II - I tried and I failed.
" Eu estou bem, Lady Blower. Eu estou me sentindo bem."
Agora:
Phillip não parava de encarar as mãos dela, ela dormia tranquilamente e suas mãos eram os únicos sinais de que ela realmente havia se jogado no lago. Ele queria cogitar a ideia ter apenas caído, mas não podia explicar porque ela não gritou ou porque simplesmente não nadou, quando ele a puxou ela estava morta. Ou quase isso, ele sentiu que aquela era sua intenção. Morrer. E não ficou em casa para descobrir o que aconteceria, não conseguia encará-la sabendo que preferia morrer do que viver ao seu lado.
Mas não podia ficar longe para sempre, talvez ela precisasse dele lá, quando voltou ela ainda dormia onde ele a deixou e estava seca, porém fria. Esperava que fosse só sua pele. Esperava mesmo aquilo.
Ele sentou próximo à ela e esperou que acordasse, mas antes que tivesse a chance de falar com ela, sua mãe chegou. Óbvio que ele a havia chamado para vê-la, Florence ficava melhor quando tinha alguém perto, tentava parecer feliz o suficiente quando a mãe dele estava lá, então Phillip pensou que talvez quando ela estivesse lá, Florence se sentiria melhor.
Quando a mãe de Phillip entrou, sua mão automaticamente foi para a boca em sinal de susto quando olhou para a menina deitada e gélida.
— O que aconteceu? — ela gesticulou com a boca sem fazer nenhum som, estava surpresa demais para gritar ou sussurar.
Phillip a chamou para outra sala onde poderiam conversar em particular sem acordar Florence.
— O que aconteceu? — indagou ela novamente.
— O lago... Ela caiu. — Não queria contar toda a verdade, não era justo com Florence dizer tudo sem que ela lhe desse autorização.
— Meu Deus.
Florence tossiu no salão ao lado e Phillip se esqueceu completamente de tudo, apenas correu para onde a esposa se encontrava e se sentou ao lado dela segurando sua mão menos fria, Florence o olhou e puxou sua mão de volta evitando encostar em qualquer parte dele, ela levantou-se e se sentou encarando seus pés e depois apenas voltando a olhar para Lady Blower. Não precisou dizer nada antes que as lágrimas invadissem completamente seus olhos e sua segunda mãe a abraçasse, Lady Blower lançou um olhar de socorro para Phillip, mas ele não correspondeu. Ele esparava que ela soubesse o que fazer depois de dois filhos muito bem criados.
Phillip sentou-se ao lado delas e esperou para ver o que aconteceria. Nada. Nada aconteceu. Florence continuou chorando e Lady Blower a abraçando e nada mudou.
— Não fique assim, menina. Não fique assim, se tiver sorte nem uma gripe terá.
Fazia dias que ele não ouvia a voz dela e seu coração palpitou quando ela sussurou:
— Eu estou bem, Lady Blower. Estou mesmo me sentindo bem.
Ficaram abraçadas por um tempo até a mãe ter de voltar para seus afazeres e tudo voltar ao normal como deveria, Florence não disse nada ao resto dia e Phillip apenas a olhou durante todo dia, os cabelos não foram escovados e a deixavam com um ar mais despojado. Ele amava aquilo, amava tudo, amava ela.
Quando o jantar foi servido, Phillip não mandou que fosse entregue no quarto dela, deixou que ela viesse comer com ele na mesa. Estavam sete anos casados e nos sete anos, talvez tivessem feito umas duas refeições juntos. Ele sentava, ela saía ou ele saía e ela sentava ou ela nem saía do quarto e ele nem comia. Mas naquele dia, ela não ficou no quarto e quando ela o viu na mesa, não saiu e nem correu. Apenas se sentou e o encarou.
— Quer conversar sobre isto? — ele perguntou. Ela odiou o fato dele perguntar, estava evitando a pergunta, ela não queria ter feito aquilo. Fora um momento.
— Não há nada para dizer, Phillip.
— Tudo bem. — ele suspirou.
Ela parou, não sentia fome para comer e nem sono para dormir. Ela queria que Phillip fosse como ele, ele o maldito motivo, não que fosse apenas o outro. Phillip era bom, bom demais para ela. E ela odiava ter que partir seu coração todos os dias um pouquinho. Odiava a si mesma por ele estar olhando para ela e pensando o que ele poderia fazer para mudar aquela situação. Odiava a si mesma por não ser a mesma de oito anos atrás.
Phillip tentava pensar em algo inteligente para dizer, algum evento da sociedade interessante para fazê-la rir. Ele amava o som de sua risada, amava quando ela simplesmente sorria e amava quando fingiam que aquilo eram eles. Era perfeito enquanto durava, mas quando o jantar acabava ou a visita ia embora, ela voltava a ser a Florence e ele Phillip. A única coisa que ele odiava era dizer adeus para ela, mesmo que fosse por alguns segundos.
— Ontem fui ao baile de Caroline. — ele puxou assunto e se alegrou quando ela o olhou com curiosidade. — A srta. Rivers estava de amarelo, ela fica péssima de amarelo e depois ela caiu. Caiu mesmo na frente de todos e puxou o vestido de Caroline! Ela estava mancando o resto da noite. Nunca vi tantas pessoas segurando o riso.
Ele pensou que ela riria, mas algo mudou em sua expressão quando ele disse que Caroline estava mancando, talvez fosse uma lembrança ou ela simplesmente não tinha força para sorrir.
Florence lembrou de oito anos atrás quando a mesma puxou Caroline a fez mancar, lembrou do maldito motivo e como ele a fez rir. Nunca mais riria daquele jeito, nunca mais o veria. Odiava bailes, odiava ele. Odiava os vestidos de Caroline.
Ela empurrou o jantar a sua frente e se retirou, quando olhou para trás Phillip estava com o rosto entre as mãos se perguntando o porquê. Por que ele não sabia o que dizer? Por que ela havia saído? Por que ele não ficou quieto? Por que ela não riu? Ela não sabia e nem queria saber.
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