062
˖࣪ ❛ QUINTA TEMPORADA
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ENQUANTO HELENA E ARIZONA caminhavam pelo corredor, prontas para tratar o paciente do dia, elas conversavam. Por causa do interesse incansável do residente por cirurgia pediátrica, eles passaram muito tempo juntos e, por causa de suas personalidades compatíveis, elas rapidamente se tornaram amigas.
— Conhecer o pai de Calliope não estava em sua agenda para hoje. Ele parece ser o tipo de homem que precisa de um pouco de preparação antes de conhecer a namorada de sua filha. — Arizona disse a ela, rindo. — Você deveria ter visto o olhar em seu rosto.
— Eu só posso imaginar. Eu só espero que ele aceite bem, é uma merda quando sua família não pode aceitá-lo. — Helena soltou, suspirando. — Quero dizer, Georgie me contou sobre quando conheceu o pai dela, digamos, o homem não parece ser a pessoa mais calma.
— Sim, felizmente, ele parece traçar um limite ao jogar mulheres contra as paredes. — Arizona sorriu.
No entanto, nesse momento, o pai de seu paciente saiu da sala, avisando. — Dra. Robbins, é Jessica. Ela acabou de ter uma convulsão, ela não consegue respirar.
— Ela tem Tay-Sachs. — a atendente informou, correndo com sua residente para o quarto. — Precisamos colocar uma máscara nela e aumentar para 15 litros.
Fazendo o que foi dito, Helena pegou a máscara, colocando-a na boca da garota enquanto Arizona tentava acalmar a garotinha.
★
Depois de cuidar da criança, Arizona e Helena ficaram do lado de fora do quarto dela, onde a loira explicou.
— Tay-Sachs é sempre fatal em crianças. Geralmente na idade de quatro ou cinco anos. Ela tem seis. — diante disso, Helena lançou-lhe um sorriso triste, olhando para a menininha na cama do hospital.
— Falei com meu amigo que está cuidando da diversão de Jessica e ele me contou sobre este lugar no México. — o pai começou, esperançoso. — Eles fazem terapia experimental com células-tronco. Em algumas semanas, teremos dinheiro suficiente para...
— Matt, Jessica não tem algumas semanas. Eu acho que é bem possível que ela tenha apenas algumas horas. — Arizona explicou. — Nós conversamos sobre isso. Falamos muito sobre ele. E agora está aqui. E eu sei que é difícil, eu sei que é impossível. Mas nós fizemos tudo o que podíamos e você fez tudo o que podia.
— Não. Não, escute, tudo o que precisamos é de um pouco mais de tempo! — o homem discordou, chorando. — Ok, se você leu sobre esses tratamentos... — Matt deixou cair as folhas de papel no chão, sem querer, os dois médicos se abaixando para ajudá-lo a pegá-las. — Eu não quero te insultar, eu sei que você já fez de tudo. Só precisamos de mais alguns dias, ok? Eu só preciso de um pouco mais de tempo. Ela é uma lutadora, você sabe que ela é uma luta...
— Matt! — a loira o interrompeu. — Ela não vai chegar ao México. E eu sinto muito, mas a melhor coisa que você pode fazer agora é estar aqui.
— Não! — o homem gritou, jogando os papéis no chão enquanto Helena assistia, mordendo o interior de sua bochecha. — Você não me diga o que é melhor. Você não me diga. Vou encontrar uma maneira de levá-la para o México esta noite. Que vergonha por desistir dela. Que vergonha, Dra. Robbins.
O homem saiu furioso, deixando Helena chocada e Arizona com os olhos marejados para trás.
★
Enquanto comia uma maçã, Helena ouviu seu pager disparar, verificando se era um pager 911 de Arizona. Correndo rapidamente pelo corredor, ela encontrou a mulher na porta da sala dos funcionários.
— Dra. Robbins, o que aconteceu? Jessica está bem? — a garota baixinha perguntou, confusa sobre por que ela havia sido bipada.
— Sim, ela... Ela está bem. Este é um tipo diferente de emergência. É uma emergência espanhola. — o palco loiro sussurrou, movendo-se da porta para mostrar Callie divagando em sua língua materna. — Eu não falo espanhol, mas você fala. Traduza. — ela perguntou, claramente perdida para o que Callie estava dizendo.
—Traduzir? — a morena perguntou, Arizona assentindo enquanto observavam Callie andar de um lado para o outro. — Ok, ela está dizendo que seu pai a está arrastando para casa como se ela fosse uma criança, como se ela não pudesse tomar decisões adultas sobre sua vida e com quem passá-la... Oh, uau, esqueça, ela está falando muito rápido. — Helena sussurrou, arregalando os olhos. — E-eu peguei.
Cautelosamente, Helena se aproximou de Callie, que ainda divagava. — Y de repente, va a entrar así. Así va a entrar y decir me q-que no puedo... — (E de repente, ele vai entrar e me dizer que eu não posso...)
Agarrando o ombro da mulher, Helena falou com ela. — Callie, basta de español. Así, nadie te entiende y Arizona no te puede ayudar. Por eso, basta de español, ok? — (Callie, chega de espanhol. Dessa forma, ninguém pode te entender e a Arizona não pode te ajudar. Então, chega de espanhol, ok?)
— Meu pai está me levando para casa. Ele está falando com o chefe e está me fazendo largar meu emprego e meu relacionamento, que ele ainda não reconheceu que existe... — a mulher mais velha disse a ela.
Suspirando, Helena atendeu. — Você tem que dizer a ele que não pode, tente explicar que você está feliz com ela.
— Lena, não há nada que ele não tenha feito por mim. Ok? Nada! Ele pagou minha faculdade, ele pagou minha escola de medicina, tenho um fundo fiduciário enorme porque ele não quer que eu me preocupe com nada sobre ser um grande médico. Quero dizer, o homem fez muito para me apoiar durante toda a sua vida! — Callie deu de ombros, claramente chateada.
— Callie, apoiar você e respeitar ou aceitar você não são a mesma coisa. Você precisa dizer isso a ele. Tente fazê-lo entender que você não mudou, você ainda é a garotinha dele, a mesma que sempre foi. — Helena aconselhou, dando um sorriso suave para a amiga.
★
Enquanto Helena passava pelo quarto de sua paciente, ela viu que Jéssica estava acordada, entrando no quarto e dando-lhe um sorriso.
— Oh, olha quem está de pé.
— Onde está meu pai? — a jovem perguntou, sua voz áspera.
— Ele deve estar aqui em breve. — Helena sorriu e acenou com a cabeça para tranquilizá-la. — Como você está se sentindo? Quer um pouco de água?
— Eu quero meu pai! — Jessica disse a ela, com os olhos marejados.
— Está tudo bem, Jess. — a médica disse a ela, segurando sua mão e passando o polegar por ela. — Você sabe o que eu costumava fazer quando meu irmãozinho estava com medo, quando ele tinha mais ou menos a sua idade? — ela perguntou, a criança balançando a cabeça. — Eu costumava cantar para ele à noite. O que você acha que se eu cantar para você?
Ao aceno suave da menina, Helena deitou-se com a menina, colocando um braço em suas costas e cantando-lhe as sempre calmantes canções de ninar portuguesas. Elas ficaram nisso por quase uma hora, a garota voltando a dormir ocasionalmente. Assim que seu pai entrou na sala, acompanhado de Arizona, Helena lançou-lhe um leve sorriso.
— Ela está perguntando por você. — a residente informou, os olhos da garota se abrindo.
— Oi, bebê. — o homem abaixou-se para falar com a filha. — Adivinha só? Nós vamos para o México, e você vai adorar lá. O céu é tão azul e a areia é branca. E a água...
— Podemos ir amanhã papai? — a garotinha murmurou. — Eu estou tão cansada...
— Por que você não troca de lugar comigo, Sr. Smithson. Ela está perguntando por você, afinal... — Helena sugeriu, ainda acariciando levemente a cabeça coberta de gorro da garota.
— Tudo que eu preciso é uma feira de avião, e nós estaremos no nosso caminho. — o homem respondeu, saindo da sala enquanto Jessica aninhou a cabeça contra o peito de Helena, seus olhos trêmulos fechados mais uma vez. Diante disso, a residente fechou os olhos, lamentando que o pai não passasse as últimas horas da menina com ela.
O mesmo olhar pode ser lido no rosto de Arizona, que sugeriu. — Posso conseguir alguém para reviver você por um tempo. Tenho um procedimento agora que acho que você gostaria de assistir.
Helena assentiu enquanto se movia para se levantar. No entanto, uma vez que ela o fez, ela encontrou a mão da garotinha segurando seu top. Com isso, ela voltou a segurar a garotinha, sussurrando, para não acordá-la. — Estou bem, Dra. Robbins. Estou bem.
Quando a atendente saiu, Helena continuou cantando e sussurrando no ouvido da garotinha, uma lágrima rolando por sua bochecha.
Algumas horas depois, quando o pai de Jessica voltou para o quarto, o homem disse a Helena. — Liguei para oito organizações e eles têm uma lista de espera para fundos de emergência, não sei o que fazer...
— Sr. Smithson... É hora de parar agora. — Helena sussurrou.
— Talvez se formos ao aeroporto eles nos deixem embarcar. As pessoas fazem coisas assim, certo? Para uma criança doente?
— Sr. Smithson... — a médica chamou.
— Não, por favor, não me faça parar. — o homem perguntou agressivamente, com lágrimas nos olhos. — Ok? Por favor, não me faça parar.
— Eu também não gostaria de parar, mas Jessica está em estado terminal. Em alguns minutos, seu coração vai parar. E nas últimas horas, fui eu quem a segurou. Em alguns minutos, ela vai morrer, e a última pessoa a segurá-la pode ser eu. Ou pode ser você, Sr. Smithson. Porque ela precisa de você agora, ela precisa de seu pai. — Helena disse ao homem enquanto ele chorava.
Nesse momento, a garotinha acordou, perguntando. — Papai? Vamos para o México?
Ocupando o lugar de Helena, Matt deitou ao lado da filha enquanto o médico se levantava, observando a família de um canto do quarto.
— Sim. Nós estamos indo para o México. Onde a água é azul, e a areia é branca... E a água é tão clara que você pode ver o fundo. Nós estamos indo, só você e eu. Sem mais médicos, sem mais remédios, sem mais hospitais. Só você e eu. — o homem disse a sua filhinha, segurando-a enquanto ele chorava. Nesse momento, o monitor cardíaco da garota começou a apitar, sinalizando que seu coração havia parado. — Nós vamos. Relaxe e logo estaremos aí. — Helena se aproximou do monitor, desligando o bipe enquanto uma lágrima rolava por sua bochecha. — Vamos brincar na praia o dia todo e fazer castelos de areia. Vamos, logo estaremos lá, você vai ver. E vamos nos divertir muito. Só você e eu.
Enquanto o homem chorava no peito de sua filhinha, Helena observou, algumas lágrimas rolando por seu rosto enquanto seu coração doía.
★
Quando Helena foi até a casa de Meredith, ela encontrou Lexie e Meredith sentadas na mesa de jantar. Com um suspiro, ela caiu ao lado delas.
— Hoje foi uma merda.
— O que aconteceu? — Lexie perguntou, claramente preocupada, enquanto mastigava um doce.
— Eu segurei uma criança de seis anos o dia inteiro. Eu a segurei, a abracei e cantei para ela enquanto ela morria. Ela morreu bem na minha frente e não havia nada que eu pudesse fazer a respeito. — a garota explicou, com lágrimas brotando em seus olhos mais uma vez.
Com isso, Meredith encheu uma taça de vinho e deu para sua amiga, que lhe deu um olhar questionador. — Você precisa disso. — a loira explicou. — Afinal, estou tendo um grande casamento. Acho que não vai ser tão ruim. — Meredith pegou Helena, sentando-se na mesa.
— Só estou triste por não poder ver você usando o vestido. Quer dizer, vou ver você da multidão, o que é bom, mas gostaria de poder ver de perto. — Lexie soltou, ainda comendo sua barra de chocolate.
— Você é minha irmã, Lexie. Você está no casamento. — Meredith sorriu para ela.
— Oh meu Deus! Eu vou ser uma dama de honra? — a estagiária perguntou, seu sorriso largo enquanto Helena tomava um gole de sua bebida.
— Você vai ficar ao lado de Lena. — a loira sorriu para a amiga, que tomou um gole de seu vinho.
— Oh meu Deus, eu não sei o que dizer!
— Bem, você deveria esperar para ver o que Izzie escolheu para você vestir. Então você terá muito a dizer. — a garota mais velha disse a elas, rindo.
— Oh, realmente não é tão ruim. — Helena riu de volta, suspirando depois. — Parece que foi ontem que eu tive que assegurar a Lex que, no fundo, no fundo, você não a odiava.
Com isso, as três garotas riram, enquanto Mark e Derek entravam na cozinha.
— Você quer uma cerveja? — Derek perguntou a seu amigo.
— Muito. — Mark respondeu, enquanto se aproximava de Helena para pressionar um beijo em sua testa. — Você está bebendo vinho tinto, querida? — ele perguntou, desconfiado. A baixinha não bebia muito e, quando bebia vinho, era sempre branco.
— Sim. Perdi um paciente hoje. Sabíamos que ela estava morrendo e não havia nada que pudéssemos fazer a não ser assistir isso acontecer. — a garota disse a ele, olhando para sua bebida.
— Sinto muito, querida. — ele disse a ela, pressionando-a em seu lado. — Você está bem?
— Na verdade não, mas estarei. Apenas explica o vinho. — ela riu, fazendo sinal para Mark seguir Derek. — Agora, vão, vocês não querem perder o jogo.
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