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˖࣪ ❛ DÉCIMA TERCEIRA TEMPORADA
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— ISSO É BOM. Isso é ótimo. — Amelia deixou escapar, indo do banheiro para o guarda-roupa, na sala de espera dos médicos. — Eu não preciso sair furtivamente, eu não preciso entrar furtivamente... Quando eu quiser sexo, eu posso simplesmente vir. Bem, desde que as crianças estejam dormindo.
— Amelia. — Helena fechou os olhos com uma risada, um leve rubor tomando conta de suas bochechas.
— Você pode parar com isso? — Maggie pediu, enquanto Meredith simplesmente comia um pouco de cereal no sofá.
— Por que eu iria querer parar com isso quando posso fazer isso quando quisermos? — Amelia sorriu, curvando-se ligeiramente para dar um beijo nos lábios de Helena, que tinha alguns artigos à sua frente, sentada à mesa.
— Ok... Isso é- eu só vou... Ok. — Helena decidiu, pegando o artigo mais próximo dela e levantando-o para ler, claramente nervosa.
— Você está exibindo seu dinheiro depois de ir ao caixa eletrônico, nós entendemos. Você é rica em sexo. Não é educado se gabar na frente de pessoas que são pobres em sexo. — Maggie reclamou. — Lena não se gaba. Lena é educada. Seja mais como Lena.
— É, eu realmente não falo sobre sexo? — a mulher mais baixa deixou escapar. — Não sobre minha vida sexual, de qualquer forma. Estou a fim de ouvir se alguém quiser compartilhar. — ela lançou um olhar furioso para Meredith.
A loira ainda não havia contado à irmã que havia ficado com o homem por quem Maggie havia se interessado.
— Não. Nada para compartilhar. — a loira simplesmente deixou escapar, quase se escondendo atrás de sua tigela de cereal.
Nesse momento, os pagers de todos dispararam, Amelia leu em voz alta. — Vários MVCs chegando ao pronto-socorro.
— Ei, Pierce, eu tenho uma troca de válvula. — Riggs deixou escapar, abrindo a porta, enquanto Helena se levantava do assento e empilhava toda a papelada. — Você tem o pronto-socorro?
Com isso, a mulher levou um momento para responder, sua boca se abriu. — Sim. Eu posso cobrir o fosso.
— Bom. Shepherd, Campos. Grey. — ele soltou, saindo do quarto.
— Isso foi normal? — Maggie perguntou.
— Muito normal. — Helena confortou. — Agora, ER. Vamos.
——
— Kara, preciso que você tente desacelerar sua respiração. Você pode tentar fazer isso por mim? — Helena pediu, enquanto colocava um pouco de gel na barriga de uma mulher grávida. A menina havia se envolvido em um acidente de carro, durante um cortejo fúnebre.
— Oh, Deus, ele está vivo? Não consigo nem sentir seus pequenos chutes. — ela hiperventilou, enquanto a cirurgiã fetal franzia as sobrancelhas, concentrando-se.
— Ele pode estar menos ativo por causa dos analgésicos que demos a você, ok? — sugeriu Owen, enquanto Helena começava o ultrassom.
— Por favor, diga-me, ele está...
— Oh, Kara, você ouviu isso? — Helena sorriu aliviada. — É um batimento cardíaco forte e estável. Significa que ele está bem.
— Os filmes estão de volta. — anunciou Jo quando Amelia entrou na sala de trauma.
— Ei, sabemos onde o falecido foi colocado? — ela perguntou.
— O que? — Kara suspirou. — Quem mais está ferido? Todo mundo está ferido? Eu matei alguém?
— Ah, você era o motorista? — Helena franziu as sobrancelhas, cobrindo a barriga da mulher depois de colocar um do gel.
— Eu estava atrasada para o funeral. Virei a esquina e lá estavam eles. A procissão inteira. Eu corri direto para eles. Era eu. — ela soluçou.
— Foi um acidente. — Helena assentiu.
— Tenho certeza de que eles entenderão. — Owen concordou.
— Não minha família. Eles não me entendem. Eu nem vejo nenhum deles há quase dez anos. — ela chorou. — Pai, talvez. Mas mãe? Julian e Morgan? Deus, eu nunca deveria ter voltado. Eu só queria dizer ao meu pai que eu o amava. — ela soluçou.
— Ei, Kara. Foi um acidente. Você não quis isso. — Helena assentiu. — Vamos levá-la para a TC agora, ok? Sua pélvis está fraturada e pode haver algum sangramento, o risco é mínimo para o bebê.
— Ok, ok. — ela exalou.
——
— Eu só vou ficar, trabalhar na clínica, perder privilégios, eu sou a favor. Mas acusar Alex de um crime? — Helena deixou escapar. — Não que eu possa culpar DeLuca, ele realmente o espancou muito...
— Sim, ele fez. — Owen assentiu.
— Mas, novamente, você deu um soco em um cardiologista no corredor do hospital e ninguém disse uma palavra. — ela deu de ombros enquanto eles entravam na sala de exames de tomografia.
— Espere, maçãs e laranjas. — ele pediu, levantando uma mão. — Riggs e eu, era pessoal.
— Bem, só maçãs. Ele achava que Andrew estava machucando Wilson. Também era pessoal. — Helena argumentou, enquanto se sentavam. — Quero dizer, se você quer comparar isso com 'maçãs e laranjas', seria mais plausível argumentar que o seu foi um único soco.
Quando Jo terminou de colocar o paciente na máquina, ela voltou para a sala de observação, anunciando. — Shepherd acabou de chamar. A mãe está bem.
— Bom. — Helena suspirou, ligando o microfone. — Kara, acabamos de receber a notícia, sua mãe está bem.
— Ok, obrigada. — ela assentiu.
— Então, você e Shepherd? Vocês são... Um caso? — Owen perguntou, franzindo os lábios, enquanto configurava o computador.
Um pouco desconfortável por estar falando com o ex de Amelia, Helena riu, sem jeito. — Uh, sim. Somos.
— Huh. — ele soltou.
— Huh? — Helena franziu as sobrancelhas e inclinou a cabeça, confusa.
— Não, quero dizer, contanto que vocês duas estejam felizes. — ele deu de ombros, pensou que havia algo estranho em seu tom. — Não é da minha conta.
— Bom. — ela assentiu, franzindo os lábios, um pouco surpresa com o tom que ele continuou a usar. Claramente, não era curiosidade ou preocupação, era algo completamente diferente.
— Eu simplesmente não achava que Amelia estava... Eu não sabia que ela estava interessada nisso.
— Em... Mulheres? Em mim? — Helena piscou rapidamente, desconfortável e um pouco surpresa. — Bem, sim, acho que está claro que ela está, agora.
——
— Ok, então, ela parece estável. — Helena deixou escapar, saindo do quarto do paciente com Jo e Hunt. — Jo, você pode monitorá-la?
— Claro. — ela assentiu e foi embora.
— Mas você e Amelia. Não é oficial, certo? — Owen perguntou, enquanto caminhavam pelo corredor.
— Quer dizer, nós estamos... Estamos nos vendo. Não é nada muito sério ainda, nós não... Não, eu acho que é a resposta. — ela explicou, com um encolher de ombros, movendo o colar em volta do pescoço. — Olha, eu sei que ela é sua ex e tudo, e eu sinto muito se isso te deixa desconfortável, o-ou se você ainda tem sentimentos por ela, mas...
— Não estou desconfortável. — ele deixou escapar, na defensiva.
— Ótimo. — Helena sorriu, feliz por dissipar um pouco da tensão.
— Eu só acho que ela merece mais. — Hunt deixou escapar.
Com isso, Helena parou, franzindo as sobrancelhas. — Desculpe?
— Ela merece mais do que apenas 'ver você'. Do que apenas... Sair escondida com você para fazer sexo. — ele franziu os lábios.
— Ok, Hunt, não sei que ideia você teve, mas eu não impus nenhum tipo de relacionamento casual a Amelia. Isso é algo com que nós duas estamos confortáveis agora, e... — os olhos de Helena endureceram com a insinuação.
— Bem, só estou dizendo que estaria pronto para me casar com ela. Agora mesmo, hoje, se ela me pedisse. Eu me casaria com ela. — Hunt deixou escapar, com um encolher de ombros. — Você pode dizer a mesma coisa?
— Olha, não sei se você interpretou minha consideração pelos seus sentimentos como outra coisa, mas eu não convidei, em nenhum momento, você a questionar a mim ou ao meu relacionamento. Nem pedi uma opinião. — Helena levantou a mão, colocando-a na frente de si. — Você está fora da linha aqui.
— Porque eu não acho que você pode. Eu não acho que você esteja pronta para dar a ela o que ela precisa. — Hunt argumentou.
— Bem, que tal você tirar um segundo para considerar que talvez o que Amelia precise não seja ser apressada em um relacionamento ou um casamento? — a cirurgiã pediátrica sussurrou, embora seu tom fosse de um grito. — Talvez o que ela precise seja de um relacionamento lento, estável e saudável, não ser jogada em um compromisso para a vida toda por capricho? Porque eu acho que você está confundindo suas necessidades com as dela, aqui, Hunt. Ou talvez você devesse ter considerado perguntar a ela o que ela quer, em vez de presumir. Porque eu perguntei. E o que nós duas queremos agora é ir devagar. Então você não tem nada a ver com isso.
— Indo devagar em direção a quê, exatamente? — Owen zombou, balançando a cabeça levemente. — Você não pode dar filhos a ela, você não pode dar a ela um casamento na igreja. Mesmo se você quisesse, já que você já teve tudo isso: o casamento, as crianças... Tudo o que você pode fazer é prendê-la para tomar conta das suas meninas, prendê-la em um relacionamento com uma mãe viúva de duas filhas. Você não pode construir uma vida com ela, você só pode realmente brincar de casinha. E se você pode se contentar com isso, ótimo, mas você está sendo egoísta em prendê-la nisso também.
— Não ouse! — Helena retrucou. — Não ouse me dizer que, por ser viúva, estou dando a ela menos do que ela merece. Não ouse insinuar que minhas filhas seriam algum tipo de fardo ou qualquer tipo de inconveniência. E não diga que, por não poder me casar na igreja, meu eventual casamento com uma mulher seria menos válido. E, devo lembrá-lo, poderíamos ter filhos, se quiséssemos. Você é médico, deveria pelo menos saber disso. E, devo enfatizar, poderia... Porque consigo tirar a cabeça da minha própria bunda por tempo suficiente para não simplesmente presumir que qualquer pessoa com quem eu esteja automaticamente tem que querer filhos. Ou escolher ignorá-los quando deixam claro que não querem. Mas, novamente, nem todo mundo consegue evitar ser egocêntrico a esse ponto. — Helena cuspiu, os dois se encarando no meio do corredor. — E devo lembrar, Amelia terminou com você. Não acho que isso teria acontecido se você realmente tivesse uma ideia tão boa do que ela queria, ou mesmo se você fosse simplesmente bom para ela. Se você está com ciúmes ou seja lá o que for, lide com isso em particular. — Helena olhou ao redor para a pequena multidão que havia se formado, parando no meio do caminho para assistir à altercação. — Nenhum de nós deveria ser forçado a assistir a um homem de meia-idade tendo um acesso de raiva porque ele de alguma forma se convenceu de que tem alguma palavra a dizer nos relacionamentos dos outros.
——
Depois de monitorar Kara de perto, a cirurgiã fetal teve que passar por uma cirurgia, pois tanto o bebê quanto a mãe começaram a mostrar sinais de sofrimento.
Tendo que chamar o cardiologista, já que a mulher estava gravemente parada, Helena saiu da cirurgia com Riggs, e Jo ficou para trás para encerrar.
— Você ouviu falar da moça milagrosa no pronto-socorro? — o homem perguntou. — MI a codificou por 40 minutos, depois morreu por mais 20, então ela se sentou. — ele imitou um som de zumbi, levantando levemente as mãos para não quebrar o campo estéril. — Acordada e viva. — enquanto a médica mais jovem simplesmente continuava esfregando vigorosamente as mãos dela, ele perguntou. — Ei, Campos?
— O quê, desculpa? Desculpa, eu estava... O que você estava dizendo? — ela balançou a cabeça.
— O que houve com você? — ele franziu as sobrancelhas.
— Não, nada. Não, estou bem. É só... Olha, nós perdemos pessoas. Nós dois, nós perdemos pessoas. Você acha... — ela suspirou, tentando formular sua pergunta corretamente. — Você acha que é injusto para qualquer um que possa ter um relacionamento conosco, que nós passamos pelo que passamos? — Helena perguntou, olhando para ele. — E-e eu sei que ser viúva não me torna menos capaz de amar, n-não é isso que estou perguntando, eu só... Eu já tenho duas filhas, e um marido morto e um monte de outras bagagens que vêm com estar em um relacionamento comigo. É injusto pedir para alguém... Lidar com isso?
Com isso, ele ficou em silêncio por um momento, então deu de ombros. — Eu acho que você nunca vai seguir em frente, de verdade. Você nunca vai simplesmente esquecer Mark, assim como eu nunca vou esquecer Megan. Mas eu também acho que você não deveria. Eu não acho que seja... Bagagem, não mais do que um relacionamento fracassado ou qualquer outra experiência passada. E eu não estou dizendo que isso sempre será fácil para a outra pessoa entender ou para você lembrar, eu não estou. Você só precisa encontrar alguém que esteja tão disposto a pelo menos tentar quanto você.
Com um aceno, Helena assentiu, enquanto limpava as unhas. — Você está certo. Obrigada.
— Sempre que quiser. — Riggs deixou escapar. — Então, você ouviu sobre o código de 60 minutos que voltou à vida?
Com isso, o queixo de Helena caiu um pouco aberto. — Você está brincando? Isso é... Temos um caso de Síndrome de Lázaro? Aqui?!
— Eu sei, certo? Quantos casos registrados nós temos no mundo? Tipo, 50? — ele perguntou.
— 38, na verdade, desde 1982. — ela assentiu. Diante do olhar questionador do homem, ela explicou. — Sou uma pessoa curiosa e tenho um QI bem alto, isso acontece. Sabemos o quão ruins são os déficits?
— Pierce está fazendo uma avaliação cardiológica agora. Pode ser um milagre. — ele sugeriu.
— Improvável. — ela balançou a cabeça, pegando uma toalha para secar as mãos. — Eu acredito no melhor das pessoas, mas sei que não devo acreditar no melhor da vida.
— Você já teve esse sonho? O sonho milagroso? — Riggs perguntou, apertando as mãos e então pegando uma toalha para si mesmo. — Eu rolava na cama e lá estava ela, me pedindo para fazer café. Tão real.
A sala de limpeza ficou em silêncio, Helena jogando sua toalha na lixeira designada. Então, ela soltou. — Naquela manhã, eu disse que estava feliz. Tão feliz que eu queria ficar em casa para ter um dia em família, um dia feliz. Então eu faria isso. Nós tomaríamos café da manhã juntos e então eu deixaria as meninas no Mer's e levaria Mark e Derek para o aeroporto eu mesma, para que eles não tivessem que deixar o carro lá. E eu não pegaria nenhum atalho idiota, porque eu preferiria ficar presa no trânsito do que correr o risco de me atrasar, não importa o quanto os meninos insistissem. Então eu os deixaria, diria a Mark que o amo, e mais tarde assistiria a sua palestra na Hopkins na internet e ficaria loucamente orgulhosa dele. — Helena suspirou, agarrando a maçaneta da porta enquanto se preparava para sair. — Seria tão simples quanto não pegar um atalho, ou me fazer levá-los ao hospital, ou eles irem embora alguns minutos mais cedo ou mais tarde, e eles ainda estariam vivos. Seria tão simples assim. Se algum pequeno detalhe fosse alterado, Derek Shepherd e Mark Sloan ainda estariam vivos. Então eu sei que não devo acreditar no melhor da vida.
——
— Ok, as meninas já dormiram. — Helena sorriu, entrando no quarto. Em sua cama, Amelia assistia um pouco de TV, usando uma das camisetas de Helena.
Com um sorriso, Amelia deu umas batidinhas no lugar ao lado dela na cama. — Bom. Traga sua bunda aqui.
Com uma risadinha, Helena pulou na cama, colocando as pernas sob o cobertor. — O que estamos assistindo?
— Uh, não sei. Eu estava pensando em terror? — a neurocirurgiã sugeriu.
Com isso, a menina mais nova balançou a cabeça. — Não. Nuh-huh. Não vamos fazer isso. Tentamos uma vez, eu odiei. Odeio ficar com medo. Não vai acontecer.
— Ah, vamos lá. — Amelia tentou. — Prometo não te assustar dessa vez.
— Não. Não vai acontecer. Se você quer um documentário sobre crimes reais, você sabe que eu estou bem com esses, mas nada de terror. — a morena insistiu, prendendo o cabelo em um rabo de cavalo.
— Você entende o quão contraditório isso soa, certo? — Amelia provocou. — Que você está bem em ouvir sobre todos esses assassinatos, mas não com uma boneca assustadora?
— Ok, eu estou bem em ouvir sobre coisas assustadoras, eu só não gosto quando eles tentam me fazer sentir medo. — Helena sugeriu, pegando o controle remoto da mão de Amelia. — Agora, me dê. Estamos assistindo 'O desaparecimento de Madeleine McCann'."
— Tudo bem. — Amelia aceitou, apoiando a cabeça na cabeceira da cama.
Enquanto Helena procurava o documentário na TV, no entanto, ela mordiscou o lábio inferior, decidindo se deveria trazer à tona o que a estava incomodando. Ela parou por um momento, pousando o telefone para olhar para a outra mulher. — Amelia.
— Helena?
— V-você... Essa coisa, de ir devagar. Eu gosto. Mas nós estamos... Estamos indo devagar em direção a algo, certo? Nós- nós estamos indo a algum lugar? — Helena perguntou, franzindo as sobrancelhas.
— Claro que sim! — Amelia assentiu, suas sobrancelhas franzidas em confusão. — Por que não estaríamos?
— Eu não sei, eu só... Olha, eu quero ir a algum lugar com você. — Helena assentiu, agarrando a mão da outra mulher. — Porque eu gosto de você. E eu acho que isso pode realmente funcionar. Mas há certas coisas que... Eu acho que deveríamos discutir certas coisas. Porque eu tenho um passado, um passado inteiro, grande e cheio de acontecimentos. E embora eu tenha seguido em frente, isso não significa necessariamente que eu vá superar tudo isso.
— Ok... — Amelia se endireitou contra a cabeceira da cama do outro cirurgião. — Lena, eu entendo. Eu entendo que você passou por muita coisa e eu não... Eu não quero que você simplesmente esqueça tudo isso. Eu não quero que você sinta que precisa fazer isso, por minha causa. Eu acho que... Eu acho que, se alguma coisa, seu passado faz você ser quem você é hoje. E é isso que nos faz funcionar.
Com um sorriso suave, Helena soltou, aliviada. — Bom. Mas eu ainda... Eu quero fazer isso com você. Eu quero. Mas para isso eu preciso saber o que você quer, no futuro. Porque eu acho que nós duas já passamos do ponto em nossas vidas onde podemos apenas ver onde isso nos leva. Eu acho que nós temos expectativas e temos aspectos de nossas vidas que não estamos dispostos a abrir mão. Então nós deveríamos conversar sobre isso.
— Claro. — Amelia aceitou, assentindo. — Me bata com isso. Me faça todas as perguntas, me faça uma entrevista de emprego.
— Ok. Ótimo. — pressionando um beijo em seus lábios, ela sorriu. — Mas vamos começar amanhã, porque, agora, temos um filme para assistir.
——
— Claro que sim! — Amelia deixou escapar, na manhã seguinte, puxando sua blusa sobre a cabeça. — Claro que eu estaria na vida de Ali e Cara, pensei que isso estava implícito.
— Bem, sim. — Helena deu de ombros, colocando um par de calças de moletom. — Como você se sente sobre nossos próprios filhos?
— Uh, eu não... Sabe de uma coisa, não tenho certeza. — Amelia deu de ombros, sentando-se na cama para calçar as meias. — Não agora. Um dia, no futuro, talvez. Quero criar filhos. Mas se eu fizesse isso apenas como madrasta, acho que ficaria contente. E você?
— Um dia, no futuro, talvez. — Helena sorriu brilhantemente, então riu. — Definitivamente não agora. Casamento?
— Sim. — Amelia simplesmente respondeu. — Definitivamente.
— Mas você sabe que... Se um dia nos casássemos, não poderíamos fazer isso pela igreja. Você concorda com isso? — Helena perguntou, puxando um suéter sobre a cabeça.
— Quer dizer, eu só rezo no AA, não sou tão religiosa assim. E você?
— Não, não. Posso contar nos dedos a quantidade de vezes que rezei na minha vida. Mas eu gostaria de me casar pelo estado, no entanto. — Helena assentiu, movendo-se para o lado de Amelia na cama. — Agora, você tem que ir para que eu possa acordar as meninas, ou vamos nos atrasar.
— Ok. — Amelia deu um beijo profundo em seus lábios. — Vejo você no trabalho.
——
— Para onde nos mudaríamos? — perguntou Helena, enquanto as duas mulheres caminhavam pelo corredor do hospital, já de uniforme.
— Seu lugar. Eu amo seu lugar. — Amelia assentiu, então percebeu como soava. — Bem, se você me aceitasse. É uma ótima casa. Além disso, seria melhor para as meninas, certo? Mais estabilidade?
— Exatamente o que eu estava pensando. — Helena cantarolou. — Sabe, eu gosto disso. Conhecer o que você quer, mesmo que já nos conheçamos muito bem.
— Bem, ainda há muita coisa que não sabemos. Há muita coisa que não sei sobre você, pelo menos. — ela percebeu, inclinando a cabeça.
— Como o quê? — Helena franziu as sobrancelhas.
— Tipo, uh... Quantos anos eu tinha quando meu pai morreu?
— Cinco...? — a cirurgiã pediátrica pareceu confusa quanto ao propósito da pergunta.
— Veja, você sabia disso. Mas seu pai morreu também. E eu sei que você era adolescente, mas eu realmente não sei quando ou como.
— Acho que simplesmente não surgiu. — Helena deu de ombros. — Eu tinha quatorze anos, foi um acidente de carro.
— Antes ou depois de você se mudar para cá? — perguntou Amelia.
— Antes. Minha mãe nos mudou para cá por causa disso. — Helena explicou, com um aceno de cabeça. — Ok, minha vez. Se você pode fazer perguntas, eu também posso.
— Justo. — a mulher mais velha aceitou, enquanto elas chegavam ao posto de enfermagem, Amelia se curvando sobre o balcão para pegar os comprimidos.
— Por que neurocirurgia? — com isso, Amelia parou no meio do caminho para encará-la por um momento. — O quê?
— Acho que nunca me perguntaram isso antes. As pessoas simplesmente assumem que eu queria ser como Derek. — ela deu de ombros, com um sorriso apaixonado.
— Eu te conheço melhor do que pensar que você faria qualquer coisa só para ser como outra pessoa. — Helena sorriu, levantando uma sobrancelha provocante, enquanto pegava seu tablet da outra mulher. — Veja, nós nos conhecemos.
— Só que tem coisas que eu não sei sobre você. E tem coisas que você não sabe sobre mim. E... E se você não gostar? E se for muito assustador? — Amelia perguntou, seu lábio inferior tremendo, olhando para seu tablet.
— Ei. — Helena gentilmente agarrou a mão dela, para chamar sua atenção. Segurando o rosto de Amelia com as mãos, ela a tranquilizou. — Eu não me assusto tão facilmente com as pessoas com quem me importo. Além disso, quão ruim isso pode ser? — com o olhar preocupado da mulher, ela franziu as sobrancelhas. — Sério, você pode me dizer qualquer coisa. Quão ruim?
— Sabe de uma coisa? Deixa pra lá. — a neurocirurgiã balançou a cabeça. — Está tudo bem.
——
— DeLuca. — Helena sorriu, enquanto ele se juntava a ela no posto de enfermagem pediátrica. — É bom ter você de volta no meu serviço. Você esteve em todos os outros serviços desde que voltou, eu estava começando a pensar que você estava me evitando.
— Eu já tinha passado muitas horas em pediatria, fetal e neonatal. — ele deu de ombros.
— Então, Jackson lhe deu um atestado de saúde completo? — ela perguntou, enquanto os dois começavam a andar pelo corredor.
— Sim, não, estou bem.
— E você está se sentindo bem sobre o julgamento? Porque você sabe que se precisar de alguma coisa pode falar comigo. — Helena tranquilizou. Ela queria ter certeza de que ele tinha alguém a quem recorrer.
— Eu realmente não posso, na verdade. — ele deixou escapar, fazendo Helena olhar para ele, uma mistura de surpresa e um pouco triste.
— O que você quer dizer com não pode? Você sabe que só porque sou amiga do Alex, não significa que eu apoio o que ele fez. — ela lembrou o garoto.
— Com ninguém. Não posso falar sobre isso com ninguém. Foram ordens do Chefe, desculpe. — ele murmurou.
——
— Estou tentando chegar lá. — Alex deixou escapar, girando lentamente em um dos bancos do hospital. Na cama de exames, Helena e Meredith dividiram um saco de batatas fritas, as pernas da garota mais baixa sobre as da loira, enquanto as três se escondiam em uma das salas privadas da clínica. — Eu estarei lá. Vou tentar.
— Era seu advogado? — perguntou a loira.
— A reunião está marcada para as quatro, se eu conseguir passar por Timir, o porteiro. — Alex revirou os olhos, pegando uma batata frita do saco.
— Você lavou as mãos? — Helena o repreendeu, passando-lhe um pouco de álcool em gel.
— Por que estamos aqui? — Maggie perguntou, entrando na sala com Amelia.
— Porque o Alex está aqui. — Meredith deixou escapar.
— E nós somos amigas do Alex, então vamos ver o que ele está aprontando. — Helena espremeu um pouco de álcool nas mãos das mulheres.
— Alex tem algo que gostaria de compartilhar com o grupo? — Maggie perguntou, notando os panfletos em seu colo. — Pamphlets AA?
— Tenho uma paciente, uma universitária. — ela explicou. — Ela é uma bagunça.
Enquanto Helena oferecia algumas de suas fichas, Amelia pegou uma da sacola, balançando a cabeça. — Literatura não vai fazer isso. Quando você é viciado em algo e quer muito, um pedaço de papel não vai fazer você ficar longe.
— O que faria você ficar longe? — Maggie perguntou. — Digamos que você fosse um barman e um alcoólatra e houvesse álcool na sua frente. Bem debaixo do seu nariz, o tempo todo.
— Maggie tem algo que queira compartilhar com o grupo? — Helena provocou. — Ou estamos falando do tipo de álcool da cirurgiã cardíaca?
— O tipo cirurgião cardíaco. — Maggie admitiu. — Sério, o que eu faço?
— Uh, conte até cinco. Se isso não funcionar, saia daí. Afaste-se da situação. — Amelia sugeriu.
Nesse momento, Timir, o enfermeiro responsável pela clínica, abriu a porta. Olhando ao redor da sala, ele soltou. — Sério? Isso não é uma cafeteria, Karev. Temos dois casos de estreptococos, seu alcoólatra, seu cara do pé ainda precisa...
— Eu chamei a cirurgia! — ele disparou.
— Você está em uma sala cheia de cirurgiões! — a enfermeira apontou o óbvio.
— Alguém de vocês quer furar um abscesso no pé de um paciente para mim? — tentou Alex.
— Trabalho de residente. — Maggie deixou escapar.
— Estou comendo. — Amelia negou.
— Eu faria isso, mas não quero. — Meredith franziu o nariz.
Com isso, Helena olhou para todos elas, antes de bufar. — Tudo bem. É melhor você me amar por isso, Alexander Karev. — saltando para fora da cama, ela deu um tapa na parte de trás da cabeça dele. — Lancear um abscesso no pé deve me render gratidão eterna.
Ao passar pela porta, ela sorriu para a enfermeira. — Oi, Timir. Desculpe por isso. Vou garantir que esterilizaremos o quarto depois.
— Não se preocupe com isso. — deu de ombros. — Vou mandar Karev fazer isso.
— Ah, vamos lá. Eu sei que ele errou, mas ele está tentando o melhor para fazer um bom trabalho aqui. — Helena tentou argumentar. — Você poderia deixá-lo pegar a hora que ele pediu, esta tarde.
— Nem mesmo o melhor voluntário da clínica vai tirá-lo dessa, Dra. C. — Timir balançou a cabeça. — Ele vai ter que cumprir suas oito horas, como qualquer outro.
——
Naquela noite, tanto Amelia quanto Helena tiveram que ficar no hospital, então ficaram na mesma cama, em um quarto de plantão.
Enquanto elas se encaravam, cada uma em seu próprio travesseiro, Helena colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha de Amelia. — Você sabe que pode me contar qualquer coisa, certo?
— Eu sei. — Amelia abriu os olhos.
— Ótimo. — Helena fechou os olhos.
No entanto, os olhos de Amelia permaneceram abertos, enquanto ela mordia o canto do lábio inferior, ansiosamente. Enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas, ela deixou escapar, em um sussurro. — Havia um homem que eu amava muito. — enquanto Helena abria os olhos, ela continuou. — E nós amávamos tomar drogas juntos, e uma noite nós tomamos muito. E na manhã seguinte, eu acordei, e ele teve uma overdose e aspirou seu vômito e... Morreu. — franzindo as sobrancelhas em compaixão, Helena enxugou uma lágrima que rolou pela bochecha de Amelia. Por um momento, a cirurgiã pediátrica apenas deixou seus olhos dispararem entre os de Amelia, que fungou. — Eu disse a você que é ruim.
Colocando a mão na bochecha de Amelia, Helena repetiu para ela o que a mulher havia dito alguns meses antes, na noite em que se beijaram pela primeira vez. Na noite em que Helena lhe contou sobre a morte de Alice Turner. — Foi um acidente. Você não quis isso.
Com isso, Amélia fechou os olhos, soltando um pequeno soluço, que fez todo o seu corpo tremer.
— Ei... — Helena sussurrou, confortavelmente brincando com seu cabelo. — Eu conheço você, Amelia. Você não precisa ter medo de que seu passado me assuste, porque eu te conheço. Eu sei que... Eu sei que você sempre tem que usar fio dental antes de dormir, e música clássica ajuda você a dormir. Eu sei que barulhos altos costumavam te assustar quando criança, depois que seu pai morreu, então você comprou centenas de fogos de artifício e os acendeu até não ter mais medo, porque esse é o tipo de pessoa que você é. É assim que você era destemida e determinada, mesmo quando criança. Eu sei que você teve seu primeiro relacionamento com uma mulher com sua mentora de bolsa, e que você queria ser médica desde os seis anos. Eu sei que você tem uma sarda que lembra vagamente Indiana, que você não gosta de amendoim ou calabresa, e que você ama comida italiana. — Helena continuou, ainda brincando com o cabelo de Amelia. — E eu também sei que você tem uma habilidade inacreditável de se recuperar, e que você sente tudo tão intensamente que às vezes dói. Eu sei que você é extremamente confiante e insegura ao mesmo tempo, porque você sabe o quão incrível você é, mas ainda sente que não é boa o suficiente para sua família. Eu sei que você não se assumiu para eles por causa disso, mesmo que você não tenha vergonha de sua sexualidade. Eu sei que você tem o maior coração, e essa é provavelmente uma das minhas coisas favoritas sobre você, e eu sei que você é a pessoa mais emocionalmente inteligente que eu conheço. Eu sei que você é brilhante, e que você sabe como respeitar seus próprios limites, e eu sei que eu respeito e adoro todas essas coisas. Eu te conheço, Amelia. Você não está me assustando.
Com os lábios pressionados, Amelia assentiu, antes de sair. — Então... Eu não quero que você vá a lugar nenhum e você também não quer, então... Então seja minha namorada, Helena. Se você estiver pronta, vamos fazer isso, de verdade. Porque eu estou. Eu quero fazer isso. O namoro, e as saídas, e ficar em casa, e assistir Disney com as meninas, e dormir na mesma cama do quarto de plantão, sem ter medo de que alguém possa entrar. Eu quero tudo isso. Se você me aceitar, eu quero que você seja minha namorada, e eu quero ser sua. Porque eu nunca me senti mais como eu mesma, como quando estou com você.
— Sim. — Helena simplesmente sussurrou de volta, praticamente derretendo, enquanto um sorriso tomava conta de seu rosto
— Sim? — o alívio tomou conta do rosto de Amelia.
— Sim. — ela assentiu, em confirmação. — Sim, vamos fazer isso, de verdade. Vamos ser amigas, e ter encontros e noites de cinema e tudo isso. Eu quero fazer tudo isso com você. Você me faz querer fazer tudo isso, todas as coisas que eu amava, de novo.
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