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˖࣪ ❛ TERCEIRA TEMPORADA
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ENQUANTO AS ESTAGIÁRIAS estavam sentadas em um posto de enfermagem, elas observavam Thatcher Grey, o pai de Meredith, que estava no hospital para visitar sua nova neta.
— Como estou relacionado com aquele homem? — Perguntou Meredith.
— O que você quer dizer? — Cristina olhou para ela.
Nesse momento, ele derramou um pouco de café no chão. — Olhe para ele, está uma bagunça.
— Sim. — Izzie concordou.
— Ele é um desastre. Ele é um desastre gaguejante, resmungando e desajeitado com quem eu não tenho nada em comum. Nada. — As outras três garotas trocaram um olhar.
Helena soltou uma risadinha. — Então, Mer, você sabe aquela coisa de resmungar nervoso que você faz?
— O que? — Ela perguntou, sua voz aguda.
— Você faz sua própria parte de gaguejar. — Cristina concordou.
— Sim, na verdade é muito parecido com ele. — Izzie as apoiou.
— Não, não é. — Ela negou.
— Além disso, aquela coisa bagunçada. — Helena disse, assentindo.
— Cristina é a bagunçada!
— Não, meu apartamento é bagunçado, meu armário é bagunçado, mas eu não sou bagunçada. Às vezes você tem comida e outras coisas no cabelo. — A mulher asiática refutou.
— E bandaids em seu rosto. — Acrescentou Izzie.
— Oh, eu ainda posso ver aquela marca da tira do nariz que você estava usando na noite passada. — A baixinha apontou, olhando para o nariz de sua amiga.
— Você... — A loira virou-se para Cristina, cobrindo o nariz. — Está em um relacionamento sem palavras. E você... — Ela olhou para Izzie. — Você é uma milionária em sapatos de vinte dólares. E, você, Lena, você... — Helena ergueu uma sobrancelha, como se desafiasse a mulher a continuar. — Você... Oh, você sempre tem sua vida em ordem, tanto faz, você entendeu.
Helena sorriu docemente para ela quando a garota saiu, rindo para si mesma.
★
Enquanto Helena caminhava para o posto de enfermagem, ela encontrou Mark já lá. — Bom dia, Dr. Sloan.
— Bom dia, Lee. — Ele respondeu secamente. A falta do habitual sorriso malicioso ou provocação brincalhona, no entanto, incomodou Helena, que franziu as sobrancelhas.
— Você está bem? — Ela perguntou, olhando para o homem.
— Sim, eu estou bem. — Ele pegou seus prontuários e saiu, deixando uma Helena preocupada para trás.
No entanto, quando ela viu Callie andando até ela, ela se juntou a residente. — Bom dia, Cal — Ela sorriu.
— George me beijou. A urina do pai dele era boa e ele me beijou. Ele me beijou, segurando um saco de urina, ele me beijou. — A mulher disse a ela, segurando um café.
— Mark está estranho. Ele... Não está sendo sedutor e levemente inapropriado, ele está sendo... Estranho. — Ela exalou quando as médicas se aproximaram do refeitório e se sentaram ao lado de Addison.
— George beijou Callie. — A estagiária disse a atendente.
— Sim, em um minuto ele está segurando um saco de urina, no próximo ele está me beijando. — A residente mexeu seu café. — Acha que ele está pirando por causa do pai?
— Eu não sei, talvez não tenha muitas esperanças? — A baixinha sugeriu.
— Você está certa, ele provavelmente está apenas surtando, eu não deveria prendê-lo a isso.
— O que? — Addison perguntou, finalmente levantando os olhos de seu computador.
— Você não acabou de ouvir uma palavra do que eu disse? Estou abrindo meu coração aqui. Caramba, é tudo sobre você, não é, é tudo sobre Addison. — A mulher mais alta disse, brincando.
No entanto, Helena percebeu o quão estranha a ruiva parecia. — Você está bem aí, Addy?
— Eu abortei o bebê de Mark. — Ela cuspiu.
— É tudo sobre você. O chão é todo seu. — Callie disse a ela, Helena assentindo.
— Cerca de oito meses atrás eu... Fiz xixi em um palito. E eu nem ia dizer a ele, mas então eu... Contei a ele. E, hein, ele saiu e comprou esse macacão louco dos Yankees e um calendário e marcou a data de nascimento. Que, devo mencionar, era hoje. — A ruiva disse a eles.
— Você não queria um bebê? — Callie perguntou.
— Eu queria Derek. Eu queria ter um bebê com Derek. Eu nunca pensei que acabaria sozinha.
— Ei! Você não acabou em lugar nenhum. — Helena a tranquilizou.
— Você está certo, eu sei, é só que... — Lágrimas encheram seus olhos. — Às vezes parece assim, você sabe. Esta é uma dessas semanas, parece assim. — Helena deu um tapinha em seu ombro enquanto a mulher chorava.
— Pelo que vale, foi sua escolha. Não importa se Mark discordou e não importa o quão difícil possa ter sido para ele, foi sua escolha. E não há vergonha em ter feito isso, ok? — A baixinha disse a ela.
Depois de se acalmar um pouco, a atendente se virou para ela. — Como você sempre tem o melhor conselho? Quer dizer, você tem 21 anos, você é praticamente um feto, eu deveria estar te aconselhando. — A ruiva riu.
— Bem, às vezes parece que eu vivi mais do que isso. E, pelo que vale a pena, você não está sozinha. Eu tenho... — A garota limpou a garganta, baixando a voz. — Eu tive que tomar a mesma decisão que você no passado e... Bem, eu sei que é tudo menos fácil.
Callie olhou para a garota, um pouco surpresa. — Você não queria filhos, Lena?
— Sim. Eu realmente quero. Mas eu... — Ela abriu um sorriso de lábios apertados. — Vamos colocar assim, não foi consensual, então não pude fazer. Quer dizer, eu tinha dezenove anos, era praticamente uma criança, e para carregar um fruto do meu trauma... — A estagiária a sacudiu cabeça, quase se forçando a sair de sua tristeza atual. — De qualquer forma, o que quero dizer é que eu entendo e estou aqui para você, ok?
★
Mais tarde, Helena entrou no posto de enfermagem enquanto George se aproximava do Chefe e Bailey.
— Por que você fez isso? — O menino perguntou, agressivo, fazendo a cabeça de Helena disparar. — Por que você fez a cirurgia quando viu que o câncer se espalhou?
— George... — Bailey sussurrou.
— Ele pediu para você, certo? — O estagiário perguntou a ela enquanto Helena fechava seu prontuário e observava a situação se desenrolar, preocupada. — Ele pediu para você fazer isso, não importa o quê?
— Temos que honrar os desejos do nosso paciente. — O Chefe disse a ele, a estagiária morena se aproximando. Ela podia ver a dor nos rostos de George e Bailey, o primeiro sentindo-se traído e a segunda odiando ter que mentir para o garoto.
— Você disse que seria honesta comigo. Ele poderia ter vivido por semanas, meses... Nós poderíamos ter tido meses com ele! Minha mãe poderia ter tido meses com ele! — Ele começou a gritar, Helena se aproximando do menino.
— Georgie... — Ela sussurrou.
— Ele queria lutar contra o câncer. — O Chefe disse a ele, sua voz firme.
— Ele não sabia de nada! — George gritou, com lágrimas nos olhos. — Você sabia melhor!
— George, Georgie... Vamos, ok, vamos. — A estagiária baixa colocou a mão em seu ombro.
— Você não teria feito isso. Você não deveria ter feito isso. — O menino gritou por cima do ombro, já sendo guiado pela amiga.
Assim que eles viraram uma esquina, George caiu em seus braços, ambos sentados em uma cama de hospital enquanto ele soluçava no peito de seu amigo.
— Shhh. — A garota baixinha o acalmou, passando os dedos pelo cabelo dele entre os soluços. — Eu sei, eu sei... Eu tenho você.
★
Enquanto Helena caminhava pelos corredores, mais tarde naquele dia, ela encontrou Mark sentado em uma cama de hospital, aparentemente imerso em pensamentos. Aproximando-se dele com um sorriso triste, ela se sentou ao seu lado.
— Oi, Dr. Sloan. — Ela cumprimentou.
— Lee. — Ele voltou, sem entusiasmo.
— Então, hum, espero não estar me intrometendo, mas eu... Bem, eu percebi que você parece um pouco deprimido e eu só... Eu queria te dizer que estou aqui para você, Mark. — Ela sussurrou.
A respiração do atendente ficou levemente presa na garganta ao usar seu primeiro nome. Ele já havia gostado da companhia da garota e de suas provocações, ele até chegou a dizer que ela era provavelmente a coisa mais próxima que ele tinha de um amigo aqui em Seattle. No entanto, ouvir a doce garota usar seu primeiro nome trouxe à tona os sentimentos que ele estava tentando tanto ignorar. Mark Sloan tinha sentimentos por Helena Campos, sentimentos sobre os quais tinha medo de agir, não querendo machucar a garota inocente. Ele não era bom o suficiente para ela.
— Obrigado, Lee. — Ele disse a ela, sorrindo, enquanto sua mão segurava a dele com conforto. — Você sabe, eu... — Ele começou, baixando a voz para um sussurro. — Eu deveria ter sido pai esta semana. É só que... Eu queria ser pai, sabe? Embora agora eu esteja começando a pensar que não seria bom nisso.
— Addison me disse. — Admitiu Helena. — Eu... Eu sinto muito. Se vale a pena, eu acho que você teria sido um ótimo pai. Você se lembra de Jake, aquele menino que operamos na primeira vez que você visitou o hospital? O menino com displasia craniodiafisária? — O homem acenou para ela. — Ele era um dos meus pacientes favoritos. — Ela sorriu tristemente, olhando nos olhos do homem. — De qualquer forma, ele costumava dizer que tinha olhos grandes, que eles podiam dizer muito sobre alguém. Os seus me dizem que você seria um bom pai, que você é um bom homem.
O homem sentiu seus sentimentos ficarem mais fortes enquanto tentava ao máximo não beijar a jovem na frente dele. — Mesmo debaixo de toda essa beleza e puro talento? — Ele brincou, sorrindo para ela, em uma tentativa de limpar o ar.
— Mesmo debaixo de toda a arrogância. — Ela o cutucou de brincadeira.
★
Na manhã seguinte, Helena e Izzie estavam tomando café na cozinha assim que Meredith entrou.
— Onde está Derek? — A ex-modelo perguntou.
— Ele dormiu na casa dele. Eu realmente ronco?
— Bem, eu cresci perto de uma rodovia, então isso realmente não me incomoda, mas sim, você incomoda. — Izzie disse a ela.
— Você se lembra do meu irmão, Daniel, ele veio nos visitar no Dia de Ação de Graças? Dormimos no mesmo quarto por quase um ano quando éramos mais jovens e ele também roncava. De alguma forma, você está pior. — Helena riu entre goles de sua bebida.
— Você conseguiu dormir na noite passada? — Meredith perguntou a eles.
— Não, eu fiquei assando e limpando o chão do banheiro no caso de George querer deitar nele. — A loira respondeu.
— Terminei um livro de 900 páginas sobre genética, então a resposta é não. Também escrevi muito. Alguns sobre isso, outros sobre nada em particular, mas escrevi muito. — Helena contou-lhes.
— É estranho, eu tenho todo esse dinheiro... Eu tenho todo esse dinheiro e eu gastaria cada centavo dele para salvar George do que ele está prestes a passar, mas não posso. É inútil. Então eu fiz doces.
— Bem, doces são bons. — Meredith disse a ela enquanto Helena assentiu.
— Todos nós fazemos o melhor que podemos.
★
Enquanto George e sua família desconectavam seu pai das máquinas que o mantinham vivo, os internos e Callie ficaram do lado de fora da sala, em silêncio. Assim que o menino saiu, com o rosto molhado de tanto chorar, eles o olharam, igualmente calados. Logo atrás, Helena começou a seguir, antes que a mão de Cristina em seu ombro a impedisse.
— Eu tenho isso, Baby Einstein. — Sua amiga lhe disse.
Assim que ela chegou em casa, no final de seu turno, ela encontrou George deitado em sua cama, olhando para o teto. Batendo suavemente na porta, ela entrou, deitando-se ao lado dele.
Depois de alguns momentos de silêncio, o menino falou, com lágrimas nos olhos. — Como você fez isso, Lena? Depois de perder seu pai, como você fez isso?
— Eu não... Eu realmente não sei. No começo, parecia impossível continuar... Vivendo sem ele. Então eu apenas tentei me concentrar no minuto seguinte. Eu disse a mim mesma que se eu pudesse no minuto seguinte, eu estava bem. Então, com o tempo, comecei a pensar no dia seguinte, ou na próxima semana. E aos poucos fui descobrindo um jeito de viver, de existir, mesmo sem ele. Ela olhou para o menino deitado ao seu lado. — Foi quando comecei a escrever também, quando descobri meu amor pela poesia e pela literatura em geral. Eu escrevia cartas para o meu pai todos os dias. Ainda escrevo, às vezes, quando me sinto muito perdida. orar de verdade. Eu nunca o fiz, não sei como. Então, acho que escrever para meu pai é minha pequena maneira de ter fé, de falar com algo maior do que nós.
O garoto ao lado dela deu um sorriso triste, sussurrando. — Obrigado, Lena. Por tudo, obrigado.
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