35. amor em estado crítico.
Mary estava na sala de documentos do hospital, uma pequena e abafada sala com prateleiras lotadas de pastas e fichários antigos. Ela organizava os papéis sobre alguns pacientes enquanto equilibrava o celular entre o ombro e a orelha, conversando com uma colega da faculdade.
—— Sim, eu também estou atolada com as pesquisas —— ela comentou, distraída, enquanto deslizava os dedos sobre um fichário em busca do próximo arquivo. —— O hospital está uma loucura ultimamente. Você não faz ideia das coisas que acontecem por aqui.
Ela ajeitou uma pilha de prontuários, franzindo o cenho ao ver que alguns estavam fora de ordem. As prateleiras ao redor dela eram preenchidas com registros que iam desde simples consultas até casos críticos, cada um com histórias e segredos por trás das páginas amareladas.
—— E a Lois? —— perguntou a voz do outro lado da linha.
Mary hesitou, segurando uma ficha entre os dedos enquanto seus olhos vagavam pela sala. Lois. O nome parecia trazer um peso que ela preferia ignorar, mas a presença daquela paciente estava enraizada em tudo ali.
—— Lois... ela acordou —— respondeu, a voz mais baixa, como se não quisesse ser ouvida por ninguém além de sua colega. —— Foi estranho, mas... é bom que ela esteja de volta.
Ela colocou o último dos documentos no lugar certo e suspirou, caminhando até uma pequena mesa no centro da sala, onde algumas fichas mais recentes aguardavam sua atenção.
—— E o Charlie? Como vocês estão?
Mary soltou um riso abafado, ajeitando mais alguns papéis na mesa, enquanto pensava por um segundo antes de responder.
—— Ah, você conhece o Charlie —— disse com um toque de cansaço na voz. —— Ele continua o mesmo, controlador.
—— Isso é falta de sexo —— a amiga brincou, com uma gargalhada do outro lado. — Vocês claramente não estão transando o suficiente!
Mary balançou a cabeça, sorrindo de leve, mas com uma pontada de desconforto.
—— Você não faz ideia —— murmurou, sem entrar em muitos detalhes. —— O Charlie é... complicado.
Ela deixou a frase no ar, enquanto reorganizava os últimos papéis. O comentário da amiga trazia à tona aquela tensão constante que pairava entre ela e Charlie, algo que ela preferia evitar discutir.
Mary desligou o telefone com um suspiro, pronta para voltar a organizar os documentos. As pastas estavam empilhadas de forma meticulosa, mas sua mente parecia longe, distraída pelas conversas e pela rotina incessante do hospital. Ela estava tão imersa nos papéis que não notou Charlie se aproximar até sentir os braços dele envolvendo sua cintura. Um arrepio percorreu sua espinha quando ele beijou suavemente seu pescoço.
—— Charlie... —— ela murmurou, surpresa, enquanto ele apertava o abraço.
Ele sorriu contra a pele dela, a voz baixa e íntima.
—— Não consigo ficar longe de você —— sussurrou, a proximidade fazendo o coração dela bater mais rápido.
Mary tentou focar novamente nos papéis, mas a presença dele era impossível de ignorar.
Charlie continuou beijando o pescoço de Mary, afastando os fios de cabelo para expor mais de sua pele enquanto segurava seu corpo com firmeza. Ela sentiu o calor dele contra suas costas, seus braços a envolvendo como se quisesse mantê-la próxima, sem deixar espaço para fuga.
—— Charlie... —— ela repetiu, tentando manter a voz firme, mas o toque dele a distraía, fazendo suas palavras saírem hesitantes.
Ele não respondeu, apenas intensificou os beijos, segurando-a com mais força, seu corpo pressionando o dela, criando uma tensão que era ao mesmo tempo familiar e desconcertante. Mary fechou os olhos por um momento, sentindo a confusão crescer entre o desejo e o desconforto de estarem ali, no meio de um hospital.
—— Alguém pode nos ver... —— murmurou ela, sem muita convicção, já sentindo a resistência enfraquecer.
—— As pessoas deveriam ver... —— Ele sorriu, continuando os beijos. —— Talvez assim esses enfermeiros novos parem de ficar de olho em você.
Mary se virou ligeiramente, tentando buscar o olhar dele, mas Charlie a segurou firme, como se não quisesse que ela escapasse daquele momento.
—— Você é tão bobo —— sussurrou ela, tentando afastar as mãos dele de sua cintura.
Mary tentou se afastar, mas Charlie a puxou de volta com força, segurando seu braço com mais agressividade do que antes. A expressão no rosto dele mudou, ficando mais séria, mais sombria.
—— Espera... —— ele murmurou, segurando-a perto de si. ——Eu não estou brincando, Mary. Você acha que pode sair assim, como se nada estivesse acontecendo?
Ela olhou para ele com uma mistura de surpresa e irritação, tentando soltar seu braço.
—— Charlie, me solta —— disse Mary, sua voz ficando mais firme. —— Isso não é uma brincadeira. Você está sendo ridículo.
Mas Charlie não afrouxou o aperto, o olhar intenso, quase possessivo, fixo nela. Ele a observou com um olhar intenso, quase hipnotizante, enquanto seu polegar acariciava suavemente o rosto dela.
—— Você se lembra do que eu disse quando você chegou aqui? —— perguntou ele, sua voz baixa e intensa. —— Que aqui você seria alguém importante.
Mary sentiu um frio na barriga, não sabia se era pela forma como ele falava ou pela intensidade de seu olhar. Ela queria responder, mas as palavras pareciam presas na garganta.
—— Sabe, Mary —— começou ele, com um tom passivo-agressivo que fez a tensão no ar aumentar. —— Só espero que você não esteja se aproveitando do que eu sinto por você. Não seria justo.
Ela o encarou, confusa e um pouco ofendida, tentando entender se havia alguma verdade naquelas palavras.
Mary se aproximou de Charlie, desafiando a tensão entre eles com um beijo intenso e apaixonado. Ele imediatamente relaxou, seus braços envolvendo-a com força, apertando sua cintura e puxando-a para mais perto.
Os dedos dele se entrelaçaram em seus cabelos, segurando-a com possessividade, como se quisesse garantir que ela não fosse a lugar algum.
O beijo era uma mistura de urgência e desejo reprimido, e por um momento, toda a insegurança e as palavras ditas anteriormente se dissiparam. Era apenas eles, perdidos um no outro, com o mundo ao redor se tornando irrelevante.
Mary sentiu a intensidade do momento aumentar, as emoções fluindo entre eles. Quando finalmente se separaram, ambos ofegantes, Charlie olhou nos olhos dela, um misto de possessividade e vulnerabilidade na expressão.
—— Não quero que você me deixe, Mary —— sussurrou ele, a voz baixa e cheia de sinceridade.
Ela assentiu, ainda segurando a mão dele, consciente do que havia em jogo entre eles.
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