9 - Natan - Parte I
Natan resolveu nos fazer uma visita. Eu pretendia ter ido visitá-lo no mundo Natural, queria que Alma o conhecesse, mas ela se recusou a me acompanhar. Alma me deu um monte de desculpas esfarrapadas, eu acabei adiando a visita e o caçador se antecipou a mim.
Natan não sabia exatamente como seguir com a vida agora que não tinha mais um propósito para ela. Ele só sabia ser um caçador. E agora? Como seguir adiante? Talvez Elisa e eu pudéssemos ajudá-lo a se encontrar de novo. Se Elisa era para mim como uma irmã caçula, Natan seria algo como um primo. Ambos, mais do que só amigos, parte da minha família. A única que eu tenho.
Seria bom se o Natan decidisse ficar por um tempo. Seria bom ter um amigo por perto, alguém com quem refazer uma rotina de exercícios pesados. Eu sentia falta do treinamento que me formara. O manuseio das armas, a luta corporal, o desafio do corpo a quebrar limites. Seria muito bom tê-lo por perto.
Natan tinha muito o que aprender por aqui. Ver o mesmo mundo, só que agora com olhos totalmente diferentes. O reino humano estava repleto de prazeres aos quais ele poderia se dedicar a apreciar.
A oficina onde eu guardava os carros que estava reformando tinha uma área adjacente com algum espaço reservado a exercícios e treinos. Era lá que eu costumava ficar sempre que não estava com a minha carissimi. Alma agora tinha os dias mais cheios do que no ano anterior. Além das aulas no período da tarde, havia os ensaios na academia.
Alma estava lá na garagem comigo aquela noite enquanto aguardávamos a chegada do rapaz. Aquele dia tinha sido anormalmente quente e a noite ameaçava ir pelo mesmo caminho. O portão e as janelas do lugar estavam escancarados, numa tentativa um pouco frustrada de deixar o frescor entrar. Alma e Natan ainda não tinham se visto. Ele tinha chegado a pouco mais de uma semana e estava morando num apartamento na quadra seguinte ao prédio da Isabel.
— Como é mesmo o nome dele? — Alma perguntou alisando o saco de boxe cheio de areia pendente do teto.
— Natan.
— Acha que ele vai gostar de mim? — fez uma careta.
— É claro. Por que não gostaria? — questionei.
— Sei lá. Elisa disse que ele anda meio deprimido agora que não está mais caçando. E, bom... em parte isso é culpa minha.
— Elisa não sabe ficar de boca fechada, isso sim! — ela que espere para ver quando eu encontrá-la! — Natan não está deprimido porque não pode mais caçar, está apenas um pouco perdido porque não tem mais uma tarefa para cumprir. Está aprendendo a ver as coisas segundo novas perspectivas, encontrando outro rumo para dar à vida. Só isso.
— Tomara que ele consiga se adaptar e encontre um jeito de ser feliz. O que vocês vão fazer?
— Vamos ver. Pretendo dar pelo menos uns bons tapas nele. — falei rindo. — Amenos é claro, que tenha desistido de sair com suas amigas, aí eu posso dedicar a minha atenção a você.
— Ah, não! Nem adianta! — ela tentou se soltar de mim, mas estava rindo também. — Você já dedica muito do seu tempo a mim. Seu amigo precisa mais de você do que eu agora. Não me importo de emprestá-lo um pouquinho.
— Mas aí eu posso ficar carente!
— Mais?! — ela deu uma risada enquanto eu sentia o perfume e a maciez da pele dela. — Não sei como. Você já parece um gato manhoso!
A pele quente acima do cós da calça jeans contrastou com a frieza do tecido da blusa dela. A cintura fina ocupando e preenchendo as minhas mãos. Senti o arrepio daquela pele e enlacei os indicadores nas presilhas da sua calça segurando-a pelos quadris enquanto ela tentava se afastar. A dama segurou os meus pulsos.
— Um gatinho manhoso, então. — falei estudando aquelas lindas feições.
— Talvez um pouco mais do que um gatinho. — ela se soltou com um sorriso enorme. — Talvez uma espécie felina um pouco maior. — ela deu a volta no saco de boxe, mantendo uma distância segura de mim. — Menos doméstica, também.
— Isso é quase um insulto ao meu temperamento amável, moça. Eu, linda dama, sou a criatura mais dócil e meiga que terá o prazer de conhecer na vida!
Ela deu uma boa risada.
— Mas é claro que é! Ninguém duvida disso. — falou com sarcasmo.
— Por que está fugindo de mim? — ela ia se afastando a medida em que eu me aproximava, circulando pelo recinto. — Eu não mordo!
— Porque está me olhando daquele jeito de novo, como se eu fosse uma presa. E porque essa sua regata branca está fazendo estragos no meu subconsciente, estranho lindo. Credo! Eu achava que ia começar a me acostumar com tudo isso. — ela apontou pra mim de cima a baixo. — Mas não está dando muito certo!
— Isso não é muito chato? — eu a alcancei e contornei o osso exposto da sua clavícula. — Manter-se sempre na linha?!
— Alguém tem que ser a razão nessa relação! — Alma cruzou os braços em desafio.
— Tudo bem, então, temptationem (tentação). Mas me avise se mudar de ideia e quiser um pouquinho de diversão! — um beijo rápido e delicado sobre a pele do pulso e me afastei.
— Essa é nova. O que isso quer dizer? — ela perguntou vindo atrás de mim. — E por que você não fala na minha língua? — perguntou.
— Ora, ora, ora. — parei de frente para ela. — E assim para onde iria todo o mistério?! — impliquei. Bonita, talentosa e divertida. Era muito difícil para mim olhar sem tocar. — Então, quer me ajudar enquanto Natan não chega? — sugeri.
— O que eu faço? — Alma perguntou.
Uhm! Não me dê assim tanta liberdade de escolha, pulchram. Consigo pensar em uma infinidade de exercícios interessantes, todos eles envolvendo muita pele e pouca roupa. Tenho uma imaginação muito fértil! Infelizmente a minha intuição me dizia que a moça iria se recusar. Que pena!
— Aquecimento. Você vai se sentar nas minhas costas. — posicionei o meu corpo no chão, pés apoiados nas pontas dos dedos, braços estendidos, mãos passando um pouco a largura dos ombros. — Vai, senta aí. — indiquei o lugar na lombar com a mão atrás das costas. — Coloque as pernas para cima para não apoiar o seu peso no chão.
— Sério?! — falou com um riso levado e se acomodou de pernas cruzadas onde foi indicada. — Nossa, gosto mais de flexões a partir de hoje!
O meu corpo desceu até quase tocar o chão e subiu. Um. Desce, inspira. Sobe, expira. Dois. Desce, inspira. Sobe, expira. Três. Inspira... expira. Quatro. Inspira — os dedos finos começaram a passear pelas minhas costas. —, expira.
— Para com isso, pulchram. — cinco.
— Não é minha culpa! Adoro esse desenho. — seis. — Que culpa eu tenho se as penas ficam aparecendo por fora do tecido. — ela continuava contornando a imagem na minha pele.
Nove. Agora são Nove? Ou já foram dez?
— Está me desconcentrando! — dez.
— Já disse que a culpa não é minha! — onze.
Alma começou a acariciar a minha nuca. Doze. Ela beijou o meu pescoço.
— Merda! — a minha pele ficava sensível onde ela me tocava. — Não era você que queria manter a linha?! Não está sendo uma dama muito comportada agora!
Ela começou a rir. O som mais doce do universo. Quantas já foram?
— Já foram quinze? — perguntei. Sobe.
— Eu não sei. Era para eu contar? — inspira. — A minha atenção estava focada em coisas mais interessantes! — expira.
— Agora eu entendo porque você gosta tanto desse lugar! — ouvi a voz de chacota do caçador ressoar atrás de mim. — Essa visão explica muita coisa!
Olá amores!
O que acham desse Natan aí de cima? Tá aprovado? Qual a sugestão de vocês?
Deixa um votinho pra mim e bora para a parte II!
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