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˖࣪ ❛ OITAVA TEMPORADA
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— ESTOU EM CASA, QUERIDA! O que você está fazendo? — Mark perguntou entrando em sua sala, Helena no sofá e Alice sentada ao lado dela, travesseiros ao seu redor.
— Oi, querido! — ela sorriu de seu livro. — Estou lendo um livro muito interessante para a Ali, ela parece gostar quando eu leio para ela. E você, pequenina?
— Ta, tatata, tata. — a bebê balbuciou, batendo palmas uma contra a outra.
— Sim, ela gosta, assim como o pai dela. — Mark concordou, sentando-se ao lado de sua esposa e dando um beijo insistente na testa de ambas as meninas. — O que você está lendo agora?
— Bem, esta passagem fala sobre o efeito borboleta. Você sabe como pequenas ações podem levar a enormes consequências ao longo do tempo. — ela disse a ele, aninhando-se no peito do marido. — É divertido pensar sobre como as coisas poderiam ser tão diferentes se não tivéssemos tomado certas decisões, se não tivéssemos feito certas coisas...
— Você quer dizer o e se? — Mark confirmou.
— Exatamente. — ela assentiu. — E se?
★
E SE?
Helena acordou de manhã, seu alarme soando enquanto ela esfregava os olhos. Sua mão disparou para desligá-lo, enquanto ela balançava as pernas para fora da cama.
Movendo-se para sair de seu pequeno quarto, ela bateu na porta que dava para a que estava ao lado dela, chamando. — Camilla, querida? Hora de ir para a escola, levante-se.
Ela foi até a cozinha e começou a passar manteiga em duas torradas, bocejando ao ouvir uma vozinha gritar. — Estou de pé!
Preparando o café, Helena foi regar a planta que estava em sua bancada, enquanto sua filha de sete anos entrava na cozinha. — Bom dia, mamãe. Ah, posso ser eu quem vai dar água ao Shrek?
— Claro, pequenina. Depois é só tomar o café da manhã e não esquecer de pegar a mochila de novo. — a médica disse a ela, dando um beijo em sua testa, enquanto ela se sentava e tomava um gole de café.
— Devíamos comprar outra planta, para que eu possa chamá-la de Fiona. — a garota torceu o nariz enquanto regava a planta. — Shrek parece solitário...
— Ou talvez devêssemos dar-lhes nomes que não venham de desenhos animados. — Helena riu, dando uma mordida em sua comida. Quando ela se lembrou de algo, ela soltou. — Ah, Millie, e não se esqueça do papelão que você tem que levar hoje, para o projeto escolar. Afinal, do que se trata?
— Eu queria te perguntar sobre isso, mamãe. — Camilla disse a ela, sentada em uma das cadeiras da cozinha. — É uma árvore genealógica, e a Sra. Miller diz que temos que desenhar nossa mamãe, papai e avós. Então eu estava pensando, você tem fotos do papai?
Com isso, Helena engasgou com a comida, tossindo enquanto seus olhos se arregalavam. — Não, querida, acho que não. Mas por que não conversamos sobre isso depois da escola? Está ficando tarde.
— Ok, mamãe. Vou escovar os dentes. — a baixinha aceitou, saindo para o banheiro enquanto Helena enterrava a cabeça entre as mãos.
Ela inventou toda uma história sobre quem era o pai de Camilla, para evitar dizer que ela era produto de uma experiência tão traumática. Como ela deveria justificar não ter nenhuma foto dele?
★
Helena entrou na sala dos residentes, segurando uma pilha de papéis, caminhou até seu arm, mal notada pelos colegas residentes.
Meredith e April conversaram uma com a outra, a ruiva contou a ela. — Não, estou feliz que você esteja noiva! Você contou a mais alguém?
Helena não suportava Meredith e April. A loira andava pelo hospital como se fosse dona do lugar, simplesmente por ser filha da Chefe, acreditando que era superior. A baixinha não se importava nem um pouco com o fato de ser filha de Ellis Grey. Para ela, a mulher era uma mulher manipuladora e sedenta de poder.
Quanto a April, ela nunca desceu de seu cavalo moral. Ela constantemente a julgava por ter tido uma filha tão jovem, sem saber a história por trás disso. Em vez disso, a maioria dos outros residentes o fez: era raro que eles tivessem uma palavra gentil para a menina.
No início, Helena tentou ser educada e profissional, realmente tentou. Mas, eventualmente, cansa-se de ser maltratada.
— Além dos meus pais, não. Você é minha pessoa! Ok, então ontem à noite saímos para jantar e... — Meredith começou a contar a ela. Porém, quando Cristina entrou na sala, ficou em silêncio, a dupla lançando olhares feios enquanto ela caminhava até seu armário.
— Bom dia. — Jackson cumprimentou, a cabeça de Helena enterrada na papelada em suas mãos.
— Você está falando comigo? — Cristina zombou.
— Jackson, não alimente os animais. — Meredith disse a ela, seu rosto com uma leve expressão de desgosto.
— Mesquinhez logo pela manhã... — Helena sussurrou para si mesma.
— Esta é a América, querida. Fale inglês. — Meredith atirou nela, fazendo Helena revirar os olhos.
— E isto é um hospital, não uma creche. Mesmo assim você ainda corre para a mamãe a cada pequeno inconveniente. Acho que não podemos todos ter o que queremos, não é? — Helena respondeu, sua voz áspera, mas não cansada do que cruel.
— Cada um de vocês pode ser uma merda... — Cristina começou, Alex entrando direto na sala.
— Ei, como estão todos esta manhã! — ele cumprimentou alegremente, de óculos. — Prontos para chutar alguns traseiros? Vamos controlar o tabuleiro, pessoal.
— Estou cobrindo o poço. — Jackson anunciou.
— Trabalho nobre. Yang?
— Aneurisma de aorta torácica solo. — ela respondeu.
— Acho que isso significa que estou fazendo pós-operatórios em Torres, já que preciso fazer cardio. — Meredith assentiu.
— Kepner?
— Estou a serviço do Shepherd. Bom Shepherd. — a ruiva contou a ele, referindo-se a Addison.
— Estou com o mau Shepherd. — Percy anunciou.
— Uh, estou cortando um aneurisma, obviamente estou no neuro, depois estou ajudando na cova. — Helena disse a ele, levantando os olhos da papelada. — Além disso, Karev, posso fazer o turno extra no pronto-socorro amanhã à noite?
— De novo? — o menino perguntou. — Você continua fazendo tantos turnos extras...
— Está bem. — ela deu a ele um sorriso de lábios apertados. — Eu não me importo com eles.
— Bem, talvez se você não tivesse engravidado quando criança, você não teria que tomá-los... — Percy sussurrou, fazendo April e Meredith rirem maliciosamente.
Com isso, a garota baixinha disparou de volta. — Bem, talvez se você trabalhasse um pouco mais de vez em quando, Shepherd realmente lhe faria cirurgias solo.
Os lábios de Cristina se curvaram em um pequeno sorriso com a resposta, enquanto Alex encorajava. — Tudo bem, vamos lá e manter o Seattle Grace como o melhor hospital do país.
★
— Ah, Georgie, você não tem ideia. — Helena suspirou ao telefone, sentada na parte externa do refeitório. — Webber e Kepner parecem ficar cada vez mais mesquinhos e malvados, não suporto elas... Você se esquivou de uma bala ao transferir nosso ano inter...
— Apenas lembre-se de que nada disso importará quando você ganhar seu próprio Harper Avery em neuro. — ele a tranquilizou, um sorriso sendo ouvido em sua voz.
— Estou lhe dizendo, não me importo que este seja o melhor hospital do país ou algo assim, não vou ficar para minha bolsa. — a baixinha disse a ele, enquanto dava uma mordida em seu sanduíche.
— Como está a Millie? Faz um tempinho que não falo com ela... — o garoto perguntou.
Helena suspirou e mordeu o interior da bochecha antes de contar a ele. — Ela pediu fotos do pai dela hoje... Quer dizer, como vou explicar que não tenho fotos? Inventei o nome dele e tudo mais, mas não consigo inventar uma foto... E eu certamente não posso contar a ela que o pai dela... Eu não posso contar a ela o que ele fez comigo quando era tão jovem. Eu não... Eu só não sei o que fazer, me sinto uma péssima mãe ruim.
— Ei, Lena, vamos lá. Você é uma mãe incrível. Você ama aquela garota, faz tudo por ela e ela terá uma infância feliz. — George disse a ela, sua voz suave e reconfortante.
— Eu não consigo passar tempo suficiente com ela, Georgie... — ela suspirou, esfregando a testa. — Estou fazendo todos os turnos extras no pronto-socorro, mas minhas contas médicas estão absurdamente altas... Me sinto péssima por não poder dar tudo a ela. ela todos esses luxos que ela deveria ter... — Helena disse a ele, com lágrimas nos olhos. — Deus, estou tão cansada, tão cansada de tudo.
— Não faça isso, não se culpe. Você não está ficando sombria e tortuosa comigo de novo, está? — ele perguntou, acompanhando. — Eu não posso permitir que você me assuste assim de novo...
A portuguesa tentou acabar com a própria vida há um ano. Tudo se tornou demais: a sensação de perda pela falta de amor pela sua especialidade, o fato de sua filha se parecer cada vez mais com o homem que a estuprou, a falta de um sistema de apoio... Então, ela teve ficar internada em uma ala psiquiátrica por 2 semanas, tendo feito isso em outro hospital, para seus colegas de trabalho não saberem. Agora, ela estava lutando para pagar as contas que a deixaram.
Helena soltou uma risada triste, tranquilizadora. — Não, estou bem. Sinto muito por preocupá-lo, eu não queria...
— Eu sei. Agora, mostre a todas essas pessoas o que você vale. — George a encorajou.
— Eu vou, Georgie. Obrigada. — ela sorriu, desligando o telefone.
Assim que ela fez isso, um pombo pousou perto dela, tentando roubar um pedaço de seu sanduíche. Helena o enxotou sem pensar duas vezes, dando outra mordida em seu almoço.
★
— Ela come com alguém, alguma vez? — Jackson estreitou os olhos para Helena, enquanto almoçava com o resto dos residentes, além de Cristina.
— Não. — April respondeu. — Eu nunca a vejo falar com ninguém que não seja sobre trabalho, na verdade. Viu? — ela apontou para a garota, que leu um artigo. — Tudo o que a aberração faz é trabalhar.
— Ela está sempre no telefone com aquele canalha, O'Malley. — Alex apontou, rindo.
— Quem é aquele? — Jackson perguntou.
— 007. Ele se transferiu para a Seattle Press em nosso ano de estágio, não pôde participar da competição. — ele disse a ele.
— Mas a vadia faz todas as boas cirurgias neurológicas solo. — Charles zombou.
— Ela me assusta, juro que ela não tem sentimentos. Pelo menos Yang demonstra raiva, Campos é um robô. — April encolheu os ombros.
★
Enquanto Helena estava sentada no posto de enfermagem, com Ellis Gray mapeando, Derek se aproximou da chefe.
— Você viu minha esposa? — ele questionou.
— Na verdade, ela apenas ameaçou pedir demissão. — a mulher brincou. — Faça-me um favor, lave sua roupa em casa, não na minha sala de cirurgia.
— Bem, cada história tem dois lados... — o neurocirurgião começou, Helena levantando os olhos do artigo que estava lendo.
— Sim, não estou interessada no seu lado. Derek, Richard e eu tínhamos grandes esperanças em você, mas você não passou de uma decepção. Você não publica, sua atitude é terrível, você não ensina...
— Campos parece estar indo muito bem para mim. — Derek disse a ela. — Ela acabou de fazer um clipe de aneurisma sozinha, costas com costas, e fez uma remoção de tumor sozinha há dois dias. Não é mesmo, Campos?
— Sim, senhor, é. — Helena confirmou, dando-lhe um sorriso de lábios tensos.
No entanto, assim que o homem desviou o olhar, ela olhou novamente para o artigo que tinha nas mãos, sobre os avanços na cirurgia pediátrica. Uma com o mesmo assunto da pilha de papéis em seu armário, que ela mantinha escondida atrás da bolsa.
★
Quando Helena entrou na sala dos residentes, a tensão na sala era palpável, a garota franziu as sobrancelhas ao ouvir Meredith e Cristina brigando.
— Você não tinha nada a ver com isso! — a loira gritou.
— Você não tinha nada a ver com aquela sala de cirurgia. Eu não ia deixar aquele cara morrer vendo você mexer com o enxerto interno. — Cristina explicou calmamente.
— Essa foi a técnica certa, Dra. Torres especificamente... — Meredith riu incrédula.
— Dra. Torres só ficou do seu lado porque você é a garotinha do chefe. Ela é uma lacaia patética. — Cristina apontou.
Com isso, Meredith atacou. — Bem, todos nós estaríamos trabalhando com Preston Burke agora, mas você perdeu essa oportunidade, literalmente. O que exatamente você fez com ele? Porque ele deixou o estado para fugir de você.
— Quer saber? Por que você não aprende a calar a boca, Webber? — Helena gritou com ela.
Ela certamente não era amiga de Cristina, achava a garota desnecessariamente desagradável. Além disso, não é como se ela tivesse amigos, não no hospital. Não além de George. Mas ela não podia simplesmente sentar e observar a atitude de menina malvada de Meredith.
— Oh, ela fala! E inglês desta vez! — Meredith soltou ironicamente, April apoiando-a.
— Além disso, não acho que você tenha muito direito de falar em transar com alguém, não é, Campos? Acho que a garota de dezenove anos fala por si.
Com isso, Helena zombou, Cristina deixando escapar. — Boa. Se vocês duas querem ir para o lado pessoal, por que não perguntam ao Príncipe Encantado o que ele e a Virgem Maria gostam de fazer em seu escritório? Porque acho que ela não pode mais falar sobre ser a virgem perfeita.
— O quê?! Do que você está falando? — Meredith perguntou, sua voz estridente.
Com isso, o rosto de Helena estava confuso.
— Ela é uma lunática! V-você não pode acreditar em uma palavra do que ela diz, ela só... Vamos lá! — Alex contou para a noiva.
— April? — a loira perguntou.
Ao lado dele, April começou a chorar. — Sinto muito, sinto muito...
Quando Meredith saiu correndo da sala, Charles revirou os olhos. — Apenas atire em mim agora...
O pager de Helena tocou, a garota olhou para ele enquanto começava a sair da sala, enquanto murmurava baixinho. — Não tenho tempo para isso...
— Claro que não. — Jackson zombou. — Por que você teve uma conversa que não envolve cirurgia? Você sabe como?
— Nem todos nós temos tempo para conversar, Avery. Talvez seja por isso que eu sou o melhor da nossa classe e você não. — ela brincou, saindo da sala enquanto esfregava a nuca.
Ela não teve tempo para conversar. Ela tinha uma filha que ela realmente não queria, um trabalho que ocupava o resto do seu tempo e ela estava se afogando em dívidas médicas, então ela teve que trabalhar ainda mais horas.
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— Eu preciso de ajuda! — um homem gritou, segurando uma menina no colo enquanto Helena chegava ao pronto-socorro. — Ela estava deitada na rua, quase a atropelei.
— Alguém me traga um carrinho de emergência! — Helena gritou, o homem a colocou em uma cama de hospital enquanto ela gritava. — Pager Avery e Yang.
— O pulso é V-tach, onde está o carrinho de emergência? — o homem questionou, enquanto realizava a RCP na menina inconsciente.
— Nós conseguimos isso, senhor. — Helena disse a ele, agarrando os remos.
— Está tudo bem, sou médico. — ele contou a ela, Helena discutindo.
— Eu também, dê um passo para trás. — ela disse a ele. — Claro!
Quando a garota acordou, ele gritou. — Tacômetro sinusal, nós a pegamos!
Só então, Yang e Avery chegaram ao poço, Helena rapidamente os informou. — Ela estava inconsciente na estrada, o coração parou. Você a pegou?
— Sim. — Cristina assentiu, enquanto Helena respirava fundo, virando-se para o homem.
— Senhor, você tem um corte na bochecha. Deixe-me verificar isso para você. — ela perguntou, o homem sorrindo para ela.
— Só se você me chamar de Mark, querida.
★
Enquanto Mark se sentava na cama do hospital, Helena pegou um cotonete e colocou-o no ferimento do homem enquanto ele começava a limpar o rosto.
Olhando para os artigos que Helena tinha consigo, sentada ao lado deles, o homem leu. — Estenose hipertrófica do piloro em bebê prematuro... Tem algum paciente, leitura ou interesse, boneca?
Com isso, Helena ergueu uma sobrancelha. — Boneca?
— Bem, querida, você ainda não me disse seu nome. — ele justificou.
— O médico servirá. — Helena brincou, um tanto divertida.
— Oh vamos lá! — ele reclamou, enquanto Helena começava a limpar seu ferimento. — Eu já lhe disse meu nome, Mark Sloan. É justo que você me diga o seu.
A garota pareceu pensar por um segundo, antes de soltar. — Helena Campos. Mas respondendo a sua pergunta, só lendo por interesse. Sou residente de neurocirurgia, não de pediatria, Dr. Sloan.
— Dr. Sloan? — Mark levou a mão ao peito, fingindo dramaticamente estar ofendido. — Isso é simplesmente frio, Lee.
— Helena. Mas, especialmente para você, Dra. Campos. — ela disse a ele, colocando um curativo sobre o corte. No entanto, ela não pôde evitar deixar um canto de sua boca se curvar em diversão. — Tudo feito.
Mark se levantou, perguntando à garota. — Agora, você não saberia onde o Dr. Shepherd está, não é?
Depois de lhe dar algumas instruções, Helena virou-se para o lixo para jogar fora as luvas, com um sorriso suave nos lábios. No entanto, assim que ela percebeu, ela balançou a cabeça, repreendendo sua expressão de volta ao seu habitual neutro.
Mas, no fundo, ela percebeu uma coisa: esse estranho tinha sido uma das únicas pessoas que a fez sentir-se ela mesma por muito, muito tempo.
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