39. Nosso bebê
Nos dias decorrentes Jisung estava bem distante e meio aéreo, ele evitava sair do quarto e se negava a ver qualquer pessoa. Parecia tentar se isolar do mundo e sequer tinha forças para sair da cama.
Não conseguia manter quase nenhum alimento dentro do próprio corpo, graças aos enjoos que sentia acabava vomitando tudo que ingeria, piorando um pouco mais sua situação.
Desde aquele dia o comandante não era mais o mesmo e aquilo preocupava o Lee, mas ele não sabia o que fazer. Tentava ser forte por eles dois e estar presente com o menor a todo instante – fora o horário curto que ia treinar com Christopher –, entretanto sabia que não estava sendo de grande ajuda a Jisung.
Mais uma madrugada o Lee acordou assustado, encarando o outro que se debatia e suava do outro lado da cama. Tocou com cuidado os ombros do menor tentando acorda-lo do pesadelo, balançando levemente o corpo dele enquanto o chamava pelo nome de maneira preocupada.
Jisung acordou ofegante enquanto olhava ao redor assustado, caindo sobre o peito do moreno enquanto chorava alto. O Lee ficou imóvel por um momento, sem conseguir reagir direito a situação. Era a primeira vez que via o comandante chorar daquela forma, ele estava tão frágil nos últimos dias e era perceptível, e aparentemente atingiu o próprio limite.
— Ei... — Minho o abraçava com cuidado, balançado levemente seus corpos enquanto acariciava com uma mão as costas do outro.
— Eu sonho todo dia com aquele dia, Minho. — Fungou com a voz embargada, apertando com os dedos a roupa do Lee com força. — Não aguento mais isso, é torturante reviver aquilo, lembro dele a todo instante e-
— Me desculpa. — O Lee murmurou, sentindo vontade de chorar também. — Eu deveria ter impedido você, não consegui fazer nada e o deixei assumir uma responsabilidade tão grande e dolorosa.
— Não foi a primeira vez, mas doeu mais do que as outras. — Cochichou, afastando seus corpos e olhando o outro.— E se fosse o meu bebê? Isso dói em mim como se ele fosse meu.
Novamente Jisung voltou a chorar, enquanto negava de maneira frenética com a cabeça. O Lee rapidamente beijou sua bochecha e o abraçou novamente, tentando acalmar o outro com o carinho leve que fazia em suas costas.
— Ele era tão pequeno e indefeso... Foi reconfortante segurar ele, mas...
— Preste atenção. — O Lee afastou seus corpos, segurando com as duas mãos o rosto molhado do menor. — Eu não consigo imaginar a dor que você está sentindo e o quão traumático foi pra você, mas o nosso bebê ainda está em sua barriga e nada de ruim vai acontecer com ele.
— Mas e se-
— Jisung, nada de ruim vai acontecer com ele! — Minho faltou um pouco alto por causa do nervosismo, fechando os olhos ao se sentir culpado por ter elevado a voz naquele momento. — Perdão. Eu não gosto de ver você desse jeito, odeio me sentir impotente por não conseguir ajudar você ou lhe reconfortar da maneira certa, odeio o fato de que você absorve todas as coisas ruins e guarda pra você gerando inúmeros medos.
O comandante ficou em silêncio olhando perdido para o marido, não sabia o que dizer. Ele também odiava tudo aquilo.
— Nada vai acontecer com você ou com o nosso bebê, eu prometo. — A voz convicta desestabilizou o menor, ele encolheu inconscientemente o corpo quando a mão do Lee tocou sua barriga. — Por favor tente focar nas coisas boas que acontecerão com nossa família daqui 'pra frente.
Jisung concordou levemente limpando o rosto com as mãos, colocando sua destra sobre a do Lee que ainda estava em cima de sua barriga. Abaixou o olhar surpreso ao sentir o feto se mover, encarando Minho que parecia tão exasperado quanto ele.
— Você... sentiu? — Questionou, rindo desacreditado.
— Senti. — Minho respondeu com um enorme sorriso, afastando os fios longos do rosto do menor com a mão livre. — Eu diria que ele concordou comigo.
— Ele não te escuta, idiota. — Jisung respondeu rolando os olhos, rindo fraco antes de fungar. — Mas é a primeira vez que o sinto se mexer.
— E como você pode ter tanta certeza que ele não me ouviu? Ouvi dizer que os bebês conseguem sim ouvir seus pais enquanto estão na barriga e que eles se desenvolvem melhor quando conversam e-
— Eu vou fingir que acredito nisso. — O Han murmurou, bocejando. — Logo cedo irei até o curandeiro falar disso e da minha falta se disposição e enjoos frequentes.
— Te acompanho. — Minho falou e então abraçou o menor, cobrindo o corpo pequeno com cuidado enquanto voltavam a deitar. — Agora tente descansar.
Jisung concordou e novamente bocejou, virando um pouco de lado enquanto enfiava a mão por dentro da blusa do Lee somente para sentir a palma de sua mão esquentar com o contato da pele quente. Ele fechou os olhos e levou para longe todo e qualquer pensamento negativo, tentando relembrar apenas a sensação do seu bebê se movendo dentro de sua barriga pela primeira vez.
🚀
O sol mal nasceu direito e os dois já estavam de pé, ansiosos demais para ir de encontro a Hoseok. Foram os primeiros a chegar na casa do homem, ainda estava fechado e eles esperaram na frente da porta por praticamente horas.
Quando as portas se abriram eles entraram, sendo recebidos pelo curandeiro com um cordial bom dia e um sorriso de orelha a orelha. Foram para a sala e Jisung falou sobre tudo o que aconteceu desde a última visita, relatando em um tom um pouco mais claro e um tanto que orgulhoso do acontecido da noite passada.
— Bom... — Hoseok falou enquanto passava as mãos na barriga saliente do Han, pressionando de maneira leve e tateando cada centímetro. — Está tudo bem com o bebê de vocês, felizmente apesar do mal estar que vem sentindo o feto aparenta estar saudável.
Ele comentou enquanto se afastava e anotava algo em uma caderneta improvisada, folheando algumas anotações que fez nas últimas visitas do comandante e os olhando logo depois.
— Você está entrando no quinto mês, vai ser um pouco mais fácil agora partir de agora. — Falou analítico. — Talvez continue sentindo os enjoos e o cansaço contínuo, mas comparado a primeira consulta os dois estão fora de riscos.
— Quinto? — Minho questionou, assustado.
— Pois é... — Hoseok resmungou. — Quando vieram me ver pela primeira vez no quase aborto já tinha exatas quatro semanas, então não é tão surpreendente e o tempo está voando. — Suspirou.
— Minha barriga vai desenvolver? Digo, não é tão perceptível dependendo da roupa que visto, ela continua do mesmo tamanho e parece que já faz séculos. — Jisung perguntou visivelmente ansioso, fazendo o curandeiro rir.
— Vai sim, talvez não fique o barrigão que você deve imaginar, mas vai ter um desenvolvimento maior nos próximos meses. — Respondeu, olhando o casal com um sorriso. — Continue descansando bem.
— Ele... Será que ele vai se mover com frequência? — Jisung voltou a questionar, tentando esconder sua ansiedade. Ele queria sentir de novo.
— Vai sim, com certeza será algo mais frequente agora. — O homem comentou, fechando e guardando logo depois suas anotações. — Não vai demorar tanto para começar a chutar também, pelo visto não vai ser um bebê preguiçoso.
Jisung olhou para o Lee e então sorriu entusiasmado com a notícia, recebendo a ajuda de Minho ao se levantar. Os dois agradeceram ao curandeiro e então deixaram sua casa logo depois, caminhando levemente abraçados pelo mercado enquanto iam na direção da torre.
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