001
˖࣪ ❛ PRIMEIRA TEMPORADA
— O1 —
HELENA SORRIU PARA si mesma enquanto caminhava pelos corredores do hospital com seus colegas internos. Era isso, seu novo local de trabalho, sua nova vida, seu futuro.
Enquanto o Doutor os conduzia ao vestiário, ela olhou ao redor. Aqui é onde você vai guardar suas coisas, trocar de roupa e tomar banho. Há muitos de vocês, então certifique-se de pegar apenas um armário para cada um.
Como a maioria dos outros internos correram para olhar ao redor, Helena ficou na parte de trás. Ela sabia que passaria muito tempo naquela sala, não havia pressa em tentar ver. Parecia que outro estagiário teve a mesma ideia, ao ver um homem de cabelos cacheados parado ao lado dela.
— Não precisa se apressar, vamos ver isso pelo resto do ano, certo? — Seu colega estagiário perguntou a ela em um tom abafado e foi recebida com um sorriso e um aceno de cabeça. Ela tinha sido acusada de ser intimidadora antes, quando sua cabeça estava no jogo, mas no fundo ela sempre foi uma pessoa carinhosa.
— Exatamente. Eu sou Helena Campos, a propósito. Você? — Ele deixou seus olhos mais leves sobre ela por um pouco mais do que o normal, e mal conseguiu conter um sorriso ao responder.
— George O'Malley. Prazer em conhecê-la, Helena.
★
O grupo estava agora no corredor, na porta de uma sala de cirurgia, onde o doutor Webber os esperava. Todos deveriam, por saber, reconhecer o homem como o chefe da cirurgia: se não o fizeram, então já estavam atrasados.
Helena de repente ouviu a porta atrás dela abrir e fechar, vendo uma loira entrar, tentando não ser notada. Atrasar-se certamente não era uma boa maneira de começar o estágio, ela pensou consigo mesma. A própria jovem morena havia chegado meia hora antes, pois sua ansiedade não lhe permitia dormir muito. No entanto, ela não podia deixar de sentir pela garota.
— Não se preocupe, você não perdeu muito. Apenas um passeio pelo refeitório e vestiários. Eu sempre posso te mostrar onde eles estão mais tarde. — Ela sussurrou para a mulher com seu leve sotaque, tentando oferecer algum conforto. Pareceu ajudar, pois a garota mais alta olhou para ela com um sorriso agradecido e um suspiro de alívio.
Quando o grupo entrou na sala de cirurgia, uma sensação de paz e tranquilidade tomou conta da estrangeira. Este era um sentimento raro para ela, o que apenas reforçava que ela estava onde deveria estar. O grupo se espalhou pela sala e Helena se aproximou da mesa de operação. Em pouco ou nenhum momento, ela poderia estar cortando alguém nesta mesma sala, salvando sua vida.
— Cada um de vocês vem aqui hoje esperançoso, querendo entrar no jogo. — Ela ouviu a voz firme, mas calma de seu agora chefe. — Há um mês você estava na faculdade de medicina, sendo ensinado por médicos. Hoje, vocês são os médicos. — A baixinha sorriu para si mesma. Ela era médica, estagiária de cirurgia em um dos melhores programas dos Estados Unidos. Naquele momento, todo o trabalho duro e longas noites de estudo valeram a pena. — Os 7 anos que você passa aqui como residente cirúrgico serão os melhores e os piores de sua vida. Você será levado ao limite. Olhe ao seu redor, diga olá para a competição.
Helena olhou para os rostos ao seu redor: alguns pareciam assustados, alguns excitados e outros combinavam com sua própria expressão de determinação. Ela reconheceu alguns que ainda não tinham nomes e outros estavam sendo vistos pela primeira vez. Seus olhos se encontraram com os de George por um segundo, antes de cair sobre a mulher com quem ela havia falado mais cedo.
— Oito de vocês vão mudar para uma especialidade mais fácil, cinco de vocês vão quebrar sob a pressão, dois de vocês serão convidados a sair. Esta é a sua linha de partida. Está é a sua arena. Quão bem você joga. — A determinação de Helena se intensificou e ela levantou a cabeça levemente, enquanto as palavras do chefe ecoavam em sua cabeça.
Está era sua arena. E ela ia mostrar a todos do que ela era feita.
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Já no vestiário visitado anteriormente, Helena tinha acabado de puxar a blusa por cima da manga longa cinza, quando ouviu uma moradora chamando alguns nomes. — Ok, Martin, Robinson, Bond, Hawkins. — Ela já sabia que estava a serviço da Dra. Bailey, embora ainda não soubesse quem era a médica.
Puxando o cabelo em um rabo de cavalo, ela fechou o armário e olhou ao redor do vestiário ocupado. Quando ela viu George, ela sorriu para si mesma e se aproximou dele lentamente. — É George, se bem me lembro? Conversamos mais cedo? — Ela perguntou enquanto mexia com os dedos.
— Oh Olá! — O menino respondeu, um pouco assustado. — Sim, e você é Helena, certo? — A garota assentiu com um sorriso tenso.
— Você sabe com qual residente você está? Eu chamei a Dra. Bailey, ouvi dizer que eles os chamam de nazistas.
O sorriso de George pareceu desaparecer um pouco quando ele perguntou com uma voz aguda. — O-o nazista?! Bem, isso é um inferno de um apelido.
Ela riu baixinho do pânico dele, antes de se distrair com a loira que estava atrasado. — Apenas seis mulheres em vinte. — Ela apontou, ao que uma mulher asiática ao lado dela respondeu. — Sim, ouvi dizer que um deles é um modelo. Sério, isso vai ajudar com a coisa do respeito?
Helena ergueu a sobrancelha em seu tom levemente crítico e se aproximou do par. — Aposto que ajudou com a coisa dos empréstimos. — Ela sugeriu.
— Vocês são Cristina e Helena, certo? — Ambos assentiram. — Eu sou Meredith. A qual residente você está designada? — perguntou a loira.
— Eu tenho Bailey. — Ambos responderam em uníssono.
— O nazista? — A loira perguntou enquanto ela sorria levemente. — Eu também.
— Você pegou o nazista? Eu também. Pelo menos seremos torturados juntos, certo? Eu sou George O'Malley. Uh, nós nos conhecemos na festa. Você estava com um vestido preto com um deslizamento na lateral, sandálias de tiras, e... — Helena franziu as sobrancelhas ligeiramente enquanto ele falava, tentando esconder um sorriso enquanto as outras duas mulheres trocavam um olhar. — Agora você acha que eu sou gay. — Foi quando a morena mais baixa não aguentou mais e soltou uma risadinha abafada. Ela colocou a mão em seu ombro para impedi-lo de continuar falando, mas não pareceu funcionar. — É- é só que, uh, você sabe, você foi- quer dizer, você foi muito... Inesquecível.
— O'Malley, Yang, Grey, Campos, Stevens. — Eles ouviram seus nomes sendo chamados e Meredith e Cristina saíram, deixando George e Helena para trás. — E eu sou totalmente esquecível. — George murmurou baixinho, ganhando um tapinha nas costas de seu novo amigo.
Enquanto caminhavam em direção a sua nova moradora, Helena parecia ser a única que não estava surpresa. A nazista era uma negra baixinha, com um olhar intenso. — Esse é o nazista? — Perguntou a mulher de cabelo encaracolado.
— Achei que o nazista seria um cara. — Apontou George com os olhos semicerrados.
— Claro que não. Eles nunca dariam esse apelido a um homem, provavelmente o elogiariam por ser intenso e rigoroso. — Respondeu Helena, ganhando um aceno de cabeça de Cristina. Ao olhar para sua nova residente, ela estava esperançosa de que seria uma boa professora, apesar de sua reputação assustadora.
— Eu pensei que o nazista seria... Um nazista. — Disse Meredith. Ela sentiu outra presença ao lado dela, olhando para ver uma mulher loira alta que ela só podia supor ser Stevens. Helena tinha quase certeza de que era a modelo, mas decidiu não comentar por respeito.
— Talvez seja ciúme profissional. Talvez ela seja brilhante, e eles a chamam de nazista porque estão com ciúmes. Talvez ela seja legal. — Disse a estagiária que acabara de se juntar a eles, esperançosa.
— Deixe-me adivinhar, você é o modelo? — Inquiriu a mulher asiática, para a qual Stevens deu um olhar irritado.
— Oi, eu sou Isobel Stevens, mas todo mundo me chama de Izzie. — Enquanto o grupo se aproximava de seu novo morador, a loira tentou se apresentar, estendendo a mão. Helena não podia ver isso indo bem. Em sua experiência, os residentes não tendiam a gostar de estagiários ansiosos. Claro, Bailey não acabou sendo uma exceção.
Dra. Bailey olhou para a garota na frente dela com um olhar vazio, sem devolver o aperto de mão. Ela olhou para o resto de seu grupo, como se julgasse seu potencial.
— Eu tenho cinco regras, memorize-as. Regra número um, não se incomode em chupar. Eu já odeio você, isso não vai mudar. — Helena inclinou a cabeça ligeiramente, como se tentasse descobrir se seu superior realmente quis dizer essas palavras.
— Protocolo de trauma, listas telefônicas, pagers. — Ela explicou apontando para seu novo equipamento. A morena rapidamente agarrou o dela e seguiu a Dra. Bailey pelo corredor, prendendo seu pager no cós de seu uniforme. Ela estava logo atrás de sua moradora, ao lado de Cristina.
— As enfermeiras vão te chamar. Você responde a cada página de uma vez, de uma corrida. Essa é a regra número dois. Seu primeiro turno começa agora e dura 48 horas. Vocês são estagiários, grunhidos, ninguém, o fundo da cadeia alimentar cirúrgica.
Continuou a mulher na frente deles, pouco mais baixa que Helena. — Você administra laboratórios, escreve pedidos, trabalha a cada duas noites até cair e não reclama.
Eles haviam chegado a uma sala de plantão, onde o discurso continuou. — Quartos de plantão. Atendendo a eles. Durma quando puder, onde puder, o que me leva à regra número três. Se eu estiver dormindo, não me acorde, a menos que seu paciente esteja realmente morrendo. Regra número quatro, É melhor que o paciente moribundo não esteja morto quando eu chegar lá. Você não só terá matado alguém, como teria me acordado sem um bom motivo.
Helena assentiu rapidamente, mas levantou a mão lentamente. — Você disse cinco regras? — Perguntou a menina morena e Meredith, de pé ao lado dela, a completou. — Foram apenas quatro.
O pager da Dra. Bailey começou a apitar e ela olhou para ele. — Regra número cinco. Quando eu me movo, você se mexe. — Disse sua residente antes de correr pelo corredor, com um grupo de estagiários correndo atrás dela.
Seu turno de 48 horas havia começado oficialmente.
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No almoço, Helena sentou-se ao lado de George e Cristina, desembrulhando rapidamente seu sanduíche e dando uma mordida. — Katie, paciência minha e de Meredith, é oficialmente uma das adolescentes mais irritantes de todos os tempos. Tentei acalmá-la sobre seu concurso e ela sugeriu que eu usasse maquiagem. — Ela disse com um revirar de olhos. — Lembra-me dos meus colegas quando eu tinha onze anos.
— Espere, você foi para a escola de quinze anos com onze? — Perguntou George surpreso.
— Sim, eu pulei quatro anos de escola quando criança. Comecei um ano antes e depois pulei a 3ª, 4ª e 5ª série. — Ela respondeu, ganhando um olhar surpreso, mas principalmente impressionado de todos os seus colegas estagiários.
— Quantos anos você tem? Dezoito? — Perguntou Cristina com as sobrancelhas franzidas e um olhar sarcástico.
— Vinte e um. De qualquer forma, tenho certeza que ela me odeia. — Disse a garota mais baixa, dando outra grande mordida em seu sanduíche. Olhando para Izzie, ela percebeu que a loira estava brincando com sua comida. — Você realmente deveria comer, você sabe. Ajuda a manter sua energia alta.
— Eu não posso. — Ela respondeu com um olhar ligeiramente desgostoso.
— Este turno é uma maratona, não um sprint, coma — George a apoiou. — Você deveria comer alguma coisa.
— Você tenta comer depois de fazer dezessete exames retais. O nazista me odeia! — Helena tomou um gole de água com um olhar compassivo.
— O nazista é um residente. Tenho atendentes me odiando! — Reclamou George antes que a morena pudesse intervir.
— Ah, vamos lá. Residentes e atendentes devem ser duros conosco, ao contrário de pacientes adolescentes, que podem realmente odiá-lo por não parecer que você saiu direto de um show de concurso. — Helena respondeu, ainda entretida com a comida.
— Você sabe que Meredith é consanguínea? — Cristina entrou na conversa.
— Não é incomum por aqui ser filho de um médico- — argumentou George antes de ser interrompido.
— Não, ela quer dizer realmente pura. Sua mãe é Ellis Grey.
Helena respondeu, tendo feito sua pesquisa.
— Cala a boca! O Ellis Grey?! — Izzie deu-lhes um olhar surpreso.
— Quem é Ellis Grey? — perguntou George, confuso.
Enquanto Cristina e Izzie riam, Helena tentou explicar. — Oh Georgie, o método Grey?
— Onde você estudou, México? — perguntou Cristina.
— Ok, em primeiro lugar, rude. Em segundo lugar... — Enquanto Helena continua explicando, com alguma ajuda para as outras mulheres, Meredith sentou-se com elas, batendo sua bandeja na mesa.
— Katie Bryce é um pé no saco. Se eu não tivesse feito o juramento de Hipócrates, eu a kevorkian com minhas próprias mãos. — Enquanto todos olhavam para ela, ela perguntou, confusa. — O que?
— Quero dizer, sim, mas acho que ela está apenas chateada e um pouco mimada. Ela claramente não está acostumada a não conseguir o que quer. — Respondeu a morena, tentando simpatizar com a adolescente enquanto comia algumas batatas fritas.
A conversa foi logo interrompida pelo Dr. Burke, chefe do departamento de cardio, que falou com clareza e com uma certa arrogância que incomodou Helena. — Boa tarde, estagiários. Está postado, mas pensei em compartilhar a notícia pessoalmente. Como sabem, a honra de realizar a primeira pesquisa é reservada ao estagiário que se mostrar mais promissor. — Cristina se mexeu, enquanto Helena e Meredith se animavam em seus assentos. — Como estou administrando a sala de cirurgia hoje, eu tenho que fazer essa escolha... George O'Malley! Você vai fazer uma apendicectomia está tarde. Parabéns.
— Eu?! — George guinchou, enquanto Burke caminhava em direção à saída.
A mesa inteira ficou quieta, alguns parecendo despreocupados, mas a maioria irritada. Se ela não podia ser a escolhida, Helena estava feliz por seu novo amigo ter feito a cirurgia.
— Ele disse eu? — O estagiário perguntou mais uma vez, com os olhos levemente em pânico — Ele disse eu, Lena?
— Parabéns, Georgie. — Ela respondeu com um leve sorriso, esfregando seu ombro de forma encorajadora.
★
Quando Meredith e Helena estavam no quarto de Katie, uma enfermeira levou seus pais até sua filha.
Eles rapidamente correram para o lado dela, murmurando palavras de conforto. — Katie, querida, mamāe e papai estão bem aqui.
— Eles deram a ela um sedativo para a tomografia computadorizada, então ela está um pouco grogue. — Disse a nova amiga de Lena, olhando para ela em busca de apoio enquanto ela assentiu.
— Ela vai ficar bem? — Perguntou a māe da adolescente, claramente preocupada.
— Nosso médico em casa disse que ela pode precisar de uma operação, é verdade? Que tipo de operação? — Completou o pai.
— Ela é, hum, bem, você sabe o quê? Eu não sou, nós não somos os médicos. Quero dizer, eu sou, eu sou um médico, mas, hum... — Gaguejou a estagiária ousado, claramente um pouco desconfortável.
Helena entrou com um sorriso brilhante e reconfortante. — Somos médicos, não se preocupe, simplesmente não somos o médico de Katie. Por que não vamos buscá-lo para você? — Os pais pareceram relaxar um pouco e os internos saíram da sala.
Quando encontraram a Dra. Bailey no corredor, a garota mais baixa apresentou-lhe o problema. — Os pais de Katie têm perguntas.
— Você fala com eles ou perguntamos ao doutor Burke? — Perguntou a mulher mais alta.
— Não, Burke está fora do caso, Katie pertence ao novo assistente agora, Dr. Shepherd. Ele está lá. — O residente respondeu, apontando para um grupo de atendentes.
— Eu vou preencher o prontuário de Katie, encontro você daqui a pouco, ok? — Perguntou Helena voltando para o quarto de Katie, enquanto Meredith assentiu levemente e se aproximou do grupo.
★
Após a cirurgia fracassada de George, dezenove horas depois do início do turno, todos os internos de Bailey deitaram em camas no túnel. Helena estava lendo um artigo que havia encontrado, marcador na mão, ligeiramente inclinada sobre Meredith.
— Eles estão me chamando de 007, não estão? — Perguntou o menino, uma leve dor em sua voz.
— Ninguém está te chamando de 007. — Mentiram as duas loiras, claramente um pouco irritadas.
— Eu estava no elevador e Murphy sussurrou 007! — Opôs George.
— Ok, quantas vezes temos que passar por isso, George? Cinco, dez? Dê-me um número ou eu vou bater em você. — Ameaçou a mulher de cabelo encaracolado.
— Murphy sussurrou 007 e todos riram...
— Ele não estava falando de você. — Respondeu Izzie. — Nós mentiríamos para você?
De repente, a pequena mulher que permaneceu quieta durante toda a briga se levantou. — Sabe de uma coisa? Sim, sim, eles iriam e não está ajudando. Então, do que eles estão chamando você de 007, Georgie?! Se eu deixasse o que outras pessoas falam de mim afetar, eu provavelmente estaria de volta para casa agora, não aqui nos EUA. Ouvi algumas coisas desagradáveis e aprendi que você tem que usar isso como combustível, como motivação para provar que eles estão errados. Além disso, lembre-se que de todos os estagiários, você foi o único que foi escolhido para fazer aquela cirurgia. Tem que valer alguma coisa né? — Ela desabafou em um pequeno monólogo, fazendo George sorrir pela primeira vez desde a cirurgia.
— Exatamente, 007 é um estado de espírito! — Adicionou Cristina.
— Bem, eu aprecio isso, mas digamos a garota que se formou em primeiro lugar em sua classe em Stanford e a que fez o mesmo em Yale aos 21 anos. — Respondeu o estagiário, rolando na cadeira de rodas em que estava sentado.
— Eu perguntaria por que você me procurou se eu não tivesse feito exatamente o mesmo. — Riu a estagiária mais jovem, sentada em sua posição original, sua cabeça agora nos ombros de Meredith.
— Às vezes eu esqueço que você é jovem, Campos. — Respondeu Cristina. — Uh, você realmente é um bebê, um bebê Einstein. — O grupo riu do novo apelido encontrado para a garota.
Quando os pagers de Meredith e Helena dispararam com uma página 911 para Katie Bryce, elas se levantaram de um salto e correram pelo corredor. Depois de descobrir que a adolescente só queria um pouco de diversão, a estagiária mais jovem deu-lhe uma gentil repreensão maternal e eles saíram da sala.
★
Mais tarde, Helena recebeu mais uma página do 911 para Katie Bryce. Sabendo que poderia muito bem não ser nada, ela ainda correu para o quarto da menina, reconhecendo que também poderia ser sério. Uma vez lá, ela viu a garota convulsionando.
— O que aconteceu? Alguém chamou o Dr. Shepherd e a Dra. Bailey? — Ela perguntou, pegando rapidamente o prontuário da garota.
— Nós fizemos. Ela está tendo várias convulsões de grande mal. — Informou uma enfermeira. — Agora, como você quer proceder, Dra. Campos?
Examinando o gráfico, ela notou que a garota já estava no limite máximo de diazepam e lorazepam, rapidamente chegando a um plano de jogo.
— Ok, dê a ela 6 miligramas de fenobarbital e por favor chame Bailey e Shepherd novamente. — A estagiária falou, tentando manter a calma, a adrenalina pulsando em suas veias.
— Feno está dentro. — Informou uma enfermeira diferente, quando Katie parou de convulsionar e começou a ter uma parada cardíaca. — Código azul! Código azul!
— Eu preciso de um carrinho de emergência, imediatamente! — Ela correu para pegar os remos. — Cobrar a duzentos.
Nesse momento, Meredith entrou na sala, com um olhar chocado e recuou, deixando sua colega estagiária trabalhar.
— Carregado. Limpo! Ainda v-fib. — Informou a enfermeira.
— Tudo bem, carregue para trezentos. — Ela chocou a garota novamente, não vendo nenhuma mudança. Vamos, Katie, pensou ela, temos que levá-la aos seus concursos. — Carregue-os para três e sessenta! — Nada mais uma vez.
— Em sessenta segundos você deveria-. — Começou uma enfermeira, rapidamente sendo interrompida por sua voz, que reunia tal autoridade que ninguém ousava questionar.
— Carregue novamente!
— Eu vejo ritmo sinusal. A pressão arterial está subindo! — Disse a enfermeira perto do carrinho.
— Por favor, chame a Dra. Bailey e o Dr. Shepherd novamente. — A pequena mulher falou.
— A pressão está voltando, a taxa está voltando. Boa defesa, Dra. Campos. — Felicitou-a enfermeira, ao que ela respondeu com um leve sorriso, chicoteando a leve camada de suor que se formou em sua testa.
— O que diabos aconteceu?! — Shepherd correu na sala, olhando para a garota mais nova e uma Meredith ainda colada na parede.
— Ela teve uma convulsão e seu coração parou. — Informou-o Helena, olhando para uma confusa Meredith com um olhar empático.
— Convulsão? Você deveria estar monitorando ela! — Ele disse duramente a Meredith.
— Eu a verifiquei e ela estava bem- — Meredith conseguiu murmurar.
— Eu entendi, apenas vá. — Ele disse à loira, que parecia desanimada e um pouco magoada quando ela saiu.
— O que aconteceu? — O atendente virou-se para o outro estagiário.
— Recebi uma página 911 e cheguei aqui o mais rápido possível. Imediatamente pedi que você e a Dra. Bailey fossem chamados. Li em seu prontuário que ela estava no limite de Diazepam e Prazepam, então pedi Fenobarbital. Parou a convulsão, mas ela parou, então eu a choquei quatro vezes para reiniciar o coração. — Ela explicou ainda com bastante calma, embora com a adrenalina passando, ela pudesse começar a sentir como a situação tinha sido estressante.
— Bom trabalho, Campos. — Disse seu atendente, claramente um tanto impressionado com seu trabalho. — Você pode ir agora também, eu estou com ela. — Ele disse com uma voz mais suave que ele usou com Meredith.
Helena sorriu e suspirou ao sair do quarto. Ela tinha feito isso, ela foi capaz de salvar a garota.
★
No início da manhã seguinte, 24 horas após o início do turno, os estagiários foram chamados para uma sala de conferências. Helena estava mais uma vez lendo um artigo com Cristina ao lado dela, suturando uma banana.
— O que vocês dois estão fazendo? — Meredith perguntou a mulher asiática, claramente um pouco confusa.
— Estou suturando uma banana, com a vă esperança de que ela desperte meu cérebro. O bebê Einstein aqui parece estar tentando fazer o mesmo com o artigo dela. — Ela respondeu secamente e George riu.
— O que você está sorrindo, 007? — Ela disse sem rodeios, fazendo George franzir a testa ligeiramente.
— Eu sei que você fica malvado quando está cansado, mas agora peça desculpas. — Disse Helena, seu espírito maternal saindo mais uma vez.
— Tudo bem, me desculpe...
— Sabe de uma coisa? Eu não me importo. Eu confortei uma família e consegui sair na sala de cirurgia hoje. Está tudo bem. — Disse George, recostando-se em sua mão.
Logo após a chegada de Izzie, perguntando o que eles estavam fazendo ali, o Dr. Shepherd entrou na sala.
— Bem, bom dia. Vou fazer algo bem raro para um cirurgião. Vou pedir ajuda a estagiários. Eu tenho essa criança, Katie Bryce. — Ele olhou para Meredith e Helena. — Neste momento, ela é um mistério. Ela não responde aos nossos remédios. Os laboratórios estão limpos, os exames são puros, mas ela está tendo convulsões - convulsões de grande mal sem causa visível. Ela é um relógio. Ela vai morrer se eu não fizer um diagnóstico, que é onde você entra. Não posso fazer isso sozinho: preciso de suas mentes extras, olhos extras. Preciso que você brinque de detetive, para descobrir por que Katie está tendo convulsões. Eu conheço você, você está cansado, você está ocupado, você tem mais trabalho do que você poderia dar conta. Eu entendo, então eu vou te dar um incentivo. — Helena se mexeu um pouco, animada para ouvir o que era. — Quem encontrar a resposta vem comigo. Katie precisa de cirurgia. Você consegue fazer o que nenhum estagiário consegue fazer. Esfregue para ajudar em um procedimento avançado. Dra. Bailey vai pegar o prontuário de Katie. O relógio está cronometrando pessoas rápidas. Se vamos salvar a vida de Katie, temos que fazer isso logo.
★
Sentadas na biblioteca, Meredith, Cristina e Helena trabalhavam juntas no caso.
— Você realmente não vai me dizer por que você não vai trabalhar com Sheperd? — perguntou Cristina. Helena tinha percebido agora: os olhares confusos, o comportamento inquieto e o quão desconfortável Meredith estava perto dele. Ela dormiu com ele. No entanto, respeitando a privacidade da garota, ela decidiu não comentar sobre isso. Trocando ideias uma da outra, a mulher asiática tentou novamente. — Apenas me diga.
— Você não pode comentar, fazer careta ou reagir de forma alguma. — Disse-lhe a loira.
— Eles fizeram sexo. — Disse a mulher estrangeira, ganhando um olhar surpreso de Meredith. — O quê? Você não é exatamente o melhor em esconder isso. Além disso, um QI de nível de gênio certamente ajuda. — Ela disse brincando.
Enquanto as outras duas estagiárias continuam sua conversa, a mais nova fecha os olhos, repassando as conversas que já teve com a adolescente. — Espere, espere, apenas fique quieto por um segundo. — Ela perguntou, os dois outros internos olhando para ela confusos. seus olhos se abriram apenas alguns segundos depois, e ela sorriu brilhantemente. — É isso! Ha! Como eu não pensei nisso antes?
— O que, o que é isso? — Perguntou-lhe a loira.
— Ginástica rítmica! Mer, ela faz ginástica rítmica! — Ela disse, animadamente pulando em seu lugar. Pelo olhar nos olhos da loira, Helena sabia que tinha conseguido. Ao agarrarem os braços de sua nova amiga, eles correram para contar à médica Shepherd o que haviam encontrado: quando ela caiu e torceu o tornozelo, ela teve uma microscópica hemorragia cerebral.
★
Depois de contar ao atendente o que eles haviam encontrado, ele escolheu Meredith e Helena para se esfregar. Estava furiosa por Meredith ter sido escolhida. Ela a chamou de tubarão e disse que recebeu tratamento especial. O que, para ser justo, Helena achava que também tinha, embora não fosse culpa dela.
Agora, terminada a cirurgia, Meredith, Helena e George estavam sentados em um banco, bem do lado de fora do hospital.
— Eu gostaria de ser um chef. Ou um instrutor de esqui, ou um professor de jardim de infância. — Meredith disse de repente.
— Sabe, eu teria sido um bom funcionário dos correios. Sou confiável. — George respondeu.
— Eu poderia ter sido um escritor. Eu amo escrever. Ou um tradutor, eu posso falar 5 idiomas. Por que eu tive que amar ainda mais a cirurgia? — acrescentou Helena.
— Você sabe, meus pais dizem a todos que conhecem que seu filho é um cirurgião, como se fosse uma grande conquista. Como um super-herói ou algo assim. — A menina menor sorriu com a história de George. — Se eles pudessem me ver agora... — Ele parou.
— Quando eu disse à minha mãe que queria ir para a faculdade de medicina, ela tentou me convencer a desistir. Disse que eu não tinha o que é preciso para ser um cirurgião, que eu nunca conseguiria. Veja, super-herói soa muito bem. — A loira compartilhou.
— Minha mãe é advogada. Quando eu disse a ela que queria ir para a faculdade de medicina, ela começou a chorar. Ela disse que estava orgulhosa por eu estar seguindo o caminho do meu pai. Ele era oftalmologista e também fez cirurgia. Eu gosto de pensar ele ficaria orgulhoso também. — Disse Helena, melancólica.
— Foi? — perguntou Meredith, olhando para a garota entre ela e George.
— Sim, ele morreu em um acidente de carro quando eu tinha quatorze anos. Estávamos todos feridos, meu irmão perdeu a perna. Um ano depois, minha mãe se mudou para cá e nos levou com ela. — Ela respondeu.
— Eu não acho que você nos disse de onde você é, Lena? — Perguntou George.
— Portugal, depois nos mudamos para Oregon. Ainda assim, o país da minha família sempre me senti em casa. Não vamos muito lá agora, isso nos lembra ele. — A estrangeira respondeu, com lágrimas nos olhos.
— Nós vamos sobreviver a isso, certo? — George perguntou, sua única resposta foi o silêncio. — Certo?
Lena apenas colocou a cabeça no ombro dele e fechou os olhos. — Foram longas 48 horas.
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