conferiu a identificação, me deu um beijo e entrou com um tchauzinho. Eu acenei de volta e segui para o estacionamento em direção ao meu velho Palio vermelho. Já que eu tinha o restante do dia livre, não custava nadinha ir para casa ter uma tarde de beleza e descanso. Perfeição.

Quem sabe o que a sexta à noite poderia trazer para mim, porque olha, eu estava precisando. Depois do idiota de um amigo de Stella, há mais dois meses, eu não desfrutava do corpo masculino em toda sua plenitude, e desconfiava que o fogo que estava subindo pelas minhas costas e outras partes do meu corpo agora tinha um pouco a ver com aquele deus loiro que havia surgido na minha sexta-feira sem graça.


                                                                                           ***

Assim que pus a minha bolsa na cadeira e saí tirando os tênis brancos dos pés, joguei-me de costas na cama, atendendo a chamada que Stella estava fazendo quando entrei no apartamento.

— Ei, Sttelinha, acabei de entrar em casa, pode falar. — pedi, começando a tirar a minha roupa, louca por um banho. Em vez da sua voz animada, ouvi um soluço, e sentei na cama de vez, preocupada. — Amiga, o que aconteceu? Você está chorando?

— Não, não estou chorando. — Stella disse, com um soluço de quem definitivamente estava chorando. Fungou novamente. — Só estou com raiva. Ai que ódio do cacete!

— O que aconteceu? Me fala, mulher. — exigi, preocupada. Stella tinha uma certa tendência ao drama, e exagero poderia muito bem ser o seu nome do meio, mas ela estava chorando de verdade, o que não costumava acontecer muito, de toda forma. Tinha algo muito errado acontecendo. Eu ouvi um bufar, e então ela retornou à conversa.

— Carlos. Você acredita que o cretino me deu o fora?

— O quê? Como assim?

Carlos Matarazzo, um advogado quarentão e quente que Stella já vinha saindo há uns três meses, parecia ser um cara encantador: gentil, trazia flores e a levava para jantar quase todo final de semana. Eu estava encantada em ver minha amiga louca aquietar-se e ser um pouco feliz depois da barra que ela havia passado com o ex marido irresponsável. Eles pareciam tão certos juntos, e agora aquilo? Não podia ser.

— Pois acredite, amiga. — a sua voz soou arrasada. — Estou aqui do lado de fora do prédio dele, não pude esperar para te ligar. Aquele idiota me disse que não estava preparado para o que eu estava esperando dele, como se, de alguma forma, eu tivesse dito alguma porra para ele, ou tivesse pedido um caralho de um anel de casamento alguma vez!

— Amiga, vem pra casa, nós conversamos aqui. Ou quer que eu vá te buscar? Vou aí. — levantei, buscando minhas roupas pelo quarto. Ouvi Stella fungar, clareando a voz.

— Não precisa, amiga, estou indo pra casa. Eu pego um táxi, já que eu vim com esse imbecil ontem. A gente conversa aí... já estou chegando, fica tranquila. — ela murmurou, parecendo derrotada. Eu sabia que Stella estava muito apegada ao Carlos, mas agora estava vendo a verdadeira dimensão do que ela estava sentindo por ele. Por que diabos um cara fazia uma merda assim?

— Vem, eu vou botar um vinho para gelar, compro um sorvete e a gente fica aqui amaldiçoando esse canalha e todas as próximas gerações dele, que tal?

— Táxi! — Eu ouvi Stella gritar. Segundos depois, ela voltou a conversar, a voz dura, decidida. — Não, nós vamos fazer muito melhor: vamos nos produzir, botar nossa roupa mais sexy, dançar e beber até as pernas ficarem bambas. E talvez até foder horrores. Topa?

— Só se for hoje. Se tivermos sorte, você esquece esse cretino escroto e eu tiro as teias de aranha da minha boceta. Maravilha! — Respondi, com uma risada, já indo em direção ao banheiro.

Ouvi a risada de Stella

— Meu amor, com as roupas que vestiremos hoje, não vamos precisar de sorte para foder.

Quando ela chegou em casa mais tarde eu já tinha tomado banho e estava com os cabelos na hidratação. Stella me abraçou, chorando, assim que passou pela porta, jogando de lado a mochila que tinha levado para casa de Carlos quando dormiu lá na noite anterior. Toda a determinação que ela tinha ainda há pouco no telefone parecia distante agora, enquanto eu oferecia-lhe uma taça de vinho e a sentava no sofá macio, afastando do seu rosto molhado os fios longos de seus cabelos castanhos.

— Que merda foi essa, amiga? Não estava tudo bem? — Eu comecei, depois de vê-la tomar mais um gole de vinho e respirar fundo, me encarando. Stella era linda. Assim como eu, tinha 25 anos, mas nossas diferenças terminavam ali. Ela tinha um cabelo castanho farto, ondulado, olhos castanhos claros e um corpo magro com curvas. Tinha sido bailarina por alguns anos e ainda mantinha a graça e a leveza nos membros e nos movimentos.

— Estava, sim. Quer dizer, pelo menos eu achava que estava. Estávamos saindo, fazendo um bom sexo... Poxa, ele me disse para levar umas coisas minhas para o apartamento dele; não foi como se eu estivesse perseguindo o cara. — Ela bufou, irritada, bebendo um pouco, parecendo mais calma agora.

— Então...

— Eu disse a ele... — ela interrompeu, limpando com raiva uma lágrima que tinha caído por sua bochecha, olhando para o chão. Eu pus meu queixo nos joelhos, observando-a em silêncio. Ficamos assim por uns segundos, até ela me encarar de volta, parecendo irritada agora.

— Eu disse na quarta-feira, ao imbecil, que eu tinha sido uma dançarina em uma boate de Strip-tease.

— E ele simplesmente terminou com você por isso? — Eu levantei, puta, enchendo novamente minha própria taça que estava na mesinha. — Mas que idiota dos infernos, cara. Miserável, machista, babaca!

— É, deve ter sido isso. Eu percebi que ele ficou estranho depois, distante, perguntou por que eu tive que fazer isso, se apenas porque gostava, e se eu transei com outros caras por lá. — ela sorriu, sarcástica, balançando a cabeça. — Acho que ele pensou que poderia estar por aí comigo em alguma recepção chic de advogados e encontrar um dos meus antigos "clientes". Como se eu tivesse transado com algum cara que foi naquela maldita boate!

— Não importa, Stella. Você não transou, mas e se tivesse? Ele não sabe da sua vida, das suas motivações, de nada. Ele acha que porque você foi uma stripper, não é boa o suficiente para ele? — eu estava muito puta. Esperava que aquele cara não aparecesse na minha frente tão cedo. Então eu olhei para ela. — Mas foi isso? Ele disse que era isso?

— Não importa, como você disse. Ele ficou estranho desde aquele dia. Eu só fui dormir lá ontem porque já havíamos combinado e ele não deve ter encontrado uma desculpa decente para não me receber, eu acho. Mas ele estava estranho, frio. Nós transamos, depois ele foi para sala e disse que a gente não poderíamos mais nos ver. Assim, do nada. Eu perguntei se foi por isso...

— E ele?

Ela riu, amarga, bebericando mais uma vez seu vinho.

— Ele disse que não, mas perguntou novamente se eu dormia com os caras da boate. Eu disse que sim, Malu. Eu disse que dormia, mesmo sem ter feito isso, só para testá-lo, eu precisava saber se era aquilo mesmo.

Eu não disse nada. Fiquei apenas olhando para ela, que continuou:

— Então ele levantou e disse que viria me deixar em casa, claro que eu o mandei se foder e saí de lá apenas com minha mochila, acabei deixando todos os meus trecos por lá. Depois eu pego, não importa agora. — Ela disse, cansada. Fechou os olhos e abaixou a cabeça. Eu fui para o seu lado e a abracei enquanto ela chorava baixinho.

— Aquele cara todo certinho e engomado não iria namorar com uma ex stripper, ?

— Ei, psiu, nada disso. Ele que é um imbecil por não querer alguém como você, Stella, esse idiota é quem está perdendo, amiga, e não te merece se pensa assim, entendeu? — eu disse, minhas próprias lágrimas aparecendo agora — E então? Pronta para aquele sorvete? Eu acabei não comprando, mas posso...

— O quê, mana? Nem pensar. Nós vamos sair, eu não disse? Vamos aproveitar os ingressos que ele me deu, isso sim. — Ela ficou de pé, meio instável, eu percebi. Nós não éramos exatamente um par de bebedoras, e a garrafa certamente estava abaixo do que eu imaginava que estaria. Olhei para ela, sorrindo, surpresa.

— Você ainda quer sair?

— Se eu quero sair? Eu quero foder. Muito. E esquecer aquele embuste dos infernos, aquele idiota frio e engomadinho do caralho. — Pronto. Ela estava meio bêbada mesmo, pensei, divertida. — Malu, nós vamos nos depilar, você está depilada? Eu não lembro se eu... não, eu estou, afinal, eu fui dormir na casa desse escroto ontem. Pois vamos deixar as nossas respectivas "pepecas" no ponto, vamos vestir roupas fenomenais e dançar até ter pelo menos meia dúzia de homens disputando a gente.

Eu estava rindo dela, muito, sentada no sofá. Stella me encarou, irritada.

— Levanta esse seu rabo daí, vamos pintar nossas unhas e eu vou hidratar meus cabelos. Depois vamos tirar um cochilo de beleza e mais tarde nós vamos sair. Estou te dizendo, Malu! — Ela saiu andando para cozinha, mexendo nos armários. Não fazia ideia do que ela estava procurando.

— Amiga, você não quer sair e transar com outros caras... você ama esse imbecil, não é?

Ela girou a cabeça na minha direção, rápido, e eu juro que foi como a Regan, aquela do filme O Exorcista, e eu quase fiquei com medo dela.

— Não repita uma desgraça dessas, nunca mais. Eu não amo aquele babaca, apenas gostava do pau imenso que ele tem. E da língua maravilhosa e do corpo... enfim, mas não o amo. E sim, eu quero transar com outro cara. O que há melhor do que um pau para fazer a gente esquecer outro? — ela concluiu, achando finalmente a garrafa de azeite de oliva e começando a colocar em uma vasilha. Eu suspirei. Nós íamos sair, pelo visto, e quem era eu para dizer como uma mulher deveria curtir a sua dor? Eu certamente iria querer a mesma coisa, no seu lugar.

Estava pensando nisso quando meu telefone tocou sob a bancada da cozinha. Stella e eu nos entreolhamos, então eu levantei e espiei o visor do aparelho, notando o nome de Carlos lá. Eu engoli em seco e olhei para Stella. Seus olhos arregalaram-se por um instante quando ela entendeu quem era, então ela respirou fundo e virou-se de costas, decidida.

— Não vou falar com ele, Malu. Diz para ele ir se foder!

Eu peguei o aparelho e atendi. Quando eu ouvi a voz grave e bem modulada de Carlos, respirei fundo, preparando-me.

— Olá, Malu. A Stella chegou em casa? Eu estou preocupado por...

— Vá se foder! — eu disse, bem-mandada, antes de desligar o aparelho e olhar para as costas rígidas da minha amiga. Era claro que ela amava o babaca machista. Fui em direção ao banheiro, retirar minha própria hidratação do cabelo. Afinal, nós tínhamos uns caras aleatórios para pegar naquela noite.

Se nossas aparências fossem algum indicativo, pelo menos dois, se não seis caras, estariam disputando nossa atenção mais tarde naquela boate. E podíamos estar certas de que pelo menos com algum desses nós iríamos transar hoje, imaginei, com esperança renovada. Três meses, no mínimo, faziam a minha coleguinha lá embaixo não lembrar mais nem o formato de um pau, sinceramente. E Stella, bem, Stella estava com raiva, frustrada e magoada com o namorado, ou ex, no caso, e só Deus sabia o que uma mulher sentindo-se assim poderia fazer quando ia para a balada sozinha.

Depois de cochilar mais do que devia, afinal, além do desgaste emocional, Stella pareceu não ter dormido muito na noite passada com todos os problemas com Carlos, ela me acordou às dezoito horas, já de banho tomado e enrolada em uma toalha, secando os cabelos.

— Vamos, amiga! Levanta daí! Você não vai me fazer ficar em casa hoje. — ela resmungou, indo para o seu quarto, mas então voltou e pôs a cabeça pela porta, muito séria. — Encontre a roupa mais ousada que você tiver aí nesse guarda-roupa, e enfie nessa sua bunda gostosa, eu vou fazer o mesmo.

Eu sorri, balançando minha cabeça e sentando na cama. Antes que dormíssemos, o meu celular tocou ainda mais seis vezes, todas chamadas de Carlos. Eu até quis atender, claro, podia ser algo muito importante, mas Stella me proibiu, assim como proibiu o seu João, porteiro do nosso prédio, de deixar o Carlos subir, quando ele veio pessoalmente horas depois que eu o mandei se foder. Eu a entendia, ela estava magoada e ferida, e não queria falar com ele.

Agora, ambas no espelho do banheiro conferindo os nossos visuais e retocando os últimos detalhes de nossas maquiagens, eu olhei para Stella, que tentou cobrir com corretivo e base as manchas debaixo dos olhos, mas eles continuavam um pouco vermelhos e inchados de tanto chorar. Ela passou as mãos pela blusa em estampa floral frente única, de costa nua, amarrada no pescoço, e virou-se de costas para ver o efeito que a calça jeans clara, super colada, estava fazendo na sua bunda.

— E aí, como estou?

— Eu pegaria, se fosse minha praia. — Elogiei, rindo, afofando meus cachos e dando volume ao meu longo cabelo cacheado que chegava ao meio das costas. Havia secado e optado por deixá-lo solto, e assim como Stella, vesti uma calça jeans skinny mais escura, que eu tenho certeza que eu precisaria cortar depois para sair de mim, de tão colada que ela estava, e havia completado o meu visual com uma blusa folgadinha que mal chegava ao meu umbigo, de mangas compridas e caída nos ombros, deixando apenas um deles à mostra. Precisei pôr um sutiã sem alças, claro, porque meus seios não eram como os de Stella, que ficavam lá, em ponto de bala, os meus eram maiores e pesados, e sem chance de sair por aí sem sutiã. Calcei sandálias pretas de salto alto e pus um brinco único de estampa afro, deixando os cabelos para um lado, caídos no ombro. Stella me avaliou, balançando a cabeça em aprovação.

— Amiga, estamos gostosas demais, altamente comíveis. — Riu, e eu percebi que, ou ela havia tomado mais vinho depois que acordou, ou que ainda estava sob o efeito das taças que havia ingerido mais cedo. Ela não quis almoçar, então podia ser muito bem o álcool ainda agindo desde aquela hora. Entre preocupada e animada, em doses iguais, eu olhei para ela, recostando-me na pia.

— Stella...

— Nem vem, não quero saber. Só quero esquecer, Malu. Só hoje. Amanhã eu choro de novo, mas hoje não. — Ela levantou o queixo, parecendo firme. Parecendo, apenas.

— Não está mais aqui quem falou, amiga, apoio você totalmente, vamos lá. Ah, e por falar em comível... lembra da garota que eu estou dando aulas particulares na academia, a menina do Alpha, Julia?

— Sim, lembro, o que é que tem? — Stella vaporizou seu perfume favorito, e encarou-me.

— Minha amiga, o pai foi levá-la hoje para a aula, conhecer o local, todo cuidadoso e ciumento, eu percebi. Stella, pensa, amiga: loiro, alto, gostoso, uma barba maravilhosa, olhos verdes... cheguei a sentir a calcinha quase cair sob o peso da umidade, juro. — contei, rindo, saindo e sendo seguida por ela em direção à sala. — Lembra daquele ator de Rei Arthur, o filme novo? O loiro? Então.

Stella arregalou os olhos, incrédula.

— O Charlie Hunnam? Sério? E rolou algo, você...

— Esquece, acho que o cara é casado, é só para apreciar de longe mesmo. — suspirei, enquanto íamos as duas para a rua, esperar o nosso Uber lá embaixo, afinal, como pretendíamos tocar fogo no local para onde estávamos indo, ninguém era louca de voltar dirigindo.

Stella e eu ficamos na portaria do prédio, aguardando, recebendo olhares apreciativos de uns caras que passavam, o que já era um ótimo sinal. Seu João, um dos porteiros do nosso prédio, sempre agradável e respeitoso conosco desde que chegamos para morar neste prédio, veio nos fazer companhia.

— E então, meninas, boa noite. Um sambinha para descontrair? — ele sorriu, ajustando o cinto sob a enorme barriga.

— Boa noite, seu João. Na verdade, hoje acho que vamos naquela boate na avenida, que inaugurou na sexta passada. Deixa o sambinha para um outro dia. — Stella riu, segurando no meu ombro. Misericórdia, eu não devia tê-la deixado beber tanto assim, mas achei que a gente não fosse mais sair, no fim das contas. — Vamos beber e comemorar a morte e castração de todos os paus do mundo, não é, Malu?

O porteiro arregalou os olhos, afastando-se um pouco da gente e mexendo no cinto de novo, como se estivesse preocupado com a afirmação de Stella. Eu gemi, depois ri quando ela continuou, vendo o olhar terrificado dele. — Menos o senhor, seu João, não se preocupe, o senhor não deixou aquele babaca escroto e cretino subir, então, não vai ter seu...

— Stella, amiga... — adverti, vendo o nosso Uber chegar, virando a esquina do nosso prédio.

— Dona Stella, o seu Carlos estava realmente preocupado. — Seu João começou, cauteloso, mas Stella fez a mesma coisa que havia feito comigo na cozinha, virando a cabeça na direção dele, que afastou-se mais dois passos de nós.

— Eu não sei de quem o senhor está falando, não me faça retirar o seu nome da lista de homens que podem continuar seguros com seus respectivos paus, está bem? — ela disse, calmamente, enquanto o carro parou perto de nós.

— Madames, a seu dispor. — o motorista disse, simpático.

É, parece que ia ser uma noite, no mínimo, interessante.


Malu (Beyoncé)

Stella (Thaila Ayala)

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