Benção ou maldição
- Boa noite princesa, você está bem? - Abri os olhos devagar e minha vista se encontrava turva e embaçada. A luminosidade toda branca do lugar também não estava me ajudando nem um pouco, havia um zumbido dentro da minha cabeça que me dava uma forte tontura ao tentar fixar as vistas, o teto parecia se mover e a lâmpada tentava me cegar. Pisquei algumas vezes sentindo a respiração descompensar e me concentrei conseguindo enxergar com mais clareza.
Eu estava deitada numa cama pelo jeito, desci o olhar em direção àquela voz que estremeceu o meu corpo de medo, me fazendo despertar de um sono que parecia ter sido profundo. Era ele?! Antes fosse um pesadelo, antes ainda estivesse dormindo, mas naquele momento já havia acordado. Não queria que fosse ele ali, não queria acreditar naquilo, mas ele voltou! Como se fosse um pesadelo que após tempos sem ter ele reaparecesse para te assombrar, lá estava ele. Seu cabelo numa espécie de topete divido no meio, o seu olhar sobre mim transmitia frieza e por fim... estava sentado na minha cama, quando eu dei por mim eu me levantei de forma súbita ficando sentada no colchão e olhando rapidamente em volta. Minha mente estava aérea, mas subitamente comecei a me lembrar dos acontecimentos antes de ser "apagada" – Cadê o Taehyung? – olhei para ele assustada, o que havia acontecido? Ele estava bem? O assassino havia sido pego? – CADÊ? CADÊ ELE? – eu dizia de forma eufórica, a minha cabeça doía profundamente porém a adrenalina que eu senti ao lembrar dos últimos momentos naquele quarto de hospital me fez superar até os limites da dor, joguei os pés para fora da cama afim de sair mas o Sehun me segurava insistindo que eu permanecesse ali.
- Calma Joohyun...
- ME SOLTA..
- Você não pode ficar nervosa assim.. – eu comecei a empurrá-lo com toda a força que eu tinha, mas parecia inútil.
- e-Eu não tô nervosa!..
- Não interessa, é pra ficar deitada!
- V-VOCÊ NÃO MANDA EM MIM.
- PARE DE TEIMAR E VOLTE LOGO PRA CAMA!
- CALA A BOCA!!! – gritei pra ele tentando me livrar dos seus braços sobre mim, mas sem sucesso. Eu estava bem, eu não ia desmaiar ou coisa assim, eu só precisava saber sobre ele..
- JÁ CHEGA! - o grito de Sehun saiu tão estrindente e forte que meu coração falhou uma batida - ELE ESTÁ BEM, OK? – ele me segurou pelos ombros me chacoalhando, fazendo a minha cabeça realmente doer, levei a mão até o local e pude ver que tinha um curativo bem na lateral, a minha respiração estava pesada, eu queria sair logo dali, precisava vê-lo.. – O Taehyung... ele está bem, VOCÊ QUE NÃO ESTÁ! – o seu rosto parecia enfurecido, eu nunca tinha o visto daquela maneira, meus ombros já estavam querendo doer com a força que ele estava colocando ali, seus olhos pareciam cheios de rancor e raiva.
- Vo-você está me MACHUCANDO! – eu gritei e ele me soltou, mas foi mais como um empurro em cima da cama, já que fui jogada brutalmente ali. Meu peito doia, eu estava ofegante e me sentia péssima, usei os braços para conseguir me sentar novamente na cama e então olhei pro lado, não fazia sentido eu continuar ali, ele estava perto da porta um pouco longe da cama, então eu me levantei sem olhá-lo no rosto.
- Me- me desculpe – ele disse vindo até mim tentando bloquear a minha passagem, falando de forma mais mansa, mas o meu olhar era para o chão, eu não queria a presença dele e muito menos conversar com ele, havia um torpor dentro de mim, vários sentimentos misturados, raiva, tristeza, ansiedade, angustia.. – você precisa descansar Joohyun..
- Descansar? – eu levantei o olhar para ele com raiva – O assassino daquele dia está tentando matar o Tae e você quer que eu descanse? – aquilo era inacreditável, mas realmente, ele não se importava nem um pouco com tudo isso, se tinha um sentimento que ele guardava pelo Taehyung deveria ser raiva, e parando para pensar, eu era a culpada disto.
- Sim, eu quero que você descanse sim! – ele disse mais uma vez querendo alterar o tom, olhei para o lado sentindo náuseas, aquela cara dele estava me dando cada vez mais nojo a cada olhada. – Pois quem quase morreu por conta disso foi você, e não ele!
- AH É? - estava desacreditada - E QUEM SE IMPORTA? VOCÊ? – disse cuspindo as palavras.
- SIM, EU!
- CLARO – eu ri de forma sínica não acreditando na figura a minha frente – AFINAL SE EU MORRER ANTES DE CASARMOS NINGUÉM SAIRÁ GANHANDO COM ISSO, NÃO É? – ele levantou a mão trêmula como se pudesse perder o controle a qualquer momento, mas não tinha medo de levar um tapa, só iria fazer aquela máscara que ele vestia cair de vez – O QUE? VAI ME BATER? VAI EM FRENTE!
Ele foi abaixando a mão enquanto tentava controlar a respiração, ele fechou os dedos e por fim abaixou de vez, sua boca formou um riso sínico, como se não se importasse e pra mim aquele show já tinha acabado, eu empurrei ele e fui em direção a porta para abri-la, coloquei a mão na maçaneta afoita para sair logo dali, estava a ponto de girá-la.
- Pode ir ver o seu queridinho, Irene... – eu respirei fundo ainda de costas pra ele – mas saiba que você vai sair desse hospital HOJE, querida – eu pude ouvir sua risada podre, ainda que abafada – aproveite em quanto pode, quando sairmos daqui a sua vida vai ser outra, Joohyun.. – ele foi até o meu lado e tirou a minha mão da maçaneta e girou abrindo-a, o que ele pensava que estava falando? – Aproveite para se despedir do seu garotinho!!! – ele riu de canto e saiu do quarto passando por mim, minha mão estava gelada, a minha boca estava seca e eu podia sentir os olhos arderem, seja lá o que estava naquele mente insana, eu não poderia fazer parte daqueles joguinhos, não mesmo.
[...]
- TAE?
Eu gritei do lado de fora da sala com a porta já fechada, ele estava uns dez metros a frente em pé, olhando para a saída, local aparentemente que foi usado como saída do Sehun. Ele usava uma roupa normal, e usava uma perna como apoio do corpo, queria saber dizer como estava o seu rosto, mas não era possível daquela direção. – TAEHYUNG-AH? – gritei mais uma vez e ele finalmente se virou para mim, seu semblante era indecifrável – blacktae – pensei alto comigo, seus olhos se encontraram com os meus e eu não conseguia tirar os meus dele, seu rosto parecia confuso com uma série de frustrações, mas ao mesmo tempo parecia vazio, como se não sentisse nada, ele se aproximou devagar ficando a um metro meu, eu levantei uma das minhas mãos até a gola de sua blusa e me aproximei dele puxando o seu corpo contra o meu num abraço, meus olhos estavam vidrados, eu entrelacei os meus braços no corpo dele e logo ele fez o mesmo comigo, eu tinha medo de fechar os meus olhos e ele sumir dali, como se fosse uma mera alucinação minha, eu o apertei forte, queria ter certeza se era ele mesmo ali, o seu cheiro, o seu corpo, a pressão dos seus braços entrelaçando o meu corpo tudo era muito significativo, talvez ele fosse a razão de eu não me tornar insana naquele lugar, ou talvez fosse o contrário, éramos a peça que poderíamos causar a benção ou a maldição um no outro.
- ... – a sua respiração na altura da minha cabeça era pesada, cansada, e eufórica, ele desmanchou o abraço, mas não por completo, apenas afrouxando os braços para se afastar o suficiente para me olhar nos olhos – nós precisamos conversar.
Ele agarrou na minha mão me puxando novamente para dentro do quarto da onde eu tinha saído, meus batimentos estavam acelerados, "por favor não me deixe, Taehyung" eu me sentia como um vidro a ponto de trincar. Nós entramos ali, eu entrei primeiro e ele foi fechando a porta atrás de si, olhei para o moreno e vi ele girar a chave, consegui suspirar um pouco aliviada naquele instante, pois ninguém poderia nos interromper ali dentro.
- Vo-você está bem? – disse querendo me aproximar e pegar nele ao mesmo tempo para constatar com minhas próprias mãos o seu estado, mas eu nunca tinha o visto com aquela cara, eu estava hesitante. Ele passou as mãos no cabelo enquanto deu uma andada rápida pelo quarto, seu olhar era perdido e centrado ao mesmo tempo, ele poderia estar a beira da loucura, talvez todos nós estivéssemos, ele por fim deu um suspiro tão profundo que foi quase como um grito da alma, talvez um pedido de socorro ou alivio – Tae?
Ele veio até mim e me puxou para um abraço dessa vez, ele tomou a iniciativa, sua mão quente passava do lado da minha cabeça aonde não estava o curativo, meus olhos se encheram de lágrimas e então o abracei forte! Seu pescoço, seus ombros, suas costas, ele estava ali, seja lá o que aconteceu ele não havia me deixado, ás lágrimas quentes percorriam pelo o meu rosto a ponto de eu não conseguir controlar os soluços que vinham em seguida, ele segurou o meu rosto com as duas mãos, mostrando agora no seu olhar o sentimento que eu tanto queria ver... 'amor'! Era o olhar único e exclusivo dele para mim, um olhar quente que me fazia sentir em casa, seus dedos passaram pelo o meu rosto secando as minhas lágrimas e em seguida um sorriso brotou nos seus lábios, um sorriso calmo e singelo.
- Você ainda me ama? – ele perguntou com a testa colada na minha, me olhando profundamente como se já pudesse ler a resposta.
- Mais... mais do que você imagina – ele me dava beijos, vários beijos e em seguida me puxou novamente num abraço, eu respirava profundamente por conta do choro que agora já tinha passado.
- Venha cá – ele me chamou, me puxando pelo braço em direção a cama, nós dois nos sentamos enquanto ele segurava a minha mão como se eu fosse tudo que ele tinha no momento, ficamos um de frente para o outro e eu estava sendo consumida com a ansiedade em saber tudo o que ele tinha pra falar – primeiro eu quero que saiba que eu amo você Joohyun, quero deixar claro isso – eu não tinha palavras para dizer, eu só queria receber tudo aquilo que estava sendo dito, a minha feição já era a resposta – eu consigo me lembrar de tudo, Joo... eu recuperei a memória hoje, durante o ataque..
- Você... sério? – eu não conseguia manter o silêncio, aquilo era a melhor notícia que eu poderia receber, e poderia ser uma resposta para nós dois sobre tudo aquilo – ó meu deus..
- Sim... – ele encarava o nada, como se pensasse com muito cuidado, para não confundir memórias com pretensões. – Joo... você precisa saber que eu odeio o Sehun, antes era por um único motivo – ele balançou a cabeça como se quisesse indicar que o motivo era obvio - mas agora eu sinto que tem mais de um.. – aquilo tudo estava me corroendo, eu precisava que ele fosse claro, queria entrar na cabeça dele pra entender completamente tudo o que se passava.
- Você está me matando desse jeito Tae.. fale logo!
- ... no dia que eu ouvi aquela conversa, assim que eu fui pego e sai correndo, eu consegui ver o vulto deles... os fechos de luz naqueles corredores me deram um traço, um traço familiar, e agora que eu tenho tudo em mente com clareza, esses traços lembram muito o do Sehun...
Eu estava tão pasma que não sabia nem o que falar.
- T-tae... você tem certeza que são os dois? – os flashbacks do Sehun começaram a passar como um filme na minha cabeça, ele teria coragem, ele chegaria a este ponto? Pra que? – Sehun e Moon Bin?
- O Moon Bin nós dois sabemos, mas infelizmente eu não posso dar certeza sobre o Sehun - ele passou a língua nos lábios para umedece-los – mas... eu não posso deixar passar essa semelhança também, ainda mais com tudo o que ele está tentando fazer com você, se algo acontecer com você e eu com essa probabilidade na cabeça... eu nunca me perdoaria.
Nós ficamos alguns segundos em silêncio, eu precisava processar todas aquelas informações, se realmente o Sehun estivesse envolvido em todas aquelas mortes eu poderia estar correndo um grande perigo naquela jogada de dinheiro que envolvia aquele "casamento", eu tinha que estar preparada.
- Mas Tae... quem está correndo mais risco nisso tudo então... se isso for verdade.. – eu olhei para a mão dele, agora segurando com minhas duas mãos – e-é você!
- Eu sei.. – ele riu fraco – mas ninguém ainda sabe que eu recuperei a memória depois do ataque..
- E quanto ao Moon Bin? – disse me lembrando de repente da pergunta que antes de tudo era a mais importante.
- Ele fugiu... estava disfarçado de médico, depois de te golpear, ele soltou o ferro e saiu correndo..
- Nós precisamos fazer alguma coisa, Taehyung... – eu não conseguia pensar em nada, mas se não fizéssemos algo logo..
- Eu vou fugir..
- Co-como? – eu fui pega de surpresa.. aquilo poderia ser pior. – mas isso pode dar erra..
- Eu tive bastante tempo para pensar hoje, fique calma ta?! – ele disse e eu suspirei concordando – você vai ter que ir embora hoje, eu confirmei com a enfermeira que cuidou do seu curativo, se eu falar que recuperei a memória e posso ir pra casa, eles vão levar pelo menos um dia para cuidar da documentação da alta, e eu não posso ficar dando bobeira por aqui depois de hoje. - engoli a seco ao som da sua voz - Por isso eu vou fugir do hospital hoje a noite, você vai pra sua casa e eu dou um jeito de te ligar quando estiver fora daqui, daí vamos nos encontrar e tentar resolver isso tudo com calma, precisamos investigar antes de qualquer coisa, está me entendendo? – Ele dizia me olhando fundo nos olhos, realmente poderia dar certo, meu corpo chegou a esquentar devido a adrenalina ali percorrendo, estava decidido, tudo mudaria depois desta noite.
[...]
Estava um pouco frio por volta das oito horas da noite, como eu estava sem as minhas malas ali, o Tae me emprestou uma jaqueta marrom dele, da qual coloquei por cima da roupa que estava, ficando mais comprida que o normal, ainda assim minha mão continuava fria. Tal fato só mudou quando Taehyung a segurou, eu pude me sentir aquecida por ele, ficamos uns dez minutos na portaria daquele hospital, até que o carro que havia me trazido aquela hora voltou, o motorista nos cumprimentou ainda de dentro do carro, fazendo sinal para que eu entrasse atrás.
- Você me liga quando estiver fora e seguro, está bem? – disse de forma baixa e bem perto dele para ninguém mais ouvir.
- Vamos nos ver ainda essa madrugada – ele completou e me puxou para um beijo, passei os meus dedos em seu cabelo querendo levá-lo comigo naquele mesmo instante, a sensação de que poderíamos finalmente estar em segurança me fazia sentir feliz e nervosa ao mesmo tempo, tudo deveria dar certo. Eu me despedi com o celular em mãos fazendo sinal para ele, da qual soltou um risinho do lado de fora do carro em concordância, então o motorista acelerou acelerou o carro, fazendo eu perder ele de vista.
Passado uns dez minutos andando eu vi que o motorista havia mudado a rota, aquele caminho da qual ele passava não era o que iria para a minha casa, o que começou a me dar uma grande inquietação e agonia.
- Com licença.. – eu disse me aproximando do banco do motorista – esse caminho está errado..
O motorista lançou um olhar através do retrovisor para mim.
- Os seus pais passaram este destino pra você..
- Destino? Que destino? – comecei a ficar nervosa no banco de trás, aquilo estava errado, eu não podia ir pra outro lugar, como eles podiam fazer aquilo? Eu já era uma adulta! – Eu tenho que ir pra casa... me leva pra casa..
- Vamos fazer uma pequena parada Senhorita, daí já partiremos.
- Parada? – o carro parou próximo a um prédio comercial, minhas vistas estavam atônitas, sentia o estomago se corroer de nervosismo e ansiedade, a porta de trás do carro se abriu me fazendo ir para o lado oposto do banco, o que era tudo aquilo? – M-mas... o que você está fazendo aqui?
- Boa noite amor! – disse ele se aproximando como se fosse me dar um beijo, mas eu dei um tapa em sua mão que vinha na minha direção. Notei o carro voltar a andar o que só aumentou meu desespero – É assim que trata o seu futuro marido? – disse com semblante sério, arqueando uma sobrancelha.
- Saia... SAIA SEHUN... pare esse carro – eu comecei a bater no banco do motorista que parecia surpreso com minha ação – PARE ESSE CARRO AGORA!
- Porque isso, Joohyun? – Ele disse se encostando no banco como se fosse tirar um cochilo, mesmo em meio a toda agitação da minha parte – comece a relaxar um pouco..
- Ah é? E por que deveria?
- Primeiro – ele se arrumou novamente no banco e foi direto na minha outra mão que segurava o meu aparelho celular – você não vai precisar disso...
- ME DEVOLVA! – eu tentei tirar da mão dele, mas ele me empurrou para o outro lado do carro e guardou o celular consigo – É SÉRIO SEHUN.. ME DEVOLVA AGORA..
- E SEGUNDO – ele disse segurando os meus braços me prendendo e imobilizando, mudando um pouco da sua feição violenta para algo menos amargo – Está na hora de compartilharmos o mesmo teto, meu amor...
...
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PARA TUDOOOOO AAAAAAA GENTE DO CÉU o que acharam deste capitulo??? Por favor me respondam, comentem e votem aaaa kkkk saudades de vocês.
Lembrando que vou atualizar toda a segunda e quarta feira, ok? Beijooos
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