Capítulo 8
O meu celular estava descarregando quando alcancei a minha bolsa na espreguiçadeiras, então só consegui mandar uma mensagem para Lucio no domingo, quando já estávamos indo pra casa, acordamos já fazendo as malas para voltar. Eu pensei bastante em namorar Lucio, mas haviam muitos fatores que não incluem só em eu aceitar se namorada dele a partir daquele beijo. Primeiro de tudo: meu pais podiam não concordar, eu tinha quase certeza de que isso aconteceria, eles eram muito conservadores e priorizavam a nossa educação; primeiro os estudos e depois namoros. Talvez eles ficassem mais maleáveis ano que vem, já que estaríamos com 17 anos, e a pessoa iria passar por uma inspeção geral. O segundo fator era que minhas irmãs e eu viemos com o intuito de realmente focar nos estudos, terminar o ensino médio sem contratempos e ingressar em uma faculdade com louvor, fomos totalmente amedrontados pelos nossos pais ao descobriram na cidade que uma menina chamada Daiane engravidou aos 14 anos e largou os estudos por conta disso.
Resolvo conversar com as minhas irmãs no domingo de manhã, fomos pro quarto de Tyessa logo após tomar o café da manhã. Resolvi abrir o jogo e contei que eu estive na cobertura do Sr. Stewart e que Lucio e eu havíamos nos beijado, contei que eu estava apaixonada por ele também. Tyessa ficou meio possessa dizendo que um dia eu precisava levá-la até lá após o seu castigo, que nossos pais não deram uma data de fim, só deixaram ela ir até suas aulas de dança e pra escola, alegando que tinha o telefone do lugar onde ela fazia as aulas e que ligariam pra lá para confirmar sua presença.
— Eu preciso ter esse homem. — Tyessa se jogou pra trás, deitando na cama e fazendo cara de choro. Allycia e eu nos entreolhamos com os olhos arregalados, acho que nossa irmã estava doente de amor.
— Ele é muito mais velho do que você, irmã. E você mal o conhece. — disse Ally se inclinando para olhar Tyessa melhor.
— Eu pesquisei tudo sobre ele na Internet, fiz uma pesquisa profunda, acho que estou viciada nesse cara. — ela admitiu, colocando as mãos nos olhos.
— Estamos aqui para te ajudar nisso, a não se perder nesse amor quase impossível. Ele é meio que um galanteador, não namorada com ninguém e está sempre com uma mulher diferente. — eu lhe disse, acariciando seu braço.
— Mas não vamos falar disso mais. O que você vai fazer em relação ao Lucio? — ele mudou totalmente o humor e se sentou novamente, me olhando.
— Esperava que vocês me ajudassem. — eu abaixei meus ombros, demonstrando frustração com a situação.
— Vocês podiam namorar escondido, sem nossos pais saberem e nem o pessoal do colégio. — falou Ally, como adolescente que sou, aquilo me deu esperança, podia ser uma opção se eu tivesse ajuda.
— Contudo que tenho passado, nem acho uma ideia ruim, Stacy. E assim você não corre o risco de perder ele pra Morgan. — Tyessa afagou meu ombro, demonstrando que também estaria comigo nessa.
— Então estou oficialmente namorando escondido. — eu disse as palavras, me sentindo bem ao mesmo tempo com medo de ser descoberta, sempre temos a mania de sofrer antecipadamente, mas farei o meu máximo para que tudo desse certo. E fazer com que Lucio entenda também, o que eu espero que dê certo.
— E eu proibida de ir na festa do Alex. Mas vocês deviam tentar ir, Allycia disse que John e os meninos não eram proibidos de ir em festas.
— Você acha que papai é mamãe deixariam a gente ir? — perguntei, eu duvidava disso.
— Se disserem que é uma festa de um amigo da escola com poucas pessoas e 0 bebidas...
— Mas terá bebida alcoólica? — quis saber Allycia, com a boca aberta e sobrancelhas erguidas.
— Muito provavelmente, e vocês duas não vão beber uma gota, hein!? — Tyessa apontou um dedo pra gente.
— Deus me livre, deve ser horrível. — eu disse. Nunca tínhamos bebido e eu nem tinha vontade de experimentar.
Minhas irmãs e eu ajudamos nossa mãe a dar faxina na casa e depois ela e nosso pai fizeram o almoço. Comemos em família como sempre e depois assistimos filme na sala, era difícil escolher um filme em uma família de 5 pessoas, cada um queria assistir algo diferente. Allycia ganhou a vez hoje e escolheu um filme de suspense, então eu só consegui assistir a metade e depois subi para estudar e fazer ligações de casa. Parei depois de terminar tudo e me deitei na cama para mandar mensagem para Lucio.
Stacy: Olá, namorado.
Lucio: Estamos conectados, acabei de pegar o celular para te mandar mensagem e chegou a sua.
Stacy: Somos fofos já. Tenho algo a dizer.
Lucio: Pois diga logo.
Stacy: Vamos ter que namorar escondidos, meus pais já disseram que isso não é uma opção discutível, não quero causar confusão com eles.
Lucio: Não posso dizer que concordo, mas entendo. É uma pena, nada que começa na mentira, termina bem.
Stacy: Não é uma mentira, é uma omissão.
Lucio: Se eles descobrirem, vai ser pior...
Stacy: Eles não vão. Mas se é assim, você prefere que sejamos só amigos?
Lucio: Isso também não é uma opção.
Stacy: Foi o que pensei. Nos vemos segunda?
Lucio: Nos vemos segunda, minha Stacy.
Eu sempre me derretia quando ele me chamava assim, para um garoto de 16 anos ele tinha umas artimanhas bem convincentes, ele já me tinha na palma da mão e acho que nem ele sabia disso. Um namorado não estávamos nos planos quando viemos pra cá, eu realmente não estava pensando em arrumar um antes de terminar o ensino médio, talvez algum lance no último ano, mas não no segundo, mas já estávamos no meio do primeiro ano praticamente, eu podia sustentar isso. Sustentar a mentira e esse relacionamento, né, e jamais deixar de estudar. Resolvi escrever as três últimas palavras como um lembrete em um post-it e coloquei na tela do meu PC.
No domingo, eu fui mais uma vez comprar o pão de manhã, eu tinha ficado como a encarregada disso, o que era um saco. Encontrei Mark esperando seu pedido, mas para minha sorte, eu o vi primeiro, então fui para um canto da padaria fingir procurar algo e vi quando ele pegou o seu pão e saiu, suspirei de alívio. Eu não entendia a do Mark e nem de alguns pensamentos intrusivos meus, que insistiam em me dizer que Mark era um amigo por quem eu sentia falta e protetor, e quem é que não gostava de ter uma pessoa que se preocupava com você dessa maneira? Só que ao mesmo tempo eu pensava que Mark e eu nunca fomos melhores amigos e nem tão íntimos para ele agir dessa forma comigo, como um amigo de infância ou irmão mais velhos. Éramos amigos sim, conversamos por várias noite ano passado e nos encontramos com a galera na lanchonete depois da aula, mas com exceção de Ally e John, nenhum de nós viramos “Best friend forever”. Quando voltei pra casa, no café da manhã mesmo, Ally e eu tentamos convencer nossos pais a nos deixarem ir na festa do Alex, dizendo que era um amigo da escola que estava fazendo aniversário, e como éramos novas na cidade, meus pais convidaram dizendo que precisávamos nos enturmar que era só uma festa de adolescente mesmo. Eu quase pedi o contrário, porque tinha sido muito fácil e quem argumentou a favor tinha sido eles, só foram nossos verdadeiros pais quando pediram o endereço da festa, do contrário pareciam alienígenas na nossa frente.
Dia de aula, Lucio e eu resolvemos almoçar juntos, na verdade ele iria almoçar na nossa mesa. Isso porque ele era meu namorado, não por ser digno para andar com as TriGirls e fazer parte, até porque ele era homem, mas tínhamos que deixar isso claro para ninguém achar que tinha virado bagunça. Tínhamos que pelo menos proteger e honrar o legado dos meninos que tanto nos ajudaram e nos ensinaram, se tínhamos conseguido ser popular e ser vistas, era graças a eles. Mas hoje fizemos algo diferente, demonstrando que podíamos ser livres para sair com alguém que escolhemos, mesmo sendo do colégio. Quando Lucio se sentou na nossa mesa, seguiu-se um licencio por todo o refeitório, que parecia ter sido por toda a escola, todos olhavam enquanto Lucio se sentava ao meu lado e me dava um beijo rápido nos lábios, que me deixou com as bochechas em brasa.
— Olá, meninas. — ele sorriu para minhas irmãs.
— Agora posso chamar ele de cunhado, Stacy? — minha querida irmã Allycia disse, colocando ênfase no meu nome.
— Oi, Cunhadinho. — disse Tyessa e eu sabia qual seria o único assunto em que ela sempre conversaria com ele.
— Podem me chamar de cunhado, eu gostei disso. — Lucio sorriu e provou seu purê de batata. O refeitório já tinha voltado ao costumeiro barulho, mas percebemos que tinham muito cochichos sobre nós.
— Você também vai pra festa do Alex? — Allycia perguntou ao Lucio. Eu estava reparando ele desde que sentou com a gente, seu cabelo arrepiado com gel, a blusa preta estava meio apertada nos braços, deixando os músculos novos evidentes. Ele devia passar bastante tempo na academia que o tio tinha na cobertura, ele estava ficando gostoso muito rápido.
— Com certeza, primeira festa de ensino médio que eu vou. — ele disse, rindo e apontando o garfo para minha irmã.
— Uma pena que Tyessa está de castigo. — eu lamentei.
— Vou perder a festa do ano. — nossa irmã fez bico e empurrou a bandeja quase vazia pra frente.
— O que deu na sua cabeça ao tentar invadir uma área restrita? — Lucio perguntou a Tyessa.
— Só queria ter uma conversa com seu tio, é pedir de mais?
— Tentar invadir a casa dele é pedir de mais. Você podia ter esperado ele te atender. Provavelmente naquele dia você iria lidar com o diretor, que estava a frente na ausência do tio Brad, mas você sempre pode solicitar a presença do dono se tiver algum problema.
— E em que tipos de problemas ele dá as caras? — ela cruzou os dedos e chegou o corpo pra frente, para ouvi-lo melhor. Eu temia que Lucio fosse responder nenhum, o tio dele devia ser mega ocupado.
— Provavelmente não o seu. — Lucio riu e passou o seu milk-shake pra mim, que ele tinha comprado na cantina, meu coração palpitou forte pelo gesto. — Jamais será do meu agrado ser grosso com você, cunhada, mas você não faz o tipo dele. Pela idade, eu quero dizer.
— Isso porque nunca tivemos a oportunidade de uma conversa sozinhos. — minha irmã pareceu ofensiva e encostou as costas no encosto de sua cadeira, desviando o olhar do de Lucio.
— Se prefere achar isso. — ele deu de ombros.
— Vocês vão monopolizar toda a conversa do almoço agora? — Allycia olhou de Tyessa para Lucio, mas estava com seu celular na mão, tinha passado o almoço quase todo teclando, como sempre fazia. Já tínhamos desistido repreender ela.
— E você vai conversar com a gente ou passar o tempo todo conversando com o carinha que confiscou sua atenção. — Lucio apontou para o celular dela e eu dei risada.
— Tá legal, me pegou. — pela primeira vez em tempos Allycia largou o celular na mesa e passou a interagir com a gente.
— Você é o máximo. — segurando o braço de Lucio, me inclinei e lhe dei um beijo demorado na bochecha, ele me olhou com a as sobrancelhas franzida mas estava de bom humor, parecendo confuso só com minha palavras.
E a notícia do namoro de uma das TriGirl com o Lucio foi espalhada por todo o colégio no mesmo dia, todos agora sabiam o nome de Lucio e começaram a querer amizade com ele pra tentar se aproximar mais da gente, ele tinha me contado isso por mensagem. Só havia uma pessoa que tinha odiado, essa pessoa era Morgan, portanto eu tinha certeza que tinha sido ela que colocou um rato de mentira no meu armário do vestiário. Quando fazíamos educação física, podíamos usar os armários de lá para guardar nossas coisas, e como estávamos tendo aula juntas naquele dia, eu tinha certeza que ela tinha feito aquela brincadeira de criança, mas não tinha como eu provar. Só dei o rato de brinquedo ao professor e ele falou com as duas turmas que estava dando aula, porém obviamente ninguém confessou e ele só levou o caso a diretoria. Não contei a Lucio, portanto quando os vi conversando na saída, eu fiquei furiosa e passei por eles empurrando ela com os ombros, não olhei pra trás, só segui na direção do ponto de ônibus e minhas irmãs vieram atrás, quase correndo pra me alcançar. Elas concordaram de que quase fato que tinha sido Morgan, já que estava rolando um boato antes de hoje de que eles estavam namorando, boatos inventados pela menina. Recebi uma mensagem de Lucio quando já estava no ônibus.
Lucio: O que foi aquilo?
Stacy: Você sabia do boato de que você e ela estão namorando?
Lucio: STACY, PELO AMOR DE DEUS, VOCÊ NÃO ESTÁ CHATEADA POR CAUSA DISSO, NÉ?
E sim, eu ouvi esse boato a pouco tempo e imaginei que fosse pelo fato de andarmos sempre juntos e por ela ser dançarina, líder de torcida ou sei lá. E por isso também fiquei bem mais aliviado por termos assumido nosso compromisso hoje.
Stacy: O motivo de eu ter passado por ela assim foi porque ela colocou um rato de pelúcia no meu armário, levei um baita susto.
Lucio: Sério que ela fez essa brincadeira infantil? Ela te confessou isso?
Stacy: Não, sei que foi ela porque ela gosta de você, era a única da quadra que usou o vestiário e que me odeia.
Lucio: Não acho que ela goste de mim, já deixei claro que somos amigos e ela vê assim também agora. Mas não estou duvidando da sua palavra.
Stacy: Já estou chegando no meu ponto.
Lucio: Sinto muito que tenha levado um susto hoje, minha pequena Stacy, vou tentar descobrir quem foi.
Stacy: Está tudo bem. Beijos.
Bom, pelo menos ele não descartou o fato de que sua amiga podia estar por trás disso, ou eu teria ficado extremamente irritada com ele. Mas eu estava extremamente irritada com a brincadeira quando cheguei em casa, não contei aos meus pais o ocorrido, mas pedi para minha mãe cortar meu cabelo na altura do queixo novamente, estava com saudade dele assim. Me deixava com cara de mais velha, eu até podia me passar por alguém maior de idade se usasse as roupas certas. Sempre confiei meu cabelo a minha mãe, ela não era profissional, mas sempre cortou os cabelos de suas irmãs mais novas, então ela tinha uma certa habilidade. Fiquei satisfeita com o corte, e meu pai e minhas irmãs também aprovavam, Allycia deu até a sugestão de pintar de roxo, mas eu guardei a sugestão para o fim do ano, quem sabe quando eu terminasse o segundo ano, seria como uma comemoração por ter passado de série.
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