POV IRENE

Cinco dias se passaram desde a nossa ida para Daegu e também... aquele jantar! A memória do Taehyung estava mais confusa do que o normal, após o forte lapso que ele teve de memória, tudo o que ele parecia afirmar com certeza agora eram apenas dúvidas que lhe causavam fortes enxaquecas quando tentava força-las, "será possível?", "o rosto está borrado", "não consigo me lembrar com clareza", eram frases que ele soltava durante os dias que se sucederam. "Não podemos afirmar nada deste jeito" ele disse para mim certo dia, no fundo eu acreditava em cada palavra que ele me disse no dia do jantar, mas não poderia coloca-lo em risco, ou levantar um testemunho em falso contra aquele aparentemente membro do Astro. O fato do Tae estar tendo esses lapsos é bom, pois tudo indica que ele está cada vez mais perto de recuperar a sua memória perdida, logo... o melhor a se fazer neste momento é pacientemente esperar.

As coisas dentro do hospital estavam bem paradas e pacatas, eu nem sentia mais a minha perna doer por conta da fisioterapia diária que estava fazendo. Tudo estava estranhamente normal! Quase tudo na verdade, tirando o fato que alguém ali do nosso meio havia recebido alta do hospital, esse alguém é ninguém menos que Park Jimin. 

No dia anterior fomos todos até a recepção do hospital afim de tentar "mudar" a posição de paciente dele para acompanhante, afim dele continuar ali junto com o Taehyung nesse "processo" de recuperação. Era algo simples e que poderia acontecer sem mais problemas, porém a direção do hospital foi bem rígida quanto a isso. Falaram que não haveria necessidade de um acompanhante com ele já que Taehyung estava apenas de observação por conta da falta de memória. Meu coração se apertava ao saber que no fundo tudo parecia conspirar contra ele, o fato de estarmos literalmente no "jardim do inimigo" não estava ajudando. Nós fomos todos juntos até portaria do hospital e foi realmente triste se despedir do Jimin, principalmente para ele, eles eram realmente muito próximos, melhores dos melhores amigos, e quando paramos pra fazer a retrospectiva de tudo o que aconteceu parece até mentira que o Jimin tenha que se despedir do seu amigo que veio acompanha-lo enquanto estava precisando, deixando-o agora no hospital, sendo este um fato triste e irreversível! Mesmo em meio aos confusos sentimentos, o que tranquilizava Jimin era o fato de eu estar ali junto a Taehyung. Eu e Seulgi permanecíamos ali e todos nós formamos fortes laços durante estes longos dias, iríamos um proteger ao outro, custe o que custar. Antes do Jimin entrar no carro nós estendemos nossas mãos uma em cima da outra como se fosse uma promessa de passar por tudo aquilo juntos, e nenhuma circunstâncias poderia impedir aquilo, pelo menos era o que pensávamos.

[...]

- Bae... BAECHUUU – uma vozinha insistente queria me tirar daquele maravilhoso sono que eu desfrutava – vaaaaaiii - eu realmente me sentia dentro de um liquidificador – vamos.. acorda.. – eu estava tão confortável ali, por mais que aquele balança balança estivesse me chateando um pouco – JOOHYUN-AHHH... – ela deu uma pequena pausa e eu agradeci por isso. – O TAEHYUNG PRECISA DE AJUDA!!!

- O-O QUE??

Eu me sentei de forma súbita na cama fazendo com que Seulgi fosse pra trás quase caindo no chão, nunca levantei de modo tão súpeto! Mesmo cambaleante, Kang Seulgi caiu na risada bem a minha frente, eu olhei pros lados e ela estava em cima da minha cama como uma criança eufórica e desesperada, porém não tão preocupada quanto parecia estar na ultima frase que disse.

- Aff... só assim pra você acordar, pensei que tinha hibernado! – disse em tom de riso ainda e eu a empurrei um tanto estarrecida, e-ela quase caiu de verdade da minha cama! Respirei fundo aliviada por ser apenas uma 'mentirinha de mal gosto da tangerine bear', mas logo em seguida a olhei com um olhar que a atravessou como uma flecha.

- A-aish... da pra falar logo agora? – falei sacudindo ela da mesma forma, já que ela ficou em silêncio me encarando com olhos semicerrados por um tempo, foi inevitável e acabamos por rir juntas no final.

- ah unnie.. é porque faz tempo que estão anunciando que "Bae Joohyun tem que comparecer na enfermaria" e você não acorda nem com as ligações, parece até que o Tae te deu um boa noite cinderela ontem - insinuou com o olhar malicioso - .. o negócio foi bom pelo jeito.. – estreitei as vistas a ponto de dar com o travesseiro na cara deslavada dela, mas fiz uma pausa.

Eu parei um pouco pra refletir no que ela disse, porque estavam me chamando na enfermaria? Comigo estava tudo bem.. seria alguma coisa com.. el..

*TOC TOC*

- Vocês tão aí? – Uma voz grossa ecoou por trás da porta e eu abri um sorriso de alivio por saber que provavelmente não era nada relacionado com ele, Seulgi por sua vez revirou os olhos saindo de cima da minha cama e indo atender a porta.

- Bom dia garanhão! – disse ela brincando com um pouco de sarcasmo na voz , dando espaço para ele entrar.

- Bom dia ursa!

- ha-ha-ha – ela ironizou enquanto fechava a porta. Ele entrou e foi direto até mim me beijando, eu que já estava sentada na minha cama o retribui da mesma forma – que nojinho – disse Seulgi saindo de perto da gente indo para o banheiro.

- Eu.. eu acho que estão me procurando.

- Sim, e como a moça do interfone não para de anunciar o seu nome e nada de você dá as caras, vim ver se está tudo bem.

Realmente eu tinha apagado.

- Sim.. eu estou bem, só um pouco DOLORIDA por conta da Seulgi – disse aumentando a voz pra ela ouvir do banheiro – mas estou sim, eu... vou me trocar, tomar um banho rápido e vou correndo ver o que está acontecendo.

- Vai lá que eu espero.

Após tomar banho e me trocar, descemos eu, Taehyung e Seulgi para o prédio do hospital, finalmente iríamos saber o que estava acontecendo e porque tanto me chamavam o nome. Ao chegarmos lá, a moça da recepção informou a sala que eu deveria ir e nós três entramos, ambos estávamos curiosos sobre o que seria aquele anúncio repentino.

- Uau.. – disse uma mulher dando um pulo colocando a mão no peito após se deparar com nós três na porta da sala – seria só a Joohyun... mas podem entrar.

A mulher de uns trinta e poucos anos disse e nós entramos, Seulgi fechou a porta por trás de nós.

- Eu preciso que você assine isso aqui. – a mulher se aproximou com uma folha presa numa prancheta, junto com uma caneta para eu assinar, eu peguei o papel sem entender o que estava acontecendo.

- O que é isso? – questionei olhando pra ela.

- Está recebendo alta hoje.

*cof cof* - seulgi tossiu – COMO É?

- Ela está recebendo alta hoje – repetiu a mulher que parecia com pressa para acabar logo com aquilo tudo.

- Mas eu tenho fisioterapia hoje..

- Eles deram um mês de fisioterapia para ela fazer, ela não fez nem metade – indagou Taehyung para a mulher a nossa frente que parecia não gostar de ser contrariada.

- Foi tudo cancelado.

- Como? Eles não podem cancelar assim, não faz sentido – eu disse não acreditando que estava passando por aquilo, aquilo ia muito além de 'custos hospitalares', mas era algo que estava sendo mandado por pessoas de cima, eu sentia o coração apertar só de pensar no pior. – eu não vou assinar nada.

- bem.. eu só estou seguindo o protocolo, mas parece que você não tem opção, já está marcado aqui que virão te buscar ás 15h.

- Vocês não podem obriga-la! – a voz de Taehyung saiu um pouco mais ríspida dessa vez, aquilo estava fugindo do controle.

- Eu posso ficar como acompanhante então, não posso?

- Infelizmente não, tem uma carta da diretoria do hospital que te dá alta hoje, fazendo com que não possa mais usufruir daqui como paciente ou acompanhante, assinando ou não, vão vir te buscar hoje.

- Isso.. isso não pode – Seulgi choramingava com o semblante tão caído quanto o nosso – primeiro o Jimin e agora você? E eu?

- Eu tenho mais coisa pra fazer, podem ficar na sala pensando por um momento, o papel está aqui em cima de qualquer maneira. – ela colocou a prancheta em cima da mesa e se direcionou a porta – Ah... ela voltou e apontou para a Seulgi – estão vindo te buscar hoje ás 13h, mocinha. – e então saiu da sala encostando a porta.

- Isso.. NÃO PODE.. - quase me esqueci que não podia gritar ali - estar acontecendo! - Eu me apoiei na parede e fui com as duas mãos no rosto, eu me sentia totalmente impotente, eu não tinha controle nenhum sobre nada, nem sobre a minha vida, nem minhas decisões, nada estava em minhas mãos, e estávamos totalmente a mercê deles.. Estava mais que óbvio que o intuito era Taehyung ficar sozinho ali!

- Joo – o Tae segurou as minhas mãos afastando elas do meu rosto – está tudo bem – disse ele com um riso forçado no rosto, e aquilo estava me sufocando.

- Não.. não está... eu fui burra de pensar que Sehun não iria fazer nada, ele é dono disso aqui Tae, ele está agindo e não podemos fazer nada... e o pior de tudo é que você vai ficar sozinho aqui, eu tenho medo de que realmente àquela pessoa volte, eu não posso – Seulgi se aproximou de mim tentando me acalmar, vi de relance Taehyung levando uma das mãos até a cabeça e se movendo de um lugar para o outro como se tentasse achar uma resposta para tantas perguntas.

- O Sehun PENSA que está fazendo algo – a voz de Taehyung se manifestou e ele se virou olhando para nós duas – mas isso não quer dizer nada, e quem me atacou não vai ser burro de fazer isso de novo, o hospital deve estar alerta quanto a isso.. a-aii..

- Tae? – disse me aproximando com Seulgi..

- Está tudo bem.. – ele riu seco – isso é bom, a minha memória está querendo voltar, Joohyun-ah – seu semblante ficou um pouco mais aliviado, o que me fez concordar de que tudo aquilo estava prestes a acabar, mais cedo ou mais tarde – ninguém pode nos obrigar a nada, e nem mudar o que sentimos e sabemos.

- Ele tem razão – disse Seulgi me olhando – falta muito pouco pra tudo isso acabar.

Taehyung se aproximou de nós duas me encarando bem fundos nos olhos, era como se fosse possível ver a sua alma sincera e determinada, eu era um livro aberto para ele também, ele passou as mãos pelo meu rosto formando uma espécie de 'V'.

- Você vem me visitar?

Eu quis rir com aquilo, qual era o problema dele? Como poderia brincar em meio aquela situação?

- Idiota... – eu disse e ele me puxou até ele me abraçando e fazendo cafuné no topo da minha cabeça, não demorou para eu entrelaçar os meus braços em sua cintura, eu não queria ir, deixa-lo para trás, eu era uma outra pessoa depois que ele passou pela minha vida, e nós dois éramos mais fortes juntos um do outro do que separados! Minha vida mudou totalmente nesses mais de dois meses, quase três! Nos tornamos muito mais que namorados, nós éramos bases um para o outro, nos mantínhamos em pé, eu apertei o abraço como se quisesse eternizá-lo em mim, nossos coração batiam praticamente na mesma frequência – Eu te amo. – a-acho que foi a primeira vez que disse aquilo com clareza, eu não poderia me afastar sem ao menos deixar claro o que estava em meu peito, se eu não podia estar ali fisicamente, deixaria as minhas palavras com ele – todos os dias, até eu te tirar daqui...

[...]

- Vamos, senhorita? – O motorista gritou de dentro do carro, Taehyung havia me ajudado com tudo junto com a Seulgi, só que ela já havia ido. Já com o peito apertado eu o abracei de maneira forte, as mãos de Taehyung em minhas costas tentavam me dizer que tudo iria ficar bem, mas não conseguia acreditar fielmente naquilo. Segurei em seu rosto fazendo carinho com os meus dedos, me partia o coração, mas conforme o combinado iríamos nos ver em breve.

- Amanhã, as dez da manhã vou vir pra cá, tá?!

- Eu não vou fugir, Joo.. – nos beijamos num ímpeto como se a saudade já estivesse em nós, em seguida entrei no carro. Tae permaneceu do lado de fora até dobrarmos a esquina, fiquei o olhando pela janela até sumir de minhas vistas, quando tal coisa aconteceu... me virei para frente encarando o nada! 

Eu suspirei e peguei a minha pequena bolsa a colocando em meu colo, eu via aquelas casas e prédios passando rapidamente pela janela do carro até que comecei a prestar atenção naquilo, era estranho pois eu me sentia sendo levada para um lugar diferente de um verdadeiro lar, eu fechei os olhos focando nele, amanhã eu iria vê-lo e nada iria impedir aquilo! Respirei profundamente tentando tirar um pouco do peso do meu peito e então na hora eu me lembrei da Seulgi, ela veio do nada na minha mente, comecei a me perguntar se ela havia chegado bem em casa, era bom dar uma ligada, para avisar também que eu já tinha saído do hospital. 

Abri o zíper da bolsa e comecei a fuçar dentro dela e nada do meu celular, mexia de um lado para o outro e nada, ou ele estava fugindo da minha mão ou eu devia ter deixado em cima da mesinha do lado da cama do Taehyung, desde manhã, pois era a ultima vez que eu me lembro de ter visto ele.

- Ér.. Nós precisamos voltar, eu esqueci o meu celular no hospital, podemos? – eu disse do banco de trás, o motorista não demonstrou muita importância e apenas concordou manobrando o carro e voltando pelo mesmo caminho que viemos.

Nós chegamos em frente ao hospital cerca de uns vinte e cinco minutos depois de eu ter saído de lá.  Deixei a minha bolsa e todo o resto no carro e entrei pela portaria, como todos ali já estavam cansados de ver a minha cara, nem me barraram ou me impediram de ir direto ao elevador, ele teve algumas fortes dores de manhã após a notícia e tinha sido medicado no seu quarto no quinto andar, foi a ultima vez que me lembro de ter visto o meu celular, quando eu subi para lá com ele, com certeza não estaria nos dormitórios, iria direto para lá. Ao chegar no andar, desci do elevador da qual eu estava sozinha, ele parecia um pouco vazio, na verdade estava vazio, as portas dos quartos e salas estavam todas fechadas, parecendo até que eu estava sozinha naquele andar inteiro, me deu um pouco de calafrios quando observei ao meu redor, mas devia ser coisa da minha cabeça, aquele andar nunca foi muito movimentado mesmo, o quarto em que Taehyung estava era o último do corredor e eu fui caminhando normalmente, mas ainda assim sentindo uma certa apreensão. Conforme mais eu me aproximava mais eu podia notar um barulho de coisa batendo, como se algo estivesse sendo quebrado, eu comecei a andar mais rápido e o barulho consequentemente se intensificava a cada passo que eu dava, não me contive e então corri, vinha do quarto dele.

Eu abri a porta de forma brusca e o barulho de batidas cessou no momento, ficando apenas as respirações ofegantes dentro do quarto e o Tae estava no chão quase de trás da porta, com um hematoma no rosto, além do criado mudo estar em cima da perna dele.

- M-MAS.. O QUE – eu olhei pro outro lado e havia... um médico? Com um ferro de pendurar soro na mão, porém ele não viu a minha entrada repentina e eu pude ver o rosto dele, eu estava parada na porta o encarando e os olhos daquele possível assassino se encontraram com os meus! Eu senti o meu coração falhar a batida, não podia ser verdade aquilo, Taehyung estava certo desde o início, o rapaz tinha sangue no canto da boca, pois estavam brigando até então, mas ainda assim ele abriu um sorriso como se o plano dele não pudesse ser frustrado, independente de qualquer coisa – MOON BIN?

- SAII.. SAII AGORA DAQUI JOO.. – a voz roca e forte do Tae ecoou pelo andar todo que estava vazio, me fazendo arrepiar até por dentro, eu precisava pedir ajuda, precisava fazer algo, não ia dar temp..

- TA NA HORA DE DAR ADEUS, QUERIDA!!! – foram as últimas palavras que eu ouvi antes de tudo ficar escuro demais pra distinguir se aquele sangue era realmente meu..

...

------------------------------------------------------------------------------------------------

AAAMODEUSOOO oi genteee, tem alguém aí?? Tudo bem com vocês? (insiram aqui a cara mais deslavada do mundo).

Pessoal, os dias de postagem serão de quarta e segunda kskdksjk sério, sorry. Não quero ficar pedindo desculpas todo domingo, entao mudei de novo kk;

Gostaram do capitulo? VOTEM E COMENTEMMM aaaaaa o baguio ta louco agora hein kskskk vamos interagir... quarta tem mais.. irra!