36. O peso da culpa
O rapaz olhou ao redor o acampamento, adentrando a própria barraca e se sentando na cama com certo desânimo. Encarou as mãos trêmulas com certo pesar, ponderando sobre todas as coisas que aconteceu nos últimos dias.
Felix deu um leve sobressalto quando sentiu uma mão tocar seu ombro, olhando meio perdido para o outro que o fitava visivelmente preocupado.
— Tudo bem? — Changbin questionou, sentando ao lado do namorado enquanto segurava as mãos trêmulas do garoto.
O Lee se limitou a concordar com a cabeça, sorrindo minimamente para ele. Aproximou um pouco mais seus corpos, encostando a cabeça no ombro largo do outro enquanto fitava as mãos ainda unidas.
— Lix você não precisa fingir ser forte o tempo todo, não precisa provar sua força a ninguém. — Começou a falar cauteloso, ouvindo um suspiro do Lee soar. — Hm... Digo, não precisa ficar aceitando fazer as maluquices que Hendery propõe.
— Eu sei, Changbin.
— Tem certeza? Olha o seu estado. — Insistiu, suspirando cansado. Odiava ver o Lee se enganando daquela forma. — Isso não é você.
— E você quer que eu faça o que? — Felix se afastou totalmente e o olhou, vendo que ele estava chateado. — Poxa você sempre implica comigo, por que não fala nada quando Hyunjin faz algo?
— Acredite, eu falo. — Changbin resmungou cansado. — Sempre falei a ele que as coisas com os terráqueos podem se resolver de outra forma, porém ele insiste em seguir as ideias malucas do nosso querido líder e você está tão cego quanto ele.
O Lee se calou, suspirando novamente. Sabia que no fundo o namorado não estava errado e apenas se preocupava com eles, também não gostava de matar pessoas da maneira que vinha fazendo na surdina, mas precisava.
Graças as informações que Christopher foi obrigado a dar na época que era o prisioneiro deles e que Eunha descobriu nas últimas semanas, eles conseguiram ter acesso a uma parte da tribo dos terráqueos onde alguns idosos e crianças residiam, começaram o ataque por lá.
Não estavam indo com tudo para evitar alarde, pegavam algumas pessoas quando tinham oportunidade, levavam para o meio da floresta e os matavam na surdina sem levantar muitas suspeitas. Felix já havia parado de contar quantos morreram assim, infelizmente ele carregava o sangue de alguns deles nas mãos.
— Você sabe que isso não está te fazendo bem, diga a ele que não quer fazer isso e foque em ajudar de outra forma. — Changbin orientou, abraçando novamente o namorado e o dando um beijinho na testa. — Não se cobre tanto nem carregue o peso dessa culpa com você.
— Obrigado. — Felix o olhou, dando um rápido selinho no outro antes de sorrir para ele. — Não sei o que seria de mim sem vocês.
Changbin riu fraco e bagunçou levemente os cabelos do Lee, tinha essa mania. No início Felix achou irritante, mas acabou se acostumando e agora gostava daquele gesto carinhoso.
Ainda estava pensativo, divagando também sobre o sumiço de Eunha esses últimos dias. Ela conseguiu se infiltrar no recanto e se aproximar de algumas pessoas, principalmente do burro do seu irmão, mas ultimamente não voltou para falar as novidades nem enviou nenhum tipo de comunicado.
Desde que a garota tinha aceitado aquela missão não ficava sem dar notícias, então aquilo significava que foi descoberta. Ainda assim não era algo preocupante, tudo estava acontecendo conforme o plano deles e dentro de alguns meses o grande ataque aconteceria.
🚀
Minho estava na arena com o pequeno dragão, tentando faze-lo aprender a soltar fogo. Não que ele não soubesse, porém as chamas que soltava eram bem fracas. Estava completamente focado e distraído que mal percebeu quando Jisung se aproximou do lugar, acompanhado de Jeongin.
O sol que estava se pondo reluziu no céu bem atrás de onde os outros dois estavam, Minho olhou fixamente para o marido e involuntariamente sorriu ao ver o rosto bochechudo e os cabelos longos que voavam por causa do sopro fraco do vento reluzir no alaranjado atrás dele.
O associou a uma bela pintura.
— O que foi? Aconteceu alguma coisa? — Minho perguntou preocupado, andando na direção dos outros dois.
— Nada demais, queríamos chamar você para o jantar. — O comandante respondeu e deu de ombros, tinham o costume de comer logo quando a lua tomava o céu no cair da noite.
Minho os olhou e então concordou, sorrindo minimamente. Era engraçado o fato de que antes Jeongin tinha medo do comandante e vivia constantemente sozinho sendo isolado pelos outros, mas agora vivia tanto com eles que já era parte da família.
Após chamar o dragão através de um comando que estava treinando com ele o viu voar até si, pousando com dificuldade em seu ombro. O porte médio do animal não era o problema, mas sim o fato dele ficar a cada dia que passa ainda mais pesado.
O dragão voou até Jeongin, puxando com as patas o cabelo do garoto. Um tanto que preocupado o comandante repreendeu o animal tentando faze-lo soltar o adolescente que gritava assustado, porém o animal parou apenas quando o Lee o chamou com as mãos.
— Nada mal, Lee. — Jisung comentou, arrumando o cabelo bagunçado do mais novo que estava ao seu lado com um semblante assustado e lágrimas nos olhos.
As mãos de Jisung se moveram dos cabelos do menor até o rosto pálido, tirando com a ponta dos dedos de maneira delicada os resquícios de poeira de suas bochechas.
Minho os observou em silêncio e então riu, abraçando os dois enquanto os puxava consigo para fora da arena. Desde a última reunião os dias tem passado mais leve, nada diferente aconteceu e ele voltou a focar em cuidar do marido e o vigiar nas horas em que não treinava o pequeno dragão.
Em momentos como aquele ninguém nunca ousava falar nada, sentiam que se abrissem a boca para dizer algo poderiam de certa forma interromper o momento especial que estavam tendo. A única coisa que se passava na cabeça de Jeongin era no fato do quão sortudo ele era.
Sortudo porque conheceu alguém que o ouviu, entendeu e cuidou acolhendo assim ele por completo, talvez se não tivesse conhecido Minho continuaria vivendo na tristeza e no vazio miserável que assombrava os seus dias. Graças a ele suas semanas eram melhores, por causa dele conseguiu se sentir parte de algo pela primeira vez dentro de muitos anos.
A última vez que se sentiu acolhido, protegido e amado foi no dia em que viu seus pais se sacrificaram para que ele pudesse viver, mas nos dias atuais era um sentimento constante.
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