5 - Agressão.
Flashback on
Desde muito pequeno, Rodrick se destoava das crianças. Nunca se encaixou nos padrões, não gostava de jogar futebol ou brincar com carros em miniatura como todos os garotos "normais". Sempre gostou de desenhar e olhar para o céu, imaginando ser um astronauta, tanto que por muito tempo seu sonho era visitar a lua.
Suas notas na escola sempre disseram muito sobre sua inteligência, estudioso e atencioso ao máximo nas aulas, mas como toda estrela em ascensão, os problemas surgem com o longo dos anos.
Canadá, 2013.
Seus pais eram empreendedores e lucraram muito em cima disso, foi a base rentável da família. Por muito tempo realizaram longas viagens para participar das reuniões que envolviam a profissão, e se dedicavam de corpo e alma.
Infelizmente em uma das viagens uma fatalidade aconteceu, um carro completamente desgovernado e sem destino que era guiado por um motorista bêbado, se chocou abruptamente com o carro dos pais de Rodrick, que capotou de forma veloz e lançou seus progenitores para o oceano.
Imediatamente, as pessoas que estavam presentes naquela rodovia e não se machucaram, ligaram para os serviços de emergência, mas já era tarde. A água gélida já havia invadido todo o pulmão dos dois adultos.
A morte é inesperada, imprevisível, impiedosa e deixa marcas irreversíveis na vida das pessoas, não foi diferente com ele. A partir desse fato, precisou passar a viver com sua avó, e entrou em uma profunda depressão.
Nos primeiros dias, os piores, Rodrick não queria se alimentar, tomar banho ou até mesmo se levantar de sua cama para sequer usar o banheiro.
Os dias se passaram a as lembranças ficaram vazias, muitas coisas não vividas, muitos momentos não aproveitados. O garoto sentia pesar em ter discutido com seus pais em suas últimas palavras juntos e não poder ter feito tudo o que ele sonhava.
Até que em um ponto de virada, ele decidiu entrar no mundo proibido, passou a consumir drogas e bebidas de forma compulsiva, e sua avó perdeu o controle da situação. Por mais que ela fingisse não saber, não sabia como lidar com isso, principalmente com o comportamento agressivo do rapaz em diversas vezes.
Um cigarro de maconha "para provar", e lá estava ele, dependente de algo que o fazia sair de sua realidade insuportável e caótica. Até que o efeito chegasse ao fim, e assim o inferno novamente recomeçava.
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— Bom dia cara! — Disse Tyler estendendo a mão e cumprimentando o melhor amigo.
— Bom dia. — Sua voz estava baixa e mais desanimada do que o comum.
— Você está bem? Estou te sentindo estranho. — Tyler o mediu de cima a baixo, o conhecia mais do que qualquer um.
— Estou bem sim, só estou com uma dor de cabeça chata. Logo vai passar!
— Que ótimo, hoje começamos a produção das coisas que serão produzidas para formatura!
— Tyler, eu não fumei tanta maconha assim! Eu me lembro! — Rodrick lhe deu um sorriso amarelo
— Estou preocupado com Beth. Ela não responde minhas mensagens desde ontem. Desde aquela história de ameaças eu sinto medo em não poder estar perto dela para dar o apoio necessário. — Disse com um tom de preocupação.
— Deve estar tudo bem, no mínimo uma cólica fútil. Sempre é essa desculpa para tudo! — Revirou os olhos.
— Não fala assim, a dor que elas sentem é como um chute no saco cara! Imagine só! — O fitou de cima a baixo.
— Eu tenho certeza que é tudo frescura! — Bufou. — Além do mais todos sabem que um chute no saco equivale a vários ossos do corpo sendo quebrados! — Gargalhou.
— Onde você leu isso? — Encarou confuso.
— No Buzzfeed? — Ambos gargalharam com o comentário
Os dois seguiram o caminho do pátio para a sala de aula comentando sobre assuntos aleatórios de interesse dos dois.
— E como andam as coisas com Selena? — Tyler perguntou.
— Nunca esteve pior. Você mais do que ninguém sabe que ela não quer nada mais sério além de ficar não é?
— Cara, já te disse que você é um cara legal, e merece alguém que goste de você!
— Selena é o melhor para mim. — Quando Rodrick dizia seu nome, seus olhos eram tomados por um brilho vasto.
— Mas ela não te valoriza, fique com pessoas que te deem valor.
— Pelo menos Elizabeth ama você, não é mesmo? — perguntou o amigo, já sabendo a resposta.
— Sim, sinto que vamos casar e ter filhos! Quero construir um futuro com aquela garota.
— Boa sorte! — Rodrick tirou um cigarro do bolso, juntamente a um isqueiro.
— Cara, você consome isso como café da manhã! Como consegue?!
— Elas são as minhas melhores amigas. Alivia minha dor e me levam para outra dimensão. Já que é a única forma de chegar lá que eu vou conseguir. — Deu uma tragada no cigarro.
— Você sabe que tem potencial, sempre foi inteligente.
— E agora? Fico de dependência em todas as matérias. — Soprou a fumaça no rosto de Tyler.
— Cara não faz isso! — Tossiu umas três vezes. — Você tem potencial, só relaxou.
— Enfim, vamos acelerar o passo. Não quero fazer vovó vir aqui mais uma vez assinar advertências de atraso.
Os dois apertaram o passo, enquanto todos os outros alunos se encontravam no colégio.
— Amiga, bom dia! — Selena se encontrou com Livie na entrada da escola.
— Chama isso de bom? — Revirou os olhos.
— Quanto baixo astral querida! Hoje começa a produção dos bolos, se esqueceu?
— Bem lembrado, Selena! Preciso confirmar com Lucas e Nicholas.
— Tudo bem. Você conseguiu falar com Beth? Ela sumiu depois de ontem a tarde.
— Não falei com ela desde ontem cedo. Será que ela está bem?
— Que tal irmos até a casa dela? — Selena sugeriu.
— E perder a aula?
— O que tem? Estamos no terceiro ano do ensino médio e nunca fizemos isso! — Tirou o salto alto e guarda na bolsa. — Acho que vamos precisar correr.
— O que a frase "Só se você uma vez" não nos fazer...
As duas saíram correndo sem que o inspetor Liam visse as duas voltando para o lado de fora do colégio. Uma vez que estivessem dentro, só podiam sair para ir de volta para casa, no horário final.
Após uma longa caminhada quente, elas chegaram na propriedade dos Mitchell.
— Você bate ou eu bato? — Selena perguntou ofegante.
— Tudo bem, eu bato. — Tocou a campainha suavemente duas vezes, Aurora abriu a porta.
— Olá garotas, o que fazem aqui? — Sua voz angelical e sua simpatia conquistavam qualquer pessoa.
— Estamos preocupadas com Elizabeth, ela não nos responde desde ontem, e hoje não apareceu no colégio.
— Podemos entrar para falar com ela? — Livie perguntou.
— Oh! Mas é claro! Havia me esquecido de que eu precisava lugar no colégio e justificar sua ausência! — Passou a mão enrugada pelos cabelos brancos e abriu a porta em um tamanho de abertura que as duas pudessem passar. — Entrem!
Na entrada da sala, havia um tapete com produtos químicos que desinfetavam os calçados, para que nada de ruim entrasse para dentro de casa.
No rádio da cozinha podia escutar de longe "Photograph" de Ed Sheeran. Aurora sempre gostava de limpar a casa com músicas tocando.
— Vocês aceitam algum lanche? — Aurora perguntou.
— Não, nós só queremos falar com Beth. — Selena responde.
— Podem subir as escadas, ela deve estar no quarto.
As garotas subiram a imensa e impecável escada com detalhes dourados e o chão de madeira brilhante e polida com passos minuciosos, ainda era cedo tinham medo de acordar alguém na casa, por mais que os pais de Beth nunca estivessem presentes.
Com toques leves e delicados, elas bateram na porta.
— Quem é? — Elizabeth gritou.
— Somos nós. Livie e Selena.
— Podem entrar!
Assim que abriram a porta do quarto a garota estava sentada frente a sua penteadeira, alisando suas madeixas compridas e brilhantes com uma escova em formato oval. Usava um hobby vermelho de cetim, que refletia de acordo com seus movimentos
— O que vieram fazer na minha casa, está tudo bem? — Questionou virando o rosto para encontro das duas meninas.
— Ficamos preocupadas, você não apareceu no colégio hoje. — Livie Respondeu.
— Está tudo bem? Aconteceu alguma coisa Beth? Nós estamos aqui para dar o suporte necessário! — Selena complementou.
— Eu não queria preocupar vocês meninas, mas não, eu não estou bem… — Beth engoliu seco voltando seu olhar para baixo.
— O que aconteceu? — Perguntaram juntas.
— Vocês se lembram sobre a "brincadeira sem graça" que perguntei se era algum de vocês? — Beth questionou.
— Sim! O bilhete? — Livie perguntou.
— Exatamente, eles não pararam de chegar! Ameaça atrás de ameaças. Eu decidi me encontrar com a pessoa que estava fazendo isso.
— Você está ficando louca? — Selena gritou.
— E como já esperava, a pessoa tentou me ferir, e conseguiu! — Levantou a mão e mostrou o ferimento coberto com gases e esparadrapo.
— Elizabeth! Você perdeu o juízo!? — Livie e Selena foram até a garota para examinar com os olhos.
— Você nos disse sobre isso uma vez. — Selena respondeu. — Lembro que achou que se tratava de uma brincadeira nossa, mas não foi.
— Exatamente Selena! Mas resolvi não levar isso adiante e então a situação saiu do controle. Graças a Deus, consegui correr e fugi daquilo. Mas eu corro risco de vida agora meninas.
As garotas estavam assustadas, boquiabertas com a situação, Selena por descuido acabou até deixando algumas lágrimas caírem em seu rosto.
— Mas o que você fez, Elizabeth? — Livie perguntou. — Isso é sério, não deveria evitar uma ida na polícia.
— Quando percebi que tudo saiu do controle, eu tentei pegar as evidências e levar até a polícia, mas assim que procurei misteriosamente as coisas haviam sumido!
— Isso é doentio e assustador! Mas nós vamos passar por isso juntas! — Selena deu as mãos para as outras duas, que se entreolharam.
— Ninguém solta a mão de ninguém! — Livie foi ao encontro de Beth e a abraçou. — Eu te amo.
— Eu amo vocês!
— Se eu fosse você contrataria Cristian como segurança, além de motorista! — Selena sorriu.
— Não! Eu já me divirto com ele quando posso! — Beth deu risada.
— Beth, tome cuidado. O dia que Tyler descobrir sobre tudo, não quero estar perto. — A loira alertou.
— Isso não vai sair daqui! — Encarou as duas. — É o que eu espero.
As três passaram a manhã conversando e se divertindo com clipes de divas pop e séries, além de comer maravilhosos lanches naturais de atum com cenoura e beber chá gelado de pêssego.
Não puderam ficar muito mais tempo, a produção das coisas para a cantina precisavam estar prontas, então Beth pediu para que Cristian levasse as duas garotas para suas respectivas casas.
Assim como o combinado às 15:00 horas Nicholas e Lucas iriam até a casa de Livie preparar os bolos para arrecadar fundos da formatura, e não demorou muito para que de fato esse horário chegasse.
Livie terminou de arrumar a última almofada no sofá e a campainha tocou. Saiu de casa e foi até o portão segurando as barras do vestido branco para não arrastarem no chão.
— Olá meninos! Como vocês são pontuais! — Livie deu um beijo na bochecha de Nicholas e Lucas. — Vamos, é por aqui!
— Amiga, você não imagina como o Nick é pontual! Conseguiu me encontrar quinze minutos antes do combinado. — Lucas comentou rindo.
— Detesto deixar as pessoas esperando. — Ele sorriu.
— Que ótimo, eu adoro agilidade. — Livie entrou e foi direto a cozinha. — Eu estava pensando em fazer três sabores diferentes.
Sua casa era enorme, um pouco menor do que a de Elizabeth, mas tão bonita quanto.
O portão branco ao se abrir revelava um jardim bem cuidado com flores de todos os tipos, grama bem cuidada e um mini chafariz.
A porta de entrada principal dava para a sala de estar com sofás de camurça preto, um tapete diferente do que o de Elizabeth vomitou com detalhes Dourados e quadros em todas as paredes.
O piso era branco, e tão limpo que podia-se ver o próprio reflexo. Por fim, uma televisão ultrafina com uma mesa de centro com livros e revistas.
Não demorou muito para que eles se acomodassem na cozinha com ilha, e aparelhos eletrodomésticos de inox.
Imediatamente começaram a discutir sobre os bolos que eles fariam.
— Eu pensei o mesmo! — Lucas Respondeu. — O primeiro um Red Velvet, é uma febre em todos os lugares inclusive no Starbucks.
— Pensei no famoso e tradicional cenoura com brigadeiro! — Nicholas sugeriu. — É típico em países como o Brasil.
— E o último pode ser um naked cake de frutas vermelhas, que tal?
Os três acabaram concordando entre si.
— Pré aqueça o forno em 180 graus, tá? — Nick sempre observou a mãe preparar bolos e sempre a ajudou.
— Tudo bem, Lucas me passa a farinha! — Livie prendeu o cabelo em um coque e colocou um avental, dando um para cada.
Após duas horas e meias de preparo, muito chantilly, leite condensado, creme de leite, morangos e chocolate em pó os três terminaram o trabalho. Os bolos estavam prontos, e guardados em embalagens individuais.
— Eu não consigo acreditar que nós terminamos! — Nicholas agradeceu. — Obrigado por serem prestativos, sem os dois não seria possível.
— Sem essa Nick, sabemos que eu sou o talento aqui! — Lucas bateu em seu ombro.
— Sai dessa Lucas. Você só quebrou os ovos! — Livie Brincou.
— Ah é!? — Lucas pegou um punhado de farinha de trigo e jogou no rosto de Livie.
— Ei, garoto! — Liv pegou outro punhado e lançou em Nick.
— O que eu tenho a ver com isso? Seus doidos.
— Guerra!! — Lucas gritou.
Como crianças, os três terminaram com o restante do saco de farinha apenas fazendo guerra. A muito tempo não havia tanta diversão.
— Que tal arrumarmos aqui e depois brincar de "três fatos sobre mim"?
Os dois assentiram.
Após arrumaram toda a bagunça feita e colocarem os bolos na geladeira, os três decidiram se conhecer.
— Quem começa? — Nick pergunta.
— Pode ser eu... — Lucas Respondeu. — Bom a primeira curiosidade sobre mim é que eu sou fã número um de Lady Gaga!
— Eu amo! — Livie começou a cantar. — I want your love and, o want your revenge, you and me could write a bad romance...
— Essa música parou o mundo cara! — Nicholas comentou que sempre teve um gosto amplo para todas as músicas.
— Okay, segundo fato é que como vocês já devem saber: Eu sou homossexual! — Lucas deu continuidade a brincadeira.
— Com certeza isso te torna mais especial do que você já é! Nós te amamos assim! — Livie respondeu apoiando o novo amigo.
— Você é lindo, querido, e se eu gostasse da fruta! Ah sim com certeza eu te pegaria! — Nick resolveu brincar.
— É de extrema importância vocês me apoiaram de fato, ainda mais durante esses tempos caóticos. — Lucas deu continuidade. — O último fato é que eu achei que Livie era uma vadia, assim como as duas amigas dela! — Colocou a mão na boca.
— Uau, esse foi chocante! Porém eu já esperava. Andar com elas não me faz parte daquilo. Eu não sou como elas, tenho meu jeito e estou disposta a fazer novas amizades! — A garota mencionada respondeu.
— Ótimo, temos uma amiga nova então! — Nicholas brincou novamente. — Agora são os meu fatos! O primeiro fato é que eu estou apaixonado!
— Por Selena? Ela também está caidinha por você! — A garota disparou.
— Com certeza não! Eu estou apaixonado por Rachel, sua melhor amiga Lucas.
— Eu não acredito nisso! Depois da festa ela não para de falar o seu nome! Vocês tem tudo para dar certo, por que não chama ela para sair? — Lucas sugeriu.
— Ela também está afim de mim? É ótimo saber disso! Talvez eu crie coragem e chame ela. — Demonstrou entusiasmo.
— Selena não vai gostar nada disso. Mas tudo bem, se joga Nick! — Livie sorriu.
— Segundo fato. Eu tenho um cachorrinho chamado Ted!
— Que ótimo, eu amo animais! — Lucas respondeu.
— Eu também! — Liv comentou.
— Olhem a foto dele. — Retirou seu celular do bolso, mostrando a foto do Golden Retriever.
— Muito lindo! — Lucas elogiou com voz de criança.
— Terceiro e último fato, eu nunca tive um relacionamento sério com ninguém! — Decidiu esquecer a timidez.
— Você jura? — Liv ficou sem acreditar já que o garoto era muito bonito e jovem.
— Sim, eu juro!
— Rachel vai amar saber disso! — Lucas brincou. — Vou juntar vocês dois! Aguardem.
— Sua vez, Livie. — Nicholas pediu para que a garota desse continuidade a brincadeira.
— Minha vida não é interessante, mas vamos lá. O primeiro fato: Meus pais trabalharam muito para manter essa mansão e para suprir todas as necessidades da família, mas infelizmente chegamos em um ponto sem solução, falindo cada vez mais! Se eu não passar de ano, preciso ir para uma escola pública! A mensalidade da nossa escola é três mil dólares sem contar com o material didático. É algo que não está nos meus planos, felizmente está acabando. — Livie se emocionou deixando algumas lágrimas caírem e por fim passou os dedos no rosto para limpar as lágrimas.
— Fique tranquila, querida! — Lucas tentou acalmar a garota desamparada. — Vocês vão conseguir sair dessa.
— Vamos partir para casa Lucas? — Nicholas Respondeu. — Já passei do meu horário.
— Tudo bem. Meninos foi um prazer receber vocês dois aqui em casa! — Se levantou.
— O prazer foi todo nosso, Livie! Até amanhã na escola! Mande mensagens! — Lucas respondeu.
Os dois partiram cada um para sua casa. Em uma parte do caminho, deixaram de andar juntos: Lucas ia para a esquerda e Nicholas continuava seguindo em linha reta.
— Falou Lucas! Até amanhã cara! — Nicholas se despediu tocando na mão do colega.
— Tchau amigo, até amanhã! Tome cuidado com o caminho! Me mande mensagens assim que chegar! — Lucas respondeu.
— Okay, digo o mesmo a você!
O caminho era um pouco longo para Lucas e até poderia ser feito por um ônibus, mas o garoto acabou deixando dinheiro em casa.
Conhecia o bairro onde morava, mas costumava andar em grupo ou sempre acompanhado de alguém. Então, ele apertou o passo, segurou firme nas alças de sua mochila e caminhou sem olhar para o lado, apenas pensando em como sua tarde havia sido boa e divertida. Em um momento, escutou um barulho estranho, mas resolveu ignorar.
— Psiu! — o assobio distante entrou pelos ouvidos do garoto.
Olhou para trás e viu um grupo de garotos reunidos, por vergonha e medo resolveu não parar.
— Ei, viadinho! Olha para cá! — Um deles começou a fazer gestos obscenos com as mãos apontando para sua genitália.
Lucas percebeu que se tratava de algo mais agressivo, porém já estava no início da rua de casa então resolveu acelerar os passos, em uma corrida.
— Não está me ouvindo, sua bicha? — Um dos garotos começou a correr em sua direção.
O garoto chegou perto da porta de casa, porém estava sem chave, elas estavam em algum lugar de sua bolsa. Os rapazes que estavam o ofendendo perceberam isso e começaram a correr até sua direção
— Por favor! Tem alguém em casa?! — Lucas perguntava enquanto dava várias batidas na porta de forma descompensada e desesperada.
— Não foge de mim não, vadia. — Gritou outro rapaz puxando o braço do garoto indefeso.
Em outras situações Lucas confrontaria, mas o grupo era composto por seis garotos malhados e altos, o que era totalmente desigual e injusto. Ele não teria chances e talvez se reagisse, poderia piorar sua situação.
— O que você quer? Me deixe em paz! — Soltou o braço do rapaz.
— Ihhh, olha lá cara. Ele está com medo! — Um deles apontou para o outro dando gargalhadas.
— Vocês estão rindo de que? — Lucas exaltou a voz.
— Olha ela é brava! — Continuaram a rir do menino.
— Me deixem, eu estou pedindo, por favor! — Uma roda se formou em volta de Lucas.
— Ele se veste como uma mulherzinha, olha só! — Mais uma vez tiraram sarro do menino.
— Me deixem em paz, otários! — Lucas gritou fazendo as veias de seu pescoço ficarem marcadas.
— Do que nos chamou? Viado desgraçado! — Se aproximou do rosto chegando quase a o beijar.
— Me desc... — Quando foi terminar de falar, foi surpreendido por um soco intenso no rosto que o fez cair no chão.
Os seis rapazes foram pra cima de Lucas brutalmente como urubus em carne podre. Socos e chutes nas regiões da cabeça, perna, braços e costela. O garoto que simplesmente se encolheu e aceitou a agressão, se encolheu em posição fetal e fechou os olhos suportando a dor.
— O que eu fiz pra você? Me deixe em paz! — Lucas chorava muito enquanto gritava e apanhava cada vez mais
— Nós vamos te matar, você é uma aberração! Vamos te dar tudo o que seu pai não te deu para te corrigir.
Coincidentemente, nessa mesma hora Rachel e Jade que mais cedo resolveram fazer uma visita para Lucas, acabaram chegando no momento da agressão.
Assim que estavam se aproximando da porta, uma comentou com a outra.
— O que está acontecendo ali? — Jade perguntou. Da porta para o ponto que Lucas havia sido arrastado não era longe
— Amiga, é o Lucas! Ele está apanhando, corre! — Rachel correu em direção ao grupo ao escutar a voz de Lucas suplicando por da vida
Correram juntas até a roda de garotos.
No meio do caminho Rachel pegou uma barra de madeira no meio da rua e já chegou batendo nas costas de um deles.
— Tire suas mãos imundas do nosso amigo. — Bateu com a madeira na cabeça de uma deles que balbuciou indo para trás.
— Chegaram duas vagabundas pra gente acabar com a raça também! — Um deles gritou.
— De jeito nenhum, imundo! — Jade chutou a genitália de um dos garotos.
—Desgraçada! — Gritou colocando as mãos nos membros e caindo no chão reclamando de dor:— Minhas bolas...
— Você merecia mais! Homofóbicos de merda! — Rachel gritou se ajoelhando perto de seu amigo enquanto o grupo se aproximava.
— O que faremos com elas? — Um dos rapazes perguntou bufando partindo para cima delas.
— Vocês não farão nada! Se não respeitam a lei que protege esse tipo de pessoas, terão a punição para homofobia! — Rachel gritou. — Querem passar mais tempo na cadeia por tentativa de feminicídio?
Recuaram tentando correr.
— Já chamei a polícia! — Jade gritou.
Em meio a tantos gritos e confusões, os vizinhos saíram para ver do que aquilo se travava e impediram que os infratores do crime saíssem do local.
Jade também ligou para a emergência, e em questão de cinco segundos uma ambulância chegou retirando o corpo ensanguentado de Lucas do chão e o colocando em uma maca.
Felizmente, as garotas chegaram a tempo e conseguiram impedir algo pior. Mas infelizmente algumas pessoas não têm essa sorte! Acabam sendo mortas injustamente antes que alguém possa impedir
— Amiga, ligue para os pais de Lucas! — Jade pediu para que Rachel fizesse isso enquanto se tremia muito.
— Tudo bem, estou ligando. — Rachel discava enquanto se tremia muito também.
Estavam sentadas na calçada, enquanto uma policial tentava acalmar as duas garotas, cada uma segurava em sua mão um copo com água. Algumas perguntas foram feitas para concluir o que aconteceu, e então eles foram imediatamente indiciados e presos.
— Ela não atende! — Após discar inúmeras vezes Rachel conseguiu com que a mãe de Lucas atendesse. — Tia, não entre em pânico com o que vou dizer, mas o Lucas sofreu um acidente, vocês podem ir ao hospital do centro agora? Urgente, por favor.
A mãe de Lucas se assustou com tudo o que escutou, mas correu imediatamente para o hospital, desligando o telefone.
— Fiquem tranquilas meninas, chegamos a tempo e o amigo de vocês vai ficar bem! — Dizia a policial agachada.
— Vai ficar tudo bem! — As duas se abraçaram com os corpos trêmulos, ainda associando toda a situação.
Lágrimas escorriam desenfreadas e logo os pais das garotas estavam lá para levar as duas para suas respectivas casas.
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