𝐀𝐓𝐎 𝐗𝐈𝐕: já dizia a música: as lembranças vão na mala mesmo.
"Aprende que quando está com raiva tem o direito de estar com raiva, mas isso não te dá o direito de ser cruel.
Shakespeare."
Suzy chegou quase seis minutos depois que eu mandei meu endereço a ela. Trazia consigo potes medianos de sorvete, duas colheres - que, segundo a mesma, foi sua mãe que cedeu - e trouxe algumas balas e dois pacotes de salgadinhos.
─ Eu não queria que você gastasse dinheiro comigo. ─ resmunguei consigo assim que a mesma organizou tudo em meu quarto. Colocou sob a escrivaninha os potes de sorvete, deixou as balas e salgadinhos em meu colo juntamente ao chocolate que eu já consumia.
A menina sorriu terna e amável para mim,
levou seus polegares até meus olhos e secou os resquícios de lágrimas que ali haviam. Deixou beijos em minhas bochechas, logo tecendo um caminho de selares até a testa, e, por último, chegando em meu nariz.
─ É por uma boa causa, meu amore. ─ sua destra tocou delicadamente onde habitava meu coração e ali fez um singelo carinho. Deixei as coisas em meu colo de lado e rapidamente entendi o que ela queria dizer e sem que eu me desse conta, logo mais eu já chorava em seus braços. A garota me acolheu com certa destreza e deixava afagos carinhosos nos locais que suas mãos tocavam. ─ Isso, chora por todas as coisas que aconteceram a ti.
Chorei por conta do beijo que recebi de Sunghoon - o qual mexeu com velhas feridas e antigas memórias, o estado que Heeseung havia ficado - e que deixou meu coração mais pesado ainda e suas duras palavras diante de tudo. Eu entendia sua raiva perante a situação, mas eu não queria que ele tivesse
saído de modo tão tempestuoso e mal
deixasse minha voz sair.
Fungados baixos eram captados naquele
pequeno cenário em que eu me encontrava, Suzy continuou com as carícias e esperou o tempo necessário até que eu pudesse dizer qualquer coisa que fosse.
─ O namorado do meu melhor amigo me
beijou, e o menino chegou no momento
exato. Parecia até programado. ─ falei com a voz sôfrega. Nela, eu carregava muita dor e mágoa, e havia o ressentimento também.
Eu não saberia dizer quem sofria mais nessa história. Se era eu ou Heeseung. Sunghoon nem se fala, este que estragou tudo mais do que eu achava ser possível.
─ Eu não sei o que você está sentindo, eu estaria sendo falsa se falasse que sim. Mas conheço os acontecimentos, e eu não vou falar a típica "vai ficar tudo bem", isso vai acontecer, mas não agora. ─ Suzy ia dizendo. Ajeitei-me melhor e deitei meu corpo sob o seu e a mesma fazia carinho em meu cabelo. ─ Por ora, chore pelas coisas. Se precisar, grite por conta delas. Só não guarde os sentimentos que seu coração insiste em prender.
─ Sabe, o Sunghoon é um desgraçado que merece se foder e nem é do jeito que os adolescentes falam tanto hoje em dia. ─ comentei por alto. Ela deixa algumas balas sob a palma de minha mão e coloco algumas na boca. ─ Eu bati nele assim que ele me beijou. Havia um belo ardor na minha mão mas acho que a face dele sentiu mais.
─ Sunghoon é o menino altão daquela
noite? ─ murmuro um "uhum" concordando e Suzy continua com sua fala: ─ Bom, ele é confuso e deixou o meu anjinho machucado. A tapa ainda foi pouco.
─ Oppa, quem é essa? ─ a voz levemente aguda de Chaehyun indaga assim que adentra meu quarto. Usava um vestido todo voltado ao rosa, além de manter seus braços cruzados esboçando uma feição nada contente.
─ Suzy, Chaehyun. Chae, Suzy.
Embora eu não gostasse de dizer os nomes mais de uma vez, as pessoas acabaram taxando tal como costumeira e eu não sou uma pessoa tão tradicional a isso.
Vejo Chaehyun analisar a menina que se
encontrava juntamente a mim, fez algumas caras e bocas como sempre, vindo dela - e acabou por dar de ombros. Saiu de onde estava e veio até mim, pegou um pedaço da barra de chocolate e ficou no lado oposto, que por sinal era o direito.
─ Eu vi uma menina diferente chegar até
aqui e fiquei curiosa. ─ ela responde ainda comendo do chocolate que eu havia ganhado. O doce era bom, mas lembrava os motivos de minhas lágrimas. ─ Ela é a menina que você conheceu na tal festa? ─ indagou de modo meigo a mim.
─ Sou eu sim. ─ Suzy acaba respondendo por mim. Achei que Chaehyun fosse ficar chateada - embora ela não devesse - mas a garota apenas balançou a cabeça de modo que eu não saberia dizer se foi algo positivo ou negativo.
As duas começaram uma conversa a respeito de mim, deixei que elas falassem pois não me sentia a vontade de participar. Ouvir já estava sendo bem difícil, imagine opinar e participar.
Eu estava em ruínas. Parecia que meu coração havia sido retirado de mim e pisoteado várias e várias vezes bem diante de meus olhos. Olhando para esse lado, foi mais ou menos assim que tudo se sucedeu. Embora eu soubesse que tal sentimento havia sido criado pela minha mente, isso não impedia todo o resto de sofrer.
Problemas internos e psicológicos em apenas um dia. Que sorte eu tenho.
Eu queria dizer tanta coisa a Heeseung, fazer ele compreender tudo que se passou e me perdoar por fazer ele ficar triste. Eu queria jogar tanta coisa na cara de Sunghoon e, se possível, bater nele. Mas antes disso tudo, eu realmente devia parar de chorar.
─ Sunoo, vamos ver um filme? ─ Chaehyun pergunta educada e meiga ao meu lado. Suzy concorda com a idéia e diz ser algo bom para afastar minha mente dos problemas. Acabo por concordar mesmo sabendo que eu não veria filme, quiçá entenderia.
( . . . )
Terça feira. Laudo médico da pessoa que
vos fala: coração partido e com olheiras
profundas. Apesar de múltiplos fatores
negativos - e ponha negativos nisso - o
esforço de Chaehyun e Suzy aliviou uma parte de mim.
As duas meninas foram embora por volta das nove pois uma tinha aula no dia seguinte e a outra, compromissos. Acabei por passar mais tempo acordado pensando numa solução do que dormindo propriamente dito. Até pensei em esconder as olheiras que acabei ganhando
por conta disso, mas desisti e apenas segui meu caminho para a escola.
Minha mãe ficou em meu quarto por algumas horas, apenas me ouvindo e fazendo carinho em meu cabelo. Colocou minha cabeça em seu colo e contou algumas histórias que narrava quando eu era mais novo.
Quando tudo era bom e perfeito.
Agora me encontro na metade do caminho
pensando em muitas coisas enquanto sigo até a escola. Eu até queria faltar, dizer que estava doente e dormir no horário da manhã. Toda via, minha mãe julgou melhor que eu fosse para a escola e tentasse estudar. Sem contar que hoje era dia de teatro.
Ou seja, estou sem escolhas.
Assim que coloquei meus pés para dentro
da sala, percebi que Heeseung se localizava em um ponto no meio da sala e Sunghoon na extremidade da esquerda. E, por ventura, fui até meu canto de sempre e ali fiquei. De Heeseung, eu recebi um olhar cortante e uma expressão nada amigável e de Sunghoon, ganhei um olhar de pena e tristeza.
Não sei qual dos dois me deixa mais
estressado, chateado ou triste.
Passei boa parte do dia triste e cabisbaixo, Chaehyun até tentou me animar no intervalo me oferecendo alguns cupcakes mas nem mesmo isso me animou. Assim que as aulas acabaram, a menina já estava a minha espera e me abraçou de modo lateral.
─ Heeseung oppa falou com você hoje?
─ No novo mundo dele eu não existo, Chae. ─ falei com a voz sôfrega. Me doía dizer tais coisas, mas devia ser assim que ele me via agora. Isto é, ele mal deve me notar agora que fui taxado como coisas ruins por si.
( . . . )
Lisa ainda estava ali conosco. Ver o seu sorriso me animou um pouco, só que
ver Sunghoon ali o desfez em questão de
segundos. Respirei fundo enquanto repetia palavras positivas em minha mente, embora machucado, eu não abandonaria o meu personagem e o meu objetivo.
─ Em suas posições. ─ ela tornou a falar
assim que todas as pessoas necessárias
chegaram. As palavras saiam de mim sem uma emoção propriamente dita, eu apenas recitava e expressava o necessário. O problema era quando eu estava próximo demais de Sunghoon, o meu coração insistia em bater mais rápido e ansiava por fugir ao mesmo tempo.
Quando eu senti os seus lábios sob os meus, a minha maior vontade foi chorar. Tive que rezar para todas entidades possíveis para que eu não desabasse diante dos olhos dele, resisti a essa vontade e me mantive de pé.
Ele já havia visto marcas demais de mim.
Sabe o lance de viver no automático? Esse era eu naquele dia. E mesmo quando cheguei em casa, eu sentia como se um vazio me me preenchesse.
Nisso tudo acabei ficando sem melhor amigo e sem a antiga paixão turbulenta do colegial.
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