Em uma floresta não muito distante dos grandes centros urbanos, habitavam cinco animais. Um pássaro chamado Zico, um ratinho com o nome de Teco, uma lebre, que atendia por Fred, a raposa Vitória e o gavião Hulk. Há poucos quilômetros dali, funcionava uma grande fábrica de alimentos, que despejava o que não era aproveitado em um canto da floresta. Era a hora mais desejada pelos cinco animais.
Zico, com suas asas rápidas, sobrevoava o monte de alimentos e pegava o que queria e ia embora em um gracioso vôo.
Fred, com suas patinhas ligeiras, chegava e pegava seu montinho.
Vitória, com sua velocidade sempre impressionante, garantia o alimento do dia. Por último vinha Hulk, com seu vôo rasteiro e suas patas afiadas. Cada animal pegava o que precisava na sua vez, com agilidade e rapidez, com medo do próximo que viesse, que era seu sucessor na cadeia alimentar.
Só Teco que ficava sempre com fome. Do seu esconderijo, observava cada um, e quando pensava que poderia ir lá se alimentar, o próximo vinha, e o medo o paralisava... Quando Hulk ia embora, não havia sobrado mais nada, e cada um, de sua "casa", observava Teco voltar ligeiro e tristonho para sua toca.
Isso se repetia dia após dia, e Teco começava a ficar com raiva da zombaria dos outros animais, que diziam, debochando dele:
— Isso aqui está uma delícia! — falava Fred, voltando com o focinho empinado e as patas cheias de comida.
— Pena que não vai sobrar nada para o Teco... De novo! — exclamava a raposa, com um sorriso presunçoso.
Em uma das noites que foi dormir com fome, novamente, ele bolou um plano. Queria viver sozinho naquela floresta, e ter só para si o banquete que a fábrica despejava ali todos os dias.
Devagarinho, iniciou a construção de uma gaiola. Pequena, mas que servisse aos seus planos. Quando a gaiola ficou pronta, era hora de colocar o plano em prática. Decidiu que a melhor hora seria depois que os animais tivessem vindo buscar o "pão" de cada dia. Amarrou o objeto em uma árvore, preso por por uma corda que ia até seu esconderijo. Na corda, colocou um pedaço de maçã, de um modo que este deslizasse conforme a corda fosse movimentada. Era o alimento preferido de Zico, o pássaro. O dele também, mas apesar da fome, ele resistiu bravamente. Aquela fruta era para um bem maior. Pronto. Era só esperar o pássaro aparecer, atraído pelo cheiro. Não precisou esperar muito. Tão logo viu a maçã, Zico voou para perto dela, e Teco moveu a corda, fazendo o pedaço da fruta deslizar para longe da gaiola, fazendo Zico entrar nela sem perceber. Quando se viu preso, o pássaro começou a piar, pedindo por ajuda. Nessa hora Teco deu um sorriso satisfeito, mostrando seus grandes dentes da frente. Logo a lebre, atraída pelo barulho do pássaro, chegou, abriu a gaiola e... Zac. Devorou o pequeno Zico. Mas não foi rápida o bastante, a raposa também foi atraída pelo pio de Zico, e ao chegar ao local e encontrar Fred, fez da lebre sua sobremesa. Ela estava lambendo os beiços e batendo as patas na barriga de satisfação, quando ouviu o vôo rápido de Hulk. Tentou correr, correr... Mas não foi páreo para as grandes asas do gavião. Virou comida também, coitada.
Hulk observou a cena a sua frente: a gaiola aberta, o pedaço de maçã, o pequeno Teco dentro do seu esconderijo, tremendo de medo. O pequeno ratinho não tinha pensado nessa parte do plano, e temia ser devorado pelo grande Hulk também. O gavião pensou, pensou, sorriu de lado e se dirigiu ao habilidoso ratinho.
— Admiro bicho inteligente. Que tal uma pequena parceria?

Moral da história: não se julgue melhor do que ninguém, sempre haverá alguém mais esperto que você.