46. Eu gosto de você
Desde o dia em que seu povo voltou para o acampamento com menos homens do que foram participar do ataque e sem Felix, Hyunjin não era mais o mesmo. Ele não participou da batalha porque estava se recuperando dos machucados causados pelos terráqueos quando foram resgatar o braço direito do Comandante Han.
Se ele soubesse que as coisas terminariam daquela forma teria acompanhado os outros, talvez conseguiria salvar o namorado e evitaria sofrer pela sua perda e trazer esse sofrimento para Changbin também.
Hendery não falou nada sobre isso com eles, aparentemente ele nem se importou com a morte de Felix já que apenas reclamava que chegaram muito perto e que por causa de um "novato" tudo havia dado errado. Ele culpou o garoto do céu por Jisung permanecer vivo, afirmando que se não tivesse deixado o trabalho importante para um qualquer eles teriam vencido a guerra e recuperado não apenas mais terras, mas também os dragões.
Claramente Changbin se viu maluco quando o líder desfez da perda de seu namorado, ele chegou a discutir com Hendery e foi a primeira vez em muitos anos que Hyunjin viu o companheiro fora de si a aquele ponto.
— Você já se decidiu? — Questionou ao adentrar a barraca que dividiam, jogando algumas peças de roupas na cama enquanto olhava o mais alto.
Changbin havia colocado na cabeça que iria deserdar dos meio sangue e abandonar o linpo, obviamente eles conversaram sobre aquela loucura e o mais alto tentou convencer o namorado a ficar, porém ele disse que não conseguiria conviver com o culpado da morte de Felix e que para o bem de todos seria melhor ir para longe.
O menor convidou Hyunjin para ir consigo, mas não obteve uma resposta e resolveu dar um tempo a ele por alguns dias.
— Meu bem, eu continuo achando que isso não é uma boa ideia. — Respondeu e se sentou na cama, segurando as mãos do menor. — As coisas lá fora são difíceis.
— Eu sei que são difíceis, mas continuar convivendo com esses hipócritas é bem pior.
— Nós teremos a nossa vingança, porém sair agora e dessa maneira é muito precipitado. — Hyunjin continuou, beijando o rosto do menor que havia se sentado ao seu lado. — Eu não quero perder você também.
— Então venha comigo. — Changbin o olhou, segurando o rosto do maior. — Podemos achar aliados melhores, viver em paz longe das loucuras de Hendery. — O tom de voz baixo soou determinado. — Eu não me importo para onde irei, mas quero estar com você.
O mais velho juntou suas testas conseguindo ouvir a respiração baixa do maior, beijando carinhosamente os lábios grossos de Hyunjin em um selar rápido antes de se afastar para o olhar.
Changbin o olhava esperançoso, deixando um suspiro cansado escapar dos próprios lábios ao perceber a dúvida na expressão do namorado. Levantou de onde estava e então terminou de juntar suas roupas em uma pequena trouxa, jogando por cima de seus ombros largos.
— Tudo bem, você não precisa vim comigo. — Resmungou magoado. — Espero que de agora em diante você tenha cuidado, não se deixe confiar muito neles... Fique bem.
— Changbin... — O mais alto o chamou, sendo ignorado pelo mais baixo que o deixou para trás.
Hyunjin assistiu o namorado ir embora em silêncio, abaixando a cabeça enquanto esfregava as mãos no próprio rosto. Não queria perde-lo também, mas tinha medo do que poderia acontecer se abandonasse o acampamento. Ele cresceu ali e tudo o que conhecia do mundo lá fora era assustador e ameaçador demais, então por mais que quisesse acompanhar o namorado não se sentia pronto.
De certa forma não sentia raiva apenas de Hendery pelo que ele deixou acontecer com Felix, mas agora estava com raiva de si mesmo por ter deixando o namorado partir. Depois de anos ele estava sozinho novamente, agora não tinha nenhuma das duas pessoas que mais amou consigo.
🚀
O comandante estava inquieto em cima da própria égua, encarando o marido que caminhava ao lado do animal enquanto o guiava em silêncio.
Ele reconhecia o caminho já que viveu a maior parte do tempo andando pelas florestas, mas ainda não havia entendido para onde o Lee resolveu arrastar ele e o seu povo. Todos se deslocaram seguindo as ordens do mais velho, caminhavam em uma longa fila e os que estavam machucados ou os enfermos sobrevoavam em cima deles já que os dragões também os seguiam.
— Realmente não vai me falar para onde estamos indo? — Jisung novamente questionou, suspirando. — Me sinto enjoado.
Automaticamente Minho parou, olhando o outro preocupado. Ajudou o menor a descer do animal com cuidado, encarando o rosto contraído do comandante.
— Estamos perto... — Murmurou. — Você quer caminhar um pouco ou prefere parar?
— Já é arriscado o bastante irmos assim durante o dia, parar seria pedir para que alguém nos atacasse. — Jisung respondeu colocando uma das mãos na cintura. — Se está perto vamos continuar.
O mais velho concordou e o segurou com uma das mãos, caminhando ao lado do comandante em silêncio enquanto seguiam os outros, sendo seguidos por um grupo menor.
Conseguiam ver Jeongin bem lá na frente caminhando ao lado de Seungmin enquanto conversavam sobre algo, além dos passos de seu povo os murmúrios de conversas paralelas também dava para ser ouvido de longe.
Jisung suspirou se sentindo cansado, durante toda a viagem ponderou sobre tudo que vinha acontecendo se perguntando onde ele estava errando. Ele estava inquieto e o Lee percebia, porém não sabia ao certo o que fazer para o acalmar. Minho estava tão pensativo quanto o outro, sentindo que se tomasse a responsabilidade para si seria melhor e ajudaria, porém não se sentia tão apto quanto pensava ser.
— E o que você pretende fazer depois?
— Eu não sei, mas podemos construir tudo de novo. — O Lee respondeu. — Não quero pensar em algo incerto, não sabemos como serão os próximos dias e a única certeza que quero ter é que terei você e o nosso bebê seguros ao meu lado.
O comandante o olhou e então acabou por concordar em silêncio, encarando a montanha rochosa que estava alguns metros na frente deles. Percebendo que não desviaram o caminho acabou por rir, negando. Ele deveria imaginar que Minho os levaria para lá, afinal era um dos únicos lugares que ele conhecia já que foi lá chocar o ovo do dragão que resolveu cuidar.
— Eu nem desconfiei... — Comentou querendo rir. — Você é uma graça.
— É legal ouvir isso vindo de você. — Minho murmurou com um sorrisinho insinuativo.
— Ah, pare. Falando assim parece que eu nunca te elogiei ou algo do tipo.
— Você realmente nunca me elogiou. — Minho o olhou. — No começo só me ameaçava...
— Pff. Eu parei faz tempo. — O comandante resmungou e revirou os olhos, ouvindo o riso do outro. — Só em ter parado você já deveria ficar grato, isso diz muito.
— Muito o que? Significa que gosta de mim?
Jisung permaneceu em silêncio fingindo não ter ouvido, conseguindo ouvir a risada do Lee enquanto ele empurrava de leve seus ombros na tentativa de implicar consigo.
— Eu sei que está ouvindo... — Insistiu, cutucando a bochecha do menor. — Você gosta de mim?
— Você ainda está respirando, então isso já lhe diz muito. — O comandante falou baixo, envergonhado.
— Você era tão direto e descarado no começo, está muito calmo ultimamente. — Minho comentou, rindo. — A gravidez o deixou molenga.
— Eu não sou molenga!
O olhar duro que Jisung direcionou ao outro o fez gargalhar, arqueando as sobrancelhas. Era engraçado para o Lee ver o outro se sentir contrariado quando se tratava daqueles assuntos.
— O que você quer ouvir, afinal? — O comandante ralhou, levemente estressado. — Que eu gosto de você? Eu gosto!
Minho parou de rir na mesma hora, encarando o marido que lhe olhava sério com as bochechas um pouco rubras. Nem ele mesmo acreditava que Jisung admitiu aquilo em voz alta pela primeira vez, pelo menos de uma maneira bem direta.
— Eu gosto muito de você. — Continuou com a voz um pouco mais baixa. — Você é tudo o que eu queria ser, mas não consigo. É gentil e carinhoso, corajoso...
— Não seja idiota, você também é. — O Lee respondeu no mesmo tom, visivelmente nervoso e envergonhado. — Com o tempo eu percebi que o lado durão que você tenta pregar para as pessoas é por causa da hierarquia e também porque você tem medo de se machucar, não percebe como você me trata ou trata o Jeongin?
Jisung ficou em silêncio e desviou o olhar, passando a mão na barriga de maneira distraída. Depois de um tempo em silêncio ele suspendeu o olhar para o Lee, encarando ele com um sorrisinho presunçoso.
— E você? Gosta de mim? — Questionou.
— E-Eu?
— Quem é o molenga agora? — Riu, empurrando com um pouco de força o Lee vendo-o cambalear para o lado. — Deuses! Desculpa!
Minho riu e então segurou a mão pequena, entrelaçando seus dedos com cuidado enquanto virava o rosto para a frente encarando a multidão.
— Acho que gostar é muito pouco... Talvez eu ame você. — Admitiu, desviando o olhar da multidão para o comandante que o olhava totalmente surpreso.
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