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24.1 Equívocos (parte 2)

Não revisado! Não vai ter azar, mas comenta pra ajudar! Boa leitura.
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Steven Kyle

Saí de casa frustrada de casa porque não tinha gostado do leite da minha esposa como Adrian parecia gostar tanto, na manhã que tudo desmoronou. Se eu soubesse como tudo ia acabar, entenderia que aquele era o menor dos meus problemas e que o dia ia ser tão corrido e fodido, que seria melhor nem ter saído de casa.

Mas ainda bem que saí, pois só assim vi nas câmeras de segurança o momento exato em que Starla chegou na empresa de seu marido e o pegou com a minha esposa. Isso não estava nos nossos planos e ela ia foder com tudo!

Com medo do que poderia acontecer, ainda mais se ela provocasse Adrian o bastante e talvez dissesse alguma burrada, saí voado da empresa e peguei meu carro, o tempo todo ligando para Felicia e nervoso por ela demorar a atender. Eu tinha que tirá-la primeiro da empresa e depois arrumar uma forma de tirar Starla também.

Quando a vi indo para casa de táxi, fiquei mais aliviado, mas agora era hora de Starla, que eu não fazia ideia do que rolava na porra daquela sala enquanto me dirigia para o estacionamento. As pessoas me conheciam, sabiam que eu era marido de Felicia, então consegui chegar ao estacionamento sem nenhum problema e quando pensei em causar um pequeno incêndio, encontrei Starla saindo do elevador e indo em direção ao seu carro. Um Bentley vermelho, é claro. Um carro que chamava muita atenção, assim como ela.

Eu sabia que ela tinha me visto, então voltei para o meu carro e a segui até um hotel, então entramos separados e entregamos uma de nossas identidade falsa para pegar um quarto. O tempo todo quietos, até no elevador, onde ela parecia séria e perdida em pensamento. E eu só parecia puto e doido para foder aquela boca grande e sua boceta para, talvez, deixá-la sem poder andar e ficar sem poder ir a nenhum lugar e fazer mais merda.

Assim que entramos no quarto, eu estourei. Ela só me ignorou e foi atrás de alguma bebida.

— Ficou maluca, porra?! Tem noção do que você fez? Poderia ter acabado com todo o nosso disfarce! Não foi isso o que combinamos, Starla. Você não está nessa sozinha, caralho!

— O que foi fazer lá?

— Não está óbvio? Fiquei preocupada, porra

— Você quem estava ligando para ela quando estava na sala de Adrian? — Sua voz era tão calma, que me deixou irritado pra caralho. Ela serviu um copo com whisky para si e um para mim.

— Sim, o que isso tem a ver?

— Você estava preocupado comigo ou com ela? — Ela se virou de costas e foi até a janela, olhando a rua por entre as cortinas fechadas.

— Com as duas! Por que está me perguntando isso?

— Por nada, só curiosidade. — Ela saiu da janela e passou por mim, indo até um sofá e se sentando, de pernas cruzadas.

— Pois bem, eu também estou muito curioso para saber o motivo de você ter ido lá sabendo o que eles estavam fazendo.

— Também não é óbvio, Steven? Eu queria pegar eles dois no flagra. — Ela olha para mim, de pé na sala grande.

— Ah, é sério? Posso saber por que não me falou?

— Eu decidi de repente, estava muito entediado e mais ação no meu dia. Sabia que se fosse com você, me impediria.

Suspiro, frustrado. Viro o conteúdo do copo de uma vez e o whisky desce queimando.

— Você colocou a missão em perigo só porque estava entediada.

— Que nada, veja o que vai acontecer. Nós vamos chegar em casa, perdoar eles e tudo vai ser resolvido.

— Pode não ser tão fácil quanto você pensa. E ele vai pisar em ovos com você agora, deveria adotar o papel da esposa que avisa que está indo na empresa do marido, para ele não ficar com um pé atrás com você.

— Não diga o que devo fazer, Steven. Cuide da sua parte e eu cuido da minha, Steven é a minha parte da missão e Felicia é a sua.

— A missão é nossa, querida. Não me faça ser obrigado a lembrá-la disso. — Eu a olho bem sério e Starla fica de pé.

— Está me ameaçando, Steven? Não me dou bem com ameaças.

— E eu não me dou bem com uma mulher adulta entediada fazendo pirraça, porra.

— Boa sorte em casa, Steven, já vou indo. — Ela escolhe me ignorar e sai do quarto, me deixando sozinho.

Vou para casa mais cedo, como Felicia havia me pedido, eu só não esperava que ela estaria pronta para me confessar que tinha me traído. Eu quase vacilei e a joguei contra a parede, mas me segurei e a ouvi confessar tudo que eu já sabia. Eu queria que ela me contasse em detalhes, queria que ela se sentisse mal pelo que fez, mesmo sabendo que eu tinha feito muito pior do que ela e que escondia o maior segredo do nosso relacionamento.

Que ele era todo uma força, todo ele. Menos a Sol, agora.

Sol... Foi doloroso deixa-las sozinhas em casa. É claro que eu tinha seguranças que Felicia nem sonhava em saber, mesmo assim, nunca tinha dormido longe delas. Passei a noite no mesmo quarto de hotel que estive mais cedo com Starla, observando elas duas pelas câmeras de segurança. Passei tempo demais olhando Felicia acordada na sala, olhando a chuva pela janela, me esperando. Quase volto pela madrugada, mas não voltei, no dia seguinte, fui direito pro trabalho.

Lá pela hora do almoço, desci para verificar as câmeras e minha surpresa foi tamanha ao ver que tinha outra pessoa no lugar de Felicia, como secretária de Adrian. Voltei algumas horas das gravações e vi minha esposa chegando e indo para alguma sala de reuniões, ela assinou algum papel, de demissão provavelmente, e saiu da empresa chorando.

Adrian, seu desgraçado!

Pego meu celular e ligo imediatamente para Starla. Ela demora a atender, o que me deixa mais puto.

— Onde você está?

Almoçando com algumas amigas, o que você quer?

Enquanto você está almoçando, a porra do seu marido demitiu a minha mulher.

— Uau, você fala minha mulher com tanta ênfase que me dá tesão.

— Por acaso está bêbada? — Felicia está me tirando do sério como nunca fez antes. Começo a pensar se não está na hora de afastá-la de uma vez dessa missão, mas ela no momento é a mais próxima de Adrian, nosso maior suspeito.

— Não seja idiota. E eu não sabia que ele iria substituí-la.

— Ele a demitiu, porra! Dê seus pulos e o faça admiti-la novamente.

— E como farei isso?

— Se vira, ela tem que voltar pra jogada. A missão está virando um desastre. Enquanto você está almoçando com amigas, vou atrás daquela pista e depois vou para casa ver como está lá. Até amanhã eu quero o seu marido com outro pensamento, convença-o a chamar Felicia de volta.

— Não vai ser fácil.

— O problema é seu. — Desligo e jogo meu celular longe, xingo uns 10 palavrões e saio atrás de uma pista que tivemos. Pegamos um cara que talvez esteja disposto a nos dar algumas informações e está na hora da interrogação.

Passei mais de 2 horas no porão da agência filial que tem na cidade, interrogando nosso suspeito. Converso com algumas pessoas, inclusive com meu chefe por telefone. Ele pega nosso relatório mensal sobre a missão, meu e de Starla, mas não se mete mais do que isso, só nos oferece conselhos. Não sei se poderei colocar essa merda que Starla fez no relatório, talvez vamos precisar mentir sobre o que aconteceu.

Quando deixo a filial, ligo para a minha secretária e digo que tive um contratempo e que não voltarei para a empresa. Pela minha posição que meu chefe de verdade conseguiu para mim, eu tinha muitos luxos que me deixavam ter um horário mais flexível.

Vou para casa com a cabeça a mil, é difícil eu ficar confuso sobre algum aspecto das missões, as coisas sãos sempre claras para mim. Mas essa situação com Felicia está me deixando de cabeça quente. Talvez fosse necessário conversar com a psicóloga da agência e entender meus sentimentos. Está difícil separar as coisas, não que eu fosse confessar isso para qualquer pessoa. E, obviamente, estava difícil para Starla também.

Encontro a babá ainda em casa e pergunto onde está minha esposa. Ela me contou que Felicia chegou cedo e passou o dia todo trancada no quarto e que a ouviu chorar. Suspiro e peço para a babá ficar mais um tempo enquanto eu vou verificar minha esposa. Beijo os cabelos de Sol e subo para a suíte, a porta está trancada, mas tenho a chave, mesmo assim, batovduas vezes antes de destrancar e abrir.

O quarto está escuro, a cama está coberta de lenços de papel molhados, eca. Me aproximo e encontro Felicia debaixo da coberta e com o celular apoiado na capinha assistindo alguma merda com coreanos e segurando uma barra enorme de chocolate. Ela está fungando com alguma cena surreal de tão besta e seu nariz está vermelho.

— Levante-se, querida — digo, com um suspiro. Começo a catar os lenços sujos e descarto na lixeira, depois vou até o banheiro e preparo um banho quente para ela, com espuma colorida, como ela gosta.

Quando volto para o quarto, ela já desligou o celular e largou o chocolate, mas continua deitado e cobriu a cabeça também. Respiro fundo e me sento ao seu lado na cama, eu a entendo, mas resolver o seu problema não está em minhas mãos. Só posso tentar amenizar sua tristeza.

— O que aconteceu? — pergunto, mesmo sabendo de tudo.

— Quer mesmo saber? — Sua voz chorosa sai abafada pelo cobertor.

— Se estou perguntando.

— Eu fui demitida. — Então ela volta a soluçar e eu pego meu celular, conferindo se tenho alguma mesmo. Nada. Puxo a coberta do seu corpo e a pego no colo, contra a sua vontade, mesmo assim ela vira o rosto para o meu peito e suja minha camisa de lágrimas e meleca.

— Adrian é um babaca. — Eu a deposito no chão de mármore e começo a retirar suas roupas confortáveis.

— Você não acha que ele está certo?

— Claro que não, vocês dois erraram juntos, porque só você seria punida? — Ajudo-a a entrar na banheira e me sento atrás dela com seus shampoos e condicionadores.

— Você acha que Starla irá deixá-lo? — Sua voz não é mais que um sussurro.

— Não faço ideia, acredito que não, ela parece ser uma mulher que gosta de status. Com certeza você não era a primeira. — Sinto algo estranho por dizer isso da minha própria mulher, com certeza eu não estaria aqui agora lavando seu cabelo e cuidando dela se não fosse tudo uma farsa.

— Steven... — Me chama com a voz suave, ela está com medo de falar comigo, por isso tento poupá-la.

— Não precisamos conversar ainda.

— Mas eu quero saber. Você vai me deixar? — Suas lágrimas voltam a rolar. Antes, fiquei pensando se ela tinha ficado na cama o dia todo e chorando por causa do fracasso de nosso casamento ou se era apenas pela sua demissão.

Continuo pensando sobre isso.

— Não sei o que responder, Felicia. Mas eu estou aqui agora, não estou?

— Aonde você passou a noite?

Se fosse um relacionamento de verdade, eu não diria nada, para ela ficar com a pulga atrás da orelha com a possibilidade de que passei a noite com outra mulher para lhe dar o troco. Mas as coisas são diferentes nesse cenário, então digo a verdade.

— Em um hotel, sozinho, pensando em vocês.

Ela parece não acreditar, mas balança a cabeça e fecha os olhos.

— Não quero que a gente se separe, Steven, eu te amo. Não quero ser a causa da destruição da nossa família, odiaria tirar isso de Sol. Não a vejo crescendo sem a sua presença. — Suas palavras me deixam pensativo, muito pensativo. Felicia disse que me amava em nosso casamento, e depois dele, dizia isso quase todos os dias. Assim como eu, mas sempre procurei pensar com a razão, ela amava um personagem que eu criei.

Steven não sou eu de verdade, é um homem totalmente inventado, um perfil criado por mim e pela agência. Eu queria acreditar que seu amor não era real, mas agora, me sinto perturbado pela possibilidade de um dia quebrar seu coração. Nunca tinha sido um impecilho para mim antes, mas também nunca tinha engravidado uma mulher. Eu também nunca tinha me casado antes, mas  procuro me lembrar de que não fui eu que casei, e sim Steven.

— Você me ama mesmo, Felicia? — Eu a questiono, e Felicia se vira, parecendo horrorizada. Ela se ajoelha e se joga em meus braços, toda molhada.

— Steven, eu me arrependendo tanto, tanto! Você não tem noção, eu sou uma idiota, uma filha da puta, me chame do que quiser. Me castigue da forma que você pensar que eu mereço, mas por favor, não me deixe e não duvide do meu amor. Eu não suportaria uma vida sem você, Steven. Você é o homem da minha vida e sempre vai ser, o melhor papai que eu poderia ter dado a minha filha.

Porra.

Eu a deixo me despir, me envolvo naquela teia de emoções que evitei sentir por todos esses anos. Na verdade, a minha vida toda. Fico de pé e a carrego comigo, deito Felicia toda molhada em nossa cama, as lágrimas não param de escorrer de seu belo rosto e ela não para de dizer que me ama e não para de pedir perdão. E estou inclinado a perdoa-la.

Não, eu não. Steven está. Não somos a mesma pessoa.

Não somos a mesma pessoa, porra.

— Faça amor comigo, querido. —O restante das minhas roupas caem pela cama e pelo chão, no segundo seguinte, eu penetro Felicia. Nós dois suspiramos juntos, ela fecha bem os olhos e seu choro finalmente cessa, dando lugar a gemidos de prazer. — Mais fundo... Isso!

Coloco a boca em seu ouvindo enquanto entro e saio de dentro lá, meus lábios se abrem e estou prestes a dizer que também a amo. Eu não já lhe disse as mesmas palavras um milhão de vezes? Então por que simplesmente não consigo dize-las agora? Eu pareço tão...

Assustado?
Com medo?
De que?

— Eu nunca deixarei vocês. — Prometo, o que é muito mais do que dizer que também as amo. Percebo que, neste momento, não foi Steven quem lhe respondeu. E sim eu.

— Amor, eu... — Felicia agarra meus ombros e joga a cabeça pra trás, penso que está prestes a voltar, sua voz some e a boca está bem aberta. Mas ela apenas solta um suspiro baixo e um gemido frustrado. Ela não gozou, de novo.

Saio de dentro dela e vou para o banheiro, onde me masturbo e gozo na parede do box. Ligo o chuveiro no frio e deixo a água escorrer pelo meu corpo, fico um bom tempo debaixo da água fria, me acalmando. Meu cérebro não para, os pensamentos correm tão rápido e em caminhos tão obscuros que dou um soco na parede. Simplesmente não sinto nada, só vejo os nós dos dedos vermelhos então desligo o chuveiro e saio do banheiro.

Para minha surpresa, Felicia permanece na cama, onde a deixei, mas ela está sentada olhando pro nada e com um lençol cobrindo seu corpo nu. Penso em ir até ela, mas resolvo me vestir primeiro, só então me sento ao seu lado e puxo seu rosto para mim. Eu a beijo, tentando mudar seu semblante pesado de preocupação.

— Em que está pensando?

— Vamos viver um casamento de fachada, Steven? — Meu sangue congela com suas palavras e vacilo por um segundos antes de voltar ao normal e balançar a cabeça.

— Claro que não, tudo vai ser como antes.

— Eu sei que isso é impossível, Steven, você nunca esquecerá do que fiz até que um dia acordará do meu lado se sentindo péssimo e vai me dizer que não aguenta mais e que não me ama mais. — Simplesmente ela estaria certa, mas já vivemos um casamento de fachada, ela só não sabe disso. Portanto, tento amenizar seus tremores novamente e a coloco no meu colo, apertando seu cintura carnuda.

— Olhe para mim. — Quando tenho sua total atenção, volto a falar olhando dentro dos seus olhos e sou o mais sincero possível quando digo: — As pessoas erram o tempo todo, faz parte da natureza humana, um dia eu posso errar também e vou precisar do seu perdão. Não vou errar porque você errou, se estou te perdoando agora, é porque quero dar uma nova chance para o nosso casamento. Eu quero esquecer de tudo e seguir em frente, e espero que você não fique me lembrando o tempo todo sobre o que aconteceu. No momento, vai ser um pouco difícil para mim, mas estou disposto a seguir em frente por você, por sol e por tudo que já vivemos até aqui. Eu... Eu quero você, Felicia, e não estou disposto a deixá-la ir. Você é minha e sempre foi minha, assim como sou seu e nós dois enfrentamos qualquer problema com um sorriso no rosto, lembra?

Ela balança a cabeça e seus olhos brilham com as novas lágrimas.

— Então, eu quero que você pare de chorar e seja a minha mulher de antes. Seja a mãe da nossa filha e a mulher forte que sai e enfrenta toda e qualquer batalha que surgir, eu confio em você e vou te apoiar em qualquer coisa. Sempre foi assim e isso nunca mudará, certo?

— Você não existe, Steven! — Ela abraça meu pescoço e deita o rosto em meu ombros. Se ela soubesse que essa frase é de forma literal, não estaria tão à vontade no meu colo agora.

Sinto algo molhar o meu peito e nos afastamos, seu leite está vazando. Ela começa a me pedir desculpas e eu a calo com um beijo, isso nunca foi um problema e eu posso mudar de camiseta a qualquer momento. Simplesmente a coloco na cama e pego roupas limpas e confortáveis para ela, então dispensamos a babá e Felicia senta na sala para cuidar de nossa filha faminta e chorona.

Enquanto isso, vou até a cozinha e pego o número de algum restaurante para pedir comida, não estou com cabeça para cozinhar e não chamamos a cozinheira hoje, então peço comida chinesa e depois verifico meu whatsapp. As únicas palavras de Starla são: A querida está dentro de novo.

E sei que, de alguma forma, ela conseguiu convencer Adrian a admitir Felicia novamente. Talvez não no mesmo setor, com certeza em algum andar diferente também. Ao menos ela não vai precisar ficar em casa se sentindo péssima e vai poder voltar a trabalhar, eu a conheci assim e não poderia tirar isso dela.

Volto para a sala mas paro antes que Felicia me veja, eu as obverso por um tempo. Sol está mamando e sorrindo para a mãe enquanto segura seu próprio pé no alto, as coxas gordinhas tem muitas dobras e sua mãe as está apertando de leve e lhe fazendo rir. A pequena para de rir para mamar e depois para de mamar para rir. Me pego sorrindo inconscientemente enquanto observo a cena, eu posso viver isso pelo resto da vida.

— Oi, querido — diz minha esposa quando me pega observando. Saio do meu lugar e me sento ao lado deles, rapidamente nossa filha larga o peito e estica os braços para mim. Pego Sol e a ergo no alto, depois a sento em minha perna e a seguro com um braço para trazer Felicia para mais perto com o outro.

— Que tal se a gente viajar esse final de semana?

— Sério? — Os olhos de minha esposa brilham e Sol solta uma risada como se concordasse.

— Sim, faça as malas. — Beijo o topo de sua cabeça e ela sai, me deixando para brincar e cuidar da nossa pequena flor.

A gente vai para um lugar paradisíaco, um lugar com praia e Sol quente. Felicia trouxe uma quantidade exagerada de protetor solar, é a primeira vez da nossa filha na praia. As duas estão sorrindo e radiantes, no primeiro Felicia já fica bronzeada e admiro seu corpo em toda oportunidade. Ela está contente por ter recebido uma mensagem da empresa pedindo para ela comparecer no RH com os documentos na quarta-feira de manhã, alegaram que sua demissão tinha sido um erro e que iriam revogar.

Ela aceitou, é claro, e me contou toda feliz.

Agora é o nosso segundo dia na praia, estou em uma espreguiçadeira na areia de óculos escuros, bebendo um martini enquanto Felicia brinca com Sol na areia bem a minha frente. Não tiro os olhos das duas nem por um segundo, elas estão cobertas de areia e lindamente bronzeadas na sombra do guarda sol.

Meu celular vibra e pego para ver uma mensagem de Starla perguntando meu paradeiro. Pela primeira vez, não avisei a ela que estava indo viajar, simplesmente esqueci e no fundo não quis falar com ela depois de tudo o que aconteceu.

Eu: Viagem em família.
Starla: Como assim? Aonde estão?
Eu: Cape Cod
Starla: Cape Cod?? Pagando de família feliz, Steven? Estão ficando aonde? Uma casinha com cercado branco?

O que deu nela agora? Respiro os olhos e procuro as meninas de novo, elas continuam na minha frente, mas Felicia me olha de lado, provavelmente notei como mudou a expressão de uma hora pra outra.

Eu: Não enche, ok?  Já fizemos várias viagens, faz parte do meu dever de fazer a minha esposa feliz.
Starla: Só não se esqueça de um dia isso tudo vai acabar. E obrigada por não ter me avisado, você é um belo de um pareceiro.
Eu: Sinto muito por não ter avisado, você está certa sobre isso. Mas não me pressione de novo, cuidado com o que fala e não se meta nas minhas coisas pessoais.

Ela não respondeu mais e eu larguei o celular pelo resto da viagem. Almoçamos e jantamos no restaurante do hotel, quer dizer, Felicia e eu comemos, Sol ainda estava no peito e mamadeira. A noite demos uma volta na orla com nossa filha dormindo no carrinho, estávamos andando de mãos dadas quando um cara passou ao lado de Felicia e sussurrou um "que gostosa" em seu ouvido, mas eu estava perto e esqueceu.

O filho da puta teve a audácia de me meter com a minha mulher bem ao meu lado. Solto o carrinho e sua mão e vou atrás dele, mesmo sob os protestos de Felicia, o idiota continuou caminhando tranquilamente, mas segurei seu ombro e o virei para mim, desferindo um soco com toda a minha força bem no meio da sua cara feia.

— Steven! — Felicia gritou de longe, ela tinha ficado com nossa filha, eu não a queria perto mesmo, pois o cara não estava sozinho.

— Quem vai ser o próximo? — rosnei, doido pra bater ainda mais no idiota que estava sendo levantado pelo amigo, ele não parecia estar totalmente sóbrio, mas o suficiente para mexer com a mulher dos outros.

— Que isso, cara, não queremos briga. — O outro cara ergueu a mão e se afastou, depois correu para o lado do amigo fodido e eles todos se afastaram olhando pra trás a cada passo.

Voltei para a minha mulher e para a nossa filha, peguei o carrinho e segurei sua mão como se nada estivesse acontecido, o passeio acabou e nos levei para o hotel novamente. Felicia ficava me olhando a todo momento, normalmente não batia em caras aleatórios na rua. Sempre defendi minha família, mas com palavras e um olhar tão fodido capaz de queimar qualquer um. E se tivesse que usar a força, nunca era na frente dela. Agora delas.

Mas eu estava cansado de esconder quem realmente era, e aquele imbecil tinha passado dos limites, eu não teria como encontrá-lo de novo e não ia deixar as duas sozinhas em um hotel para procurar o filho da puta.

— Steven, o que aconteceu lá embaixo? — Felicia pergunta logo que colocamos nossa filha no berço portátil no nosso quarto e fechamos a porta, ela me segue até a cozinha, onde me sirvo de uma bebida qualquer.

— Nada, só defendi a honra da minha mulher. — Olho para ela por cima do copo. — Ele mereceu, não acha?

— Totalmente! Mas fiquei surpresa pela força do soco que você deu ele, o cara voou longe. — Ok, ela é meio exagerada assim. E estava lindamente coradas, nas bochechas e no peito, e também parecia aberta as coxas uma na outra. Ela estava nervosa ou excitada?

— Como disse, ele mereceu. — Termino a bebida sem tirar os olhos dela, depois deixo o copo na bancada e me aproximo dando tempo para ela perceber minhas intenções. Felicia morde os lábios e meu pau fica ainda mais duro, eu a pego pela cintura e enterro o rosto em seu pescoço.

Cheiro natural da sua pele, somado ao cheiro do protetor solar invadem minha narina e aspiro com mais força, pressionando o corpo no dela.

— Steven — sussurra meu nome manhosamente e sinto na extensão do meu pai. Esfrego seu corpo no meu e quando não aguento mais em ficar só beijando-a, eu a ergo e coloco sua bunda em cima da mesa.

Sorrindo, Felicia tira minha camisa, empurrando pelos ombros, depois solta meu cintura e desabotoa minha bermuda. Então puxa meu pau pra fora da minha cueca e me masturba, me apertando com força. Aperto a lateral do seu corpo, fechando os olhos de prazer e gemendo em sua boca.

— Levante os braços. — Lhe dou um comando e ela obedece, sempre me obedece na cama, uma das coisas que mais amo em nossos momentos íntimos. Tiro seu vestido e a encontro nua por baixo, solto um xinganto antes de devorá-la e empurrar fundo dentro dela.

Felicia envolve minha cintura com as coxas e joga a cabeça pra trás enquanto eu bato sem parar em seu interior. Já sei que ela não vai gostar, então busco apenas o meu prazer, mas sem deixar de toca-la, beijá-la ou sentir o seu cheiro afrodisíaco. Quando gozo, nós dois estamos ofegantes, ela me abraça e diz que me ama, então a levo para o quarto e repetimos mais duas vezes durante a madrugada.

A gente volta no dia seguinte, totalmente renovados e bronzeados, sorrindo atoa. E repenso um milhão de coisas agora que voltamos, enquanto desfazemos a mala e arrumo as coisas para o trabalho no dia seguinte.

Quando estou no banheiro, recebo um alerta da agência, a preocupação é sobre o chipe de GPS que nós, agentes, temos em nossos celulares, e o de Starla parou de piscar. Tentaram entrar em contato com ela faz 1h e não conseguiram, eu faço o mesmo e cai na caixa-postal. Me visto de pressa e penso em uma desculpa para dar a minha esposa, mas não a encontro pela casa, apenas um papel na geladeira dizendo que ela iria fazer compras no supermercado e já voltava.

Esse era o problema da minha mulher, ela era a louca do mercado, não importava o dia e a hora, ela viesse que estava faltando algo de urgente, corria no mercado para comprar. Geralmente eu ia em seu lugar quando estava em casa, mas acho que demorei no banheiro e ela decidiu ir sem mim.

Imediatamente ligo para o seu número e ela atende rápido, falando que não vai demorar no mercado e já estará em casa. Não aviso que estou saindo, quero crer que Starla está bem e está apenas sendo uma pessoa inconsequente e querendo atenção. Ela gostava de chamar atenção sempre, tinha adotado o papel de mimada muito bem.

Pela hora, ela estaria em casa e Adrian na empresa, então dirijo até sua casa, que infelizmente fica bem longe da minha. Tento ligar para ela novamente, mas nem chama, começo a ficar nervoso, mas ao mesmo tempo eu envio um alerta de que estou chegando na casa dos Tisdale e tiro minha arma carregada que fica embaixo do banco.

Assim que estaciono do outro lado da propriedade, coloco um colete por baixo da camisa, uma faca presa na cintura e uma na perna, escondo a arma na cintura e saio do carro, atravessando a rua. O segurança da guarita me vê e abre o portão, sem questionar nada, sei que algo não está certo, mas entro pelo caminho de pretas mesmo assim e sigo até a mansão.

Há seguranças por toda parte, muitos deles,  eles me olham, mas nada dizem enquanto continuo seguindo até a porta da frente. Algo me diz que Starla está aqui e em perigo, e não vou sair daqui sem ela, por isso sigo um caminho que um senhor, parecendo um mordomo, me diz para seguir.

Descemos até um porão grande e espaço, e lá não tem ninguém a não ser Starla no centro do lugar, amarrada a uma cadeira. Tem janelas de vidro que tão para alguma parte do quintal, por isso está tudo muito claro. Engulo em seco ao ver a mulher mais forte que conheço parecendo tão frágil com as roupas rasgadas, o cabelos todo desgramado, parecendo que está faltando alguns tufos. Quando ela ergue a cabeça ao ouvir meus passos, me detenho no lugar e fecho as mãos em punhos, vejo sangue na minha frente. Sangue que eu quero arrancar do corpo de Adrian até não sobrar mais nada.

Seu belo rosto tem um corte grande nos lábios, um dos olhos está roxo, o outro está tão inchado que nem abre. Sinto um aperto no coração, mas não demonstro o quanto vê-la assim me afeta, sei que ele está aqui, e sei que está me observando. Quando volto a dar um passo, Starla balança a cabeça e a questiono com um olhar, ela levanta a cabeça e mostra seu pescoço roxo e um pouco inchado, ela foi estrangulada e provavelmente não consegue falar.

Quero tira-la daqui logo, ela precisa ser cuidada urgentemente, mas pelo canto do olho noto a figura sair de uma porta no fundo da sala e encostar na parede mais próximo. Imagino que esteja armado até os dentes, ou está apenas se garantindo na dezena de homens que tem aqui. Mas ele não se aproxima mais, fica lá encostado na parede, o semblante tranquilo, a camisa meio aberta em cima e sangue nas mãos. Provavelmente de Starla.

Desgraçado! Quero matá-lo com minhas próprias mãos, talvez fazer ele engolir alguns dos seus dedos covardes. Volto a olhar para Starla, ela parece tão perdida, tão machucada, ela não tem mais um brilho nos olhos, não posso imaginar o que tenha acontecido com ela, mas tenho algumas ideias horríveis.

Será que se não tivesse ido viajar, teria consegui salvá-la de todo esse sofrimento? Mas o sinal de seu GPS só tinha sumido hoje mais cedo, fui avisado quando já estava em casa...

— O que você acha, Steven, do novo visual que dei a sua parceira? — O desgraçado finalmente fala, do seu lugar na parede, infelizmente ele ainda está muito longe de mim.

— Que você deveria brincar com alguém do seu tamanho — respondo amargamente, tentando não demonstrar a ele o caos que se encontra dentro de mim.

— Ah, Steven, não subestime essa loirinha, ela até que lutou muito bem. Melhor do que alguns dos meus homens. — Ele sorri de lado e quero quebrar todos os seus dentes, imagino como meu olhar de assassino deve estar.

— Por que você vem até aqui e vamos resolver de homem para homem.

— Homem para homem, Steven? — Ele gargalha e desencosta da parede. — Você deveria ter pensado nisso antes de envolver suas mulheres.

Minhas mulheres. Ele disse no plural, ele não estaria falando da...

— Vamos deixar isso aqui um pouco mais animado — O maluco diz, então enfia a mão na direção da porta aberta, como se fosse puxar algo, mas ele puxa alguém.

Puta que pariu!
Mais que inforno!

Engulo em seco ao palmear Felicia de cima a baixa, faço um esforço sobrehumano para permanecer calmo e sem demonstrar nenhuma nenhuma expressão. Adrian passa alguns segundos me estudando, com sorriso sádico rosto, ele coloca Felicia na sua frente. Ela está com as mãos amarrada, está assustada e tremendo, quando me vê, seus olhos se arregalam e ela parece um pouco... Esperançosa.

— Steven! — Ela parece querer até mim, mas Adrian segura em seu braço com força. Filho da puta da desgraçado!

— Sol — sussurro para ela, meu coração pulando no peito. Mas quem responde é Adrian, inclinando o rosto para me ver.

— A vadiazinha é mais esperta do que esperava, escondeu a menina na porra do supermercado, espero que nunca mais a encontre.

— Filho da puta. — Dou alguns passos, mas paro quando Adrian ergue uma arma e encosta o cano na cintura de Felicia. Não, ela não. — O que acha que está fazendo, Adrian?

— O que eu acho, não, amiga, o que eu já fiz e o que preparei para todos vocês.

— Deixe elas irem, resolve comigo.

— Steven, não! — Felicia se debate um pouco, mas logo Adrian a para com um puxão no braço. Preciso tirá-la daqui logo, as duas.

— Steven? — Adrian a faz ficar de frente para ele. — Você por acaso não sabe que seu casamento inteiro é uma mentira, não é?

— O que? Como assim? — Felicia franze a testa, minha mão coça para pegar minha arma e acabar com isso, mas não posso colocá-las em mais perigo. Adrian continua a me desmascarar, falando com minha mulher, mas sem tirar os olhos de mim.

— Esses dois que você vê aqui, são agentes disfarçados, eles são da polícia, CIA, o caralho a quatro. Eles passaram quase 5 anos nos enganando, pequena Felicia, se casaram conosco para tentar achar com meus negócios. Mas um dia, eu desconfiei, e depois daquele drama e encenação todo que ela fez naquele dia na minha sala, eu tive certeza.

— Você está mentindo! Diga que ele está mentindo, Steven! — Felicia está desesperada, não consigo olhar em seus olhos e vê sua mágoa, permanece olhando para Adrian, ele tem que dar uma brecha. Ainda assim, com todos esses homens, seria perigoso, não sei se consigo salvar as duas.

Starla está debilitada demais.

— Claro que não estou mentindo, idiota! Eles nos enganaram para tentar me pegar, mas veja bem, parece que falharam, tudo por causa da vagabunda da minha esposa. Você sabe que eles têm um tipo de relacionamento, certo? — diz para a minha mulher. Só quero calar a porra da boca dele, olho para Felicia, ela parece tão confusa, está olhando para Starla, que está de cabeça baixa novamente.

Deus, como ela deve estar sentindo dor. Tenho medo de me aproximar e Adrian fazer alguma loucura.

— Isso mesmo, Felicia, eles fodem o tempo todo. Era tudo encenação, o tempo todo são agentes, provavelmente um casal, que vão pra nossa cama e nas nossas costas, estão na cama um do outro. Só não entendo onde a filhinha de vocês entra, acho que ele foi longe demais em sua missão, certo, Steven? Ou devo dizer, Killian?

— Fez seu trabalho muito bem, Adrian, o que você quer? Uma salva de palmas? — Eu digo, tentando fazer sua atenção se concentrar em mim, estou o tempo todo ciente da arma que ele mantém apontada para Felicia.

— Não, na verdade eu estou com vontade de foder a sua mulher do jeito certo agora, igual você fez com a minha. — Ele consegue uma reação, o travar da minha mandíbula, então sorri e gesticula com a arma, finalmente tirando Felicia da mira. — O que foi, Killian? Você realmente se apaixonou pela sua missão? Porque é isso que você é, Felicia, uma missão. — Ele olha para ela, balançando seu braço, depois se volta para mim novamente. — Você sabe, não é, Steven? O quão lindamente a sua mulher goza para mim? O tempo todo me observou mamando esses peitos deliciosos e enfiando quase minha mão inteira na boceta apertada dela...

— Eu vou matar você. — Dou mais um passo na direção dele, inconscientemente, me amaldiçoando por dentro por mostrar para ele o que me afeta.

— Será que eu devo foder ela bem aqui na sua frente? Na frente de vocês dois — Ele aponta para mim e Starla, de costas para ele e quieta. Quero que ela olhe para mim, quero saber qual seu estado no momento, mas ela está tão quieta que me deixa ainda mais nervoso. — O que você acha, Killian? Nem como te chamar, qual você prefere, amigão?

— Por favor, não. — Felicia chora, mas não me olha para eu dizer com meus olhos que jamais deixaria alguém lhe tocar, que ela logo ela estará segura.

— Cale a boca, se não quiser que eu lhe coloque uma mordaça.  — Adrian fala bem perto de seu ouvido, então beija seu rosto e ela se encolhe. — Você quer que eu descreva o que fiz com Starla antes de você chegar, Killian? Que é o mesmo que farei com a mamãe da sua filhinha? Ela deveria estar aqui, para eu fazer o mesmo com ela também.

Estou prestes a explodir, ele acabou de falar que poderia abusar da minha filha, sinto um gosto de ferro na boca e parece que ouço um zumbido no meu ouvido. Eu vou matar esse imbecil com as minhas mãos.

— Não, por favor, por favor. — Felicia começa a implorar, então ele a empurra pra longe e ela bate com tudo na parede e cai desmaiada. Meu corpo inteiro chama por ela, para ir até ela, mas me seguro, preciso agir com calma.

— Essa vadia já estava me irritando! — Adrian parece com raiva de si mesmo, então limpa o suor da testa e aponta a arma para mim, assim como eu queria.

— Então as acusações estavam certas? Além de lavagem de dinheiro, você é um pedófilo filho da puta?

— Ah, Killian, você já comeu uma virgenzinha de 9 anos? São as mais gostosinhas, as bocetinhas pequenas, aqueles olhinhos arregalados e chorosos... Porra, fico até com tesão!

Eu vomito, me inclino pra frente e vômito no chão, simplesmente não fui capaz de segurar. No fundo, podia ouvir a gargalhada demoníaca de Adrian, limpo a boca e ergo os olhos. Starla está olhando para mim com lágrimas nos olhos, pelo menos sei que ainda está consciente, provavelmente por pouco tempo.

— É uma pena a sua mulher ter escondido a sua criança tão bem, Killian, eu ia me vingar de você do jeito que você merece. Acho que foi você que uma vez deixou a marca da mão na bunda dela, certo? Eu vi e pensei: Não foi eu que fiz essa porra. Mas deixei passar, afinal, todos temos nossas aventuras, não é?

— Quando encontrar com o capeta, me faz um favor e diz um "oi, para ele por mim, ok?

— Você chega lá primeiro, amigão. — Ele ergue a mão rapidamente e atira, justo quando uma comoção começa do lado de fora. Me jogo no chão, mas sinto o tiro de raspão, em meu braço.

Assim que caio no chão, ergo a arma para atirar em Adrian, mas ele já deu seu segundo tiro e então começa a correr em direção a porta que Felicia estava escondida. Não sei para onde vai dar, mas provavelmente é uma saída. Quando ouço um grito, procuro o som pela sala, mas a única coisa que vejo é a cadeira em que Starla tombando pro chão.

Corro até ela e puxo a faca da cintura e corto a corda que prende suas braços e seus pés. O tiroteio lá fora é intenso, imagino que minha equipe chegou, mas apenas me concentro em virar Starla para mim e ver como ela está. Mas então sinto algo molhando minha mão ao virar seu corpo, há sangue escorrendo, não sei de onde, mas vem dela.

— Starla! Ei, fala comigo! — Puxo seu corpo para o meu, ela está mole, os olhos quase sem vida quando olham para mim e tentam sussurrar meu nome. — Não, você precisa aguentar mais um pouco! Ouviu as sirenes? Eles já estão chegando, não feche os olhos!

É tarde demais, leio seus lábios quando ela diz que me ama, então pressiono os lábios nos seus e abraço seu corpo mole. Isso não pode estar acontecendo, não pode!

Senhora, você está bem? — Ouço alguém entrar na sala, uma equipe médica e agentes armados. Me lembro de Felicia e olho para onde ela estava desmaiada, mas agora ela está acordada, está sentada e me encarando. Ela acabou de ver toda a toda, vejo mágoa em seu olhos, e uma lágrima solitária escorre pela sua bochecha. Um paramédico entra na sua frente a solta e exame, então ele a leva em seu braços para fora da sala.

Deito Starla no chão com delicadeza, meu coração dói, faz anos que trabalhamos juntos. Ela era como uma família para mim, muito mais que uma amiga e uma parceira.

— Eu sinto muito. — Beijo sua testa e a deixo nas mãos de agentes e médicos que vão atestar a sua morte. Corro para fora do porão, saio da casa e continuo correndo até chega do lado de fora.

Ao encontrar uma comoção maior, sigo naquela direção e passo pelos agentes que fazem uma roda envolta do corpo de Adrian, ele levou dois tiros no peito, parece morto, mas eles podem estar enganados, por isso me lanço em cima dele e soco sua cara repentinamente, desfigurado aquele rosto sádico e o deixando sem jeito para um caixão aperto

Soco tão forte e tantas vezes que alguns tendões dos meus dedos rompem, sinto dor, mas não paro até que conseguem me tirar de cima dele. Agora tenho certeza de que ele está morto, e que não vai fazer mal a ninguém. Me sacudo, tirando as mãos dos agentes de mim e procuro por Felicia, pergunto pra várias pessoas até acha-la com um cobertor nos ombros, falando com dois policiais.

— Lá no porão, onde eu estava, tem uma...Uma sala com um chão de fundo falso e lá embaixo te-tem um monte de mulheres e crianças. — Ela termina de falar e então começa a tremer e chorar. Antes que um dos agentes se aproxime dela, eu a viro para mim e puxo sua cabeça para o meu peito, mas me assusto quando ela grita e me empurra.

— Me solta! Não chegue perto de mim! — Muita gente ao redor olha com curiosidade, eu tento me aproximar de novo, mas ela se afasta alguns passos para trás. — Você é um mentiroso! Você me traiu, eu nem te conheço!

— Vamos conversar, por favor... — Imploro, mas ela balança a cabeça antes que eu termine de falar.

— Fique longe de mim! Eu te odeio! — Ela grita tanto que uma mulher chega para segurá-la e a leva para uma ambulância. Um dos agentes se aproxima de mim, ele diz que acharam minha filha e que ela está bem, uma funcionária do mercado a levou para um hospital mais próximo depois que Felicia a deixou com ela ao perceber que estava sendo seguida no mercado.

Me garantem que Sol está bem, então informo ao motorista da ambulância que vai levar Felicia o hospital que Sol está. As duas vão ficar seguras enquanto passo a noite preenchendo papelada e dando meu depoimento. Mas, sinceramente, só queria estar ao lado das duas, estou péssimo com tudo e não consigo prestar atenção nas pessoas que vem falar comigo.

Na minha mente, só passa o rosto de Felicia dizendo que me odeia, suas lágrimas descendo e descendo.

*******************

Felicia Kyle

Eles me sedaram, sei porque acordei pela madrugada em um quarto hospital, com alguns aparelhos em mim. Me sentia um pouco dolorida, mas bem, então joguei os lençol que me cobria pro lado e logo avisei minha filha em um berço portátil ao meu lado. Também havia uma enfermeira no quarto comigo, ela tentou me pedir para deitar, mas só queria segurar minha filha bem apertada no meu peito. Pensei que nunca mais a veria, pensei que a mulher com quem deixei minha filha no mercado a levaria e eu não teria como saber nem onde procurar.

Mas ela estava aqui, bem, e acordou logo que a paguei nos braços.

— Minha pequena Sol, eu te amo tanto! — O bico e choro sentido dela partiu meu coração, é como se ela soubesse que quase fomos separadas para sempre. Eu a abraço e a coloco no peito, e logo ela está dormindo novamente enquanto eu tenho conter as lágrimas.

Não sei como nos juntaram novamente, talvez os homens de Steven...

Só me pensar nesse cara, nesse desconhecido, sinto um bolo na garganta. Sinto que meus olhos estão inchados de tanto chorar, mas simplesmente não dá para conter depois de tudo que passei. Quando começo a soluçar, a enfermeira pega Sol e a coloca com cuidado no berço, então eu vou para o banheiro para não acordar minha filha e deixo mais lágrimas descerem enquanto soluço e me forço a parar.

As lembranças vem com força na minha cabeça, o sequestro no mercado, as vistas de todos, aquele lugar cheio de mulher e crianças com pouca roupas e machucadas. Algumas chorando, depois Adrian confessando tudo sobre... Killian, o homem que achei que fosse meu marido que tivesse casado comigo por amor. Mas não, tudo fazia parte de uma missão para prender Adrian, em que sua esposa também aparentemente também era uma agente junto com Killian.

Esse nome não saia mais da minha mente, Killian, o verdadeiro nome do meu marido. Meu Deus, ele me engravidou! Em que momento as coisas mudaram a ponto dele fazer um filho com alguém que não pretendia ficar junto? Será que foi obrigado para manter seu disfarce e parecer ainda mais verdadeiro?

Agora entendo porque Starla disse o nome de Steven com tanta intimidade, porque eles eram íntimos, tão íntimos que ele pareceu devastado com sua morte, ele até a beijou na boca. A mesma boca que me beijou tantas vezes, não consigo parar de pensar nisso, na possibilidade de que eles fossem um casal fora dessa ilusão que vivam comigo e aquele infeliz de Adrian.

Ele foi morto ao fugir, me lembro disso também, ele atirou em Starla e fugiu, mas os policiais o pegaram do lado de fora. Como ele pôde atirar em uma mulher a queima roupa? Ela estava toda machucada, mole, amarrada... Mesmo que ela tenha enganado ele por causa de seu trabalho, ele ainda parecia que a amava nos tempos que foram casados. Eu jamais seria capaz de atirar em Steven, mesmo com toda raiva do mundo.

Eu choro ainda mais por pensar em todo aquele sangue, em meu marido de mentira e na forma que precisei deixar minha filha com uma desconhecida. Estou descontrolada, então aparecem dois médicos para me colocaram de pé, nem percebi quando caí no chão do banheiro, eles me dão um injeção que me acalma e me colocam na cama novamente. Volto a dormir tranquilamente.

Acordo sentindo cheiro de café, pão e queijo. Por alguns segundos sem abrir os olhos, penso que estou em casa e provavelmente Steven está preparando o café pra gente ir trabalhar. O pensamento dele me traz a realidade e lembro que ele não é meu marido, é alguém desconhecido. Abro os olhos e quase grito quando o vejo de pé na minha frente e me olhando, Sol está em seus braços, ela descansa a cabeça em seu ombro e parece dormir. Provavelmente acordou antes de mim e alguém lhe deu leite da mamadeira.

Desvio o olhar dele e me sento, na mesinha há algumas guloseimas de café da manhã, meu estômago ronca, mas não quero comer, só quero ficar sozinha. Não quero ter que falar com ele, por que ele simplesmente não vai embora e não nos deixa em paz?

Como me deixei me enganar e amei um homem que eu mal conhecia? Tudo que ele disse para mim sobre ele era mentira? Meu Deus, minha cabeça começa a latejar e volto a deitar, me virando de costas para ele.

— Bom dia, você está bem? — Ouço sua voz, tão suave, como se quisesse me enganar de novo. Não respondo, fecho os olhos e encolho os dedos dos pés. — Quer que eu chame um médico?

Deixo ele falando com a parede, se eu começar a falar, vou gritar para ele me deixar em paz e estamos em um hospital, além do que, Sol provavelmente está dormindo.

— Sei que está com raiva e impressionada por tudo que ouviu e viu. Eu sinto muito mesmo, Felicia, não queria que você tivesse passado por tudo isso. — Continuo sem responder, mas cubro a cabeça com o lençol. — Em algum momento vamos ter que nos falar, querida, quero te explicar tudo e temos que falar sobre nossa filha...

Me descubro e me levanto, ele se afasta para eu ficar de pé, sou bem mais baixa do que ele, mas meu olhar assassino é capaz de matar ele se continuar falando comigo e não for embora. A sorte dele é que não quero assustar minha filha, por isso falo baixo, apesar da minha vontade de gritar.

Minha filha, Sr. Killian! Nem pense em querer tirá-la de mim, você jamais vai conseguir!

— Você está entendendo tudo errado, eu nunca faria isso. Por favor, não se estresse e não precisa me chamar assim. Sol é nossa filha e isso nunca vai mudar.

— Infelizmente! — Viro as costas e saio do quarto. Quero ir pra casa, com minha filha, não quero falar com ninguém, principalmente narrar os fatos que vi naquela casa novamente, como me disseram que eu teria que fazer.

Consigo convencer os médicos a tirar Killian do meu quarto e deixar eu e minha filha em paz, mas os agentes aparecem antes do almoço e preciso dar um depoimento. Eu choro ao pensar nas mulheres e crianças, mas eles me garantem que elas foram salvas e estão bem, todas recebendo o tratamento que precisam.

Eles, juntamente com os médicos que cuidaram de mim até então, dizem que eu também vou precisar passar por acompanhamento posológico durante o tempo que for necessário. Eu penso no quão errado é usarem pessoas inocentes para alcançarem pessoas malvadas como Adrian, fui vítima disso tudo e quero cuspir na cara desse pessoal, mas não sou burra, sei que provavelmente eu iria presa e tenho que pensar na minha filha.

Recebo alta com Sol e um carro luxuoso nos leva para casa, provavelmente algum dos amigos de Stev... Killian. Minha casa parece estranha quando entro, quieta, vazia... Vou para a brinquedoteca com Sol e coloca ela no chão para brincar enquanto eu me encosto na parede e penso sem parar.

Meu telefone tem muitas mensagens. Algumas de amigas, de agentes e Killian, pego e excluo o número dele e bloqueio ele em tudo. Depois responde a mensagem de uma amiga mais próxima que tenho e digo que estou passando por uns problemas. Ela vem imediatamente.

Quando ela chega, junto com a babá de Sol, deixo as duas na brinquedoteca e vou com minha amiga para a sala, a gente se senta no sofá e só sua cara de pena quando digo que estou me separando me faz chorar tudo novamente. Ela me abraça e me deixa chorar por muito tempo, depois me faz um chá e coloca um filme de romance, o que não ajuda muito.

Quando já está tarde, minha amiga e babá vão embora e subo com Sol, deito ela na cama e espio pela janela. Tem um homem parado no portão todo de preto, parecendo um segurança, não consigo enxergar direito, mas tenho a sensação de que é o pai da minha filha. Volto a deitar, não quero admitir, mas saber que ele está lá fora dá segurança para deitar em uma casa grande como essa e fechar os olhos.

O problema é que não consigo dormir, passo a noite inteira acordada olhando pro teto ou para o rostinho de Sol. Tinha vezes que ela acordava pela madrugada para mamar, mas estava diminuindo, essa noite ela dormiu tranquilamente sem acordar.

Quando amanheceu, tomei um banho e voltei pro quarto, Sol ainda dormia. Então fui até a janela e não tinha mais ninguém, pelo menos ele não forçou entrar e me tirar do sério novamente.

Adrian foi morto, não sei o que vai acontecer com sua empresa, me disseram que eu precisava ir essa semana lá, mas agora não sei de mais nada, nem se seria uma boa trabalhar nos próximos dias. Não quero sair de casa e interagir ou ver a cara de pena de ninguém.

Passo o dia com Sol, tentando pensar que seremos só ela e eu agora, mas é difícil. Mesmo assim, não posso ficar deitada na cama chorando, tenho que pensar na minha filha, por isso faço comida, brinco com ela, até ajudo as arrumadeiras a organizar a casa. Elas vem 3 vezes na semana, ao contrário da cozinheira que vinha quando a gente solicitava.

Quando chega a noite, novamente encontro Killian de pé no portão da frente. E permanece nessa rotina por uma semana, até que ele começa a revezar com outro homem, mas depois de 3 dias, fui até o rapaz conhecê-lo e descobri que trabalhava para Killian como segurança, ele era um homem educado, alto e forte, e eu ofereci um café que ele aceitou. Depois disso, em todo seu plantão eu acordava cedo e lhe fazia um café antes dele ir embora.

E eu também recebia uma mensagem todos os dias de um número desconhecido, as mensagens variavam de: "Podemos conversar?", para "eu sinto muito" e "Por favor, me perdoa."

Quinze dias depois as mensagens falavam mais sobre Sol, ele dizia que tinha respeitado o meu espaço, que entendia que eu não queria olhar para sua cara, mas que ele precisava ver Sol. Eu ignorei, assim como ignorei as outras mensagens, então um dia, ao invés de ir embora de manhã, ele ficou escondido pela rua até ver minha amiga e a interceptou, pediu para passar o recado de que ele queria ver a menina e ficar com ela um pouco.

Tive medo, mas pedi para minha amiga abrir o portão para ele e permiti que ficasse no jardim com Sol por duas horas.

Consegui um emprego de meio período, já que eu tinha sido demitida e o novo presidente que assumiu a empresa de Adrian ainda não queria admitir nenhum novo funcionário até se organizarem.

Depois de um mês, recebi uma carta duas cartas da justiça, uma delas era sobre um dinheiro que eu receberia do governo pelos danos morais por todos os anos que participei passivamente daquela missão. Não queria dinheiro nenhum, mas ia precisar para manter aquela casa enorme que eu vivia, o dinheiro provavelmente ia durar um ano só para manter a casa já que eu recebia menos nesse novo emprego.

A outra carta era sobre a guarda de Sol, Killian não queria a guarda, e sim a possibilidade de visitar nossa filha. Fui nas duas audiências, em uma delas Killian estava, alguns agentes participaram da audiência, um deles era bem velho, tinha cabelo branco, ele provavelmente era o chefe deles.

Ficou acordado uma pensão para Sol, além da visitação de 2 vezes por semana, como o pai solicitou. Conversei com minha advogada, queria brigar dizendo a ela que ele nem queria ser pai, que era tudo uma missão para ele, mas não foi possível, pois o pai que correu atrás de ver a filha e aparentemente estava se mudando para a cidade, em um bairro perto do meu. Tudo para não ficar longe da filha.

Killian aparecia religiosamente toda quarta e sábado, na parte da tarde. No sábado, ele ficava mais tempo e até permiti que entrasse em casa e desse o almoço de Sol e a colocasse para dormir antes de ir. Mas eu ficava longe das vistas dele, sempre me escondendo e vendo eles de longe. Ele continuava mandando mensagem querendo falar comigo e eu continuava ignorando.

Até que, um dia, encontrei uma carta na mesa da sala. Era sábado, Killian tinha acabado de sair e me sentei para descansar os pés quando vi uma carta com meu nome em cima da mesa de vidro. Franzi o cenho e peguei a carta, achando que um dos funcionários tinha deixado na sexta-feira, mas que li o início, meu coração acelerou e precisei voltar a me encostar no sofá.

Queriada Felicia,

Oi, meu nome é Killian  Smith. Apaguei e recomecei essa carta um milhão de vezes, pois não sei por onde começar, espero que essa seja diferente, pois não aguento mais meus sem poder te ver. Então, muito prazer em te conhecer. Era assim que era para eu me apresentar desde o início, com meu nome verdadeiro, e falado sobre mim, sobre meu eu verdadeiro. Mas, como você já sabe, isso não era possível, teria estragado o meu disfarce.

Saiba, Felicia, que eu nunca quis te magoar, de coração. Eu sempre fui uma pessoa fria, faz parte do meu treinamento, a pessoa que fui quando estivesse com você, simplesmente não existe. Steven foi uma pessoa maldade para ser o marido perfeito, o homem que você ia querer ter por perto, carinhoso, carismático, trabalhador, família...

E me tornei esse homem, te conquistei e vivi apenas para a missão, sabendo que quando tudo acabasse, eu apenas iria embora e você poderia viver sua vida em paz. Conhecer uma pessoa de verdade, se apaixonar e viver sua vida. Nunca uma missão foi tão extensa, em questão de tempo, por isso passávamos por psicólogo constantemente.

Porém, em alguma parte do percurso, saí do personagem, Felicia. Tivemos a Sol, não pense nem por um segundo que eu não a queria, eu sempre a quis, não fazia parte da missão, eu nunca falei para ninguém, mas me sentia tão realizado por ter tido uma filha com você.

Mas eu era um agente duplo nessa história, de um lado, um marido dedicado, um pai, provedor da casa. Do outro, um agente infiltrado que estava atrás de uma pessoa e precisava ser frio e se concentrar apenas em seu trabalho, que tinha um prazo de validade. Querendo ou não, essas duas pessoas se misturaram e foi quando eu já não sabia mais quem eu queria ser, foi quando eu desejei e pensei em não ter mais uma vida dupla.

Eu realmente pensei em nós três, juntos, sem uma missão entre a gente. Mas eu não podia largar tudo, e foi um homem horrível com você, quando estava contigo e outra pessoa. Não digo isso para te magoar, eu realmente não quero isso, mas não quero deixar as coisas escondidas entre a gente, quero deixar tudo o mais claro possível.

Starla — Vanessa é o nome dela real — Entrou na agência um pouco depois de mim, ela era nova e precisa de alguém para lhe ensinar, ninguém queria essa responsabilidade, ainda mais por ela ser mulher. Eu nunca tive problemas com isso, então fomos na primeira nossos juntos, depois na segunda, terceira, até que viramos parceiros inseparáveis e íamos em basicamente todas as missões juntos . Onde eu estava, ela estava, e onde ela estava, eu estava.

Felicia, juro para você quando digo, nunca tivemos um envolvimento amoroso. Sempre foi apenas sexo. Em algumas missões, já precisamos fazer o papel de um casal, e foi como eu e você, mas depois da missão, voltamos a ser parceiros e amigos. Com benefícios, para ser totalmente sincero com você. Mas nunca além disso, nunca fomos em um encontro de verdade, nunca falamos sobre um futuro junto, nunca pensei nela em um vestido branco ou grávida. Cuidavamos um do outro, como amigos que passam muito tempo juntos fazem.

Eu senti a morte dela, senti no fundo do meu peito, senti como se fosse uma responsabilidade minha, eu deveria estar naquela cadeira para morrer, e não ela. Mas nós não escolhemos nosso destino, então ela se foi, e eu fiquei, uma pessoa que eu tinha tanto zelo, foi por isso que a beijei. Não porque tinha um sentimento amoroso, simplicidade não tem explicação.

Felicia, eu me odeio por pensar assim, mas às vezes acabo pensando se fosse você no lugar dele, e eu preferia morrer mil vezes antes de perder você. Porque, como eu disse, em alguma parte do caminho, as coisas mudaram e deixou de ser fingimento. Eu amo você, não quero me separar de você e da nossa filha. Me desculpa por mencionar ela, não quero de jeito nenhum de pressionar, quero que fique comigo porque você me ama também e tem a possibilidade de me perdoar por tudo que eu fiz você passar.

Eu não pretendo voltar para onde eu vim, na Rússia, nunca mais. Porque não vejo mais longe de você e da nossa filha. Por favor, me perdoe e volte para mim, pode levar o tempo que precisar, mas volte para mim.

Sei que me tornei um estranho para você, porém, posso continuar tudo sobre mim se você permitir. Como a minha real cor favorita, que é preto e não azul. E minha comida favorita é churrasco, experimentei em uma missão do Brasil e nunca mais esqueci. Eu odeio sol, prefiro chuva, e quando você dizia que eu não sentia ciúmes quando você ficava de biquíni na praia, e até brincava sobre isso, no fundo, eu estava bufando e querendo realmente matar todos os homens que olhavam para você.

Já aconteceu de eu deixar você em algum lugar e voltar para bater em cara que olhou para você mais de uma vez, porque esse sou eu, Felicia, um orgro ciumento. Mas só com você, só você derrubou as barreiras do meu coração, meu amor, nunca ninguém chegou nessa parte, de me fazer sonhar com um filho. Então, não, nem tudo foi uma farsa, e sim, eu não tenho dúvidas nenhuma de que quero casar com você como Killian Smith e continuar a nossa família feliz. Comigo sendo o protagonista, e não Steven, ele já se foi, morreu.

E, pensando bem, foi por ele que você se apaixou, mas te garanto que consigo ser melhor do que ele, garanto que consigo fazer você se apaixonar por mim, por quem fui nesses últimos meses, um cara completamente observado. Basta você aceitar, vou esperando sua resposta pelo tempo que precisar.

Eu te amo, meu amor.

Seu,
Killian Smith.

Que idiota infeliz. — resmunguei ao largar a folha e secar as lágrimas dos olhos soar o nariz. Reli a carta mais uma vez e precisei ir para o banheiro lavar o rosto e tentar me recompor.

Como ele poderia pensar que eu não estava apaixonada por ele? Ele não tinha dupla personalidade, é claro que eu sabia que às vezes ele parecia fingir ser outra pessoa, como se quisesse me impressionar. No fundo, eu sabia que tinha algo de estranho, mas não sabia se era em um ponto positivo ou negativo, acho que por isso nunca consegui ser 100% a vontade com Steven. Mas eu o amei, as suas duas versões.

Amei não, eu o amo.

Vou precisar de um tempo fazendo terapia para me recuperar desse susto, mas quando eu estiver pronta de novo, sei que vou perdoá-lo aceitar ele de volta, porque o amor era isso. Às vezes, a gente precisava dar uma segunda chance e seguir a razão e o coração, eu não conseguiria viver sem meu marido. E a gente sempre podia tentar tudo de novo, mesmo que tivéssemos pulado etapa e tivéssemos uma filha no meio.

1 ano depois.

Acabou o molho de tomate e o prato favorito de Sol era macarrão a bolonhesa, hoje ela acordei pedindo "acarrão" e eu não poderia deixar passar algo tão simples como a vontade da minha filha de comer seu macarrão. Por isso, peguei minha bolsa e minha e fomos para o mercado, desta vez, comigo dirigindo. Tirei a carta faz alguns meses e Sol adorava me ver no volante, ela batia palmas, dava gargalhadas e a gente cantava musiquinhas infantis juntas.

Ao chegarmos no mercado, tiro ela da cadeirinha e encontro um carrinho que tinha onde por ela sentada para não precisar carregar essa gorducha no colo. Sol já sabia andar, mas ela não gostava preferia que carregassem ela para todo lado.

— Você quer morangos, minhas flor? — Falei com aquela voz fininha que só usava para falar com bebês. Parei na sessão de legumes e frutas e mostrei uma cartela de morangos para ela.

Moango! — Sol deu um gritinho fofo esticando com as mãos para a cartela, mas lhe entreguei, pois ela já era capaz de abrir e querer comer os morangos sem lavar.

— Em casa, você vai poder comer quantos morangos quiser, o que acha? — Aproximei o rosto do dela e Sol acariciou minhas bochechas com as mãos, sorrindo abertamente.

Quando já ia me encaminhar para outra sessão, percebi que as pessoas estavam parando em seus lugares e olhando para um lado só, a maioria sussurrando e muitas com sorriso marotos, a maioria de mulheres. Franzi o cenho e fui procurar o que elas estavam vendo, minhas bochechas aquecem quando vejo meu marido vindo em minha direção. Tudo bem, ele era lindo e muitas mulheres reparavam ele na rua, mas o motivo dele parar quase o mercado inteiro, era porque não tinha trocado de roupa e estava com a farda camuflada da polícia.

Ele já era linda, mas de farda, caralho, meu corpo aqueceu por inteiro.

— Papai! — Sol também foi uma das impressionadas e rapidamente notou seu pai quando ele estava bem perto.

— Olá, minhas garotas. — Ele ignorou a comoção do mercado cheio e segurou minha cintura, depositando um beijo em meu rosto quente. Então me soltou e tirou uma Sol muito empolgada do carrinho. — Nossa, você está mais pesada, o que anda comendo, pequena Sol?

Acarrão! — Sempre que falávamos sobre comida, ela só falava em macarrão, mesmo comendo todos os outros pratos e me ouvindo falar o nome de cada alimento.

— Como sabia que estávamos no mercado? — Perguntei, seguindo para outra sessão enquanto ele me seguia de perto. Killian estava em uma missão há quinze dias, sabia que voltaria hoje, mas esperava que fosse só a noite.

— Coloquei um rastreador no seu carro — diz ele, tranquilamente enquanto coloca a filha nos ombros. Ele para quando eu paro, estupefata olhando para ele.

— Você está brincando, não é?

— Estou falando muito sério, meu amor. — Ele se inclina e beija meus lábios cerrados. — Venha, não vamos brigar no mercado.

Terminamos de fazer a pequena lista de compras e fomos pro estacionamento, aparentemente alguém trouxe ele de carona até o mercado, depois dele achar minha localização.

— Não acredito que você colocou mesmo um rastreador no meu carro, Killian. — Eu bufo ao dar a partida, com ele sentado ao meu lado e Sol quase fechando os olhos na cadeirinha no banco de trás.

— Não acredito que você ainda não se acostumou com o meu jeitinho de ser. — Ele deu de ombros, debochando.

— Isso é possessão!

— Isso é amor! Eu te amo e por isso me preocupo com sua segurança.

— Uma ova, você só quer saber por onde eu ando.

— Consequências.

— Vou colocar um rastreador em você! — Eu saio do estacionamento e saímos para o rua, o dia está lindo, enrolado, e Killian coloca óculos escuros e deita a cabeça no banco, virado para mim.

— Já tem, no meu celular, coloquei o aplicativo no seu para você me acompanhar. Não percebeu que tinha um aplicativo novo no seu celular?

— Não, Killian! — Como estou brava com ele, mas não posso tirar os olhos da pista e lhe dar um tapa na nuca.

— Shiu, Sol está dormindo.

— Você é impossível.

— É por isso que está casada comigo, eu também te amo, querida.

— Eu não disse que te amo.

— Você disse, sim. — Solto um grunhido, mas ele nem liga, apenas pega uma mexa no meu cabelo e acaricia entre os dedos.

— Me dá tesão ver você dirigindo.

— Já disse isso, e nossa filha está no banco de trás.

Dormindo no banco de trás. E posso repetir o quanto acho minha mulher gostosa a hora que quiser.

— Sinto falta de Steven.

— Retire o que disse agora.

Eu não retiro, em compensação, ele entra em casa muito calmo, carregando uma Sol no quinto sono e a coloca em seu berço. Então, me encontra na cozinha e me joga em seus ombros.

— Killian, me solta! — Eu bato em suas costas cheia de músculos, mas ele me ignora.

Chegando na suite, ele me coloca no chão e agarra meu pescoço. Seu semblante está sério, com uma promessa de que vai me esfolar viva e me fazer gritar até os vizinhos acharem que tem alguém precisando de ajuda. Digo isso porque já aconteceu antes, e foi o maior constrangem a policiar bater na minha porta porque Killian estava me fodendo igual louco.

— Retire o que disse, querida. — Ele repete, sua voz baixa parece de um assassino, mas nunca me assustou.

— Para com esse ataque de ciúmes, estamos falando de você mesmo!

Acho que não adiantou, pois ele me lança na cama e caio de joelhos no chão e matade do corpo na cama. Ele me segura assim, com uma mão na minha nuca, então se ajoelha atrás de mim e só levanta meu vestido e coloca o pau pra fora.

— Oh, porra! — Grito quando ele entra com tudo dentro de mim, sem me dar tempo para respirar. Então soco com força, saindo e entrando, em uma velocidade que não me deixa outra alternativa senão gemer igual uma vagabunda.

Ele enfia uma mão por entra as minhas pernas e alcança meu clitóris, com alguns estímulos eu já estou gozando e chorando pela força com que fui para ele. Mas Killian não acabou comigo, ele tira da minha boceta e enfia no meu braço proibido, que ele levou um tempo para alargar com seus dedos até eu conseguir recebê-lo.

Killian alcança a nossa gaveta e pega um dos nossos brinquedos vibratório, ele me faz lamber e então enfia na minha boceta, sua mão tampa a minha boca e abafa todos os meus gemidos e gritos.

Expulso o brinquedo de dentro de mim quando gozo, molhando nosso tapete todo.

— Duas vezes e contando. — Ele sussurra em meu ouvido.

Até o final do seu castigo eu gozo mais duas vezes, somando 4 orgasmos. Depois que voltamos, 9 meses atrás, tivemos alguns encontros como desconhecidos até ele voltar a morar com a gente de novo, e quando fomos para cama pela primeira como Killian e Felicia, ele não descansou até me dar um 5 orgasmos, dizendo que, já que eu consegui o primeiro, eu ia aguentar os próximos para recuperar o tempo perdido.

Eu confiava bem mais em Killian do que confiei em Steven, a verdade é essa, e enquanto Steven só fazia amor comigo, Killian me fodia enquanto fazia amor comigo. Ele era bem intenso, algo que gostei pra caralho, ainda bem que nesse aspecto ele não era nada como o personagem que ele criou.

Deito em seu peitoral duro e brinco com os peitinhos ali. Sorrio, me lembrando da primeira vez que brinquei o chamando de Steven, agora virou recorrente, toda vez que queria que ele pegasse ainda mais pesado, eu brincava assim.

Já teve vezes da minha bunda ficar tão marcada que eu não conseguiu sentar depois, e porra, foi bom pra caralho.

— Pare de me provocar com isso, Felicia, qualquer dia eu ainda vou te matar. — Ele sussurra, agarrando meu queixo de forma possessiva e reivindicando minha boca em um beijo bruto.

— Eu adoria morrer de tanto foder. Imagina no IML: qual a causa da morte? Morreu de tanto foder.

— Caralho, amor, você me deixou duro de novo!

— Não sabia que necrofilia é a sua praia!

Ele, que estava prestes a me montar de novo, se afastou bruscamente e saiu da cama xingando.

— Puta que pariu, amor!

— Venha aqui! — Rindo, pulo nas costas dele, nua, e o faço me carregar nas costas. — Eu te amo, meu possessivo!

— Um dia você ganha de mim, por enquanto, continua tentando.

FIM.

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Considerações finais??

Oh, gente, eu amei de paixão escrever esse conto! Eles não queriam se despedir, por isso demorei tanto a soltar. Tem mais de 12 mil palavras, está um pouco grande. Espero que tenham aprovado a leitura e com o final que estavam esperando.

Feliz 2025 🥂✨🥳

Um beijo e até a próxima!

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