1 - Vadias quebram corações.
Mais um semestre se iniciava e dessa vez era o verdadeiro final, as noites mal dormidas, os trabalhos, o ambiente tóxico, e ter que aguentar os professores velhos e chatos já não seria mais um problema.
A frente daquele colégio tinha uma placa dourada escrito em letras vermelhas: Legion High School. Era considerada a melhor escola da região pela secretaria de ensino de Flórida.
Um estacionamento imenso acompanhava a frente e em seguida uma pequena escada seguida de um pátio revelavam a entrada do colégio. O portão era de ferro com vidros grandes e tão limpos que serviam como espelhos.
Antes de estar de fato dentro do colégio um grupo de pessoas aglomeradas já conversavam contando o quão incrível havia sido suas férias, sobre suas roupas de grife ou então para onde haviam viajado.
A novidade do semestre era um programa de bolsas para pessoas de baixa renda, como já havia tido em anos passados. E nesse ano, alguns alunos também entraram.
— Eu não consigo entender o motivo de tantos bolsistas nessa escola! — Resmungava Selena descendo de sua Mercedes-benz — Cotas não deveriam existir!
Selena tinha os cabelos castanho escuro, era baixa e magra. Não se destacava diante daquela imensidão de pessoas no mesmo padrão, era arrogante e compunha a santíssima trindade. Aquelas garotas faziam o que queriam na escola, todos se ajoelhavam perante a elas.
— Selena? Finalmente! — Disse Livie também descendo do carro. — Será que Beth vem para escola depois do vexame da festa? — Gargalhou.
Essa era loira, magra e baixa, menos arrogante do que as outras. Livie também não se destacava, era apenas mais uma sombra de Elizabeth.
— Como se isso fosse algum problema para ela! O centro das atenções, quer sempre os holofotes voltados para ela! — Se abraçaram.
Nesse momento a porta de um carro branco se abriu e um tênis da Prada foi revelado seguido de uma saia rodada azul e uma blusa branca de manga longas.
Ela estava ali, o mal em pessoa, a abelha rainha daquele lugar. Elizabeth com seus olhos esverdeados e os cabelos marrons com leves traços louros a luz do sol.
— Obrigada Cristian! Até mais tarde! — Piscou mandando um beijo e acenando para o motorista.
— Ai meu Deus, aquela é Elizabeth Mitchell? — Lucas, um garoto loiro que havia entrado no colégio pelo programa de bolsas a alguns anos atrás perguntou incrédulo.
— Sim, ela nunca muda! E se muda é para pior! — Respondeu Rachel, a nerd estudiosa de cabelos ruivos. Rachel era a melhor amiga de Lucas.
— Chernobyl está em festa! — Elizabeth revirou os olhos se referindo a Rachel e Lucas. — Olá meninas! — Cumprimentou suas amigas.
— Finalmente! Achei que você não viria depois daquela vergonha na festa! — Respondeu Selena.
— Se comentar mais uma vez sobre isso, você será punida. — Respondeu de forma ríspida.
— Você acha que tenho medo de você, amiga? — Selena gargalhou mais uma vez.
— Acho que você deveria começar a ter! — Piscou arrumando o cabelo atrás da orelha direita.
— Onde estão os meninos? — Perguntou Livie. — Vamos caminhando, encontramos eles por aí!
— Devem estar para chegar. — Selena procurava na multidão ajeitando os óculos de sol da Prada.
Continuaram caminhando lentamente pela frente da escola imensa de alta elite, atrás dos garotos que compunham o grupo.
— Elizabeth! Cuidado! — Gritou Selena.
— O que foi? — Perguntou a menina desentendida.
— Tem uma garota vindo em sua direção! — Apontou para o lado esquerdo.
Uma menina alta, negra de cabelos baixos e muito bem vestida andava em uma bicicleta na mais alta velocidade em direção a Beth e seu grupo. Freou, fazendo o veículo rodopiar duas vezes e parar cara a cara com a patricinha.
— Você está ficando maluca? Ou tem algum tipo de problema? — Elizabeth perguntou revirando os olhos. — É cega? — Estalou os dedos em frente a Jade.
— Gosto de causar impacto. A propósito prazer, Jade! — Estendeu a mão.
— Prazer coisa nenhuma, você quase me atropelou! — Bateu na mão da garota, ignorando o cumprimento.
— Não foi minha intenção! Eu sou nova aqui, não conheço os limites de onde posso ir. — Rebateu. — Desculpa!
— Eu espero que isso não se repita, ou haverá consequências. — Deu de ombros.
— O que você vai fazer? Me bater? — A novata gargalhou.
— Você quer pagar pra ver? — Elizabeth insistiu irritada, não havia nada que a deixasse mais furiosa do que alguém que tentasse bater de frente.
— Quero sim! Me mostre — Levantou o tom de voz.
Elizabeth levantou a mão direcionando para Jade. Intencionada a agredir. Assim que hesitou em bater, a novata segurou sua mão.
— Pouco me importa como você faz com as vadias daqui, mas comigo você não vai fazer o que bem entende! — Apertou a mão com força. — Você não me causa medo, querida! — Soltou a mão de Beth jogando para trás com força. — Adeus! — Deu as costas e saiu montando em sua bicicleta.
— Como assim você deixou essa selvagem falar assim com você? — Resmungou Livie.
— Eu não sei o que aconteceu! — Gaguejou enquanto explicava, parecia incrédula.
— Você não pode baixar a sua cabeça! Você é a rainha deste lugar. — Disse Selena enquanto Tyler e Rodrick se aproximavam.
Rodrick, era um pouco menos magro do que Tyler, usava um topete baixo e seus cabelos eram castanhos.
Os dois rapazes eram bonitos e vistosos, tinham tanquinhos e arrancavam suspiros de todo o Legion High School.
O único empecilho na beleza de Rodrick, eram as drogas, que pouco a pouco o destruíam.
— Olá garotas! — Tyler cumprimentou sua namorada com um beijo quente e longo.
— Eae meninas? Vocês estão bem? — Disse Rodrick, mais uma vez fedendo a maconha.
— Nós estamos bem, mas Beth... — Disse Livie.
— Eu estou bem sua maluca! — Respondeu a garota.
— O que aconteceu aqui? — Perguntou Tyler segurando a namorada pela cintura.
— Ela foi confrontada por uma novata... — Selena gargalhou. — Bolsista!
— Como assim? A patricinha Mitchell? — Brincou Rodrick.
— Fique quieto, acéfalo. — Respondeu a garota irritada. — Vamos meninas!
Os cinco partiram para a sala de aula.
Pelos corredores do colégio haviam pessoas de todos os tipos, brancos, negros, gordos, magros, asiáticos havia uma diversidade imensa.
Cada aluno tinha o seu armário que podia ser usado para vários fins além dos fins escolares.
Os armários eram consideravelmente grandes e tinham uma coloração vermelha. Em cada um deles havia um cadeado, e o corredor era espaçoso o suficiente para todos os alunos transitarem durante a troca de aulas tranquilamente, sem que eles precisassem se esbarrar.
— Bom dia alunos! — O professor de Literatura se apresentou. — Me chamo Louis Fitzgerald, para os novatos.
— Bom dia Senhor Fitzgerald. — O coletivo respondeu.
— Nesse semestre nós temos alunos novos para apresentar a vocês. Vamos começar com você! — Disse apontando para Jade.
— Bom dia, me chamo Jade Edwards e eu tenho 17 anos. — A garota estava na segunda fileira quando se olhava pela porta da sala, no quinto lugar, logo ao fundo da sala.
— É um prazer ter você aqui para nos acompanhar durante essa metade do ano, seja bem vinda Jade. — O professor respondeu.
— Favelada. — Elizabeth cochichou.
— O que você disse? — perguntou o professor. — Não consegui escutar.
— Ah, eu quis dizer: Seja bem vinda Jade! — Falou com um tom um tanto quanto irônico enquanto riscava as folhas de seu caderno.
— Vejo que vocês já se conhecem não é mesmo? — Louis sorriu.
— Sim, professor! Nós tivemos uma conversa produtiva antes das aulas começarem, na entrada principal. — Respondeu Jade com um tom irônico também.
— Ótimo, vamos para o segundo aluno, Nicholas.
— Prazer, sou Nicholas. Tenho 18 anos e é um prazer estar com vocês. — Nicholas era alto, tinha a pele negra e os cabelos eram levemente encaracolados, porém curtos.
— Seja bem vindo Nicholas. É um prazer recebê-lo!
— Obrigado professor! — Sorriu envergonhado. Parecia ser introvertido e bem tímido.
— Já que Elizabeth já conhece Jade, você está encarregada de mostrar os arredores da escola para a novata. Mostre a ela tudo. Selena, você pode fazer o mesmo com Nicholas.
— Tudo bem por mim. — Respondeu Selena enrolando uma mecha de seu cabelo.
— Isso é sério? — Perguntou Elizabeth.
— Sim Beth, você disse que havia tido contato com ela antes. — Respondeu o professor Fitzgerald.
— Tudo bem. — Revirou os olhos concordando por fim.
— O livro em que nós vamos trabalhar esse ano é "O sol é para todos". Um obra literária, é um romance vencedor do Pulitzer escrito por Harper Lee e lançado em 1960.
— Preferia ler aos "Jogos vorazes" — Respondeu Rodrick com os pés na carteira da frente.
— Infelizmente ou felizmente aqui nós não temos escolhas Rodrick. Vocês vão gostar da obra; eu tenho certeza. — Sorriu. — Ah, e é claro! Tire os pés daí!
— Rodrick, é uma obra incrível, você vai gostar! — Disse Rachel.
— O que disse nerd? — Rodrick respondeu com intenção de envergonhar a garota.
Todos gargalharam, a escola tinha várias ocorrências de casos de bullying.
— Vocês tiram sarro de Rachel, mas ela é uma das únicas em que vejo um futuro nesse lugar! — Rebateu o professor sentando.
Todos se calaram, envergonhados com a resposta.
— Andem, vamos produzir. Formem duplas para fazer as questões das páginas 5 a 8. Para entregar hoje, vai servir como um aditivo para compor a nota da prova.
Tyler e Rodrick se juntaram, Selena e Nicholas, Rachel e Lucas.
Todos se juntaram. Livie, Jade e Elizabeth sobraram.
— Professor, sobramos nós três — Disse Jade.
— Ótimo, temos um trio! — Respondeu o professor.
— Pelo que parece, vocês terão de me aguentar até o fim do ano! — Brincou a novata.
— Nós não queremos laços com você, apenas vamos produzir. — Livie encostou as mesas.
Minutos e segundos de lição e trabalho intenso se passaram e de repente o sinal eletrônico anunciava que a hora do intervalo já havia chegado. A mesa dos populares era composta pelos cinco.
Diferente de outras escolas, esses populares não eram líderes de torcida, jogadores de futebol americano ou algo do tipo, eles eram apenas ricos.
Jade passou pela fila imensa, pegou a bandeja com suco de laranja, uma banana e um sanduíche de presunto. Por ser novata, estava totalmente perdida naquele lugar, então começou a procurar com os olhos diante daquele refeitório lotado de jovens.
— Garota! Venha aqui! Senta com a gente! — Gritou Lucas para Jade.
— Posso mesmo? — Perguntou a menina tímida, mas com vontade fazer aquilo.
— É claro que pode. — Respondeu Rachel.
Os três se sentaram junto, formando um novo grupo.
— Me falem sobre os populares um pouco. — Colocou a bandeja sobre a mesa. — Vi que eles são… Diferentes?
— Então, acho que você já deve ter conhecido a arrogância em pessoa. — Lucas sugeriu.
— Elizabeth? Sim eu tive a infelicidade de encontrar com ela na entrada. — Mordeu a fruta, que estava doce e madura.
— Ela pode ser a pior das vadias, mas é estilosa e se veste como uma Deusa. — Lucas interrompeu.
— Lucas, fique quieto — Disse Rachel. — Continue, Jade.
— Enfim, Rodrick é o panaca usuário de drogas. Livie e Selena praticamente sem personalidade, as sombras de Elizabeth. — Continuaram contando.
— Percebi isso nelas duas também. — Acrescentou a menina.
— E tem a parte boa do grupo. Tyler McCoy... — Lucas olhou maliciosamente para Rachel.
— Ele não é o namorado da menina? — Questionou Jade.
— Sim! — Respondeu Lucas.
— Elizabeth me odeia, e o motivo é o melhor... — Contou a garota.
— Ah, eu sei. Você é linda e inteligente, diferente dela que é fútil e arrogante. — Jade fez uma aposta.
— Obrigada amiga, mas o buraco é bem mais fundo do que isso. — Sorriu de canto envergonhada.
— É uma coisa inusitada — Lucas completou.
— Conta logo! — Jade estava ansiosa.
— Eu já namorei com o Tyler. — Disse em tom baixo e rápido, estava envergonhada.
— Como assim? — Jade gritou gargalhando, quase engasgando com o lanche.
— Nós tivemos um caso um tanto quanto perturbador. Perdi minha virgindade com ele. — Acrescentou a garota, mais envergonhada ainda.
— Sim, ela ficou com o namorado da abelha rainha do colégio! Essa é a minha garota! — Respondeu Lucas também gargalhando.
— Lucas, não exagere! — Suas bochechas estavam coradas em um tom de vermelho.
— Lucas, não exagere! — Suas bochechas haviam ganhado um tom de vermelho.
— Mesmo assim, ela se sente ameaçada. E a única forma que acha de se sentir melhor é te atacando. Te ofendendo. Quando você ataca o oponente ao invés do argumento dele. — O garoto respondeu.
— Felizmente cheguei na hora certa, e já vejo uma nova amizade se firmando! — Respondeu Jade, determinada a acabar com a reputação de Beth.
— O que poderia dar de errado? Uma nerd, um gay e uma barraqueira.— Lucas batia palmas enquanto dava risadas altas.
O dia foi se estendendo até que o sinal tocou, anunciando a saída dos alunos. O expediente do dia havia acabado, e todos seguiram respectivamente para suas casas.
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Cristian chegou na frente da escola e abriu a porta do carro:
— Oi meu amor! — Cumprimentou sua patroa.
— Não fale assim! Tyler vai conosco hoje! Ele não pode saber sobre nós. — Deu um tapa no ombro do motorista.
Imediatamente Tyler entrou no banco de trás jogando a mochila da Nike e se ajeitando no couro quente.
— Olá! Me chamo Tyler! — entrou no automóvel.
— Prazer, Cristian. — Dialogou com o rapaz estendendo a mão. — Você tem sorte de ter Elizabeth como namorada. — Dizia, enquanto dirigia aquele carro.
— Obrigada! — Deu um beijo na namorada. — Essa garota vale ouro!
Continuaram conversando sobre coisas aleatórias como bandas que gostavam, séries, filmes e carros enquanto Elizabeth mexia em seu celular.
Alguns minutos depois de estrada e eles já estavam em frente a outra mansão, a dos McCoy agora. A mansão tinha um portão bege e um muro com uma trepadeira que parecia ser perfeitamente cuidada, em alguns lugares dando até belas flores vermelhas.
— Pode me deixar aqui, obrigado! Até mais amor, te ligo assim que chegar em casa. — Se despediu com um beijo rápido.
— Até mais, te amo! — Retribuiu o beijo.
— Até mais, irmão! — Respondeu o motorista.
Tyler desceu do carro e passou sua mão no leitor de impressão digital, que já liberou a entrada do garoto.
— Finalmente esse corno vazou! — Disse o motorista indo em direção a Elizabeth.
— Não! Pode ter câmeras aqui, você precisa entender que as coisas funcionam da forma que eu quero, e não da forma que você quer!
— Qual moral você tem para querer me dizer algo? Você trai o seu namorado com um favelado, Elizabeth! — Cristian bateu no volante.
— Pare o carro. Eu vou descer. — Resmungou.
— Não, você não vai descer Elizabeth! Meu dever é te levar para casa em segurança!
— Sim, eu vou descer! — Gritou puxando o cinto.
— Eu não vou parar o carro. — Deu de ombros.
A menina inconsequente abriu a porta do automóvel que estava em leve movimento.
— Elizabeth! Volte aqui! — Gritou, mas foi ignorado.
A menina seguiu andando o restante do caminho sozinha, por volta das 12:45 da tarde, o sol quente de verão causava fervura, a garota estava transpirando e ofegante.
Chegou correndo abrindo o portão, foi caminhando pelo imenso jardim e logo chegou chutando a porta de casa que dava diretamente para a sala. Subiu as escadas furiosas bufando.
Ao chegar no andar de cima entrou para o quarto e foi diretamente ao banheiro tomar um banho.
— Você está bem, querida? — Perguntou Aurora que guardava algumas roupas no closet ao lado.
— Me deixe em paz, velha inútil! — Bateu a porta do quarto, já entrando na banheira.
— Você acha que pode falar comigo como quer? — Indagou a senhora abrindo a porta que havia sido batida.
— Eu falo como eu quiser com quem eu quiser, você é paga para isso. Me dê minha toalha para quando eu sair, ande.
— Eu não sou paga para ser tratada feito merda!
— Fique quieta! Me dê a porra da toalha! — Exigiu com um tom arrogante.
— Se você quer, pegue! — Aurora jogou sua toalha no chão, saindo do quarto. — Te crio desde sempre, não vou tolerar esse comportamento todas às vezes.
Se levantou da banheira molhada e percorreu até o banco onde estava a toalha, por isso acabou escorregando na própria água de seu corpo e caindo.
Ao se levantar sentiu uma leve tontura, logo se enxugou na toalha felpuda branca.
Ouviu um barulho alto na janela do quarto. Como se alguém tivesse jogado algo.
A jovem enrolou na toalha e foi até o quarto, a janela estava aberta com o vidro estilhaçado. Olhou para o chão e viu uma grande pedra, supôs que aquilo havia sido responsável por quebrar a janela.
Pegou a pedra em sua mão e a lançou de volta para a rua.
Elizabeth não havia percebido um detalhe, na base da janela tinha uma caixa pequena de madeira, que com o vento caiu no chão fazendo com que a menina que estava de costas se virasse para ver o que havia feito aquele outro barulho.
Visualizou a caixa e agachou para ter certeza do que era aquilo.
Assim que abriu a caixinha, percebeu que estava repleta de tinta vermelha com uma garrafinha e um bilhete dentro, retirou cuidadosamente a rolha da garrafinha e pegou o bilhete. Desenrolou com muito cuidado fazendo revelar uma mensagem um tanto quanto intimidadora e assustadora:
"Eu sei de todos os seus segredos Elizabeth, sua hora está chegando".
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