58. O começo das mudanças
Alguns dias se passaram e todo o povo de Tears se uniu com o intuito de arrumarem o acampamento, graças as terras recuperadas iriam expandir o recanto em um lugar que desse para todos sem sub divisões.
Minho de certa forma ficou na frente de tudo, graças ao conhecimento que tinha por ter visto a arquitetura das casas do passado o povo achou melhor que ele os instruisse na construção, além de seguirem as escrituras deixada pelo antigo criador das casas e da torre do recanto.
Quando tudo ficou pronto eles novamente se mudaram, foi outro processo meio demorado já que da montanha onde estavam para o novo acampamento era um pouco longe. Durante a construção o Lee achou o local que a estação havia caído, conseguindo recuperar pouquíssimas coisas que nao chegou a queimar com a queda. Uma das coisas recuperada foi a câmera que utilizavam para gravar os vídeos diários.
A câmera estava com a lente quebrada e não queria ligar, basicamente o Lee perdeu horas tentando conserta-la e no final conseguiu reaproveitar algumas peças e faze-la funcionarde novo. O primeiro registro que fez quando a recuperou foram as fotografias de Jun e Jeongin, tirando poucas do comandante já que ele jurou quebrar novamente se ele continuasse o fotografando.
Por falar em Jun ela estava bem espertinha. A bebê se movia e ria sempre que alguém se aproximava e brincava de fazer cócegas, além de que ela conseguia diferenciar os pais e o adolescente. Ela também aprendeu a agarrar então sempre estava segurando algo, as vezes segurava o brinquedinho, outras os cabelos de quem a segurava ou até mesmo o rabo do pequeno dragão que já não era tão pequeno assim.
— Jeongin você não deveria estar com os outros? — Jisung questionou ao aparecer na porta do quarto que fizeram para o adolescente enquanto balançava a garotinha.
— Eu estou indo. — Respondeu enquanto corria pelo cômodo, saindo apressado e voltando somente para beijar a bochecha da bebê e do comandante.
O adolescente estava aprendendo arco e flecha com Niki. A princípio o comandante não concordou e não queria deixar, porém depois de muita insistência do adolescente e de Minho ele cedeu já que não era algo tão pesado ou perigoso. Mal sabia ele que além das aulas o adolescente estava aprendendo luta corporal também.
Jisung colocou a garotinha no chão e então se aproximou do Lee que estava sentado na cama concentrado em algo com a maldita câmera, desde que havia a consertado não largava mão dela. Iria passar pelo marido e o ignorar, mas foi puxado pela mão.
— Sabe, eu estive pensando... — Minho começou, sentando o comandante em suas coxas. — A Jun está crescendo e estamos em um lugar novo, ultimamente aconteceu tanta coisa que ninguém ligou para a morte dos sacerdotes de verdade.
— Só não ligaram tanto porque acreditam que eles se sacrificaram em prol de nossa vitória contra os meio-sangue. — Jisung o lembrou, ele precisou inventar uma desculpa quando o seu povo descobriu a morte dos sacerdotes e os dias tranquilos ficaram conturbados por causa daquilo.
— Sim... Enfim, o que quero dizer é que eu acho que deveríamos falar a eles a verdade sobre a Jun. — Minho começou, inseguro.
— Não!
— Amor, não acha que é melhor falarmos a verdade enquanto eles confiam em nós do que esperar que alguém descubra? E se não conseguirmos encontrar uma mentira convicente de novo?
— Minho, isso é loucura. Você literalmente vai dar nossa filha para a morte. — Jisung retrucou.
— Não necessariamente, estamos tendo várias mudanças e essa pode ser uma delas. — O Lee insistiu. — Se eles descobrirem sozinhos poderá ser pior...
Jisung se manteve em silêncio enquanto ponderava sobre aquilo, encarando a bebê que ria enquanto puxava o rabo do dragão que tentava voar para longe na tentativa falha de fugir.
Acabou concordando enquanto apoiava a cabeça no ombro do marido, totalmente perdido e amedrontado sobre o que fazer.
🚀
O Han respirou fundo novamente enquanto segurava a criança em seu colo com força, olhando para todos os rostos conhecidos que estavam reunidos na praça esperando o comunicado importante que o comandante tinha para dar.
Minho estava ao seu lado e o abraçava, tentando passar através do pequeno contato a certeza a Jisung de que ele estava ali com eles os apoiando e que daria tudo certo.
— Os reuni aqui hoje mais uma vez para agradecer o companheirismo e a ajuda de todos vocês na reconstrução do nosso lar. — Começou a falar tentando tocar em um assunto leve que agradava a todos. — Foi bem difícil e perdemos muito, mas estamos aqui hoje e a honra é de todos aqueles que se sacrificaram por essa vitória, além é claro de vocês mesmos.
Uma breve comemoração foi ouvida antes do comandante voltar a se pronunciar.
— Como todos sabem eu e o Minho tivemos um bebê, acredito que não seja do conhecimento de todos mas é uma menina. — Falou de maneira clara, apontando para a garotinha em seus braços. — A Jun é o futuro do nosso povo, ela com certeza será a próxima líder e acredito que vai ser mais sábia do que eu.
— Se puxar a mim será super esperta. — Mibho falou e riu, fazendo alguns rirem também.
— Estamos em um momento de grandes mudanças e foi pensando nisso que resolvi deixar o medo de lado e admitir para vocês que a nossa filha é diferente. — A voz do Han vacilou um pouco principalmente quando ele percebeu os olhares de alguns mudarem. — A Jun ela tem anomalia. — Falou um pouco mais baixo. — Não tem orelhas e... e...
Os cochichos se iniciaram e mais ninguém parecia prestar atenção, Jisung sentiu os olhos pesarem por causa das lágrimas que se formavam enquanto recuava alguns passos com o receio de tentarem algo com seu bebê. Minho o segurou com firmeza o impedindo de recuar mais, olhando para o povo que estava inquieto.
— O que ele quer dizer é que nossa filha é diferente e eu sei o quanto o incomum assusta, mas é essa mudança que vai modificar a nossa história. — Minho tomou a palavra e os olhou. — A partir de hoje não iremos temer o novo. Estamos evoluindo e devemos estar sempre prontos a evoluir, eu sou um grande exemplo disso. — Continuou. — Quem iria me garantir que eu iria sobreviver a uma queda do espaço até a terra, iria ver um mundo pós apocalíptico e ainda conseguiria me virar bem nele e construir uma família? Se alguém me falasse isso anos atrás eu iria rir e chamar a pessoa de louca, mas olhem onde estou hoje. — Fez uma breve pausa. — Precisamos fazer diferente todos os dias.
— Manter um ser assim irá manchar a nossa geração e pode até mesmo prejudicar os nossos descendentes, eles não são forte o suficiente. — Um homem protestou de um canto. — Desculpe, mas não concordo com essa mudança.
— Então você pode se sentir livre para se retirar. — Chanyeol se intrometeu, ficando do outro lado do comandante. — A mudança chega para todos e chegou para nós, aqueles que não concordarem e se recusarem a evoluir podem deixar a tribo e o recanto.
— Chanyeol... — Jisung balbuciou.
— Eu sou a prova viva de que pessoas diferentes podem se tornar guerreiros úteis e fortes. — O mais alto continuou. — A minha mãe escondeu por anos que tenho anomalia, ela não queria me matar ou me entregar para o antigo líder. Cresci normalmente escondendo de todos quem realmente sou e não fui declarado um guerreiro mais fraco por isso, não é atoa que sou um dos líderes atualmente. — Retirou a enorme touca que vivia usando, revelando um terceiro olho em sua testa. — Não desejo que ela ou qualquer outra pessoa diferente se sinta inferior como eu sempre me senti.
O burburinho voltou a soar e então Chanyeol colocou a touca novamente, olhando a bebê no colo do comandante com um pequeno sorriso.
— Aqueles que aceitarão a mudança terão direito a um vídeo diário contando sua história ou registrando o que desejar, precisamos criar memórias físicas também. — Minho novamente voltou a falar. — E os que se opuseram podem deserdar.
O único homem que havia protestado anteriormente se retirou, atraindo a atenção de todos os outros. Além dele, apenas Changbin se afastou também indicando que iria embora. O Lee sabia que o rapaz faria aquilo, haviam conversado algumas noites atrás e o Seo admitiu que iria embora para procurar pelo namorado ao saber que Hyunjin havia largado os meio sangue antes do ataque dos terráqueos.
— Acredito que aqueles que ficaram tem lindas histórias para contar, vamos lá?
Minho falou simpático e então puxou sua câmera, guiando as pessoas e fazendo uma enorme fila para a filmagem. O comandante o observou de longe com um sorriso orgulhoso, suspirando apaixonado. Não se arrependeu de suas escolhas e todos os dias tinha a certeza de que o Lee era a pessoa certa para ele, percebeu que a linhagem que eles uniu não seria algo benéfica apenas para a geração futura, mas até mesmo para aquela mudança no presente.
Ele amava Minho e agradecia aos deuses por ter o permitido te-lo como companheiro durante seus dias na terra.
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