Capítulo I - Onde o sol desponta...
Os Vŭlk comandam as tribos dacianas há incontáveis gerações. Os primeiros de sua estirpe emergiram como sobreviventes da era das trevas... Fixaram-se ao sul dos Montes Cárpatos, junto às margens do Ister; no trecho sinuoso do rio onde o sol desponta, todas as manhãs.
Inicialmente, pacificaram e uniram as tribos da região sob o símbolo do lobo. Com passar do tempo, conseguiram assegurar as fronteiras e controlar as rédeas de uma federação forte. O Reino da Dácia ergueu-se como a pátria do Grande Lobo Branco guardada pelos "lobos do Ister" - título que lhes foi conferido pelos viajantes e observadores romanos.
A denominação não é leviana, nem jocosa. Os guerreiros dacianos se identificam fortemente com os lobos. Manifestam o culto através de rituais sofisticados, que vão muito além das oferendas ao deus - está presente no cotidiano, na sociedade e nas guerras.
O clã dos Vŭlk é conhecido por ensinar seus descendentes a lutarem com astúcia lupina, desde a mais tenra infância. Os costumes e procedimentos militares são guardados e transmitidos pelos veteranos em combate; os quais formam um corpo de elite com poder de cumprir ou vetar as decisões tomadas dentro da federação.
Embora os membros do clã dos Vŭlk sejam frequentemente escolhidos, não é uma regra exclusiva. Os guerreiros de outras tribos dacianas também podem participar; a experiência militar e a bravura determinam a escolha; o que ajuda a equilibrar as relações de poder dentro da federação.
A poderosa irmandade dos guerreiros lobos é soberana e persiste desde as trevas, em seus propósitos: proteger o povo, o território, e manter a comunhão dos guerreiros com o espírito do Grande Lobo Branco. A divindade lhes aponta o caminho da vitória e os protege.
Os dacianos jamais perderam uma batalha... Em agradecimento, de tempos em tempos, eles realizam cerimônias de proteção e purificação...
Hoje, porém, não é o caso. A batalha que espreita o horizonte dos lobos do Ister será travada nas sombras.
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Nevou durante todo o dia sobre a floresta e as montanhas sagradas; mas, ao entardecer, um vento gelado e constante varreu a região, limpando o céu e fazendo cessar a neve. O sumo sacerdote interpretou aquilo como um bom augúrio... A noite lhes será propícia. O Grande Lobo Branco está disposto a escutar os homens.
Os preparativos para a cerimônia são feitos ao cair da noite, no ponto exato indicado pela divindade. A lua soberana então surge no céu, iluminando os picos dos montes antes sombreados. Não se ouve nada além do pio das corujas pintadas e o crepitar da grande fogueira sagrada; um foco de calor e luz, cujas chamas raivosas se erguem do cume da colina para o céu.
Mais abaixo, além da densa floresta, estão os telhados embranquecidos das cabanas que compõem o povoado, bem como o complexo do palácio. Os dutos de suas lareiras emitem desenhos suaves de fumaça, pela queima ininterrupta de lenha... A única forma de se protegerem do inverno rigoroso.
Silenciosos e indiferentes ao clima rude, os guerreiros lobos se postam ao redor do fogo, envoltos em grossas capas de pele, portando suas armas cerimoniais. Deixam atrás de si as pegadas fundas de suas botas na neve imaculadamente branca. Suas respirações liberam suave vapor, enquanto aguardam o início da cerimônia.
Todos que ali se encontram desejam manifestar apoio a Volkan, o lobo alfa, primogênito de Uller e chefe do clã dos Vŭlk. Ele irá partir em uma jornada solitária e sem retorno. Todos entendem e aceitam; sabem que ele anseia pela morte em combate - e o mais importante: vingar sua honra. Para isso, deverá ficar cara a cara com um poderoso inimigo.
Volkan não teme, pois não tem nada a perder.
Expondo-se ao clima, o alfa surge na colina inteiramente nu, pintado à moda daga. Encontra-se despojado de suas armas e trajes. Apenas o gorro real cobre sua cabeça. Ele entra no círculo dos irmãos lobos e se posta de costas para a fogueira. As luzes bruxuleantes do fogo dão vida as tatuagens de seu torso.
O sumo sacerdote então inicia a cerimônia de transferência do poder. Naquela mesma tarde, ele consultou Derzeles, o deus do submundo. A resposta foi favorável à decisão do alfa. Um lobo precisa correr em busca do que lhe falta. Naturalmente, o reino não ficará desassistido, muito menos sem liderança. Da mesma forma que Uller deixou o trono para Volkan, este irá deixá-lo para o irmão mais novo, Quotar.
A diferença é que Uller estava morto, quando Volkan se tornou rei da federação.
O evento é estranho e desconfortável para Quotar. Ele se sente um espectador impotente assistindo à cerimônia de transferência de um rei ainda vivo para o próximo na sucessão... No caso, ele. O ritual em andamento não faz sentido. Não é parte de um plano divino, como quer enfatizar o sumo sacerdote. Não pode ser, uma vez que se desdobra da traição humana... Algo que não diz respeito nem interessa aos deuses da natureza.
Seu irmão depositou tudo aos pés da traidora, e ela o destruiu. Para Quotar, ela não vale o esforço. Mas Volkan não lhe escuta. Não escuta ninguém. Assim, Quotar precisa sufocar a raiva e se resignar... Está decidido, porém, a não deixar o irmão desassistido em sua jornada; mesmo que o alfa rejeite a ajuda dos lobos, terá que aceitar a sua.
Sendo um dos guerreiros mais jovens da irmandade, Quotar passou por todas as etapas de iniciação. Recebeu o treinamento no manuseio das armas e na luta corpo a corpo. Ingressou no corpo de elite ao participar dos primeiros combates contra os invasores celtas, que vieram do norte. Agora, ele vê o irmão de sangue - herdeiro natural de seu amado pai - preparando-se para partir rumo a um território distante e perigoso...
Um território que dizem ser o legado de uma loba.
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Com menos de um século de conquistas no exterior, Roma vem se revelando uma fonte de preocupações para aqueles que assistem o seu avanço. Entre eles, os povos balcânicos, habitantes da península e mais além - onde há um corredor comercial importante, porém, muito instável...
Grande parte daqueles reinos coabitam sobre os restos do Império Macedônio. A sombra de Alexandre, o Grande, ainda paira sobre os seus governantes. É reivindicada por eles... Cada qual anseia em se tornar o próximo Alexandre.
Numa época em que as sociedades prevalentes são fortemente militarizadas e violentas, nenhum governante é ingênuo de acreditar que pode permanecer livre das ofensivas estrangeiras. Os reinos são constantemente testados nas trocas comerciais, alianças estratégicas, clientelismos, dominações e guerras. Muitas guerras.
Se por um lado, os dacianos resistem à assimilação por parte dos impérios emergentes, por outro, mantêm-se afastados de confrontos diretos. Vivem em relativa placidez com os sármatas e os trácios. Os lobos acreditam que os impérios vêm e vão conforme os caprichos dos deuses; por isso, assistem os reinos vizinhos sofrerem as consequências de um padrão determinado pelas superpotências do momento: Macedônia, Épiro, Ilíria, Cartago, e agora Roma.
Enquanto a Dácia vigia o território e sua liberdade, Roma possui uma agenda complexa. Seus objetivos são definidos conforme a necessidade de segurança e a manutenção dos cofres públicos, e também o alcance político e militar. Roma quer um mundo por onde possa ir e vir sem impedimentos.
Sua expansão teve início como uma reação às ameaças. Não havia estratégia preestabelecida para conquistar o mundo. Mas, ao se proteger, Roma começou a conquistá-lo... E então conquistar o mundo pareceu uma ideia atraente.
Roma derrubou a supremacia cartaginesa no Mediterrâneo, e prossegue em sua busca por riquezas que sustentem a sua expansão.
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Muito antes de Volkan ter ousado trazer a mulher para a corte dos Vŭlk, os dacianos já observavam a movimentação dos romanos. Eles derrotaram os vizinhos e aliados dos dacianos, os fabulosos trácios, em uma manobra inesperada... Revelaram-se um corpo de guerra organizado, disciplinado, mantido de maneira muito mais barata do que os outros exércitos, pois contam com forças tentaculares.
Quando os romanos se defrontam com os exércitos inimigos mantidos de forma dispendiosa, sem esquema tático elaborado, o resultado é esmagador.... E Roma não aceita menos do que a submissão.
Submeter-se não é uma opção para a Dácia, porém, a derrota de seus vizinhos trácios trouxe a compreensão de que os romanos são oponentes formidáveis. Da mesma maneira, os senadores romanos descobriram que os dacianos não podem ser dominados em uma simples incursão. A região geográfica em que se encontram é de difícil acesso e os lobos do Ister sabem fazer uso dela.
As expedições romanas levaram inquietação aos locais. As terras ao redor do Ister são um dos poucos territórios que ainda não se aliaram, negociaram ou se submeteram à República Romana. Assim sendo, dez luas antes da cerimônia de transferência de poder, os guerreiros lobos convocaram uma conferência com todos os chefes das tribos locais. Volkan presidiu o ciclo de reuniões, ouviu os guerreiros, os chefes, os conselheiros, e coordenou as discussões até chegarem a uma decisão de como o Reino da Dácia iria se posicionar frente à ameaça romana.
A decisão foi atacar - um ataque rápido e surpreendente. O momento propício é agora, enquanto Roma contabiliza os custos de uma longa guerra contra Cartago e lida com a ameaça constante da Macedônia, a qual enfrenta enquanto está guerreando contra o império cartaginês...O desejo de vingança de Volkan definiu o seu posicionamento, indo ao encontro dos propósitos e necessidades de sua gente. Os guerreiros lobos apoiaram a execução do plano; é preciso agir antes que Roma os encurrale junto ao Ister.
Volkan propôs empregar uma versão sofisticada do presente de grego; dando início ao mais ousado plano que jamais se teve notícia contra a República. Apesar de estar deixando a liderança da federação, ele ainda deverá desempenhar um papel crucial nessa manobra... E obter, durante o processo, a reparação que tanto almeja.
Um lobo sabe esperar pela presa.
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Quotar assume sua posição entre o sumo sacerdote e Volkan... Ele não para de pensar no problema romano e na forasteira que causou tanta discórdia na corte dos Vŭlk. Eles a viram como uma inimiga, espiã ou traidora. Para Quotar, ela era tudo isso junto... Mais cedo ou mais tarde, sua presença causaria um dano irreparável...
Como acabou causando.
Ele se vê arrancado de seus pensamentos pela chegada repentina da rainha Ágala, a grande mãe. Seu coração se abranda ao vê-la surgir carregada numa liteira, pelos servos da casa de Uller. Os olhos da nobre mulher brilham com lágrimas contidas. Ela contempla a figura formidável de Volkan, enquanto realiza uma reverência silenciosa.
Um brilho de emoção passa pelos olhos cinzentos de Volkan. Tão parecidos com os olhos do pai...
As servas da casa de Uller ajudam a grande mãe a caminhar. Ágala se esforça para esconder a tristeza e mantém a voz firme ao entoar o cântico das bênçãos.
Quotar baixa a cabeça, sentindo a angústia pungente de sua mãe para com o destino de Volkan e de todos eles. Ela não pretende interferir, mesmo acreditando que devessem permanecer neutros; o conflito direto provocará uma reação direta. Roma não irá parar até destruir o inimigo; não importando quanto tempo ou quantos mortos tenha que contabilizar.
Ágala estava esperançosa de que a guerra entre Roma e Cartago, as maiores potências da atualidade, favorecesse os dacianos. Inicialmente, seus argumentos foram levados em consideração. Mas, com o fim recente da segunda guerra púnica e a consequente derrota esmagadora de Cartago, Roma se tornou a potência absoluta do grande mar.
Resta a Macedônia... Se esta cair, os romanos estarão livres para avançar por terra... E ocupar o Ister.
Ágala sabe que a ameaça é real. Mais de uma vez, Uller, o grande radu, e depois Volkan, o lobo soberano, espantaram as expedições romanas próximas ao Ister. É apenas uma questão de tempo para que eles voltem. Os romanos são teimosos e estão sempre estudando o potencial dos territórios além... Até onde podem avançar... O que precisa ser feito para avançar. As sondagens constantes levaram os dacianos a permanecerem alerta em relação às fronteiras.
Só por isso, Ágala não forçou o seu ponto de vista durante a última conferência entre os clãs. Que seja feita a vontade do Grande Lobo Branco. Contudo, a resignação não impediu que seu coração de mãe sofresse em silêncio por Volkan.
Ágala lança um breve olhar para o outro filho, captando sua revolta. Quotar desvia os olhos, mas ela conhece suas aflições. Nenhum dos filhos consegue esconder nada dela. Para Ágala, as desconfianças de Quotar são impensáveis. E ele tem se revelado obcecado com o que aconteceu.
Quotar não terá sossego enquanto não destrinchar o contexto da fuga. Como a romana teria conseguido escapar sem que nenhum guarda-costas ou vigia do palácio a avistasse...? Não houve alarme. Foi em pleno dia, durante um festival lotado de gente. Ela mergulhou naquele lago e simplesmente desapareceu... Deram-na como morta. Então vieram os boatos e supostos avistamentos.
Poderia haver mais romanos infiltrados no território? Ou eles tinham informantes dentro do clã dos Vŭlk? De uma forma ou de outra, Quotar acredita que ela teve ajuda de dentro.
Tão logo a transferência de poder seja concluída, ele dará início a uma investigação sigilosa para apurar os fatos. Algo lhe diz que saber toda a verdade pode ajudar Volkan, em suas decisões futuras.
Ecoa em seus ouvidos a pergunta litúrgica do sumo sacerdote. Quotar responde, como se espera do sucessor ao trono. A grande mãe também responde de maneira automática, como advogada da herança de Uller (seus filhos); então, ela se cala, emocionada. Seu papel na cerimônia acabou. Ágala despede-se de Volkan com um toque suave em seu rosto.
O alfa quebra o protocolo, envolvendo a mão da mãe entre as suas, antes que ela se retire. Ágala sorri corajosamente e se afasta do círculo. Mas, quando passa pelo filho caçula, não consegue mais ocultar o que se passa em seu íntimo. Quotar comprime os lábios, contrariado. A mãe não deveria passar por isso. O irmão não deveria passar por isso. Mais uma vez, a raiva o domina. Tudo é culpa daquela maldita romana.
Ele sabe que Volkan nunca quis o destino de comandar as tribos. Fê-lo por comprometimento com seu povo, para honrar o nome do pai, e para proteger a traiçoeira esposa. Alguns diriam que o trono tão evitado e indesejado foi obra do destino. O lobo soberano teria se rendido ao apelo do sangue... do clã... e dos deuses. Não há como negar que Volkan foi um excelente líder. Manteve as fronteiras livres dos carniceiros romanos, igualando-se ao pai em eficiência e comando. Manteve a paz entre os clãs, e atendeu às exigências políticas e religiosas da federação.
A verdade é que para o alfa, o trono era uma prisão. E agora, ele está sendo libertado... Quotar pode ler isso nos olhos do irmão, enquanto ficam de frente um para o outro. Um lobo alfa não deve ser contido, ou acuado... Precisa correr livre ao encontro do seu destino. Quotar só espera que ele obtenha as respostas para as questões que o atormentam. E que finalmente encontre a paz.
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O sumo sacerdote recita a liturgia, mas Volkan escuta apenas a própria respiração. Cruzando os braços, ergue os olhos para o céu estrelado. A deusa Bendis a todos envolve, em seus braços feitos de noite aveludada e bondade. As copas escuras das árvores balançam suavemente, enquanto seu olhar vagueia pela paisagem e além, detendo-se na lua majestosa acima das montanhas... Seu lar.
Mas, o lar está onde o coração está... Se coração de Volkan está morto, não existe mais um lar para ele.
Inspirando profundamente, o alfa solta um longo uivo, que comunica aos irmãos, um misto de dor, fúria e promessa.
A fria determinação o domina, enquanto os lobos também emitem uivos mais baixos de despedida, em sinal de reconhecimento e respeito para com o valoroso guerreiro. Mas ele não partirá só. Os lobos nunca correm sós. Nem mesmo os ômegas escorraçados, que permanecem ao redor da alcateia para receber os restos que lhe são destinados.
Assim como os romanos, os dacianos possuem redes de cobertura, contatos e informantes. Se a romana teve ajuda para sair, o lobo terá ajuda para entrar.
Tão certo quanto a brisa gelada, os guerreiros são recompensados pela resposta metálica do Grande Lobo Branco. Seu uivo sobrenatural ecoa por entre os troncos das árvores... Toca os seus corações... Serena os seus ânimos... Clareia as suas mentes...
Eles avistam o lobo ao longe, parado ao lado de um homem muito alto, magro, usando capa e capuz. Ele segura um velho cajado. Os guerreiros reconhecem o deus Zalmoxis.
O sumo sacerdote se prosta diante da revelação: as presenças divinas significam que as oferendas foram aceitas. Volkan será guiado e conta com proteção, em sua jornada.
Os irmãos de armas batem as espadas nos escudos de madeira; os músculos poderosos flexionando ritmicamente. Volkan retira o gorro real e o coloca sobre a cabeça de Quotar - o símbolo do comando dos Vŭlk agora pertence a ele.
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À distância, uma jovem furiosa observa o fim do ritual.
Marija não entende como as coisas deram tão errado... Ela desconhece os propósitos de Volkan. Ele se fechou em copas, desde a fuga da maldita romana. Ele, que sempre lhe confidenciou os mais secretos anseios... Simplesmente, não reagiu como ela imaginou que reagiria.
Ela vigiou os passos do sumo sacerdote, ao longo do dia, e descobriu que ele esteve consultando os deuses. Os guerreiros lobos se encontraram ao cair da noite. Desde então, ninguém teve permissão de se aproximar, exceto a irmandade, o sumo sacerdote, a rainha e os herdeiros.
Marija ficou de fora... Foi excluída de todas as discussões e cerimônias. Como sacerdotisa e arúspice, isso é uma afronta. Ela tem o direito de participar dos rituais. Além de quê, também é uma Vŭlk.
Fazendo o caminho de volta para o palácio, ela chuta os pedregulhos na tentativa frustrada de descarregar sua raiva. Reconhece, de má vontade, que a situação fugiu do seu controle. Resta-lhe torcer para que o ódio de Volkan não arrefeça. Que ele jamais perdoe a traidora romana.
Só assim Marija ficará segura.
Com tais pensamentos, ela segue pelo caminho principal para a cabana cerimonial. Está decidida a buscar as respostas para os seus medos, nas entranhas frescas de um cordeiro. Não percebe o olhar dardejante do lobo que a observa, da floresta. Se tivesse notado, saberia que os deuses caprichosos também confabulam...E os atos de Marija terão um custo. Talvez mais alto do que ela esteja preparada para pagar. Ela não terá escolha senão sofrer as consequências...
Mais cedo ou mais tarde.
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