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51 - O vale das pedras que gemem



Muito bem camuflados contra os relevos das paredes e das sombras, as criaturas estáticas começaram a deixar os seus postos.

Uma delas, bem à nossa esquerda, parecendo uma pedra saindo do chão, guinchou de forma hostil. Com mais ou menos um metro e meio de altura, vários deles, parecendo sair de dentro das paredes. Os animais quadrúpedes feitos do mesmo material rochoso bege e cinza, com protuberâncias de cristais despontando de seus corpos, caminharam em nossa direção.

Com um focinho comprido e reptiliano, seis olhos e oito espinhos azuis ao redor da cabeça formando uma meia lua, uma das criaturas abriu a boca e cuspiu em cima de Ramon, o mais próximo a ela. Natan o agarrou por trás pelo colarinho e o puxou. O líquido azulado se solidificou e cresceu para cima formando um cristal em tons de azul e verde. O mesmo de onde o rosto escapava lá atrás.

— A água só pode seguir por baixo das paredes. Temos que mergulhar. — Elisa falou.

Uma daquelas coisas saltou em cima de Selva e a minha espada se chocou contra a rocha dura de seu pescoço. O impacto reverberou, subindo através dos meus ossos, percorrendo toda a extensão dos meus braços. O animal não sangrou. Ele é feito de rocha sólida. Aquilo pode ser chamado de animal?

Eles caíram em cima de nós. Eu me abaixei e me esquivei de um jato de cristal líquido. Elisa conseguiu arrastar Ramon e Selva com ela para dentro da água. Senti a dor aguda na lateral do corpo antes mesmo de ver o que tinha sido. Fui atingido por uma cabeçada nas costelas e o impacto me jogou longe. O ardor na carne me dizia que um dos chifres tinha me acertado mais do que só de raspão.

Mal tive tempo de me virar e rolei para o lado. O cristal cresceu no chão bem onde a minha cabeça estava segundos antes. O golpe da espada desviou a direção em que a boca mirava novamente sobre mim e eu consegui me levantar.

O jato me atingiu por trás, acertando a minha perna esquerda. O cristal se cristalizando sobre mim e me prendendo ao chão. Droga! Natan chegou com violência pela lateral do bicho e conseguiu desequilibrá-lo sobre o outro que chegava logo atrás. Ele sacou a espada que havia perdido no chão e acertou a pedra que me fixava no lugar. O cristal rachou como vidro, se despedaçando e me cortando ao mesmo tempo em que me libertava.

— Vai! Vai! Vai! — o caçador me empurrava em direção à água.

Mergulhei com tudo. Vi uma reentrância na parede próxima ao chão no fundo da água. Só podia ser ali. Tomara que fosse! Passei por ela sendo seguido bem de perto por Natan. O lugar estava escuro e envolto em penumbra. Eu seguia a luz que se mostrava tímida ao final do túnel. Emergi na superfície do outro lado e os outros nos aguardavam à margem.

— Cuidado! — Elisa gritou na nossa direção.

Infelizmente, não era só Natan que havia me seguido para o outro lado. As criaturas nadavam na água cristalina atrás de nós. Nós saímos correndo da água. A gruta se dividia em diversos corredores. Quantas possibilidades diferentes? Sem tempo para discuti-las, seguimos todos na direção tomada pelo primeiro do grupo. Nós fomos pela trilha da água, correndo e fugindo dos nossos perseguidores, tentando achar a saída.

Essa água tinha que vir de algum lugar. Eu só esperava que fosse do exterior daquela gruta. Não sabíamos por onde estávamos indo, ou qual seria a direção certa a tomar. Então decidimos que a água teria que nos levar a algum lugar e torcemos com fervor para que tivesse sido a direção certa.

Saindo e entrando em corredores de diferentes larguras e alturas, fomos nos enfiando cada vez mais fundo naquela gruta azul e verde, bege e cinza. As lamúrias tinham começado suaves e distantes, misturadas aos guinchos atrás de nós das criaturas de cristal que nos caçavam para nos transformar em estátuas vivas.

Entramos numa zona em formato de "V". Nós abandonamos o chão e ganhamos o ar. Lá em baixo o solo era feito de água cristalina. Os bichos rocha cuspiam sua saliva de cristal líquido em nossa direção. Onde o material acertava crescia pontas afiadas azuis. O espaço era apertado em baixo e espaçoso em cima, como um vale, mas o teto não era feito de céu azul e sim de rocha bordada de cristais. Conseguíamos voar a uma velocidade maior que nossos anfitriões conseguiam nadar e assim, fomos nos distanciando deles e conseguimos deixá-los para trás.

Os gemidos que saiam das paredes agora estavam altos e intensos. As pedras que gemem. O vale das pedras que gemem.

Não era esse o tipo de vale que eu tinha imaginado quando Selva falou o percurso que teríamos de fazer para chegar à aldeia de Shangri-la. Eu tinha imaginado um espaço aberto entre duas montanhas, com muito ar fresco e céu, muito céu, muito, muito céu. Odeio gaiolas! Essa em particular estava me oprimindo com sucesso.

O macaco tinha falado alguma coisa sobre aquele ali ser um lugar triste, sobre não poder ver, mas sentir coisas que partiriam um coração. Nós já estávamos atravessando o vale das pedras que gemem. O vale não ficava após a gruta, ela era o próprio vale.

A face melancólica do macaco estava correta. As rochas à nossa volta exibiam com orgulho o choro incessante e enlouquecedor das vítimas que seu interior aprisionava. Ao longo dos séculos, os visitantes que perderam suas vidas tentando chegar à Shangri-la, deixaram suas lamúrias de dor e desespero, o choro e o pranto do medo, os gemidos lúgubres da morte, entranhados na estrutura que compunha as paredes de pedra que nos aprisionavam nesse vale horripilante e insano. Os gemidos nunca cessam. Milhares de vozes mortas sobrepostas sofrendo para a eternidade e assombrando os que ainda estão vivos.

O meu desespero estava espelhado no semblante dos meus companheiros. Elisa voava livre e tentava inutilmente impedir os sons de entrarem em sua cabeça, fechando com força os punhos em volta dos ouvidos. Ramon fazia o mesmo enquanto eu o carregava no ar. Selva se embolou como uma bola branca ao pescoço de Natan, com as orelhas abaixadas e o rabo entre as pernas.

Os gemidos perturbadores escorriam para dentro dos meus ouvidos e se arrastavam peçonhentamente até o meu cérebro, ameaçando vorazmente me conduzir à loucura. A dor da opressão pressionava o meu peito e me deixava com dificuldades de respirar. O meu equilíbrio falhava algumas vezes e o meu voo era irregular e inquieto.

Quando a lamúria e os gemidos estavam tão altos que eu não era mais capaz de ouvir os meus próprios pensamentos, eu achei que talvez já estivesse louco e que não havia mais saída daquele lugar. Talvez eu mesmo já estivesse preso dentro das pedras daquelas paredes e não tivesse me dado conta disso ainda.

Talvez... talvez os meus próprios gemidos já estivessem se misturando aos demais. Talvez eu já fizesse parte dali. Talvez eu já estivesse tão morto como eles.


Bem que o Mono avisou! Que lugarzinho!

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