𝐀𝐓𝐎 𝐗𝐗𝐈𝐈: e mais uma vez, clichê.
"Conte-me e eu vou esquecer. Mostre-me e eu vou lembrar. Envolva-me e eu vou entender.
Confúcio."
Havia chegado mais cedo no colégio naquele dia e pedi que Heeseung fizesse o mesmo. Desejava conversar consigo sobre os recentes acontecimentos, achava justo que ele soubesse por mim a respeito de meu namoro - mesmo achando que ele já desconfiava deste.
Antes de haver algo entre eu e Sunghoon,
existe uma história com Heeseung.
─ O que foi? ─ ele pergunta assim que chegou próximo a mim. Abraçou-me com afeto, deixou um rápido selar em minha testa e levou-me até um dos bancos que habitavam por ali. ─ Vim assim que você mandou a mensagem.
─ É sobre o Sunghoon. ─ digo após me sentar. Coloquei as mãos sob o colo enquanto meus dedos brincavam entre si.
─ O que ele fez? Deu errado o pedido de
namoro? ─ Heeseung indagou ao mesmo tempo que seu olhar descia até minhas mãos. Analisou as mesmas e logo percebeu que havia um anel ali. ─ Se não deu errado, o que deu?
─ Você está bem com tudo isso? Seja sincero. ─ falei lhe olhando. Ele desvia seu olhar do meu e deixa que sua visão observe um ponto qualquer que existia por ali. Acabou por ficar em silêncio, e mesmo sabendo que ele tinha de processar tudo, eu desejava que ele
dissesse algo. Vejo ele morder os lábios em sinal de nervosismo ao mesmo tempo que balançava a perna.
─ Eu gostei dele mas sabíamos que não era amor o suficiente para que ficássemos juntos. Havia um brilho diferente quando se tratava de você, eu via isso. Eu só quero que vocês sejam felizes. É tudo que posso ofertar. ─ delicadamente, ele me abraçou com ternura, sorrindo após isso e eu senti vontade de chorar. Heeseung estava sendo tão prestativo considerando todas as coisas que vieram a surgir. ─ Não chora que eu choro também. Você sabe que eu sou fraco pra essas coisas.
Deixei uma risada escapar por entre meus
lábios. Heeseung observou minha rápida
mudança de humor e negou com a cabeça. Tudo estava bem, quando terminava bem.
( . . . )
Os dedos de Sunghoon faziam um carinho
delicado e gostoso de ser sentido em meus fios de cabelo. Estávamos em uma parte mais afastada da escola - o velho local onde ocorreu o desentendimento nosso - e eu usava ele para descansar. Ele usava um casaco rosa clarinho, calça de moletom e até mesmo cantava baixo para mim.
─ Se você está tentando me ganhar, você está conseguindo. ─ acabo murmurando diante de toda aquela demonstração de amor e carinho.
Eu sentia meu coração aquecido num patamar tão desconhecido por mim, aqueles velhos sentimentos estavam sendo colocados tão alto. Não era algo que me sufocava, não era algo que me prendia, era algo além disso. Isso me aquecia, me preenchia e me deixava em
êxtase.
Era a mescla do bem estar, da calmaria
após uma forte tempestade no oceano. Era um dia de paz, um momento clichê sendo desenvolvido em um cenário que poderia ou não existir cenas clichês. O que é andar em círculo quando todas as voltas que dou tem Park Sunghoon? E o que seria possuir dores passadas quando, agora, elas estão sendo curadas com sutileza e algo amável?
─ Eu faço o melhor que posso. ─ ele responde em seguida. Deixo que uma risada escape por entre meus lábios, era apenas uma suave risada estilo brisa delicada do vento. Uma doce melodia que ouvimos quando o silêncio domina o lugar, uma sintonia que apenas eu poderia ter estando com Sunghoon.
Ainda sou inseguro no quesito "namoro"
juntamente a palavra "amizade" quando se
refere a Sunghoon. O que sinto por si não pode ser colocado em palavras, quiça medido. Eu apenas sinto isso por si. Só que, se eu ficar preso a todas as coisas que dizem que eu não devo seguir, meus amigos, eu estarei bem ferrado.
─ Eu percebo. Ei, ansioso para a peça? ─ indaguei me ajustando onde estava. Claro, eu estava basicamente entre as pernas do mais velho, só que eu não estava tão apegado a detalhes naquele momento. ─ Pronto para ser meu Romeu?
─ Somos dois enamorados representando um dos amores mais trágicos que já foi narrado. Decerto que estou, quero muito te ver atuando nesse dia. ─ comentou. Sua fala causou-me uma certa animação, mesmo sabendo que a história contada poderia ter um final um tanto quanto triste. Seria uma simples representação de um amor proibido em pleno século vinte e um. Duas famílias que
não desejam ver os filhos juntos - isso mesmo, um conto homossexual bem representativo - e que tem toda uma trama e seu desenvolver. Yeji tinha uma ótima criatividade e boas ideias.
─ Esse dia vai ser bom. Eu esperei muito
tempo para possuir um papel importante na peça. É, literalmente, o meu maior sonho. É algo que almejei por bastante tempo. ─ dizer tais coisas a si mesmo me era diferente. Aquela era uma parte mais oculta de mim, uma que não imaginei mostrar precisamente a alguém que não fosse meus pais, ou até mesmo, Heeseung.
─ Você merece o mundo. ─ a voz dele estava carregada de vibrações positivas. Existia uma sinceridade ali que fazia-me querer chorar - hoje foi o dia para que as pessoas me deixassem bem sentimentalista - e eu me contive nesse quesito, estava tão lindo o momento que não desejei acabar me debulhando em lágrimas.
─ Mas se já o tenho em mãos, o que faço? ─ perguntei enquanto me virava de frente para si. Ajustei-me naquela posição e levei minhas mãos até o seu rosto. Seguro ele com delicadeza sentindo a pele quente abaixo de meus dedos, observo seus traços - aqueles lábios fininhos, a forma de seus olhos, os fios de cabelo que caiam por sua testa e pela
lateral de sua cabeça. Percebi que havia, de fato, um brilho diferente quando se tratava de mim como Heeseung tinha dito.
─ E sabendo que já tens o universo em sua face, fica difícil de saber o que falar. ─ falou aquilo como se fosse um segredo apenas nosso. Que apenas eu devesse saber, sorri após tal coisa. Eu sentia meu coração aquecido, uma euforia nascia em meu íntimo e provavelmente minhas bochechas deviam estar avermelhadas. Escutei a risada de Sunghoon preencher aquele nosso espaço pois eu devia estar certo. ─ O universo habita em seu rosto, o mundo está em suas mãos. Você deve apenas segurar com força tudo que lhe é
dado.
─ Você é uma espécie de perfeição na Terra, que saco. Por que você é assim? ─ embora existisse um tom mais brincalhão em minha voz, eu sempre me impressionava com as coisas que ele conseguia transmitir a mim. Sensações leves, sensações suaves, sentimentos calorosos e delicados. Eu, definitivamente, estava apaixonado por Sunghoon, e não havia o que dizer contra isso.
─ Eu faço o meu melhor.─ e, atrevendo-se, ele rouba um selinho. É, eu poderia ficar naquela bolha de conforto pelo tempo necessário e, certamente, não iria enjoar tão rápido.
Tudo estava bem, quando acabava bem.
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