Capítulo 10
Passei mais uma semana ouvindo de Lucio o quanto meu cabelo ficava bonito curto, ele aumentava minha autoestima mil porcento e fazia meus dias serem mais felizes. Seu rosto se recuperou rápido, mas não antes de aparecer alguns pontos roxos pela bochecha, onde Mark tinha lhe batido, Lucio contou que seu tio quis denunciar Mark mas ele o tinha impedido. Eu não queria pensar assim, mas por um lado isso foi um alívio, pois de certa forma eu estava envolvida e isso podia acarretar em meus pais indo na delegacia também e eu ficando de castigo pelo resto da minha vida.
Mark sumiu realmente do caminho, me excluiu do Instagram e não voltou a me desbloquear no WhatsApp, o que pra mim era uma benção, minha vida estava bem mais calma assim. Infelizmente John confirmou para Allycia de que Mark estava mesmo fazendo uso de anabolizante, então justificava o crescimento rápido dos seus músculos, o que a academia não faria em uma semana mesmo que ele ficasse o dia todo nela. Assim eu achava.
As coisas estavam indo bem e calmas de mais, até duas semanas depois, uma semana conturbada de prova, eu encontrar no meu armário do vestiário uma carta suja de um suposto sangue que dizia: “Você vai me pagar por tirar ele de mim”. Pelo menos para mim era óbvio que a carta vinha de Morgan, pois ela continuava a andar com Lucio e me olhava furiosamente toda vez que falava com ele, e pra completar ele almoçava comigo e minhas irmãs quase todos os dias e ela estava claramente furiosa. Sei disso porque ela jogou sua bandeja no chão quando esperou ele para almoçar em um certo dia e ele ignorou ela, vindo se sentar com a gente, o colégio todo percebeu o motivo dela ter feito o que fez.
O suposto sangue na verdade era tinta, eu acharia prudente levar a carta até a secretaria do colégio e fazer uma ocorrência, mas eles podiam avisar aos meus pais e o conteúdo da carta estava muito sugestivo, eu poderia ficar encrencada, então só mostrei para minhas irmãs e para Lucio no intervalo daquele dia.
— Isso é algo sério, Stacy, precisamos levar até a secretaria sim. — Lucio disse olhando para a carta com o cenho franzido.
— Não posso e não vou. Sabemos que é a Morgan, só acontece quando nossas turmas dividem a aula de educação física. — eu relaxei na cadeira ao ver minhas irmãs concordarem comigo.
— Eu falarei com ela então, isso é um crime e se for ela mesma terá sérios problemas com a direção do colégio. — Lucio guardou a carta em seu bolso e comeu em silêncio, sem participar mais da conversa que se desenrolou na mesa. Conversamos sobre as provas e sobre nosso passeio no fim de semana, nossa mãe havia prometido nos levar ao shopping para comprar algumas coisas.
Não encontrei com Lucio na saída do colégio, provavelmente a turma dele tinha se atrasado, e como não podíamos nos atrasar pro curso eu não esperei para me despedir dele. As meninas e eu conversamos no ônibus sobre os ataques indiretamente de Morgan, Tyessa queria se vingar dela na mesma moeda e Ally disse que não era uma boa ideia pagar com a mesma ideia. Eu fiquei divida entre revidar ou apenas falar com ela, talvez fingir ameaçá-la, mas eu tinha minhas dúvidas de que ela nem ligaria para ameaças. Eu não conhecia Morgan muito bem, mas ela parecia ser uma pessoa destemida e determina a conseguir seja lá o que fosse, ela tinha conseguido seduzir o capitão do time de futebol e agora não dava a menor bola para ele, enquanto o ingênuo correria atrás dela feito vira-latas sedento por seu osso. O colégio estava tomando proporções bem diferentes, o capitão estava sendo rejeitado, duas das TriGirls agora tinham namorados e uma delas recebia ameaças anônimas, o colégio ficaria mal visto se soubessem desse último fato. Os pais dos alunos confiavam quase cegamente na segurança de seus filhos aqui, eu tinha que resolver esse problema com Morgan de uma vez por todas.
No dia seguinte, Lucio me esperava na porta do colégio para me informar como tinha sido a sua conversar com Morgan, obviamente ela havia dito que não tinha nada a ver com isso e acusou Lucio de estar cego e acabando com a amizade deles, eu tive que revirar os olhos. Lucio não disse, mas eu percebi que ele estava divido entre acreditar nela ou enxergar que ela não era quem se dizia ser. Ela estava sempre forçando a amizade deles e se fazendo de santa quando estava com ele, chegava a ser ridículo, eu já tinha presenciado sua voz melosa quando falava com ele, dava vontade de por o dedo na goela. Decidi não discutir com Lucio, queria um relacionamento calmo e sem muita ciumeira, então me despedi dele quando o sinal tocou e só fui para minha sala sem questionar as palavras mentirosas de sua melhor amiga. Minha primeira aula era de matemática, então eu teria muitos números para me concentrar e esquecer um pouco essa história toda.
A Semana transcorreu bem, então eu estava bem mais feliz quando fomos ao shopping no sábado, nada de pensar em provas, em garotos, em meninas loucas e ciumentas e em cursos cansativos. Como o tempo tinha esfriado de novo, eu estava com minha touca preferia que deixava só as pontas dos cabelos a mostra, tirei uma foto no espelho de uma loja e mandei para Lucio. Ele respondeu minutos depois dizendo que tinha lembrado o passado, quando ele tinha me visto pela primeira vez. Isso só fez o passeio ficar ainda mais leve e alegre, eu estava sorridente e minhas irmãs nem sabiam o porquê.
— E se você usasse saia no nosso aniversário? — Allycia estava com uma saia de couro preta nas mãos e colocou na minha cintura, vendo como ficaria em mim. Nosso aniversário estava chegando, então estávamos escolhendo roupas para esse dia também.
— Odeio fazer aniversário no final do ano, parece que ninguém mais liga para quem faz aniversário a essa altura. — Tyessa resmungou, enquanto experimentava um chapéu grande e branco, com uma flor amarela em cima.
— Saia não, e essa é horrível. — eu empurrei as mãos de Allycia com saia e tudo para longe de mim. — Concordo com Tyessa.
— Eu vou usar um vestido rosa e vocês? — Allycia colocou as mãos nas cinturas, nossa festa seria para poucas pessoas, mas tínhamos combinado de ir com uma cor igual em alguma peça, pois estávamos amando andar assim.
— A cor será verde, já falei isso, Ally. — respondeu Tyessa olhando nossa irmã com raiva feia.
— Eu não concordei com verde! — ela protestou e jogou a saia de couro em uma arara qualquer.
— Não usamos roxo ainda, só lilás, a cor tem que ser roxo, eu avisei. — eu dei de ombros, passando por elas e olhando umas t-shirt com desenhos do Bob esponja.
— A mamãe decide então. — Allycia virou e saiu batendo os pés atrás de nossa mãe que também estava procurando roupas pra si, as duas apareceram minutos depois e Allycia estava com uma cara de triunfo. Rosa não, por favor.
—Não quero ficar no meio dessa discussão importante, então vou escolher dourado, pronto. — ela ergueu a mão dizendo que não ouviria declamações e sumiu novamente.
— Dourado? Fala sério! — eu fiz careta.
— Se bem que tem tudo a ver com o tema, as TriGirls. — Tyessa piscou, lembrando do tema que ela mesma escolheu e dizendo que tinha que ser algo brilhoso e pavoroso, bem a cara de Allycia isso. Quase achei que as duas tinham armado pelas minhas costas.
— Tudo bem então, vou escolher uma saia dourada, vocês que se virem para achar alguma peça da mesma cor! — eu corri até a entrada da loja onde eu já tinha visto uma saia toda brilhosa e dourada, era curta e meio soltinha, eu estava com preguiça de procurar outras roupas, então decidi que usaria saia provavelmente pela segunda vez em toda minha vida. Confesso que um dos motivos da minha decisão foi Lucio, ele ficaria impressionado quando me visse.
Minhas irmãs rodaram o shopping atrás de peças douradas, depois de muita luta andando atrás delas, Ally tinha arranjado uma blusa dourada bem brilhosa, até combinava com a minha saia e Tyessa encontrou um coletinho dourado para combinar com nossas peças. Nossa festa seria em casa mesmo, seria para poucas pessoas já que só tínhamos 2 anos nessa cidade e não tínhamos feito tantos amigos, mesmo que quiséssemos convidar todo o colégio, que com certeza ficariam felizes em ir na festa de aniversário das TriGirls, nossos pais nunca deixariam. Nosso aniversário seria como uma social, mamãe tinha convidado uma amiga do trabalho também e papai dois amigos que ele fez na empresa e que eram parceiros de cerveja dele, era também uma desculpa para não ter que tomar conta de alguns adolescentes bagunceiros e rebeldes.
Durante a semana, eu tive duas preocupações para tomar o meu tempo precioso que eu preferia passar ouvindo música ou estudando, mas tínhamos que cuidar de algumas coisas das festas, comprar utensílios descartáveis, e eu tinha que lidar com mais uma piadinha de Morgana. Contudo, dessa vez ela tinha passado dos limites, mas tinha pego no flagra. Nossa escola tinha uma política de limpeza, não jogávamos se quer um papel de bala no chão e se achassem alguma sujeito, o colégio inteiro era convocado para limpar toda a escola. Com isso eu digo varrer, passar pano, tirar poeira, limpar banheiros e janelas, então os banheiros ao contrário de muitas escolas não tinha uma pichação nas paredes.
Naquela manhã, uma estava sendo feita pelas mãos de Morgana Baker, ela escrevia com um piloto na parede “Eu quero que esse colégio pegue fogo e farei isso ou não me chamo Stacy Aleu”. Aquilo poderia ser motivo de expulsão para mim e era uma ameaça, eu poderia até parar na cadeia! Morgan estava colocando a tampa na caneta quando entrei no ganhei e vi aquela cena imatura e inconsequente.
— Eu sabia que era você! — eu apontei o dedo pra ela, sentindo meu corpo todo tremer de raiva e meu rosto ficar quente.
— Pois segure a prova do crime. — ela tinha levado um susto por ter sigo surpreendida por mim, mas pensou rápido e jogou a caneta na minha direção, que peguei por reflexo.
— Você acha que as coisas vão ficar assim porque você quer? Acha que vou deixar você distribuir seu ódio de graça para mim? — eu apertei a caneta com força na minha mão e a olhava furiosamente.
— Qual é o seu problema, Stacy? Quem devia estar com raiva aqui sou eu! Você roubou o que é meu e nem sei como! Olha pra mim e pra você. — ela gesticulou para nós dois enquanto praticamente gritava também, eu não podia acreditar que ela estava me ofendendo depois de tudo que já tinha feito.
— Roubei “o que é seu”, Morgan? Você está objetificando o Lucio e você tem noção do quanto isso é errado?
— É a verdade, você roubou ele de mim, para de se fingir de ingênua, Stacy. ISSO É IRRITANTE! — ela gritou e deu um passo a frente, empurrando meus ombros.
— Não toque em mim ou você vai se arrepender. — eu disse, não fazia ideia se eu sabia brigar, mas não podia demonstrar isso, então eu fiz o mesmo que ela e a empurrei com mais força.
— Com certeza você jogou algum feitiço nele sua Bruxa! — Morgan praticamente espumava pela boca enquanto me encarava com os olhos quase vermelhos de raiva, ela precisava claramente se tratar.
— Vocês tiveram alguma coisa por acaso? — depois que fiz a pergunta eu temi pela resposta, mas não podia mais voltar atrás.
— Sim. — ela cruzou os braços e me franziu os lábios. — Chegamos quase aos finalmente.
Eu fui pra cima dela e estapeei seu rosto, mas me segurei, minha boca estava seca e meu coração batia freneticamente no peito, meus olhos arderam com as lágrimas e só então eu me virei para a porta de saída do banheiro e vi que ela estava aberta, dando para ver o corretor cheio de pessoas querendo ver o que estava acontecendo, e ao julgar pela cara de alguns, a última reposta de Morgan tinha sido ouvido pela maioria que estava mais perto da porta. Eu empurrei algumas pessoas para sair daquele banheiro e daquele corredor e ir pra longe o mais rápido possível, mas bati de frente com Lucio, que me segurou pelos braços e vendo o meu estado, olhou por cima dos meus ombros.
— O que aconteceu? O que ela te disse? — suas palavras foram como uma faca partindo meu coração ao meio, e tive que empurrar ele com toda força para correr pra longe. Ouvi as vozes de minhas irmãs me gritando, mas não parei nem por um segundo, eu poderia todas as aulas do dia, mas não conseguiria ficar nem por mais um segundo naquele colégio.
As lágrimas desciam pelas minhas bochechas enquanto eu andava pela rua, depois de ter corrido quase três quarteirões, meu coração batia tão rápido que provavelmente eu cairia dura a qualquer momento. Mas eu não parei até chegar na lanchonete, lá eu sentei em uma das cadeiras e debrucei por cima da mesa, chorando por um longo tempo. Ouvi o barulho de um copo sendo posto em minha mesa e levantei cabeça, a esposa do dono, que também trabalhava na lanchonete, estava em pé olhando pra mim e sorria carinhosamente. Em minha mesa estava um copo com milk-shake de morango.
— Esse é o favorito de vocês, não é? — ela disse e eu acenei somente. — Eu já tive sua idade, tudo vai passar. A cada hora que passa os acontecimentos anteriores viram passado, dando lugar ao futuro, e o futuro a Deus pertence. Esse é por minha conta.
— Obrigada. — eu peguei o copo e sequei as lágrimas, enquanto sorria agradecida de volta. Ela voltou pro balcão de atendimento e eu fiquei a sós com a bebida doce de morango. Eu queria chorar mais, provavelmente pelo gesto carinhoso de uma desconhecida, que era atenta e eficiente o suficiente para saber o pedido de sempre de seus clientes. Eu mirei o milk-shake, essa bebida me lembrava do Mark, Selton e John. Então sem pensar muito nas minhas ações, tendo a certeza que me arrependeria depois mas sem pensar nisso na hora, peguei meu celular e mandei uma mensagem pro Mark, que respondeu segundos depois.
Stacy: Está na faculdade?
Mark: Não. Estou em casa.
Stacy: Podemos conversar pessoalmente?
Mark: Não devia estar na escola?
Stacy: Estou na lanchonete.
Mark: Estou indo.
Me senti mal, não estávamos nos falando, eu tinha dito coisas horríveis a ele e agora estava querendo desabafar. Mas se pensar bem, eu disse coisas ruins pois suas ações tinham sido ainda piores, então eu poderia “passar pano” para mim mesma só dessa vez. Terminei meu milk-shake e fui esperá-lo do lado de fora do recinto, Mark chegou 20 minutos depois com carro lustroso e caro, quem passava parava para olhar. O mais cômico é que era na cor roxa, mais chamativo que as roupas florescente de Allycia. A porta do carona se abriu pra cima e eu arregalei os olhos, nunca tinha entrado em um carro tão atual assim, e que cheirava a novo também, percebi enquanto entrava e esperava a porta se fechar sozinha.
— Mudou de carro. — eu disse enquanto reparava o painel e o estofado preto, era lindo. Olhei para Mark ele estava com umas roupas chamativas também, uma jaqueta cheia de desenhos, era de um lilás meio metálico, seu cabelo estava grande novo e caindo nos olhos, nos dedos os costumeiros anéis de caveiras ou de aço.
— Ganhei do meu pai. — ele respondeu, estava sério e me olhou de cima da baixo antes de voltar sua atenção para o volante e dar a partida no carro. — Então, por que não está na aula?
— É sobre isso que queria conversar com você, mas talvez não tenha sido uma boa ideia ter te chamado, considerando a última vez em que nos vimos. — eu confessei, sem encará-lo, mexendo num fio solto na minha calça.
— Sabe qual é o seu problema, Stacy? Você quer ser como todos. Porém, você não sabe como é ser você mesma. E desta maneira, você não será nada. — de tudo que ele já tinha dito pra mim, essa estava no topo do ranking das piores, porque eu queria mesmo ser como todos. Mas não todos qualquer, eu queria ser todos aqueles populares, aqueles que estão acima de tudo, e essa não era eu. Eu sou apenas eu, talvez eu não me encaixasse nesse pedestal todo em que os meninos tinham construídos e nós tomamos o lugar. Eu sabia que ele tinha dito aquilo por estar com mágoas de um passado recente, ele estava jogando pra fora o seu desabafo.
— Concorda mesmo com o que acabou de dizer?
— Eu acho que você tem que se encontrar, quando te conheci, eu achei você única, você era você mesmo. Tinha seu próprio estilo e não se importava com a opinião negativa dos outros. Eu amava essa Stacy, eu te amava. — ele tirou os olhos da pista por um segundo e olhou pra mim enquanto dizia, seu semblante muito sincero e sério. Eu fiquei com vergonha da sua confissão, desviou o olhar e mirei no para brisa do carro, fiquei sem fala por um longo tempo, enquanto ele fazia zigue-zague com o carro pela rua, dirigindo rápido e parecendo que ia bater nos outros carros.
— Você disse que me amava, mas acho que não era bem assim, você me via como uma adolescente ingênua e virgem, você queria se aproveitar. Não tínhamos essa intimidade toda para você se ver apaixonado por mim. — o carro estava reto, passamos por uma ponte com um mar embaixo, eu fiquei com um frio na barriga, eu lembrava que passamos por aqui quando chegamos na cidade. Ele devia estar dirigindo sem rumo, provavelmente para não termos que parar e encarar um ao outro enquanto dizíamos o que o outro precisava ouvir.
— Você não pode medir o tamanho do amor de alguém, ou dizer se era verdade ou não. E você não pode simplesmente me fazer parecer um pedófilo, Stacy, já te disse que isso pode ser perigoso. Eu me desculpei por aquela noite, eu realmente não devia ter ficado daquela maneira, eu te assustei e me arrependo amargamente por aquilo ter acontecido. Mas você estava lá e me beijou de volta, aquilo me fez perder a cabeça, logo depois eu senti que precisava ter você pra mim, tenho um sentimento de proteção em relação a você que infelizmente não sinto nem com Virgínia.
— Virgínia? — eu não estava sabendo processar tudo o que ele dizia, e algo dentro de mim estava se ascendendo e aquecendo de um jeito que me deixava confuso em relação ao que sentir. Como ele conseguia falar tudo aquilo abertamente para mim? Isso era mesmo amor? O que eu entendi sobre essa palavra? Até aonde eu sabia o seu significado?
— É a minha namorada. Começamos a namorar por termos muitas coisas em comum, eu a acho linda, mas sinto que não a amo da mesma forma que ela me ama. As vezes acho que estou empurrando esse relacionamento sem pretensão nenhuma.
— E por que está com ela? — Mark me olhou de rabo de olho e passou a língua nos lábios. Engoli a saliva, por que ele tinha que estar tão diferente? Parecia mais maduro e seus músculos o tornava mais másculo e atraente. Mas se ele estivesse tomando mesmo algum tipo de anabolizante e ficasse pior do que isso, ia parecer um rato de academia e assustador. Ele estava atraente do jeito que estava agora. Balancei a cabeça e passei as mãos nos olhos na esperança de afugentar esses pensamentos intrusivos.
— Tenho medo de magoá-la, ela é uma ótima pessoa, doce e carinhosa. — ele pigarrou e diminuiu a velocidade, fazendo uma curva grande, acho que estava voltando pelo longo caminho que acabamos de fazer. — Mudando de assunto, o que aconteceu para você ter faltado a aula hoje?
— É sobre Lucio... — eu olhei para ele, vendo se podia continuar no assunto. Ele fez um jeito com a cabeça para eu prosseguir, mas eu tinha percebido seu semblante ficar sério e desdenhoso novamente. — Tinha uma menina no colégio fazendo umas brincadeiras de mal gosto comigo, que nem se pode chamar de brincadeira. Eu sabia que era ela, então estava tentando arrumar um jeito de desmascarar ela...
— Impossível alguém do colégio mexer com as TriGirl, isso não devia ter acontecido, vocês deveriam ser intocáveis lá. Suas irmãs devem defendê-la, uma deve defender a outra e mostrar que ninguém deve mexer com vocês. Esqueceram de tudo que ensinamos?
— Tyessa quis dar um jeito na menina, mas eu não deixei. Sou contra o bullying e se poder evitar uma briga, melhor.
— Fez errado, você realmente não serve para isso. — ele deu risada e eu tive que ceder também, respirando um pouco mais aliviada pelo ar ter ficado mais respirável.
— Continuando, a menina é amiga de Lucio, ela gosta dele também. Ele disse que ia dar um jeito nela, mas encontrei a dita cuja no banheiro hoje escrevendo algo ruim e assinando como se fosse eu.
— Isso é muito ruim, podia dar expulsão a você. — ele tirou uma mão do volante para passar a marcha e eu acompanhe seu movimento, sentindo um calor e achando aquilo sedutor. O que está acontecendo com você, Stacy?
— Ainda bem que toda a escola viu, o piloto ficou por lá, então espero que eles acreditem que foi ela.
— Eu vou ligar pra lá ou ir pessoalmente para falar com a diretora. Não se preocupe quanto a isso.
— Eu agradeço, meus pais...
— Te colocariam de castigo por um ano se soubessem, eu já sei. — ele riu, repetindo o que sempre digo, e era nada mais do que a verdade.
— Isso. Enfim, eu a confrontei e ela disse que Lucio era dela primeiro, como se ele fosse um objeto, e disse que tinham chegado a quase fazer aquilo quando ficaram amigos. Eles ficaram amigos assim que ele entrou no Colégio Church. — eu fitei o chão do carro e esperei Mark dizer algo.
— Imagino que ele não tenha te contado isso.
— Ele disse que eles nunca tiveram nada e que não gostava dela dessa maneira.
— É o que todos dizem, mas sinto em dizer que homens não conseguem se segurar, se ele teve a oportunidade pode ter quase acontecido mesmo. Sei que sou homem também, mas sou sincero.
— Me irrita mais ele não ter me contado. — ele esbravejei, segurando o sinto que me protegia com força.
— Você sabe que nunca fui com a cara dele, pelo visto meu instinto estava certo mesmo. — ele deu de ombros e eu olhei pela janela, notando em já estávamos no nosso bairro.
— Obrigada por me ouvir, Mark. E desculpa por ter chamado você para dizer isso, eu estava mesmo precisando de um amigo.
— Sempre pode contar comigo, Stacy, sinto falta das nossas conversas. E se não podemos ser algo a mais, eu fico feliz em ser o amigo daquela Stacy que achava as casas da vizinhança mal assombrada. — ele riu e apontou ao redor, mostrando as casas da nossa rua e rindo. Eu ri também e olhei em volta enquanto ele estacionava em frente a sua casa.
— Mas olha em volta! Não tem uma alma viva, cadê as crianças daqui?
— A maioria das pessoas daqui são aposentados, mas você vê um ou outro levando o cachorro pra passear ou saindo pro trabalho, crianças eu não vejo nenhuma também. Os palhaços das casas assombradas devem ter comido elas. — Mark gargalhou e se inclinou para o meu lado, me fazendo prender a respiração, pois achei que ele iria me beijar. Por azar, digo, por sorte ele só soltou o meu sinto de segurança.
— Meu aniversário é nesse final de semana. Nosso aniversário, quer dizer. Você e os meninos podem ir se quiser.
— Eu sei, o John disse. Acho que eles estão namorando, Stacy. — ele olhou pra mim com as sobrancelhas erguidas e eu entendi na sua insinuação. Por sorte ele continuou a falar, não deixando que o clima ficasse estranho. — Ele me contou que Allycia o convidou. Vou chamar Selton e vê se vai também. É domingo, certo?
— Sim, você lembra. — eu sorri para ele, me sentindo feliz.
— É claro. — ele estudou meu rosto por um instante e depois abriu as portas do carro para sairmos.
— Obrigada pelo passeio, seu carro é muito veloz. — eu disse na calçada, de frente pra ele, que estava com as mãos nos bolsos da jaqueta.
— Quem sabe eu te leve para outro passeio, vamos ver se você vai merecer. — ele fez sua costumeira cara de superior e se virou, caminhando a passos contidos até sua casa, eu não tinha percebido que tinha ficado observando ele até o mesmo abrir sua porta e entrar, fechando-a atrás de si.
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O que dizer desse capítulo? Nem eu sei, mas estou curiosa para saber as reações de vocês. 👀
Acredito que terão muitas opiniões dividas por aqui, vou até preparar minha pipoca para acompanhar os comentários!
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