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52 - Ecos



Uma parede sólida do teto ao chão se assomou contra nós. Um feixe de luz lá em baixo indicava que ainda existia um dia fora dali.

Nós descemos para solo firme e minhas pernas tocaram a água rasa que nascia bem na passagem da saída da caverna e eu tive que ajudar o Ramon a se equilibrar para que não se desmontasse bem ali. Nós saímos da gruta para uma região de terra seca e árida.

O céu.

Foi a coisa mais linda que eu já vi na minha vida. Ver o céu azul e limpo acima da minha cabeça quase me fez chorar de felicidade. Afastamo-nos da cadeia montanhosa de onde havíamos saído, arrastando nossos corpos ocos e esvaziados pelos ecos podres e atormentado com passos pesados de chumbo negro, e adentramos a savana que se estendia nua adiante de nossos olhos.

A rocha melancólica lá atrás chorava, suave e triste.

Caminhamos em silêncio até estarmos bem distantes da entrada da gruta. Não sabíamos se aquelas coisas feitas de rocha azul esverdeado iriam nos seguir até ali. O calor do sol abrasava a pele e a secura do ar contrastava com a umidade do interior da caverna. Isso era revigorante. Pelo menos o meu corpo tinha conseguido se livrar daquele ambiente.

Nunca mais vou entrar lá! Precisaríamos encontrar outro caminho que nos levasse de volta para casa, porque eu realmente nunca mais entraria lá.

Sentamo-nos em baixo da sombra esparsa de uma árvore de copa baixa, emocionalmente exaustos. Tenho certeza que nunca vou conseguir esquecer por completo aqueles sons. Aqueles ecos.

O sol estava nos deixando, tingindo o horizonte já desbotado e amarelado de fortes tons de laranja, vermelho e rosa.

— Estou cansada. Minhas asas estão doloridas. — Elisa falou. — Sinto como se tivesse voado um dia inteiro sem intervalos. Eles realmente acabaram comigo.

— Quanto tempo será que ficamos lá dentro? — Natan perguntou.

— Eu não sei. — falei.— Pareceu uma eternidade.

A sudoeste de onde estávamos, todos nós ficamos observando o verde que se erguia lentamente ao longo da paisagem até culminar em um bosque a perder de vista. Era para lá que deveríamos seguir.

— Não sei se tenho forças para andar até lá. — a voz do Natan saiu pesada, como o meu espírito.  — Deve levar a noite toda para chegarmos.

— Vamos passar a noite aqui. — ela não tardaria a nos fazer companhia. —Montamos turnos de vigília, como da outra vez. — declarei.

— Vou caçar alguma coisa. — ele se levantou. — Quem não quiser vir comigo, dê um jeito de acender uma fogueira.

Elisa e eu nos levantamos atrás dele. Ocupar a mente para que ela parasse de pensar era tudo o que eu precisava. Quando voltamos já era noite. O fogo da fogueira aqueceu o ar frio que se instalou com a chegada da escuridão e a gazela encheu nossos estômagos famintos.

Os olhos pesaram e a mente implorou pelo sono. Eu estava exausto, mas pedi para ficar com o primeiro turno de vigília. Não queria dormir, tive medo dos pesadelos. Ainda conseguia, mesmo acordado, ouvir os ecos daqueles gritos dentro do meu cérebro.

Elisa se sentou ao meu lado, abraçando os joelhos.

— Estamos quase lá. — ela falou. — Nós vamos conseguir. Mais meio dia de caminhada, Gael. — a moça sorriu para mim.

— É. — falei observando aquele rostinho loiro. Elisa não precisava estar ali. Ela poderia estar em casa, confortável e segura, mas escolhera estar ali, arriscando a vida voluntariamente para me ajudar, para me proteger. — Eu amo você, loirinha catarrenta.

— Que idiota! — ela falou revirando os olhos e rindo. — Isso foi há mais de uma década, caso não tenha se dado conta.

— Sério?! Não foi ontem que você limpava a meleca do nariz na barra da blusa tentando me contar entre soluços que tinha perdido a luta para o Lucas?

— Não, não foi ontem. — respondeu de sobrancelha erguida. — Não sou mais um bebê! Eu cresci.

— Bobagem! Você sempre vai ser a minha loirinha catarrenta. — devolvi.

Elisa me deu um soco no braço e deitou a cabeça no meu colo, depois acrescentou:

— E que fique bem claro uma coisa: eu nunca mais perdi uma luta para o Lucas. Nenhuma!

Isso era verdade. Elisa tivera sua revanche contra o garoto e fizera bonito. Ele era maior do que ela e perdera feio. Lembro-me do sorriso orgulhoso e satisfeito no rostinho dela na época, com um dente faltando e tudo! Bem típico da infância.

A moça ali deitada adormeceu rapidamente com o cabelo loiro jogado sobre minhas pernas. Tinha se transformado em uma bela jovem. Uma moça muito bonita e atraente. Desviando os olhos da tranquilidade do seu sono para a noite ao nosso redor, eu me perguntei como é que ela tinha crescido tão rápido. A minha pequena menina loira, rabugenta e irritadiça. Alguém deveria proibir as crianças de crescerem tão rápido.

Acima de nós, as estrelas cintilavam dispersas no manto escuro, a única fonte de luz competindo com as labaredas da fogueira. Mas um vento confuso e agitado soprou, as chamas se apagaram e as estrelas desapareceram.

A noite ficou escura, como eu jamais tinha visto antes.

Me levantei sentindo a apreensão. O chão estava vazio. Todos haviam desaparecido.

— Mas o que... o que está acontecendo?! 

Dei por mim vagando, perdido dentro de um breu completo. Vazio, escuro e frio. Eu estava completamente sozinho, caminhando sobre o nada suspenso.

Não tinha paredes, não tinha teto, não tinha chão. Não tinha cheiro, não tinha toque, não tinha sabor. Tudo o que restava além do nada negro era a lamúria. Ecos. Os gemidos insanos e lúgubres da morte. O som era tão forte que apunhalava o meu cérebro como facas afiadas. Não importava que eu tentasse impedir os lamentos de entrarem pelos meus ouvidos, tampando-os com as mãos apertadas contra a cabeça, era inútil. O som já estava lá dentro. Ele não entrava, mas saía da minha mente.

Eles começaram a se aproximar de mim. As minhas vítimas. Os guardiões híbridos de quem eu fora o ceifador da vida. Era deles o eco, o tormento e o lamento cravado dentro daquele vale de escuridão. Muitos dele. Muitos mais do que eu me lembrava que tinham sido. Os olhos de acusação. O semblante exigindo vingança.

Eu não tinha para onde ir. Eu estava cercado pelos espíritos mortos. Nenhum deles tocava em mim, apenas me olhavam com desprezo e nojo. O monstro precisava ser punido. Eu precisava ser punido.

A guardiã saiu do meio das sombras com passadas de felino. O cabelo negro como os olhos, acusadores e cortantes como uma adaga sedenta. A pele branca e macia com cheiro suave e fresco de flor. A única alma viva ali dentro. Dentro daquela ausência de luz onde se enclausuravam os ecos das minhas vítimas em paredes rochosas invisíveis. A única alma que não fora colhida por minhas mãos, como um fruto ainda verde.

— Alma... — balbuciei. A dama de longo caminhou descalça até mim. — Eu nunca toquei em você. — dei dois passos para trás.

Se ali era o mundo das minhas vítimas, ela estava no lugar errado.

— Mas você desejou. — o seu olhar frio e distante, tóxico. — Vim conceder o seu desejo!

— As coisas mudaram. — me defendi. —Você sabe disso, carissimi. Eu amo você!

Alma deu uma gargalhada funesta e macabra. Uma gargalhada de puro ódio.

— Você não ama ninguém. Você não sabe amar. Você assassinou a sangue frio gente igual a mim. — fez um gesto indicando os espíritos ao nosso redor. — Você não vale o ar que respira. Você é e sempre será um ser sujo e imundo. — falou com veneno.

— Por que está fazendo isso comigo? — perguntei com o coração em frangalhos.

— Por que o nosso alimento é a sua dor!

Os ecos dos gemidos ficaram mais altos, como se apoiassem a afirmação daquela líder.

— Você está me matando. — falei sem forças.

— Não! Você está fazendo isso comigo! Você me colocou aqui. Você me matou, Gael.

O seu vestido banco se manchou de sangue carmim.

— Não, não, não, não! Não fui eu! Eu nunca toquei em você, Alma!

— Quem está segurando a adaga? — a guardiã perguntou sem desviar o olhar do meu.

Senti um líquido quente e viscoso com cheiro de ferrugem escorrer pelas minhas mãos. Baixei os olhos e elas estavam recobertas de sangue. O sangue dela.

Não, eu nunca fiz isso! Tropecei na minha espada jogada no chão. Vermelha.

De repente a minha roupa ficou toda suja também. Manchada de carmim com a vida de todos aqueles que eu destruíra.

— Isso não é real! I-i-isso aqui não é real. É tudo feito pela minha mente perturbada. — declarei para a bela dama que me odiava.

— Será mesmo? — Alma caçoou de mim. — Estou tão morta como os demais. E é tudo culpa sua. A cor das suas mãos não me deixa mentir.

— Estou tentando salvar a sua vida! — gritei. — Eu nunca tocaria em você.

— Não com uma faca. — todo o vermelho do sangue desapareceu da cena. A bela dama diante de mim voltava a usar um vestido longo e imaculado. — Não com a sujeira e a bagunça em carmim. — um semblante suave e uma voz fria. — Mas você é o meu assassino.  Você me matou quando apareceu na minha vida.

O eco daquelas palavras reverberou pelas minhas entranhas e eu já não conseguia respirar. Ela começou a se aproximar.

Alma acariciou o meu ombro, se inclinou a centímetros do meu rosto e sussurrou:

— Você me matou quando decidiu me amar!

Olá amados! Por hoje é isso, semana que vem tem mais.

Estamos a menos de um mês do fim! Ansiosa estou!

Bjos e até a próxima.

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