29. Sangue e Reza
Felix estava ajoelhado ao lado dos corpos enfileirados dos amigos que foram mortos pelos terráqueos, apertando com força a lança em sua mão. Infelizmente não conseguiu fazer nada para impedir que fossem mortos, ele continuava um fraco.
Tinha uma arma em mãos, mas não foi capaz de a erguer contra os inimigos. Como poderia proteger seu povo assim?
— Felix! — A voz de Hendery ecoou atraindo sua atenção. — Esta na hora.
Ajudou os amigos a transportarem os corpos pesados dos cadáveres até as covas feitas, enterrando-os em silêncio na pequena cerimônia. Ao final, o líder deu algumas palavras sobre a bravura de cada um dos que se foram, indicando que a morte deles não seria em vão visto que iriam se vingar em um novo ataque contra os terráqueos que seria planejado com cautela com base nas informações que conseguiram arrancar de Christopher.
Por falar em Christopher, após a cerimônia precisava correr para a cabana onde os namorados estavam. Como Hyunjin estava de guarda no lugar que o antigo prisioneiro ficou preso, foi atacado e se machucou ao entrar em uma luta corporal com um dos monstros terráqueos que os atacou, Changbin estava cuidando de si.
Os terráqueos iriam pagar por tudo aquilo que vinham fazendo com seu povo. Todos eles.
🚀
No raiar do sol Minho se espreguiçou e bocejou, ouvindo o resmungo do menor enquanto ele se remexia na cama.
Apesar de ter acordado cedo ele sequer se mexeu, permaneceu ao lado do comandante em completo silêncio para não atrapalhar o sono alheio, conseguindo mover o corpo duas horas depois ao ver que Jisung finalmente abriu os olhos.
— Bom dia... — Resmungou cansado, bocejando.
Minho o respondeu cordialmente e se aproximou para lhe dar um beijo no rosto, recuando constrangido ao ver o menor se afastar enquanto franzia a cara.
Antes que conseguisse questionar qual era o problema, Jisung soltou um resmungo seguido a um gemido de dor, alarmando o Lee que se sentou na cama. Graças aos lençóis brancos, pôde enxergar a enorme poça de sangue abaixo de onde o comandante estava deitado.
A primeira coisa que pensou foi se o Han havia se ferido durante a noite ou até mesmo em uma das lutas, mas depois se lembrou de sua suposta gravidez e do chute que levou na barriga ontem. Ao chegar no recanto Minho havia insistido que ele passasse por uma consulta, mas ele falou que iria depois que Hoseok cuidasse do quadro de Christopher já que era mais grave e consequentemente urgente.
— Não entre em... pânico. — Jisung falou com certa dificuldade, tentando levantar e falhando visto que ao se mover sua barriga doeu. Era uma cólica insuportável, ele nunca sentiu nada igual.
Minho sem pensar duas vezes o pegou no colo, correndo para fora do quarto desesperado, ignorando os chamados preocupados dos conhecidos e dos guardas. Descobriu ontem onde era a casa de Hoseok, então prontamente correu para lá 'pra pedir por ajuda.
Ao chegar viu Seungmin na porta que parecia mais calmo do que ontem, entretanto que se alarmou ao vê-los daquele jeito, notando o desespero de Minho. Prontamente o Kim abriu a porta, sequer ligando para o pedido da assistente do curandeiro em deixar a porta fechada visto que já tinha muitas pessoas na casa atrás de ajuda.
— D-Deuses! — Jeongin falou surpreso ao se levantar, aparentemente ele aguardava ser chamado. — Sr. Hoseok! Sr. Hoseok!
— Silêncio, garoto! — Uma mulher o repreendeu em um tom rude. — Não se pode gritar aqui, temos um paciente em repouso e vários enfermos aguardando atendimento.
— S-senhora me desculpe, chame o curandeiro, rápido! — O Yang falou rapidamente. - E-ele vai...
A mulher encarou o rosto contraído de Jisung com desdém, se virando prontamente para os ignorar. Não poderia ser injusta com as pessoas da fila que estavam aguardando desde cedo somente porque o querido comandante estava com dor de barriga ou qualquer coisa do tipo.
— Lamento, mas aqui o atendimento é igual para todos. — Por fim respondeu, levemente grosseira.
Completamente incrédulo o Lee avançou na direção da mulher, sem largar o corpo de Jisung um minuto sequer. Ouvia Jeongin e Seungmin que se juntou a ele protestar contra a decisão antiética dela, mas parecia não surtir efeito.
Impaciente, o Lee roubou a pequena faca presa ao cinto do Kim e a sacou na direção do rosto da mulher, aproximando a ponta afiada do pescoço dela enquanto a olhava nos olhos.
— Saia da minha frente, irei leva-lo a Hoseok! — Mandou, assustando até mesmo Seungmin que olhava para ele incrédulo.
— Ora forasteiro, somente porque casou com nosso querido comandante você não tem o direito de fazer o que bem entender como ele, são apenas crianças e-
— Não me faça repetir! — Minho falou determinado, pressionando a ponta da lâmina do pescoço dela, observando o pequeno rastro de sangue descer pela pele de sua garganta.
— O que está acontecendo aqui?! — Uma voz diferente soou, irritada, porém que ao ver o corpo do comandante nos braços do Lee se desesperou. — Se mexa Mei, ele está tendo um aborto!
Indicou rapidamente com as mãos sua sala, dando espaço para que Minho corresse para dentro da mesma com o Han em seus braços. A mulher os acompanhou meio perdida, fechando a porta logo depois. Todos os pacientes que estavam no lugar se encaravam em silêncio, estupefatos pelo ocorrido aquela manhã.
Então o comandante estava grávido, mas iria perder o bebê? Ao mesmo tempo que os deuses parecia ter abençoado eles com a notícia, a consequência por tanta morte cometida pelo comandante parecia se sobressair. Impressionante.
Alguns minutos depois o Lee saiu de dentro da sala atordoado, suas roupas sujas com o sangue de Jisung. Ele se sentou afastado de todos os outros, tentando ignorar os olhares curiosos.
— Ele esta bem... ? — Seungmin perguntou preocupado.
Minho não respondeu, manteve-se imóvel sentindo que o Kim junto a Jeongin sentaram cada um de um lado para lhe abraçar. Como ele poderia responder aquilo se nem ele sabia?
Não conseguia acreditar em tudo que vinha acontecendo nesses últimos dias, parecia ser uma chuva de notícias e acontecimentos ruins. Entretanto, mesmo sem conseguir ter fé em Deus ou em qualquer outra divindade que Jisung e os outros pareciam acreditar e cultuar, pela primeira vez na vida Minho se viu pedindo por ajuda através da reza. Realmente não queria perder nenhum dos dois ou então nunca se perdoaria.
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