40. Minīmaru
— Han-ah!
Jackson gritou e praticamente correu até o comandante, abraçando o corpo pequeno com cuidado para não o machucar, deixando um beijinho em sua testa antes de se afastar.
O menor o olhou com um sorriso, enquanto se afastava do estábulo com as mãos atrás do corpo.
— Que ótima surpresa.
— Eu disse que qualquer dia apareceria, não disse? — Riu fracamente. — Por que está sozinho?
— Vim olhar os cavalos e tomar um pouco de ar fresco, está calor hoje. — Respondeu, sentando em um banco de madeira que tinha ali perto. — Estava planejando dar uma volta pelo mercado, preciso começar a negociar algumas roupas...
— Por falar em roupas... — O maior falou em um tom exagerado de suspense, puxando de dentro da mochila que carregava um enorme saco. — Surpresa!
Jisung o olhou completamente confuso, segurando o saco pesado quando ele lhe estendeu, abrindo-o com curiosidade. Sentiu vontade de chorar ao ver as diversas peças coloridas, encarando Jackson como quem questiona se aquilo está mesmo acontecendo.
O outro riu fraco e se aproximou, ajoelhando no chão enquanto retirava uma roupinha de bebê vermelha de dentro do saco.
— São todas para o bebê?
— Sim. — Jackson respondeu com um sorriso, estava feliz com a reação positiva do comandante. — Mark fez todas elas a mão.
— Deuses... — Jisung falou emocionado, segurando o choro. — Muito obrigado, Jack.
— Era sobre isso que eu gostaria de falar com você. — O Wang diminuiu o sorriso, enquanto assistia o comandante checar peça por peça derretendo de amores pelo presente. — Acredito que nenhum outro líder veio até você se prontificar sobre sua gravidez já que mesmo não admitindo a maioria acha que é um péssimo momento, mas eu queria deixar claro que discordo.
O comandante desviou o olhar para o rosto do líder em sua frente, sorrindo de maneira triste enquanto concordava em silêncio.
— Filho é uma dádiva que os deuses nos concede, principalmente o seu que é fruto de uma grande profecia. — Falou. — Não existe isso de momento certo ou errado, eles são hipócritas.
— Obrigado de verdade, Jack.
— Por mais que algumas pessoas julguem e discordem, saiba que outras estão extremamente felizes e ansiosas com a chegada dessa criança. — Riu de maneira fraca, ficando pensativo logo depois. — Mark surtou com a notícia, ele ficou tão feliz... Fazia tempo que não o via tão bem.
Jisung sorriu de maneira triste e então abraçou o amigo, beijando o rosto dele. Sabia que ele e Mark tinham desejo em aumentar a família, porém seu marido descobriu recentemente que não podia gerar e aquilo o destruiu de dentro para fora.
Foi uma época difícil para eles e mesmo de longe Jisung tentou os acompanhar e dar apoio, indo sempre que podia visita-los quando não tinha tantos compromissos no recanto.
— Eu gostei da surpresa... — Jisung resmungou, sorrindo. — Diga a Mark que o enviei um agradecimento, mas que pensarei em um jeito de recompensar sua bondade.
— Você sabe que não precisa. — Jackson riu. — Mas então, queria falar com você também sobre uma coisa um pouco mais séria.
O Han deixou as roupinhas de lado por um momento e o olhou, esperando que ele prosseguisse com o que queria falar.
— Aquele dia na reunião após você sair, Odlin comentou conosco que um grupo dos gigantes se revoltaram e deserdaram. — Comentou incerto, suspirando. — Achei estranho esse tipo de comportamento já que há séculos temos esse vínculo com eles, então resolvi investigar melhor sem contar nada a ninguém.
— Descobriu algo?
— Na verdade sim. — Suspirou. — Eles se aliaram aos minīmaru, realmente ainda não entendi o motivo e muito menos consegui descobrir isso, porém é um mal sinal.
— Até porque os minīmaru e os meio sangues uniram suas forças também... — Jisung comentou analítico.
— Exatamente. Eles estão prontos, Jisung.
O comandante se manteve em silêncio encarando os próprios pés, estava completamente pensativo. Realmente imaginou que iria demorar um pouco mais, apesar que aquela informação e as afirmações não significavam que no dia seguinte seriam atacados, porém apenas reforçava que eles não estavam de brincadeira.
— Comentou o que descobriu com alguém?
— Não, preferi falar primeiro com você e seguir suas ordens. — Jackson respondeu.
— Não tenho ordens.
— O que?
— Sabíamos que cedo ou tarde isso aconteceria, gigantes nunca foram confiáveis e os minīmaru são manipuláveis, obviamente Hendery utilizaria da força deles. — O comandante respondeu e deu de ombros. — Não iremos fazer nada, apenas esperar.
— E por que? Nós sempre atacamos primeiro.
— Justamente. — O Han o olhou. — Eles estão acostumados com isso e talvez sejam o que estejam esperando.
Jackson ponderou e meio incerto concordou, era um pensamento lógico e o comandante sempre tinha as melhores visões sobre batalhas, planos de guerras e comunicações.
— Eles acham que iremos agir primeiro para um suposto ataque surpresa, justamente por não termos "ninguém" forte o bastante para não ajudar. — Riu fraco. — Minha única ordem é que todos se abriguem em Tears.
— O que?!
— Todas as tribos precisam vir para cá, não podemos nos manter longe porque isso nos torna ainda mais vulneráveis a possíveis ataques sigilosos. — Jisung falou claro, alisando levemente a barriga. — Com certeza vão tentar enfraquecer a torre removendo nas sombras os pilares que a mantém de pé.
— E você tem algum plano elaborado de como trazer todo o nosso povo para o recanto sem atrair a atenção do inimigo e fazer alarde?
Jisung concordou e virou levemente o corpo para o outro, olhando no fundo dos olhos do líder que aguardava inquieto as instruções.
— Os mais jovens e com boa saúde virão durante a madrugada por cima das árvores, usaremos os galhos que normalmente usamos para ataques surpresos ao nosso favor. — Jisung falou. — A floresta é enorme e temos povos em todo canto, mas existe apenas uma coisa que liga essa rota secreta de nosso povo.
— A árvore mãe... — Jackson murmurou, concordando. — Mas e os idosos e enfermos?
— Montarias chamarão atenção, então precisamos transporta-los através dos dragões durante a madrugada. — Jisung completou. — Cada um com seu respectivo dragão, precisamos deles por perto do recanto.
— São grandes para se esconderem na floresta durante o dia, fora da montanha deles serão apenas uma presa fácil.
— Durante o dia eles ficarão no recanto, escondidos nas cavernas. — Jisung apontou para os buracos rochosos que escondia parte do recanto. — A noite podem ficar nas proximidades, vai depender do que queiram fazer. Não esquenta com eles, são mais sábios que nós e darão um jeito.
— Mas e o seu dragão? Sabe que ele não pode ficar aqui com os outros, não sabe?
— Sei... — Jisung suspirou. — Ele vai continuar no esconderijo dele, longe do recanto.
O território de Marana era no penhasco, ele havia feito com as próprias patas uma caverna e normalmente saía de lá apenas para caçar ou quando ouvia o comando de Jisung. A espécie do dragão era rara e estava extinta, ele era o único vivo atualmente. Se fossemos compara-lo aos outros dragões poderíamos dizer que sua audição e velocidade eram bem maior.
Por isso não era um animal de convívio próximo, graças a audição extremamente aguçada ele sentia uma irritabilidade terrível e quase incontrolável, não gostava de ter pessoas ou outros animais perto de si e os atacava. Era um dragão sanguinário, sabia apenas matar independente de receber um comando ou não.
Não atacava Jisung por ser seu dono e por causa do laço que tinham, nem alguém que fosse de certa forma próxima do comandante ou que emitiam aura fortes. Afinal era um guerreiro, reconhecia o poder dos outros seres.
— Farei isso dentro de dois dias. — Jackson falou e se levantou, vendo o menor levantar também. — Comunico aos outros líderes para que me ajudem na locomoção?
— Somente a Niki, não quero alardes ou que o plano vaze. — Jisung respondeu franco. — É uma missão extremamente sigilosa.
— Combinado. Vejo você daqui dois dias, Han-ah.
——
Tradução do Cingalês: Minīmaru = Canibal
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