Him voice
O medo tomou conta de mim, tinham mais deles? Qual era o objetivo daquilo tudo? Eu sentia como se a situação só fosse piorar, a pessoa tampava a minha boca enquanto me segurava por trás, e juntando com o lugar todo escuro era impossível de ver o rosto, eu queria gritar mas não sabia se era o certo por causa dos caras de fora, automaticamente os olhos começaram a se encher de lágrimas devido ao medo que estava sentindo, pois não tinha forças pra me soltar.
- Ei.. calma, calma, eu não vou fazer mal, faça silencio, silencio – era uma voz masculina, grossa e um pouco rouca, parecia familiar, e um pouco cansada, ele falava quase que num sussurro para não fazer barulho, próximo ao meu ouvido, mas eu não tinha ideia e nem conseguia pensar de quem era aquela voz, eu senti o meu corpo ser virado como se ficasse de frente, mas ele ainda manteve a minha boca fechada – eu estou fugindo também – ele fez um barulho como se umedecesse os lábios com a língua para continuar a falar – vou tirar a mão da sua boca... mas não faça barulho.. – pela primeira vez naqueles minutos de terror eu me senti um pouco mais aliviada por não estar sozinha naquele inferno, balancei a cabeça como gesto de confirmação, tendo a mão dele ainda sobre a minha boca, em seguida ele foi tirando de forma devagar como se ainda estivesse receoso, ele estava de frente pra mim, ficamos em silêncio absoluto por alguns segundos e nada, o único barulho que ouvíamos lá dentro era o da nossa respiração alterada pelo nervosismo.
- Cadê você princesa?
- hum – eu levei um susto com o grito que ele deu soltando um leve grito abafado, fazendo com que ele colocasse a mão na minha boca novamente, minha mão suava de tanto nervoso, e era possível ouvir a respiração apreensiva do cara a minha frente.
- acho que perdemos ela..
- não vai fazer diferença.. precisamos ir..
O barulho de pegadas correndo começou de forma alta, mas foi diminuindo conforme eles se afastavam do corredor, ele tirou a mão da minha boca e então eu respirei de forma profunda, como se tivesse perdido o ar nos segundos anteriores, mantive o lado direto do meu corpo apoiado na parede afim de tentar aliviar o cansaço físico, pois minhas pernas estavam sem forças, fui tentar desencostar e esqueci que não podia apoiar a minha perna esquerda fazendo com que eu soltasse um grito de dor e caísse ao chão sentada.
- Vo..você está bem?
- Eu.. eu vou ficar... – disse suspirando fundo tentando regular a minha respiração para aliviar a dor - acho que quebrei o pé, ou trinquei algo...
- Qual o seu nome?
- I-Irene...
- Do Red Velvet?
- Sim... – a forma que ele perguntou foi meio irônica, e eu esbocei um leve ar de riso ao responder, ele segurou nos meus braços e me ajudou a ficar de pé novamente. – mas... e você?
- Taehyung.
- Tae...hyung?
- Eu conheço você e você não me conhece?
Eu senti vontade de rir pela pergunta, mas a circunstância não permitia, eu senti que aquela voz era familiar, mas na hora do medo e tensão, tudo some, eu sabia quem era ele.
- V. – disse e ele ficou por alguns segundos em silêncio como resposta.
- Nós precisamos sair daqui...
- Sim.. eu preciso saber das meninas... se elas estão bem..
- até onde eu vi elas conseguiram..
- conseguiram? – por algum momento eu vi que não estava tudo perdido, podia parecer egoísmo da minha parte, mas o meu pensamento estava quase todo voltado a elas, elas se tornaram a minha família nesses anos que passamos juntas, se tornaram parte de mim, se algo acontecesse com elas iria acontecer comigo e vice-versa, aquela hipótese devolveu uma esperança que eu tinha apagado no início.
- na verdade, conseguiram ir mais longe do que a gente, o meu grupo e o seu conseguiu passar pela saída do lado em que vocês estavam.
- Mas... e você?
- ... eu me afastei devido ao empurra empurra.. quando eu ia passar caiu uma lona e bloqueou a passagem, elas gritavam fortemente o seu nome - mesmo sem poder vê-lo eu olhava para frente - o mesmo aconteceu comigo quando fiquei pra trás... jungkook e jimin voltaram e tentaram abrir o caminho, mas a lona começou a pegar fogo e eles precisaram ir, eu gritei que encontraria com eles lá, mas logo em seguida precisei me esconder do tiroteio, foi uma carnificina, - dizia taehyung com profunda tristeza na voz – consegui achar essa sala e entrei para esperar com que fossem embora... - mordi o canto da boca sentindo aquele torpor na garganta - e você?
- Eu? - sorri triste, sentia minhas vistas arderem! - eu fui derrubada no chão... conforme as pessoas passavam por cima de mim eu fui indo mais pra beirada do palco, não sabia que estava tão na beirada assim.. - parecia um pesadelo só de lembrar - quando consegui levantar eu me apoiei em uma estrutura de ferro... mas me empurraram e eu cai do palco com a estrutura em cima de mim..
- Meu Deus... como você conseguiu andar até aqui? – não era possível ver a sua feição, mas a voz transmitia grande surpresa e preocupação.
- Instinto talvez? – nem eu sabia responder ao certo aquela pergunta - .. Ei? – ele apalpou os meus braços até chegar nas minhas mãos, em seguida senti o corpo dele virar e se abaixar, em seguida se encostando no meu. – O.. o que está fazendo?
- Você não pode andar com a perna assim, sobe. – Agora foi a minha vez de ter receio, mas este não era o momento para ser orgulhosa, como eu era, eu sabia que iria nos atrasar se fosse me arrastando, sem falar nada, eu só debrucei um pouco do meu corpo sobre o dele e ele me puxou os braços afim de pegar mais impulso.
- A-ai..
- Desculpe – disse com certa preocupação – Mas eu vou ter que te levantar mais um pouco.. – disse com uma voz de permissão, como já estava nas costas dele, ele colocou a mão por baixo das minhas coxas e me levantou, senti que ele se assustou ao sentir que ela estava desnuda, e eu também. – é.. me desculpe de novo..
- A minha saia... – me sentia constrangida em falar aquilo estando nas costas de um homem - ficou presa numa barra de ferro fincada ao chão... eu, precisei me livrar dela. – como uma prática nas apresentações, era obrigatório usar um short bem surto por baixo da saia, pra fazer os movimentos da dança sem mais preocupações, ainda assim era um short curto que tampava só o necessário.
- Com todo o respeito – dizia ele sem jeito e mais uma vez era aquele barulho de umedecendo os lábios – terei que te apoiar com as mãos dessa forma pra você não cair.
Eu estava envergonhada, mas a pouca iluminação não deixava isso evidente, aquela era a ultima das minhas preocupações, tanto eu quanto ele tínhamos coisas mais importantes para pensar, sair daquele lugar com vida e torcer para que os outros tenham conseguido. Ele abriu a porta e finalmente saímos naquele mesmo corredor.
- ... – respirei um pouco mais pesadamente - vamos então.
- Quando você veio pra cá você já passou por aqui? Pois estávamos do outro lado.. – disse ele enquanto caminhava.
- Hoje nós viemos pela porta de trás... – senti uma rápida tontura -... mas já passei por aqui a alguns meses.
- Você se lembra da saída?
- Bem.. nós viramos a direita no corredor, certo? Acho que vai... ter alguma bifurcação.
- Qual lado?
- Acho que esquerda.. – a luz do lugar era quase nula, só dava pra ver uma sobra relativamente rala dos objetos e paredes, só ficava mais forte quando passávamos perto de um pane elétrico pois piscava de maneira fraca, e por algum motivo, eu sentia o meu corpo fraquejar, a minha cabeça pesava muito, era como se eu pudesse dormir a qualquer momento, sem conseguir controlar meu corpo deixei minha cabeça cair na curva do pescoço do Taehyung, sentindo um forte sono se apodera de mim.
- I-Irene? Você ta bem? – disse de maneira assustada..
- Eu.. to com sono taehyu.. – ele mais uma vez me levantou afim de tentar me segurar melhor me segurando fortemente em baixo.
- Irene.. está me ouvindo?
- ... to..
- Fique acordada, se você machucou a cabeça, não pode dormir – eu não respondi - ... Irene? Droga....
- A-AI... – ele me beliscou a coxa fazendo com que eu levantasse a cabeça com o susto.
- Desculpa, mas preciso que fique acordada, faça o que for necessário, mas não durma, ok?
- Si-sim... – tirei uma das mãos que estavam envolta do pescoço dele e esfreguei fortemente os olhos afim de acordá-los.
Continuamos a caminhar, Taehyung conversava comigo afim de me deixar acordada e também pegar algumas instruções, seguimos andando por uns cinco minutos no local.
- Espere... está ouvindo isso?
- Parece um barulho de chiado, mangueira... – disse eu me atentando ao som.
- Temos que escolher um lado – disse respirando fundo como se estivesse cansado, e de automático sabia quem era a culpada.
- Eu sinto muito... por isso – disse a ele, afinal se eu não tivesse naquele estado, ele não estaria tão desgastado.
- Não sei do que você está falando – disse e senti que ele umedeceu os lábios pra falar.
- Você tem essa mania né?
- Do que? – perguntou inocentemente.
- nada.. acho que vem da direita.
Ele virou e ao chegar no fim do corredor realmente o barulho aumentou, conseguimos ver uma claridade mais forte conforme nos aproximávamos, e um calor maior começou a se apoderar do local.
- Será que é uma boa continuarmos?
- Eu tenho certeza.. é barulho de mangueira. – eu me segurei mais firme a ele, e Taehyung apertou o passo, ao dobrarmos o corredor vimos uma forte claridade, que nos doeu a vista pois estávamos acostumados a escuridão, a fiação de uma lâmpada estava exposta e pegava fogo junto com um refrigerador que estava na mesma situação, mas como eu imaginava, tinha dois bombeiros apagando o fogo do outro lado ficando de frente pra gente, assim que o fogo se fosse.. seríamos encontrados.
- Graças a Deus – disse Taehyung.
- Já posso descer agora.. – disse agradecida e ele me levou até o canto da parede me ajudando a descer e a sentar no chão, fiquei sentada apoiada na parede, e ele abaixado de frente pra mim, foi ali que eu pude ver finalmente o rosto do cantor, ele estava suado e ofegante, com uma camiseta branca gola 'v' que estava molhada e machada de sangue, e uma calça preta.
- Minha nossa.. sua cabeça – ele desviou o olhar do meu e foi para um pouco acima da minha testa, ele aproximou a mão do lugar mas não encostou, apenas recuou.
-.. está tão ruim assim? – eu fui encostar a mão no lugar onde doía e pulsava, mas foi quase que um choque a dor.
-cuidado.. – disse ele tirando a minha mão da ferida, após olhar pros dedos vi algumas manchas de sangue, e engoli a seco. – calma.. você vai ficar bem.. – ele desceu o olhar pelo meu corpo, como se fizesse um raio-x até chegar na minha perna ferida, tinha um rasgo de uns cinco dedos que estava bem feio.
- sua camisa... – ele voltou a me olhar nos olhos – também está suja de sangue.
Ele olhou pra baixo como se pensasse na resposta.
- eu estou bem... – ele puxou a sua gola olhando por dentro da blusa como se fizesse um checape, após isso soltou e suspirou – não estou ferido, não pra ter esse sangue.
Comecei a descer o olhar pelo corpo dele sentado no chão a minha frente, ele tinha alguns leves arranhões e alguns roxos.
- seu rosto.. – disse aproximando a minha mão do rosto dele, mas quando ia encostar eu parei, não ia ajudar se encostasse na ferida, era melhor parar. – está arranhado. – ele soltou um riso espontâneo, como se não tivéssemos ali, como se aquilo fosse a coisa mais boba do mundo, e talvez fosse, eu não consegui não acompanha-lo e ri também, a nossa situação estava bem deplorável, mas tínhamos conseguido.
- Acho que faz parte.. EIII – ele se voltou pra frente e eu segui o movimento com o rosto – AQUII.. ESTAMOS AQUI!!!
- SOBREVIVENTES!!! – gritou o bombeiro para trás como se pedisse reforço e assim foi feito, finalmente aquilo teria acabado. Cinco minutos depois chegou mais dois médicos com uma maca da qual me colocaram em cima, Taehyung estava aparente bem e foi caminhando do meu lado durante todo o percurso até fora do prédio aonde estávamos, quando senti a brisa do vento bater em meu rosto e a claridade do sol eu finalmente senti que estava a salva.
- Taehyung! – Eu segurei de repente a mão dele, fazendo com que tirasse os olhos do chão e me olhasse surpreso. – você salvou minha vida. – ele deu um sorriso fraco e totalmente sem jeito, mas mesmo assim segurou minha mão de volta me dando uma sensação muito boa.
- Eu espero que você fique bem.. você..
- JOOHYUNN!!!
Joy, Yeri e Seulgi correram até a ambulância aonde eu seria colocada fazendo com que Taehyung soltasse a minha mão aos poucos, e segui o olhar dele que estava direcionado a elas, foi uma sensação inexplicável, o meu coração encheu de alegria ao vê-las ali, aparentemente elas estavam bem, nada pra se preocupar, mas algo estava errado, aos poucos eu fui sentindo tristeza, tristeza que veio primeiramente da parte delas, dos olhos inchados de lágrimas e depois passou pra mim me fazendo tremer por dentro.
- Wendy.. CADÊ A WENDY?
...
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GENTEEE!!! O que acharam do capítulo?? Deixem seu voto e comentem caso tenham gostado! Sexta feira posto mais um <3333
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