53. Sacerdotes
Os olhos turvos encaravam de maneira atordoada a mão sangrenta, sentindo o líquido viscoso escorrer lentamente pelos dedos longos e pálidos. Hyunjin respirava pesadamente, sentia o seu corpo rígido e o olho que havia sido atingido na briga estava dolorido.
Direcionou o olhar para o corpo de Mingyu que estava desacordado e com o rosto ensanguentado, virando a cabeça quando ouviu o barulho das palmas. Encarou o seu líder que sorria de maneira irônica enquanto observava aquela cena.
— 'Pro inferno, Hendery. — Falou baixo, levantando.
— Calma eu nem falei nada. — Riu forçado. — Por que está tão irritado?
— Você ainda me pergunta o porquê? Acha que não sei o que você mandou Mingyu fazer? — Hyunjin respondeu irritado enquanto se aproximava do líder. — É tão covarde assim para tentar me matar no momento em que durmo?!
O rapaz estava tão irritado que agarrou o líder pela gola da camisa, puxando-o com certa força. Os olhos de Hyunjin transmitiam uma faísca intensa de raiva.
— Changbin estava certo sobre você. — Por fim falou, soltando o outro. — Irei embora.
— Você não vai sair do acampamento, Hyunjin. — Novamente o líder falou dessa vez em um tom mais sério. — E se sair irá morrer, quem garante o que vai fazer ou a quem você irá recorrer lá fora? Você sabe demais.
— Eu vou sair e não vai ser você quem vai me impedir. — Encarou o rosto sério do outro. — A não ser que queira morrer.
Hendery novamente sorriu de maneira irônica, cruzando os braços enquanto olhava o outro que sequer estava intimidado. Deixar Changbin ir daquela forma havia sido um descuido, ele mandou alguns homens ir procura-lo, mas ninguém o encontrou. Não poderia cometer o mesmo erro de novo.
— Tente a sorte. — Respondeu, virando as costas para Hyunjin enquanto se afastava assobiando.
O rapaz encarou o líder se afastar, tocando com a ponta dos dedos o olho que latejava, desviando o olhar para as pessoas que estavam ao seu redor alheios a si. Ele iria esperar o cair da noite para fugir pelos fundos, não queria saber se seria caçado ou não do lado de fora dos portões, iria fugir para longe e procuraria por Changbin.
Se Hendery tentou lhe matar uma vez por causa do sumiço do namorado, tentaria novamente. Aquele lugar não era mais seguro e não valia a pena permanecer lá.
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Jun estava tão agasalhada que parecia um montinho de roupas na cama improvisada, estava sob os cuidados do adolescente já que logo cedo o comandante marcou uma reunião com toda a tribo para passar informações referente ao ataque que fariam e toda a estratégia que ele havia montado.
O comandante havia discursado por horas, explicando a motivação e como iriam se infiltrar no meio dos inimigos. Ele repassou duas vezes o plano, tirou dúvidas e ouviu conselhos e ideias de alguns soldados experientes sobre como poderiam fazer. Minho ficou a todo momento ao seu lado, não sabia exatamente como aconteceu, mas o próprio Jisung o obrigou a participar daquela reunião.
"Quanto mais cedo atacarmos, melhor", foi o que Jisung disse como incentivo, marcando a data do ataque para o final da tarde do dia seguinte.
O resto do dia foi bem tranquilo e produtivo, eles mataram o tempo com as preparações e alguns treinaram duro. Aqueles que não podiam participar de maneira direta do ataque ajudaram preparando as armas, amolando as lâminas e separando a quantidade necessária para todos que iriam participar da luta.
Prepararam também os escudos para aqueles que ficariam na linha de frente, alimentando os cavalos e dragões para que estivessem fortes e preparados também. No final daquele dia o comandante estava com o adolescente e a bebê na caverna, ajudava o mais novo a trocar a criança que não parava de mover as pernas curtas quando sentiu outra presença onde estavam.
Um tanto que alarmado ele se virou com a faca em punho, relaxando a expressão e guardando a lâmina ao reconhecer o líder dos sacerdotes. Os olhos escuros fitaram a bebê e então se prenderam no comandante, ele estava bastante sério – mais do que o comum.
— Por favor senhor, siga-me. — Pediu e com calma se afastou.
— Cuide dela. — O Han pediu, seguindo o sacerdote.
Praticamente desceram toda a montanha em silêncio, adentrando a caverna um pouco longa que era a sede improvisada daqueles anciãos. O comandante reconheceu os outros sacerdotes ao chegar no local, cumprimentando a todos com um rápido acenar de cabeça.
— Aconteceu alguma coisa? — Jisung perguntou desconfiado.
— O chamamos aqui para entregar a nossa resposta, senhor. — Um dos sacerdotes falou.
— Conversamos bastante sobre o assunto, consultamos escrituras antigas e até mesmo pedimos uma resposta dos deuses. — O líder falou inexpressivo. — Não iremos abdicar de nenhuma lei, especificamente a que envolve os bebês monstruosos.
— E por que não? Sabemos que Nayeon foi a primeira a ter esse surto, mas não será a última.
— Os deuses não querem. — Eunwoo respondeu simplista. — Não podemos ir contra suas vontades.
— Não coloque a culpa nos deuses, você é igualzinho a seu pai. — O Han retrucou. — A fé o cegou tanto que o destruiu.
— Depois do seu casamento não acredita mais nos deuses? A profecia foi clara, você e o forasteiro Lee irão iniciar uma nova linhagem e foi o que aconteceu.
— Justamente. Não acha que uma nova linhagem precisa de novas leis? Algo que seja referente ao que passamos no presente e não ao que já enfrentamos no passado. — Jisung insistiu.
O sacerdote suspirou e novamente falou que "a resposta é não", voltando a prestar atenção em algumas folhas que tinha algo escrito. Jisung assistiu descrente o pequeno grupo voltar a seus afazeres o ignorando, rindo forçado enquanto puxava a faca afiada de seu bolso.
Enfiou a lâmina no pescoço do sacerdote mais próximo, atraindo novamente a atenção e o olhar dos outros que estavam ao redor e presenciaram aquilo horrorizados. Nenhum deles imaginou que o comandante seria capaz de tal coisa.
— Eu não aceito um não como resposta, Eunwoo. — Falou, encarando o líder dos sacerdotes — Abdique a maldita lei.
— Você pode até nos ameaçar, senhor, mas não iremos deitar e nos calar para autoridade nenhuma. — Eunwoo falou.
— Não é uma ameaça, Eunwoo. — Jisung respondeu calmo, apontando a lâmina suja de sangue para ele. — Se as leis não irão se encerrar por bem irá por mal.
Em praticamente um piscar de olhos o comandante derrubou os sacerdotes um por um, dando um único e certeiro golpe. Deixou o líder por último, encarando ele rezar.
— É apenas agora que você reza porque sabe que vai morrer? — Segurou o braço do outro, olhando no fundo de seus olhos. — Poderia ter evitado isso.
— Do que você tem medo, Jisung? — O sacerdote perguntou em um cochicho. — Tem medo de ir para o inferno? Irá dançar com os deuses no paraíso, não se preocupe.
— Com a quantidade de mortes em minhas costas eu tenho minhas dúvidas, mas irei garantir que você vá para seu descanso eterno.
O comandante respondeu e então enfiou a lâmina na garganta do outro, puxando para frente e abrindo a pele com o movimento. Fechou os olhos ao sentir o sangue quente respingar em seu rosto, vendo o corpo morto cair no chão junto aos outros.
Encarou os cadáveres e então suspirou, mordendo levemente a ponta de seu dedo enquanto pensava. Ninguém poderia descobrir aquilo, então ele iria esconder os corpos e focar no ataque de amanhã. Quando ganhasse aquela batalha iria anunciar a todos as mudanças que teriam e o fim daquelas leis, implantando novas. A única coisa que o impedia hierarquicamente de mudar as coisas eram os sacerdotes, mas agora que eles haviam morrido nada nem ninguém teria poder para o questionar ou tentar evitar aquilo.
Agora que já havia começado não teria como parar, ele faria o possível para manter sua bebê viva, nem que isso o obrigasse a matar o seu próprio povo.
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Olá! Peço perdão por não ter atualizado ontem, aqui em minha cidade está chovendo bastante esses dias e aconteceu uma queda de luz geral em meu bairro, também fiquei se internet e por isso não consegui honrar com o prazo da att.
Gostaria de avisar também que a fanfic já está próximo do encerramento, pretendo concluir ela com no máximo 60 capítulos e todas as ideias de estrutura que tive para ela já aconteceram, faltando apenas o desfecho da guerra entre os povos. É isso, kisses.
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