064
˖࣪ ❛ QUINTA TEMPORADA
— 64 —
TODOS OS RESIDENTES dormiam no quarto de Izzie, cada um em sua cadeira. Helena estava com as pernas contra o peito, quase em posição fetal enquanto respirava, a cabeça apoiada na mão. O momento de paz compartilhado entre todos os amigos chegou ao fim quando Bailey entrou na sala, Helena piscando repetidamente enquanto seus olhos focavam em seu chefe residente.
— Alguma mudança durante a noite? — Bailey perguntou enquanto todos os residentes se esticavam para se levantar.
— Não. — Cristina murmurou. Izzie ainda não tinha acordado depois da cirurgia no cérebro.
Quando Bailey pegou uma página, ela olhou para baixo, informando. — É o chefe. É melhor alguém fazer um café, vocês estão todos com cara de malucos.
Quando a mulher saiu, Helena calçou os sapatos, bocejando enquanto George falava. — Eu tenho que estar na cirurgia em dez minutos.
— E eu tenho rodadas. — a baixinha se levantou e esticou as costas, esticando o pescoço. — Você vai nos avisar, Mer?
— Sim. — a loira disse a eles quando os dois médicos saíram da sala.
— Você vai contar a eles? — Helena perguntou, puxando o cabelo em um rabo de cavalo enquanto caminhavam pelo corredor,
— Eu vou. Vou contar a Bailey primeiro, porém, dar a ela uma chance de se acalmar enquanto estou na cirurgia. E direi a Hunt também, ele é a razão pela qual me alistei, afinal. Mas, sim, vou. — George disse a ela, brincando distraidamente com o anel em seu dedo mindinho.
— Ótimo. Estou orgulhosa de você, Georgie. Meio que odeio a ideia de você no Iraque, mas, ainda assim, estou orgulhoso de você. — Helena disse a ele, endireitando a gola de seu jaleco enquanto seus olhos se enchiam de lágrimas. — Ok, eu deveria ir agora, antes que eu comece a chorar de novo. — ela riu, andando pelo corredor.
— Vai, vai ou vou começar a chorar também. — o menino avisou, rindo.
— Te vejo mais tarde, Georgie. — a garota desejou, caminhando pelo corredor ainda sorrindo com a conversa.
E essa seria a última vez que eles se veriam sãos e salvos.
★
Após as rondas, Helena encontrou Mark em um posto de enfermagem.
— Bom dia, querido. — ela disse a ele, pressionando um beijo em sua bochecha.
— Bom dia, querida. — ele respondeu com um sorriso. — O que você tem hoje?
— Estou monitorando a Izzie, ela acabou de acordar da cirurgia e ainda está meio nebulosa. Continua perdendo a memória de curto prazo... — Helena suspirou, pegando o café do homem para tomar um gole.
— Vai ficar tudo bem, Lee. Ela está em boas mãos. — ele a tranquilizou, dando um beijo em sua testa. — Agora, o que não está bem é o fato de você não dormir em casa há duas noites. Sinto sua falta. — Mark meio que sorriu, meio que sorriu para ela.
— Oh, Mark Sloan, pare de me olhar sujo no trabalho. — ela bateu na nuca dele, o homem movendo a mão para esfregá-la. — Vou compensar você hoje à noite, tudo bem?
Quando Mark pegou um pager, ele olhou para baixo, lendo em voz alta. — Trauma chegando. — uma vez que ele olhou para cima, ele sorriu novamente. — Promete?
— Prometo! Agora, vá, salve uma vida. — ela riu enquanto empurrava o homem para longe dela, olhando para baixo para atualizar o prontuário de Izzie.
No entanto, logo depois, ela foi chamada para uma sala de trauma por Shepherd, caminhando até o poço para atendê-la.
— Dr. Shepherd, seu pa... Whoa. — ela soltou a visão diante dela. Havia um homem sobre a mesa, completamente mutilado a ponto de ficar irreconhecível. — O que aconteceu?
— Homem contra ônibus. — Callie disse a ela, preocupação em sua voz.
— Ônibus ganhou. — Mark brincou, Helena lançando-lhe um olhar de repreensão enquanto os médicos trabalhavam.
— Você se importa? Ele parou na frente de um ônibus em movimento para que pudéssemos tirar uma mulher do caminho, ele é um herói. — Owen perguntou, claramente desconfortável com o comentário.
Balançando a cabeça, como se estivesse saindo de seu choque momentâneo, a residente baixinha perguntou. — Do que você precisa, Dra. Shepherd?
— Isso vai me manter ocupado, vou precisar de você para cuidar de Stevens. Exames periódicos, você sabe o que fazer. — Derek disse a ela enquanto trabalhava.
— Claro, eu tenho isso. Chame-me se você precisar de alguma coisa aqui. — a garota assentiu, virando-se para sair da sala.
No entanto, quando ela estava prestes a fazer isso, algo lhe disse para se virar e dar uma última olhada no homem sobre a mesa. Ao fazê-lo, olhando para o rosto inchado e mutilado de seu paciente, Helena respirou fundo como se para afastar sua ansiedade. Com isso, ela saiu da sala, o homem abrindo os olhos logo depois dela.
E essa seria a última vez que se veriam vivos.
★
Enquanto Helena e Alex se sentavam com Meredith e Cristina para almoçar, depois de algumas horas tentando fazer Izzie melhorar sua memória, Meredith perguntou, com a boca cheia.
— Como está Izzie? Ela está retendo alguma coisa?
— Não. — Alex murmurou.
— Oh, boas maneiras, Mer. — Helena fez uma cara meio enojada com a comida que viu na boca da amiga. — Engula primeiro, fale depois.
Enquanto Helena dava uma mordida em seu sanduíche, Callie e Bailey se aproximaram da mesa.
— Ok, às seis da tarde seu colega idiota George O'Malley terminará sua cirurgia com o chefe. — Bailey disse a eles, claramente um pouco zangado.
— E às seis da tarde vocês estarão ao nosso lado no corredor da sala de cirurgia, preparados para participarem de uma intervenção. — acrescentou Callie.
— Que companhia educada pode chamar de intervenção, embora eu não tenha certeza de que intervenções envolvam gritar com as pessoas. Com um cinto. — a outra mulher corrigiu.
— O quê? Ele tem um problema com a bebida agora? — Alex perguntou.
— Ele se juntou ao exército como cirurgião de trauma. — Helena suspirou, Callie, Bailey e Meredith olhando para ela, confusas sobre como ela sabia. — Ele me disse ontem à noite. Não significa que eu goste, mas é uma decisão dele. E como amiga dele, estou apoiando.
— O que? — Cristina perguntou, claramente surpresa.
— 007? Ele não pode ir para o exército, ele é o cara que morre! — Alex zombou.
— Ele é o cara que morre limpando a própria arma! — Cristina acrescentou.
— Você se importa se não falarmos sobre a morte de Georgie? Obrigada. — Helena perguntou, um pouco irritada com os amigos.
— Grey vai persuadi-lo a voltar como um amigo amoroso, Yang vai usar a lógica e a razão para apontar a idiotice de seus modos. Stevens fará olhos tristes de câncer e Campos, você dá a ele o olhar de mãe, o olhar de mãe sempre funciona. E se tudo isso não funcionar, Karev, você vai tirar o seu... Fui criado lá atrás com latas de lixo e simplesmente bati nele. — Bailey disse a ele, Alex concordando com a cabeça.
— Seis horas.
— Seis horas. — Bailey concordou.
★
Enquanto Helena lia um artigo, sentada em uma cama de hospital no corredor, ela mordiscou o lábio inferior. Mesmo que ela se sentisse aliviada por Izzie ter começado a recuperar sua memória, havia um sentimento dentro dela que ela não conseguia explicar. Um sentimento de ansiedade e pavor, como se algo terrível estivesse para acontecer. Distraída, ela brincou com o colar que George lhe dera, tentando se concentrar no artigo.
No entanto, ela foi tirada de seus pensamentos quando ouviu Bailey falando com ela. — Helena.
A cabeça da garota disparou do papel em suas mãos quando ela cutucou. — Dra. Bailey, ei! — no entanto, na expressão da mulher, seu rosto se sente e suas sobrancelhas se franzem. — O que é? O-o que há de errado?
— É George, Helena. Você precisa vir. — a residente disse a ela, Helena pulando da cama.
— O-o que aconteceu? — a garota perguntou, enquanto seu residente caminhava para a sala de cirurgia.
No entanto, como Bailey explicou, o som veio abafado para ela, quase como se ela estivesse debaixo d'água. Tudo o que ela conseguia entender era que eles achavam que o paciente do ônibus era George. Ao chegarem à sala de cirurgia, apesar dos pedidos de Bailey, Helena colocou uma máscara e correu para o quarto.
Ao fazer isso, ela encontrou a equipe da sala de cirurgia em todos os estados diferentes. Alguns estavam chorando, outros em silêncio e Callie hiperventilou em um canto enquanto Owen a segurava. Então, havia o corpo mutilado no meio. Corpo mutilado de George.
Ao ver diante dela, Helena sussurrou. — Q-quem é esse? — como a maioria de seus amigos olhavam para ela, ela repetiu, desta vez de forma mais audível. — Quem é esse?
— Lena, é o George. — Meredith disse a ela, sua voz suave.
— Seu ICP foi às alturas, fizemos tudo o que podíamos. — Derek disse a ela, sua própria voz calmante.
— Não. — Helena zombou, balançando a cabeça violentamente. — N-não n-isso é... Isso não é... — a garota respirou fundo, seus olhos cheios de lágrimas enquanto ela ajudava suas mãos trêmulas. Ela fechou os olhos por um segundo, seu lábio inferior tremendo enquanto tentava pensar. — E-ele está usando um anel de prata?
— O que? — Owen perguntou, sua voz firme.
— E-ele est... Ele está usando um anel de prata no dedo mindinho direito? — Helena perguntou, sua mão disparando para segurar o pombo que ela usava em volta do pescoço. — Um anel de prata com uma torção no topo?
Enquanto Meredith se movia para checar a mão direita do garoto, o coração de Helena batia em seus ouvidos, sua respiração se tornando cada vez mais superficial.
Diante da expressão de dor da loira, Helena cambaleou para trás, começando a hiperventilar enquanto sussurrava. — Oh, Deus! Oh, Deus, Georgie...
Assim, a garota tropeçou para fora da sala, imediatamente colocando as costas contra a parede do corredor enquanto hiperventilava, lágrimas rolando pelo rosto. À medida que sua respiração se tornava cada vez mais rápida, ela viu Mark e Lexie caminhando pelo corredor, o homem virando-se imediatamente para abraçar a namorada.
— Eu... Georgie... Isso é... — a garota soltou entre suas respirações, deixando-se deslizar para o chão enquanto Mark a segurava com força. As palavras que saíam da boca do homem, porém, chegavam abafadas a Helena, que não conseguia entendê-las.
Como ela só sentia seu ataque de pânico piorar, Helena perguntou, soluçando incontrolavelmente enquanto o mundo girava ao seu redor. — Mark... M-minha medicação... N-no meu armário.
Mark trocou um olhar com Lexie, que correu até a sala dos residentes para procurar os ansiolíticos das meninas. Por causa de seus soluços e ofegos, Helena se curvou e vomitou no chão, Mark puxando seu cabelo do rosto enquanto ela fazia isso.
Enquanto Helena levava uma mão trêmula para limpar a boca, Mark a segurou em seu peito, sussurrando para ela. — Eu sinto muito, Lee. Eu peguei você, você está bem, eu peguei você.
E lá eles ficaram pelos próximos minutos, até que os remédios de Helena fizeram efeito, o coração da garota ofegante e os gritos ecoando pelo corredor enquanto seu namorado a embalava.
★
Do lado de fora da sala da UTI que continha George, Mark segurou Helena ao seu lado, quase tentando protegê-la do que ela estava passando. A garota tinha a mão firmemente em torno de seu pingente de pombo, segurando-o como uma tábua de salvação. Ao redor deles, todos brigavam, pois alguns tentavam chamar de George, tentando provar que ele estava vivo.
— E-ele tem uma sarda. — Helena falou, sua voz áspera e cansada de antes. A menina estava um pouco grogue e cansada do remédio, mas isso significava que ela havia conseguido se acalmar. — Ele tem uma sarda grande e estranha na mão direita, com o formato do Texas. E-ele tinha o anel, mas se ele também tiver a sarda, saberemos com certeza. E-eu vou verificar.
Quando Helena entrou na sala, a atmosfera ao seu redor era fria, implacável, quase como se a própria morte estivesse respirando em seu pescoço. Aproximando-se do homem na cama, tudo o que Helena conseguia pensar era a mesma frase curta, repetindo-se em sua cabeça como uma oração.
Por favor, não seja George.
Helena deu um passo em direção à cama, posicionando-se ao lado direito do homem.
Por favor, não seja George.
Ela ergueu a mão direita do homem, passando a mão nas costas antes de girá-la, não ousando encará-la.
Por favor, não seja George.
Quando ela olhou para um certo ponto, o ponto que deveria ter a marca, ela o viu. Texas.
Com isso, o mundo inteiro de Helena desmoronou, a garota se inclinando para si mesma enquanto os soluços balançavam seu corpo. Contornando a multidão do lado de fora da sala, Mark segurou sua namorada, guiando-a para fora da UTI enquanto as lágrimas escorriam por seu rosto.
★
Helena sentou-se do lado de fora do hospital, sentindo a brisa da noite em seu rosto enquanto Mark terminava alguns pós-operatórios lá dentro, para que ele pudesse levá-la para casa. Lá dentro, ela sabia que estavam tirando os órgãos de George, para que ele pudesse doá-los.
Ela olhou para o horizonte, sentindo-se fisicamente exausta depois do dia. Respirando fundo, ela pegou o telefone e discou o número de George.
— Este é o telefone de George O'Malley. Não estou disponível agora, então... Bem, você sabe o que fazer. Deixe uma mensagem após o bipe. — sua voz podia ser ouvida do outro lado da linha.
— Ei, Georgie. — Helena começou, sorrindo ao ouvir a voz dele. — Eu... Bem, eu acho que isso é muito estúpido, não é? De qualquer forma eu só... Eu acho que eu queria dizer adeus. Você deve estar no céu agora, o-ou vai estar em breve. E vai ser ótimo para você, Georgie. — ela sorriu através das lágrimas que escorriam por seu rosto.
— V-você vai ver seu pai, e você vai ficar seguro e não vai sentir dor. Você vai ficar tão feliz. E-e, você sabe, se você ver meu pai, talvez diga oi, por mim? — Helena respirou fundo antes de continuar.
— De qualquer forma, eu só queria que você soubesse que vou ficar bem. Vai doer muito por um tempo, talvez para sempre, mas você não precisa se preocupar comigo, ok? Serei forte e prometo a você que eu vou superar isso. Eu vou sobreviver. E, talvez um dia, eu vou te ver de novo. Então você pode ir. Você pode ir sem ter que se preocupar. Eu sei que você vai estar olhando para mim, como você sempre fez. Eu te amo, Georgie. Voe alto, meu pombo. E adeus. Adeus por agora.
Quando Helena desligou o telefone, respirando no céu frio da noite, ela olhou para as estrelas. E, para o céu, para George e para si mesma, ela prometeu que não desistiria. Que ela passaria por isso e que um dia se tornaria uma grande cirurgiã, não só para si mesma, mas para os sonhos de George, que ele não conseguiu realizar.
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro