Capítulo 23
Mary e Robert me buscaram na casa de Ethan para a escolha do vestido de noiva. Eu tinha a tarde livre, e até Ethan acabou entrando na busca pelo vestido ideal.
— Onde devemos ir? — Robert murmurou já dirigindo logo depois que eu e Ethan entramos no carro. — Eu não conheço muito sobre.
— Eu também não. — Mary riu nervosa e olhou para trás procurando me ver. — Por isso eu trouxe minha madrinha.
— Tenho uma sugestão, mas é muito inusitado. — Falei divertida.
— Num bazar? — Ethan disse me fazendo rir.
— Na Kleinfeld. — Falei e os olhos da Mary se arregalaram no mesmo instante.
— Onde é isso? — Robert perguntou tranquilo.
— Em Londres. — Falei me aproximando dos bancos da frente. — É uma das lojas mais famosas do mundo sobre vestidos de noivas, tem franquias em vários países, e até tem um programa de TV.
— Lá é muito caro. — Mary disse. — Vamos em outro lugar.
— Pelo que soube o Sr. Baker que iria pagar o vestido. — Sussurrei.
— É, mas lá é muito caro.
— Caro quanto? — Robert encostou o carro e olhou para trás.
— Não tem vestido mais barato que mil dólares. — Mary contou sofrida. — E de qualquer forma, para ir na Kleinfeld precisa marcar horário, o que não fizemos... E estamos em cima do laço para escolher esse vestido. Precisamos ir hoje.
— Quando é o casamento? — Ethan questionou. — Por que não recebi convite nenhum ainda?
— Daqui cinco meses, na primavera. — Robert disse sorridente. — Os convites chegarão.
— Ok! Sem mais delongas! — Falei já abrindo o Google. — Pode ir dirigindo para Londres, Parker. Vou escolher as lojas mais legais que conseguir, já que não podemos ir para a Kleinfeld.
Robert digiriu enquanto Mary arrancava os esmaltes das unhas ao seu lado. Eu rapidamente tracei uma rota de lojas, e logo chegamos à primeira. Lá não tinha opções tão interessantes, e a senhora atendente expressava muito o quanto era contra o noivo estar ali. Na segunda loja as coisas eram diferentes, e Mary se encantou de cara por um vestido simples, de corte reto.
— É lindo. — Falei analisando ao seu lado. — Mas acho que vai gostar de outro estilo.
— Por quê?
— Porque precisa experimentar para saber. — Dei tapinhas em seu ombro.
— Olá, sou Tony. — Um rapaz ruivo e gordo se aproximou sorridente. — Vou atender vocês hoje. Qual das duas é a noiva? — Ele apontou para nós e fez um biquinho.
— Ela. — Apontei para minha amiga. — Essa é a Mary, e oi! Sou Hana, a melhor amiga dela! — Estendi a mão, mas o rapaz se aproximou me dando dois beijinhos na bochecha, e seu perfume era super doce. — Adorei o perfume, Tony.
— Own! Obrigado, amor. — Ele riu e logo beijou Mary que sorriu sem jeito. — E os dois bonitões ali vieram com vocês?
— Sim. Aquele sorridente é Robert, o noivo. — Expliquei. — E o outro é o Ethan, meu namorado.
— Arrasaram meninas. — Ele apertou minha bochecha. — Os achei uma gracinha, se não tivesse dito que são comprometidos, eu ia caçar um deles.
Nós três rimos e logo Tony se apresentou aos rapazes. Ele nos ajudou a analisar os vestidos e separamos alguns modelos, inclusive o que a Mary queria, para ela experimentar.
— Ok! — Tony disse. — Vou levar a nossa Mary para o provador e voltamos quando ela escolher quem vai vestir primeiro. Vocês podem esperar ali. — Apontou para um sofá e logo arrastou a Mary pela mão.
— Espera, ele que vai ajudá-la a vestir? — Robert murmurou concentrado na cena de sua noiva se afastando.
— Acho que sim. — Respondi analisando suas sobrancelhas franzidas. — Relaxa, Robie! Ele é gay, não percebeu não?
— Mas... — Respirou fundo.
— Ele estava mais interessado em você. — Contei divertida. — Um ruivinho desses, pensa só que delícia.
Robert riu um pouco, mas seu semblante continuou tenso.
— Esse é seu tipo? — Ethan me cutucou.
— Sabia não? Sou chegada.
— Aah. — Ele levantou a sobrancelha e antes que a resposta arisca viesse, eu estalei meus lábios nos seus.
— Bobo.
— Estou tão nervoso. — Robert se intrometeu. — É normal ficar assim? Minhas mãos estão suando, estou hiperventilando...
— Não. — Ethan disse sério. — Acho melhor você procurar um médico.
Mas toda preocupação se desfez quando Mary surgiu com um vestido, o qual não era nenhum dos que tínhamos escolhido. Ela estava sorridente e eu senti meu peito encher de emoção. O vestido evasê, com saia de tule, corpete justo cheio de detalhes delicados, e uma manga quase invível com detalhes amáveis, brilhou na Mary.
Robert expressava tantas coisas ao mesmo tempo que nem pude definir que emoção era aquela.
— Acho que não precisaremos mais escolher. — Tony disse apontando para a cara de Robert. — Quando eu me casar, quero que meu noivo me olhe assim, menina.
— Está linda. — Falei me aproximando e vendo o vestido de perto. — Onde achou esse?
— Nem te conto! — Tony se intrometeu. — Ela experimentou todos que pegamos e não gostou de nenhum que nem quis mostrar a vocês, até que esse apareceu em um dos cabides no corredor, porque alguma noiva não quis, e voilà! Perfeita!
— Eu amei. — Mary disse empolgada. — Acho que é esse. O que acha Robie?
— Está perfeita. — Ele disse piscando. — Nossa, você é tão linda. Já estou emocionado.
Eles deram as mãos e senti meus olhos lacrimejarem em ver os de Robert avermelhados.
— Vai me fazer chorar. — Reclamei fazendo-os rir. — Quando brinquei de juntas vocês dois, realmente não achei que chegaríamos a esse dia. Estou tão feliz!
— Eu também, Hana. — Robert disse e afagou meu ombro agradecido.
— Gente, eu não posso chorar e sujar o vestido. — Mary choramingou já esfregando os olhos.
— São apenas lágrimas, amorzinho. — Tony contou entregando um lencinho para Mary. — Estou emocionado com vocês.
— Então já escolhemos? — Ethan disse de repente, sóbrio, sem vestígios de lágrimas ou emoção. — Está linda, Mary.
Ela estava decidida a usar aquele e tiramos algumas fotos para mostrar aos outros familiares. Foi muito emocionante e me senti muito grata por ter compartilhado aquele momento com eles, sentia que teria aqueles amigos por muito tempo e aquilo me fazia muito feliz.
Enquanto Mary e Robert resolviam sobre a compra do vestido com Tony, eu e Ethan saímos para tomar um ar na frente da loja.
— Olha, aquela é minha chefe. — Murmurei vendo a Srª Owins caminhando apressada pelo outro lado da calçada. — Ela vai me achar uma completa desocupada por esta aqui num sexta-feira a tarde.
— E ela não tem nada a ver com o que faz no seu horário livre. — Ethan respondeu calmo. — Estou de folga hoje, se meu chefe me encontrar na rua eu que vou questioná-lo por estar zanzando por aí.
— Ela é uma megera. — Contei me virando para ele e ficando de costas caso ela inventasse de me enxergar.
— E você é Hana, não tem medo de megeras. — Ele tocou minhas bochechas e apreciei o fato de suas mãos estarem tão quentinhas.
— Verdade. — Assenti risonha.
— Melhor assim. — Apertou minha bochecha e sorriu também.
Um floquinho branco caiu entre nós e pousou no casaco preto do Ethan. Um segundo depois outro flutuou lentamente até o cabelo dele, e eu peguei o fazendo derreter entre meus dedos.
— É neve. — Murmurei analisando a gotícula de água que ficou em meu dedo.
— A primeira neve. — Ethan concordou olhando em volta. — É, já estamos em novembro.
Olhei os arredores para contemplar os floquinhos lentos caindo do céu, indecisos sobre onde pousar.
— Sabe o que isso significa? — Ethan disse me fazendo encará-lo.
Assenti com a cabeça e observei seu sorriso tornar-se largo e seus olhos sumirem ainda mais.
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