Capítulo 7
Nós todos estávamos empolgados para passar o sábado no hotel do Sr. Brad, com tudo pago. Tínhamos mesmo muita sorte, íamos poder descansar e aproveitar sol e piscina. O tio de Lucio pediu para nos avisar que poderíamos dormir lá e ir embora só de manhã, o que fez minhas irmãs e eu pular de alegria, ele era mesmo um CEO respeitado e esse devia ser um dos motivos. Sempre atencioso com seus hospedes, humilde, fazia as próprias compras e ainda tinha assumido a guarda do sobrinho órfão. Contei para minha família no jantar de sexta sobre a triste história de Lucio, todos ficaram comovidos, era de encher os olhos de lágrimas só de lembrar.
A vida era mesmo muito curta, situações como essa nos fazia repensar nossos valores, nossas atitudes e comportamento com a sociedade. Queríamos mesmo passar por essa vida sem mudar nada para melhor? Sem fazer a diferença na vida de alguém? Apesar de ser muito nova, eu tinha começado a pensar em planos maiores para a minha vida, em querer fazer a diferença para a melhoria do nosso mundo. Lucio tinha feito a diferença no curto tempo de vida de sua irmã Aurora, ele tinha a amado e protegido, ele era a melhor pessoa que ela poderia ter do lado, ela viveu e morreu tendo o melhor amor que uma pessoa poderia lhe oferecer. Lucio tinha amado sua irmã fraternalmente, mas era esse amor que todos deviam ter um pelo outro, mais empatia também. Ele era um garoto gentil e eu não via a hora de encontrá‐lo no hotel, íamos chegar lá bem cedo, então eu mandei uma mensagem para ele quando saímos de casa, no sábado de manhã.
- Ele já respondeu? O tio dele vai estar lá? - Tyessa sussurrou no meu ouvido, ela tinha sentado ao meu lado para ficar de olho na minhas mensagens e ver se Lucio responderia. Ela disse para perguntar se o Brad estava lá assim que ele respondesse.
- Não respondeu ainda, deve estar dormindo. - falei.
- Liga e espera chamar duas vezes e desliga, para ele poder acordar. - ela estava muito ansiosa, eu olhei para ela de lado, querendo dizer para ela esquecer o cara, mas sem querer magoá-la.
- Não vou ligar, vou parecer desesperada. Ele sabe que vamos pra lá hoje, vai nos encontrar lá.
- O que vocês estão sussurrando? - ouvimos mamãe dizer e Tyessa sentou ereta.
- Estava dizendo a Stacy para usar biquíni ao invés de maiô hoje. - ela respondeu. Como ela tinha conseguido pensar em uma mentira tão rápido?
- E o que você acha, Stacy? - minha mãe quis saber, a cabeça virada pro lado para tentar ouvir do banco da frente.
- Já disse que tenho vergonha.
- Não tem porque ter vergonha, filha, já te disse que você não é gorda, mas se não se sente bem para usar biquíni, então usa seu maiô que também fica lindo em você. - ela esticou a mão pra trás e acariciou meu joelho.
- Obrigada, mãe. Amo você. - declarei. Ela respondeu que me amava de volta e minhas irmãs disseram o mesmo, a verdade é que não dizíamos isso com frequência, mas quando uma de nós falava, era como um lembrete a outra falar também. Nosso pais eram tudo pra gente, confesso que mereciam mais valor da nossa parte, não éramos desrespeitosas, contudo não fazíamos nada para expressar nossa gratidão e amor por eles. Amor não era só palavras, eram atitudes também.
Chegamos depois do café, então não pudemos tomar café no restaurantes, fizemos o check-in e subimos para trocar de roupa. Como da vez anterior, nossos pais ficaram em um quarto sozinhos e nós três em outro. Coloquei um maiô preto, simples e fiquei esperando as minhas irmãs, que demoravam mais do que tudo para colocar um biquíni. Ally apareceu meia hora depois com um biquíni roxo, pelo menos não era rosa, mas era ainda mais chamativo. Tyessa colocou um amarelo, que ficou muito pequeno nela e pensei que nossos pais talvez não fossem permitir ela descer assim.
- Vamos logo, quero descer na frente. - Tyessa disse, pegando sua bolsa de praia e pegando o protetor que eu segurava, jogando em sua bolsa transparente.
-Meu Deus, até parece que vão deixar você usar esse biquíni. - pareceu que Ally tinha lido meus pensamentos, então só concordei com a cabeça.
- Por isso vamos descer na frente. - ela saiu do quarto e fomos atrás dela, o chinelo fazendo barulho no piso bem polido do hotel. Pegamos o elevador e descemos até o primeiro andar, onde nos encaminhamos para a lateral só saguão e chegamos na área da piscina, onde nem consegui entrar, pois fui puxada para trás.
- Sabia que te acharia. - Lucio estava na minha frente, sorrindo, com a uma toalha no ombro e uma bermuda preta e azul, os cabelos estavam molhados e ele cheirava muito bem, seu perfume era amadeirado.
- Ah, oi! - eu o cumprimentei, ficando com uma súbita vergonha por ter que tirar o short e ficar de só de body na frente dele.
- Vamos, hoje tenho um motivo maior pra ficar na piscina, eu nem vejo mais graça nela de tanto tempo que eu passava aqui. - ele falou, enquanto íamos de encontro as minhas irmãs, que tiravam suas roupas e ficavam só de biquíni e depois pularam na piscina, acenando para Lucio, que acenou de volta.
- Você dorme em um dos quartos do hotel, ou...? - perguntei, esperando ele completar a minha pergunta, eu não fazia ideia de como era morar em um hotel, mas devia ser empolgante. Lucio deu risada.
- Não, Stacy, não durmo em um dos quartos do hotel. Quer dizer, meio que sim. Mas não quarto de hóspedes. - me sentei na espreguiçadeira e ele também, onde minhas irmãs tinham espalhado suas coisas. - O último andar, onde você precisa por uma senha pra subir até ele, é o apartamento, digamos assim, do meu tio. Ele meio que dividiu em dois para eu ficar de um lado e não atrapalhar a vida ativa dele.
- Vida ativa? - eu o olhei, sem entender. Lucio me olhou com as sobrancelhas erguidas e um pequeno sorriso se formou em seus lábios, me fazendo entender o que significava a vida ativa do tio. - Oh, sim, já entendi.
- Então, lá é muito legal, tem academia, jacuzzi... se quiser eu te levo lá mais tarde, para você conhecer.
- E seu tio não brigaria?
- Provavelmente sim, mas só se ele descobrisse. - ele piscou e olhou em volta. Hoje não estava muito cheio o lugar, mas provavelmente por estar cedo. Meus pais não demoraram a aparecer, eles sentaram em algumas espreguiçadeiras depois da nossa, depois de cumprimentar Lucio e perguntar pelas meninas, que estava do outro lado da piscina.
- Você não vai entrar? - perguntei, querendo que ele fosse na frente para não me ver tirar o short, seria menos vergonhoso se ele não estivesse olhando.
-Eu vou, e você peixinho? Lembro que ficou muito tempo na água naquele dia em que esteve aqui.
- Você lembra da primeira vez que me viu? - eu tirei o short ainda sentada, ele já tinha me visto de body, mas esse era um pouco diferente, tinha uma abertura na lateral, um círculo grande.
- Lembro, você e suas irmãs estavam aqui depois da hora. Eu achei que meu trabalho tinha finalmente terminado naquele dia, quando passo e vejo vocês três, iam ficar trancadas.
- Você parecia chateado. - fiz um gesto para que ele entrasse na piscina primeiro, Lucio franziu o cenho mas obedeceu. Eu pulei logo atrás deles.
- Eu realmente tinha ficado chateado por vocês estarem arrasando o fim do meu expediente. - ele disse, ao imergir na minha frente, gotículas de água estava por todo o seu rosto bronzeado, fazendo meu coração enfraquecer ainda mais. - Mas fiquei curioso sobre você, a menina da touca, foi assim que te chamei em pensamento.
- Sério? Então minha touca chamou a sua atenção? - tentei não sorrir para ele não ver que eu estava feito uma gatinha quando era acariciada. Ele mergulhou na água e fiz o mesmo, nadamos até o meio, para nós misturarmos em meio às pessoas e meus pais não ficarem observando muito a gente. Só então Lucio me respondeu.
- Chamou sim, normalmente não vemos meninas de touca por aqui. - ele olhou para os onde meus pais estavam e depois para mim novamente. - Seus pais parecem ser legais.
- Eles são, minhas irmãs e eu não temos do que reclamar. - eu disse, procurando elas com os olhos, que estavam vindo em nossa direção.
- Oi, cunhado. - disse Ally, estendendo a mão para pegar a de Lucio, mas ela não conseguiu pois eu a empurrei, envergonhada por ela tê-lo chamado assim. - Ei, eu não tenho só você de irmã, Stacy.
- Mas eu não estou interessada nele. - comentou Tyessa, sorrindo para Lucio e nanando para mais perto dele. - O seu tio está aqui hoje?
- Não, saiu a negócios. Temo que não faça o tipo dele, cadeia nunca foi o tipo dele. - rindo, Lucio deu de ombros olhando para Tyessa, e ela o olhou com desânimo.
- Ty, eu acho que nossos pais estão nos chamando. - disse Ally, olhando para a direção em eles nos olhavam da espreguiçadeira.
- Vou também, já volto, Lucio. - falei, lhe dando um sorriso antes de nadar com minhas irmãs até a outra borda. Como eu previa, Tyessa levou uma bronca e nossos pais pediram para ela subir e trocar o biquíni, e Ally levou a bronca por estar mexendo no celular dentro da piscina. Ela sentou ao lado deles emburrada e voltou a teclar no celular.
- Mãe, pai, o Lucio pode almoçar com a gente? - perguntei cautelosamente, imaginando que eles iam dizer um monte de perguntas e insinuações.
- Mas ele mora aqui, certo? Ele deve ter lugar mais reservado para comer. - disse minha mãe, olhando para o meu pai e depois pra mim.
- Ele é só amigo da escola, né? - quis saber meu pai, me olhando desconfiado.
- Claro que sim. E ele não se importa de comer no restaurante com a gente. - pelo menos eu achava que não, pois nem tinha convidado ele ainda.
- Tudo bem, vamos retribuir a gentileza do tio dele, vou comprar uma sobremesa bem gostosa pra ela. - minha mãe sorriu pra mim e eu lhe beijei a bochecha. Depois voltei e sentei na beirada da piscina, já que Lucio já vinha nadando de volta. Ele se suspendeu na borda e sentou ao meu lado, com os pés dentro da água.
- O que aconteceu? - ele perguntou, passando as mãos no cabelo arrepiado, lembro que o cabelo dele era grande ano passado, ele ficou lindo de todo jeito.
- Nada de mais. Quero te fazer um convite.
- Convite, é? - ele me olhou, sorrindo, e eu senti meu rosto esquentar aos poucos, ele provavelmente estava pensando em um encontro, eu podia pensar que sim.
- Você quer almoçar com a gente hoje? - vi o sorrindo dele sumindo, mas logo depois ele riu e balançou a cabeça.
- Não acredito que me iludiu por um minuto. Sim, claro que aceito. Eu ia almoçar sozinho lá lá cima mesmo.
- O que você disse? Sobre eu o iludir? - questionei, me deleitando com suas palavras.
- Nada, Stacy-não-tão-popular. - ele disse o apelido de novo e eu ri, depois o ele me empurrou pra dentro da piscina e afundei, ela era bem fundo nessa parte, era a piscina de adulto. Por sorte eu sabia nadar, então fui até a outra borda em baixo da água, para tentar dar um susto nele. Quando cheguei do outro lado, minha respiração estava rápida e eu me recuperei, vendo Lucio no meio da piscina me procurando, não contive a risada.
Na hora do almoço, nos secamos e colocamos as roupas para ir almoçar, meus mais pediram pra gente ir na frente e foram buscar Tyessa que ainda não tinha voltado. Peguei poucas coisas do buffet, dando preferência para as saladas, só para impressionar Lucio, percebi que alguns dos funcionários olhavam para e depois para Ally e eu. Lucio encontrei uma mesa grande que caberia nós todos, nos sentamos para esperar os outros voltarem.
- Por que deixou de usar a touca? Algo a ver com a popularidade? - Lucio perguntou e eu evitei seu olhar.
- Algo a ver. - respondi. - Mas o cabelo não, pretendo cortar na altura do queixo de novo, acho que combina mais com o meu eu de hoje.
- Acho que você combina com tudo. - ele chegou o corpo pra frente e me olhou, me fazendo rir e colocar uma mexa de cabelo pra trás.
- Vou ali pedir um fósforo para ascender essa vela que estou segurando. - Allycia disse, fingindo que ia se levantar e eu fulminei ela com o olhar. Vimos nossos pais entrar no restaurante, mas sem a Tyessa, esperamos eles colocarem suas comidas e se sentar conosco.
- Não achamos Tyessa no quarto e ela não atende a ligação, ela passou por lá, pois o biquíni estava jogado no banheiro. - disse minha mãe ao se sentar, ela estava com uma cara que até eu fiquei com medo de levar uma bronca sem ter feito nada. - Quando ela aparecer estará encrencada.
- Se vocês quiserem, eu posso olhar as câmeras. - ofereceu Lucio. Ally e eu estávamos quietas só observando, Tyessa tinha pisado na bola feio dessa vez.
- Você conseguiria fazer isso? - meu pai o olhou, com esperança, ele parecia chateado com nossa irmã e preocupado também.
- Mas não vamos pedir isso agora, coma primeiro, querido. - minha mãe gesticulou para o prato de Lucio, que era muito saudável para um menino da idade dele. Acho que minha mãe estava o tratando bem só porque o tio dele era dono de um hotel, quero ver se ela agiria assim com ele se eu dissesse que queria namorar com ele. Mal Lucio tinha começado a comer e apareceu um funcionário do hotel, pedindo licença e falou algo em seu ouvido.
- Desculpem, preciso ver algo. Com licença. - Lucio se retirou e saiu com o homem.
- Será que o tio dele o proibiu de comer com a gente? - falou Ally. Nós três demos de ombros, pois não fazíamos ideia do que tinha acontecido, talvez Lucio não pudesse comer com os hospedes e por isso foi chamado.
Não demorou nem 10 minutos depois, quando Lucio voltou e parou ao lado do meus pais, pedindo para ele os acompanharem. Ally e eu fizemos menção de it também, mas eles não deixaram.
- Caramba, tenho certeza que tem a ver com Tyessa. - eu falei, com os olhos arregalados e olhando na direção da porta onde eles tinham acabado de sair.
- Será que ela quebrou alguma coisa?
- Não acho que seja por isso. - eu franzi o cenho, pensando no que Tyessa estava aprontando. Com certeza tinha a ver com...
- Voltei, meninas. - Lucio tinha voltado e se sentou no seu lugar, nada dos meus pais.
- O que aconteceu? - perguntou Ally.
- Seus pais pediram para avisar que vocês podem aproveitar o resto do dia, eles subiram para por a irmã de vocês de castigo. - ele disse naturalmente, como se não fosse nada, enquanto voltada a comer sua comida.
- O que ela fez? - eu perguntei, impaciente e curiosa.
- Ela descobriu que meu tio morava na cobertura e tentou acessá-la pelas escadas, lá tem câmeras e ela foi pega. Como ela é de menor e foi vista comigo, resolveram me procurar para decidir o que fazer.
- E por que você não liberou ela? - eu quis saber.
- Porquê não sou os pais dela. - ele deu de ombros e terminou seu almoço.
- Ela vai ficar de castigo até o fim do ano. - disse Allycia, e pegou seu celular para mandar mensagens.
- Com quem você tanto fala? - eu perguntei, cansada de esperar ela dizer algo.
- Com o John, ele me conta tudo sobre a faculdade. - ele tirou os olhos um minuto apenas para me responder, sorrindo. Eu já imaginava que ela vivia falando com ele, mas não sabia em que nível de relacionamento eles estavam, se era só amizade ou se algo a mais.
- Cuidado, se os pais pegarem você também ficará de castigo até o fim do ano. - eu lhe alertei.
-Esse John que estão falando é um dos Boyzinho herdeiros lá? - Lucio perguntou, sorrindo de lá, zombando dos meninos como sempre.
- Sim, você conhece os Triboys? Eles são lindos e famosos e John falou que eles são muito conhecidos na faculdade também. - respondeu minha irmã, sorrindo e falando com os olhos apaixonados, quase suspirando.
- Não acredito que eles conquistaram até a faculdade. - Lucio riu. - Aposto que doaram uma bolada de dinheiro pra eles.
- Eles não precisam disso. - Ally o olhou de cara feia e Lucio levantou as mãos, como se estivesse se rendendo.
- Ally vai voltar pra piscina? - eu perguntei.
- Vou sim, tenho que pegar sol se quiser ficar bronzeada para a festa de Alex.
- Vamos a festa de Alex? - ela estava doida se achava que nossos pais deixaram a gente ir na festa de aniversário do capitão do time de futebol, que convidou quase o colégio todo, inclusive as TriGirls.
- Ele nos convidou. - ele olhou pra mim com as sobrancelhas erguidas.
- Não conversamos sobre isso ainda.
- Eu vou a essa festa, provavelmente a última pessoa que ele quer lá sou eu, e por isso eu vou. - Lucio disse, animadamente. Minhas irmãs e eu teríamos que fazer uma reunião para conversar sobre isso.
- Ally, Lucio e eu vamos andar por aí, qualquer coisa ficamos com você na piscina a tarde toda, ok?
- Ok, irmãzinha. - ela jogou um beijo e se levantou, contornando as mesas pelo restaurante e saindo pela porta.
- Preparada para conhecer a cobertura? - ele perguntou, se levantando também.
- Preparadíssima. - eu sorri para ele e saímos do restaurante.
Quando chegamos no saguão, Lucio pediu para eu esperar um momento enquanto ele ia até a recepção perguntar se o Sr. Stewart já tinha chegado no hotel, enquanto isso eu fiquei olhando em volta, estava bem movimento o hotel, tudo era muito bem polido e limpo, com algumas plantas e quadros deixando o lugar sofisticado, na escada larga que subia para o primeiro andar, era de madeira e estava coberta por um tapete vermelho. Eu arregalei os olhos ao ver Mark descendo por ela, com sua namorada sorridente ao lado, eles estavam conversando e sorrindo enquanto desciam, ele olhou pra frente e me viu, seu sorriso sumindo enquanto ele soltou a mão dela e quase correu na minha direção.
- O que foi isso no seu olho? - ele quis saber, me segurando pelos ombros, eu já tinha até esquecido do meu olho que estava levemente roxo quando me olhei no espelho hoje de manhã.
- Me machuquei na escola, me solta, tá chamando atenção das pessoas. - eu tentei empurrá-lo, mas ele não saiu do lugar, seus olhos foram para o lado e ele me soltou, passando por mim sem falar nada.
- Foi você quem machucou ela? Eu mato você! - Mark tinha pego Lucio pela camisa, que estava vindo em nossa direção, eu comecei a ir na direção deles também, vendo pelo canto do olho a namorada de Mark parada, sem entender nada.
- O esquentadinho aqui é você. - disse Lucio, sorrindo e sem mover um dedo para impedir Mark, que segurava sua camisa com as duas mãos e parecia que ia sacudir ele feito um boneco.
- Se não estivéssemos em público eu te daria uma surra!
- Senhor, se acalme por favor e largue ele. - dois seguranças apareceram antes que eu pudesse tentar tirar Lucio das mãos de Mark. Um deles pegou Lucio pelos ombros e levou ele embora, o outro pediu para Mark o acompanhar, mas antes se virou pra mim.
- Ainda vamos conversar. - e ele fez um gesto com o rosto para a namorada o seguir, ela passou por mim olhando da minha cabeça até os pés, fiquei com pena dela e com ódio de Mark, ele estava muito impulsivo e sem noção. Olhei em volta e algumas pessoas me olhavam, fiquei com vergonha e comecei a cambalear sem saber onde ia, até uma funcionário simpática do hotel me guiar até o elevar, onde Lucio me esperava lá dentro e o segurança anterior segurava a porta para eu entrar.
- Eles vão contar pro seu tio que eu subi com você. - eu disse, assim que as portas se fecharam.
- Até ele descobrir você já não estará mais aqui, então relaxa. - ele sorriu e apertou o botão do décimo andar e depois digitou um código que foi pedido.
- Desculpe pelo Mark, ele é sem noção, não sei porquê age assim. - eu disse, olhando pro chão.
- Tem certeza que vocês nunca foram namorados? Parece um ex que não superou ainda.
- Tenho certeza, e ele estava com a namorada, não sei pra que fazer uma cena como aquela.
- Acho que a vi lá parada, pobrezinha, um namorado louco. Desculpa, o protocolo do meu tio pede que eu seja retirado imediatamente em situações que envolva perigo, por isso te deixei lá, ele não me deixaria voltar até Mark estar lá ainda. Mesmo que eu fizesse uma cena, e acredite, eu já fiz. Como sabia que Mark não apresentava perigo a você, eu deixei que me levassem.
- Ah não se desculpe por isso, seu tio é como um pai pra você, não é? - ele não teve tempo de responder, pois a porta do elevador se abriu e eu arfei, colocando as mãos na boca.
O elevador dava para um amplo salão de chão de mármore cinza, ele era simplesmente imenso, e as paredes eram de vidro, então dava para ver tudo, entramos em uma ampla sala, com um sofá grande cinza também, e mais ou menos a 1m no canto havia uma bancada igual um bar, atrás tinha muitas bebidas e copos de vidro. Nessa mesa parede de vidro, dava pra ver lá fora, tinha uma piscina e um cercado de vidro também.
- A jacuzzi fica lá fora. - ouvi Lucio dizer rindo, eu o segui até lá fora, ainda com a boca aberta, a jacuzzi era em uma área coberta, era linda, eu nunca tinha visto uma de tão perto. Eu fui até o outro lado da piscina olhar para a cidade, a vista era deslumbrante, se minhas irmãs estivesse aqui, elas estaria doidas, Ally estaria gritando e Tyessa procurando o quarto Sr. Stewart para cheirar suas roupas.
- Não acredito que você mora aqui. - eu falei, virando para Lucio que estava ao meu lado.
- Bem legal, né? - ele deu de ombros.
- Legal? O que está fazendo em um colégio público?
- Meu tio me colocou em um colégio particular, mas eu não me adaptei lá. - ele se virou e contemplou o céu azul, que estava limpinho de nuvens.
- Por que você foi transferido? - eu estava super curiosa para saber o que tinga acontecido.
- Quer mesmo saber Stacy? - ele se virou todo pra mim agora, estava meio sério. - Discuti com uma aluno, ele não aguentou e partiu pra cima de mim, deixei ele me bater até ele achar que eu tinha desmaiado, então quando ele começou a cantar vitória, eu o bati até mandá-lo para o hospital.
- Meu Deus. - coloquei a boca, não imaginava que Lucio pudesse ser tão violento assim, ele parecia ser um garoto encrenqueiro, mas não ao ponto de tirar sangue de alguém.
- Vamos até a cozinha, vou te mostrar uma coisa. - ele pegou minha mão e entramos na casa, fomos até a cozinha, que não tinha porta. Ela igualmente grande como a sala, os móveis eram pretos e tudo estava impecável limpo, nem parecia que dois homens moravam aqui. Se bem que alguém devia limpar para eles. Lucio abriu a geladeira, estava farta de alimentos, tinha de tudo, desde legumes, a cerveja e iogurtes. Ele pegou um alface e levantou para eu ver, estava murcho. - Ainda é aquele alface.
- Vocês não fazem comida?
- Quase nunca, eu não sei e meu tio é ocupado e prefere comer fora quase todas as noites. Ele diz que mulheres gostam de homens que fazem compras, por isso a gente vai ao mercado. - ele riu.
- É isso que ele tá te ensinando? - eu ri.
- Mais ou menos isso. - Lucio guardou o alface e me entregou uma latinha de refrigerante.
- Então é assim que ele conquista as mulheres...
- Funciona. - ele pegou minha mão de novo e me levou até o sofá. Ele não fazia ideia do que fazia comigo quando pegava minha mão, eu não queria que ele a largasse toda vez que a tocava.
- Então, qual foi o motivo da sua briga no colégio.
- O motivo não é importante. Eu só queria brigar, quando brigo parece que estou batendo no universo que resolveu tirar quem gosto de mim. - Lucio levou sua latinha até a boca e bebeu o refrigerante, pelo visto ele lidava com a morte da sua família de um modo horrível.
- Isso é errado de tantas formas...
- Não me entenda mal, Stacy, eu já fiz terapia e não adiantou. Meu tio já tentou resolver com dinheiro me levando a diversas viagens e só piorou as coisas, pois eu não parava de pensar em Aurora, ela iria amar andar de avião, ir a Disney...
- Eu sinto muito, tem alguma coisa que eu possa fazer ?
- Claro que não, e não se preocupe, sou incapaz de tocar em uma mulher. - ele olhou pra mim, porém meu medo não diminuiu.
- É por isso que você provoca o Mark? - eu perguntei, finalmente matando a charada que eu tinha na mente, desde quando o vi rir dos meninos na cara deles sobre se intitularem como Triboys.
- Eu não faço nada, querida Stacy, mas faz tempo que não brigo com alguém, talvez o esquentadinho ajude com isso. - ele esticou as pernas e eu me virei pra ele.
- Isso não tem graça, não quero que vocês briguem, brigar não é legal. - eu fechei a cara.
- Você já brigou? - ele colocou sua latinha vazia e a minha em cima da mesa de centro.
- Não até tirar sangue de alguém. - me lembrei das brigas na roça, as meninas só caíam na lama e puxavam o cabelo uma das outras.
- Então. - ele riu. - Não estou aqui para te dizer ou ensinar a brigar, pelo contrário, eu tomo as brigas por você.
- Já falei que não quero que você brigue. - eu bati em seu braço, meu rosto ficando vermelho pelas palavras dele e por ser impulsiva e tê-lo tocado.
- Seu desejo é uma ordem. - ele estava muito perto e me olhava dentro dos olhos, sem desviar.
- Então nunca mais vai brigar então?
- Depende, eu não começo as brigas. - ele sorriu, e sua boca parecia um imã, eu não conseguia tirar os olhos dela, seus beiços eram carnudos e queria ter perdido a virgindade dos meus lábios com os dele e não com os de Mark.
- Promete que não vai.
- Eu ganho alguma coisa? - ele riu, seus lábios se moviam sedutoramente ao falar, eu fui hipnotizada até eles e os toquei com os meus.
Fechei os olhos ao sentir seu hálito quente na minha boca, Lucio se moveu para frente devagar e me beijou de volta, bem lentamente. Nosso beijo fazia uns barulhos, aqueles que eu ouvia nos filmes e eu quase chorei de felicidade, senti as tão sonhadas borboletas no estômago que ouvia sempre falar. Lucio levou a mão até as minhas costas e me puxou para mais perto, para que eu colocasse as pernas em seu colo e ficássemos mais perto, minha cabeça rodava de tanto tempo que ficamos nos beijamos, e Lucio não passou a mão pelo meu corpo, só segurou meu pescoço levemente para guiar nosso beijo. Quando paramos para respirar, eu me joguei pra trás e deitei a cabeça no sofá, ainda com as pernas em cima dele, Lucio fez carinho nelas.
- Cansou? - ele perguntou, rindo. Eu coloquei um braço no meu rosto com vergonha, mas sorria também. Ele puxou meu braço e pairou por cima de mim, minhas pernas caíram do seu colo e pousaram no sofá. - Não se esconda, não beijo bem?
- Perguntar estraga. - eu ri e empurrei seu peito, ele foi pra trás e se sentou no sofá novamente.
- Estamos namorando? - ele quis saber, mas eu queria ter feito a pergunta primeiro, acho que seria mais real quando eu deitasse na cama naquele dia se soubesse que ele quem afirmou essa relação.
- Um beijo quer dizer estar namorando?
- Nossa, assim você me magoou. - ele colocou a mão no peito fingindo estar ofendido, mas eu abri a boca querendo me explicar rapidamente o mal entendido, mas o celular dele tocou e ele atendeu no primeiro toque.
Era o tio dele, Lucio se levantou e fez um gesto para eu segui-lo, fomos em direção ao elevador e ele o chamou, ainda falando ao celular. Lucio só encerrou a ligação quando o elevador chegou ao saguão.
- Vou precisar te deixar aqui, vou subir de novo. Nós vemos no colégio? - ele disse quando eu já estava do lado de fora do elevador, consegui responder apenas um "sim" e as portas se fecharam com Lucio e alguns hospedes dentro, que nos olhavam com curiosidade.
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Sextooouuu! O que acharam desses acontecimentos?! Todo capítulo uma novidade, né? Assim que é a gente gosta, certo? Então, provavelmente o próximo capítulo sairá só na segunda.
Vou me dedicar muito a escrevê-lo, ótimo fim de semana, um cheiro! 🥰😇
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