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33. A Carta

Desde aquele dia Jisung vem tentando evitar o Lee, ele estava se sentindo cansado e sobrecarregado com todas aquelas emoções, tanto que parecia ser uma bomba relógio de sentimentos prestes a explodir a qualquer momento. 

Minho também não parecia se importar tanto com a situação,  ele parecia estar desatento e nervoso mais do que o normal. Ainda fazia suas saídas durante a madrugada, Jisung fingia não ver, mas não conseguia dormir por causa da situação. Ele estava esperando o mais velho o chamar para conversar e lhe contar o que ele tanto fazia com aquela mulher, mas aparentemente o extremo sigilo não deixava.

E era mais uma madrugada quando a porta se fechou silenciosamente,  fazendo o comandante abrir os olhos e suspirar. Um tanto que determinado e frustrado, Jisung se levantou e decidiu seguir o Lee para ver com os próprios olhos o que ele tanto fazia escondido.

Caminhou para o mesmo lugar que havia o visto da última vez no mercado, escondendo o corpo cansado atrás da parede de uma casa para tentar ouvir a conversa. 

— Eu não aguento mais. — A voz do Lee soou em um cochicho.  — É difícil continuar me arriscando assim e esconder isso dele.

— Não seja bobo, ele não vai ligar. — A voz feminina soou, Jisung mordeu os lábios com certa força. 

— Ele vai sim, talvez fique chateado e me ameace de morte como sempre faz. — Minho suspirou pesadamente,  o comandante sentiu suas mãos tremerem. — Nós não podemos-

— Claro que podemos! — A voz dela soou por cima, cortando a fala do Lee. — O Jisung acha que pode carregar o mundo nas costas, mas é fraco. Ele só não se dá conta e não sabe pedir por ajuda.

Aparentemente Minho iria retrucar, mas sentiu o corpo paralisar e se arrepiar quando enxergou a figura do comandante aparecer na frente deles. O moreno o encarou e então tentou se aproximar, sendo parado pelas mãos do menor que olhava os outros dois.

— E quem seria você? — Jisung perguntou com a voz estável,  encarando a mulher.

— Eu me chamo Eunha, senhor... — Ela respondeu em um murmúrio.  — Não sei o quanto ouviu, mas não é o que está pensando. 

— E você sabe o que estou pensando? —O Han se aproximou e parou na frente deles, especificamente na da mulher. Ele a olhou atentamente. 

— Não... — Ela respondeu baixo.

— Jisung-

— Eu não quero ouvir sua voz, Minho. — O comandante falou e o olhou. — Conversamos depois.

— Jisung presta atenção em mim. — O Lee novamente falou, tentando intervir qualquer barbaridade que o outro poderia fazer por entender a situação errado. — Antes de tomar uma decisão precipitada você precisa ouvir.

O acastanhado suspirou e o encarou, cruzando os braços enquanto aguardava em silêncio que ele começasse a lhe explicar a situação. 

— Uma reunião foi marcada com os líderes, Chanyeol quem pediu para marcar o encontro e enviou Eunha para lhe entregar a carta. — Minho começou a explicar.  — Ela iria entregar a você, mas você está grávido e se sente cansado, não queria que ficasse ainda mais sobrecarregado por isso eu cogitei que assumindo a situação iria o ajudar e-

— Me ajudar como exatamente,  Minho? — Jisung o interrompeu ao questionar. — Saindo toda madrugada escondido?  Escondendo segredos e se juntando com desconhecidos para me difamar?

— Em momento algum eu o difamei. — O Lee retrucou. — Quando falei sobre as ameaças que você faria se descobrisse e ficasse chateado foi uma brincadeira, você sempre me ameaça quando se irrita com algo. — O Lee se explicou. — Eu estava apenas preocupado em você descobrir e acabar perdendo a cabeça e querer meter os pés pelas mãos.

— Como assim?

— Viajar para longe para essa tal reunião sem se preocupar com o que poderia acontecer durante o caminho, estava saindo de madrugada com a Eunha para elaborarmos um plano de ataque e levar nosso palpite para a reunião.  — Minho falou breve. — Não queria que você se sentisse traído ou algo do tipo, fiz tudo com boas intenções querendo aliviar um pouco os seus problemas. 

Jisung o observou em silêncio um tanto crítico, suspirando ao perceber que ele transmitia verdade em cada palavra dita e nos olhos brilhantes.  Encarou então a mulher em sua frente,  ela estava visivelmente nervosa e tentava fugir dando passos disfarçados para o lado, o comandante apenas fingiu não ver.

— Um plano de ataque com a Eunha... — Comentou,  rindo fraco. — É bem interessante isso.

O comandante novamente a olhou, agarrando a mulher pelos cabelos e a arremessando com força conta a parede de pedregulho. Minho se assustou por um momento,  iria tentar defender ela completamente confuso com a ação precipitada do comandante mesmo depois de ter contado a verdade, mas parou quando o acastanhado estendeu uma mão em sua direção. 

— A Eunha é uma farça,  Minho. — Jisung comentou, fechando a mão contra o rosto dela e a jogando contra a parede novamente.  — Ela nunca fez parte de nossa tribo. Chanyeol não tem ninguém de confiança que se chama assim, eu conheço todo mundo da minha tribo e ele não iria transmitir uma mensagem importante por alguém que não fosse Kyungsoo.

Por um momento o Lee ficou chocado, sem saber como reagir enquanto assistia Jisung continuar arremessando a cabeça da mulher contra a parede, tendo seu próprio rosto sujo com o sangue dela enquanto o barulho abafado do corpo magro soava ao se chocar contra o pedregulho.

O comandante estava completamente focado em esmagar a cabeça dela que mal percebeu quando havia o feito, deixando o corpo morto cair sobre seus pés e se virando para o Lee que ainda parecia chocado.

— Não deveria fazer as coisas por minhas costas. — Jisung comentou apoiando a mão na parede suja de sangue enquanto arquejava por causa da falta de ar que sentiu de repente.  — Ela poderia ter machucado você.

— Ela não me machucou...

— Você mostrou vulnerabilidade para ela. Possivelmente tudo que conversaram ela repassou para alguém,  visivelmente estava usando você para se infiltrar. — O comandante falou rápido. — Minho, o que conversaram?

— Eu te falei... Estávamos armando um ataque aos meio sangues juntos, iríamos levar a ideia para a reunião com os líderes.

— Que tipo de ataque?

— Rotas para entrar no acampamento deles, quais deles era importante que a gente desse um fim antes de ir até o líder, essas coisas.  — O Lee deu de ombros, pegando sem dificuldade o outro no colo.

— A reunião.  Quando vai ser essa reunião?

— Amanhã no final da tarde, próximo daquele penhasco que fomos aquele dia — O mais velho comentou, pensativo. — Ela falou que era um bom lugar para reunir os líderes já que ficava em um ponto de acesso para todos.

— É uma emboscada.

Jisung praticamente pulou dos braços do Lee, tentando caminhar apressado na direção da torre. O Lee o segurou ao ver que ele quase caiu, preocupado com sua fraqueza repentina.

— A carta que ela trouxe, você enviou cópias para os outros líderes?

— Sim...

Minho piscou atordoado,  finalmente se dando conta da gravidade daquela situação.  Ela havia o usado para juntar os líderes das vilas em um único lugar, momento perfeito para se iniciar uma guerra. Pela primeira vez resolveu se meter nos assuntos de Jisung a fim de ajuda-lo, mas apenas prejudicou a ele e seu povo. Estava se sentindo um grande idiota.

——

Atualizando hoje porque esqueci que ontem foi quarta-feira rs'
Perdão. Kisses.

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