II. Parece cinzas em minha boca.
GENEVIEVE
Dias atuais...
Aquilo era um recado, um que me alertava de algo que eu havia esquecido completamente. Os cavaleiros estavam de volta. A pena em que Will Grayson, Damon Torrance e Kai Mori haviam pego estava completa. E eu não estava na lista de bons amigos e pessoas que eles sentiam falta durante os anos na cadeia.
Kai Mori não me assustava. Ele nunca me assutou. Joguei a fita branca pelo quarto, assim como os sapatos. Nosso joguinho só havia começado.
[...]
Desci do taxi, ajeitando a mala de viagem ao meu lado. O elegante Delcour estava a minha frente. Se erguendo de forma imponente na cidade. Cumprimentei o porteiro de forma educada e caminhei até o elevador.
— Ei, segura para mim. – escutei uma voz feminina e vagamente familiar gritar do hall de entrada.
Automaticamente minhas mãos vão até a porta do elevador, impedindo de as fechar.
— Oi. – a mulher loira me diz assim que entrou ao meu lado.
— Rika? – não contenho o espanto em minha voz.
Erika Fane se vira para mim e depois de alguns segundos parece me reconhecer.
— Genevieve? – ela parece confusa.
Desde a última noite do diabo, três anos atrás, eu não a vejo. Sei que terminou a escola no ano anterior e estava no primeiro período da faculdade. Mas o que ela estava fazendo no Delcour? O nome de Michael aparece em meus pensamentos. Afinal não era só de mim que eles possuíam desejo de vingança. Embora Rika não tenha a mínima noção de que os cavaleiros querem com ela.
— Você mora aqui? – ela pergunta.
— Sim. – eu respondo simples.
— Legal! Vamos ser vizinhas. – ela sorri.
Sim, finja que aquela noite três anos atrás não ocorreu. Finja que nós duas não vivemos a melhor e a pior experiência juntas. Eu não preciso ser lembrada do quão incrível foram aqueles momentos e do quão idiota eu fui naquela noite.
— Sim. – eu retribuo o sorriso. — Legal!
O elevador para em meu andar e rapidamante eu saio da caixa de metal, indo em direção a porta do meu apartamento. Assim que estou dentro de casa, escuto o toque do celular.
— Alô?
— Genevieve, como vai? – a voz masculina pergunta.
— Sr. Mori. Estou bem e o senhor?
— Bem. Preciso que vá até o escritório, você consegue?
— Consigo sim. – respondo, sentindo o coração acelerar. O que Katsuo Mori queria logo agora?
— Ótimo! Te encontro às 15:00.
Vejo o relógio que marcava 14:00 Rapidamente vou me arrumar. Coloco a roupa social de trabalho, os saltos pretos e ajeito meus cabelos de modo que fico apresentável. Pego a bolsa e as chaves e vou em direção ao elevador. Assim que entro na caixa de metal, a mulher loira novamente chama a minha atenção. Qual é, isso já era brincadeira.
— Oi Genevieve. – ela comprimenta animada.
Rika estava vestida com roupas de academia.
— Me chame de Gwen. – eu a olho. — Só me chamam de Genevieve no trabalho.
Ela sorri minimamente em minha direção. Novamente o silêncio se faz presente. Nos separamos no hall do prédio, Rika pega a direção oposta a minha. Vou em direção a garagem do prédio e vejo o mercedes gt cinza que ganhei do meu pai em meu aniversário de dezoito. A cicatriz que recebi na noite anterior ao aniversário ainda era visível em meu braço esquerdo.
Dirijo pelas ruas de meridian, chegando até o escritório em que trabalhava, não era para eu estar ali hoje, meu emprego só começava realmente na semana seguinte, então era algo que Katsuo tinha extrema urgência em resolver.
Estaciono o carro e entro no prédio a minha frente, subindo até a cobertura.
— Pode entrar, senhorita Allen. – a secretária me avisa.
— Obrigada Amaya.
Empurro levemente a porta da sala de reuniões. Tendo a visão de Katsuo sentado no topo da mesa, não vejo Vitória nem mesmo meu chefe Alistair. Mas o homem ao seu lado é muito conhecido por mim.
Os olhos escuros se viram em minha direção e sinto novamente que tenho dezessete anos e estou naquelas catacumbas a baixo de Saint killian. Kai Mori está bem aqui, e não sei como devo reagir a isso, não depois que ele declarou guerra a mim na noite anterior.
— Genevieve. – a voz de Katsuo faz com que eu volte a realidade.
Caminho calmamente até a cadeira vaga a frente de Kai, ao lado direito do Mori mais velho. Katsuo coloca alguns papéis a frente da mesa. Kai continua com o mesmo rosto impassível que tanto via em minha adolescência. Suas feições ficaram mais marcadas e maduras com o tempo, mas ele ainda continua tão estupidamente bonito como no dia em que foi parar na cadeia.
— Meu filho irá precisar de supervisão com toda a questão financeira. – Katsuo começa e eu e Kai nos viramos para o mais velho ao mesmo tempo. — E quero que você tome conta disso, Genevieve.
Ele falou sério? Eu tinha o poder das contas de Kai Mori? Contenho a vontade de rir. Jesus que merda era aquela. Coloco no rosto a feição mais presunçosa que consigo. Meus lábios se erguem em um sorrisinho e vejo a fúria nos olhos de Kai. Mesmo que ele não demonstre em seu rosto, sei que ele está puto, muito puto.
Dos cavaleiros, Kai era o que mais ligava para a opinião de sua família, ele deve ter ficado tentado a não voltar para casa depois que foi liberado da prisão, por medo ou vergonha dos pais, mas ele precisava de dinheiro, sendo rico e mimado desde sempre, ele não saberia viver sem grana.
Vejo Kai apertar as mãos, claramente raivoso. Alguns minutos depois, Katsuo sai da sala, deixando claro que Kai precisaria pedir para mim tudo o que precisasse. Tiro da bolsa um papel e escrevo meu número de celular, logo depois entrego a ele. O sorriso ainda em meus lábios. Kai se levanta e consigo perceber em seus olhos a raiva que sentia. Ele caminha até mim.
— Que porra você acha que está fazendo? – ele susurra e levanto da cadeira, ficando próxima a ele.
— Você não declarou guerra? – eu pergunto em tom de voz manso. — Bem vindo ao campo de batalha Kai. – minhas mãos deslizam por seus ombros, e ele agarra meu pulso com força.
Puxo minhas mãos e pego minha bolsa na cadeira e saio da sala de reuniões, deixando Kai furioso para trás. Sinto seu cheiro ainda impregnado em mim. Aperto as mãos na chave do carro e assim que entro no veículo e suspiro aliviada.
[...]
Me reviro nos lençóis de seda sem realmente conseguir dormir. Levanto da cama, sentido o frio do chão contra meus pés descalços. Caminho até a cozinha e encho um copo com água gelada da jarra que pego na geladeira. O relógio marca 3:03 da madrugada.
Um rangido do lado de fora do apartamento me faz olhar desconfiada para a porta de madeira. Sei que moram pessoas no apartamento a frente do meu, mas quem estava perambulando pelo corredor ás três da madrugada de uma quarta feira?
Resolvo ignorar os barulhos estranhos e volto para meu quarto. Entro debaixo das cobertas. Decidida a voltar a dormir. Mas sou novamente surpreendida por rangidos. Sem motivos, sinto meu coração acelerar. Qual é, eu já havia visto filmes de terror o suficiente em minha vida para saber que não se deve ir até o barulho. Me cubro com a coberta.
O rangido fica mais forte, como se estivessem forçando algo contra as paredes do corredor. Engulo em seco. Tá legal, aquilo estava me assustando. Por alguns segundos, o barulho para e então respiro aliviada. Tudo bem, provavelmente era um dos vizinhos. Fecho os olhos e me ajeito no travesseiro de modo confortável.
Sinto um cheiro familiar e abro os olhos no mesmo momento. O som de algo metálico batendo contra vidro me fez pular da cama. Que merda era aquela? Olho para a janela da varanda, coberta pela cortina, caminho lentamente até ela e a puxo de uma vez, sentindo meu coração parar em minha garganta. Ok, não tinha nada batendo contra o vidro. A cidade lá embaixo estava silenciosa. Assim como as varandas ao lado e a cima da minha.
Solto o ar que nem percebi que estava prendendo. O barulho alto de algo caindo veio da cozinha. Corro até a porta e tranco pelo lado de dentro. Merda, merda, merda. Quem quer que seja gira a maçaneta e força a porta. Sinto meu estômago embrulhar e estou tão assustada que meu peito dói, meus pulmões imploram por ar. Não, não, de novo não. Sinto meus olhos se encherem de lágrimas. Memórias que acreditava estarem enterradas passam pela minha cabeça e sinto vontade de vomitar.
Por favor não...
𓂃 ˳𝆯 Peço perdão desde já por qualquer erro ortográfico, eu tento ao máximo revisar, mas sempre escapa um ou outro, caso achem, me avisem para que eu possa arrumar. Não se esqueçam de deixarem suas opiniões sobre o capítulo. Eu amo ler os comentários. Beijos da Thay ♡
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