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22. A Lei

A mão molhada do Lee segurou o rosto bochechudo do comandante com cuidado,  enquanto mais uma vez provava o gosto dos lábios macios do comandante.

Chegava a ser clichê a maneira que os lábios dos dois se encaixavam perfeitamente,  não precisavam de esforço para manter o ósculo,  visto que fluía naturalmente e incrivelmente intenso,  sempre na medida certa.

Jisung riu abafado quando o moreno trocou o lugar que estavam, prensando o corpo pequeno contra a borda do lago e seu corpo, invertendo completamente as posições. O Lee deslizou a língua sobre a do comandante,  intensificando inconscientemente o beijo.

Os dedos de Minho tiravam com cuidado alguns fios soltos do Han de seu rosto, sem romper o beijo. Acabou enfiando o joelho no meio das pernas do menor, inclinando um pouco o corpo visto que Jisung praticamente sentou em sua perna a fazendo de apoio.

Separaram os lábios quando seus pulmões imploraram por um pouco de ar, completamente ofegantes. Jisung abriu um pouco mais os olhos e tombou a cabeça para trás ao sentir a ponta dos dedos do Lee deslizar por sua pele molhada, contornando uma tatuagem antes de tocar descaradamente seus mamilos.  O comandante riu fracamente,  bem lá no fundo ele sabia que Minho era um depravado.

— O que foi? — Jisung perguntou o olhando,  jogando o cabelo solto para o lado. — Vai parar por aí?

Minho sorriu fechado e aproximou seus rostos novamente,  desviando os lábios da boca do comandante, prendendo levemente com os dentes a orelha do Han. Inconscientemente Jisung prendeu a respiração,  segurando o ombro do moreno e soltando um arfar surpreso ao sentir um chupão fraco ser deixado em seu pescoço, antes do mais velho se afastar.

— Agora não sou o único com uma marca. — Minho comentou e se afastou, sorrindo minimamente.

Jisung riu desacreditado,  puxando o maior com as mãos para perto de si novamente,  deslizando suas mãos pelas costas largas do Lee.

— Você é tão espertinho. — Sibilou. — Não precisa disso para saberem que agora somos um casal.

— Eu sei, mas talvez sirva de alerta para uns desavisados,  tipo Yoongi.

Jisung riu abertamente,  negando com a cabeça e dando um leve tapa no ombro do mais velho.

— Vamos esquecer dessas coisas e focar em algo importante.  — Jisung murmurou próximo o ouvido do Lee, beijando a mandíbula do moreno enquanto movia as mãos de Minho até seus mamilos novamente.  — Quero sentir aquilo de novo.

— E você quer sentir quantas vezes? — Minho perguntou distraído,  pressionando os dígitos no lugar, vendo o Han arquear levemente o corpo. — Duas de novo?

— Quantas vezes meu corpo aguentar.

🚀

Jisung encarava o céu estrelado completamente cansado, sequer conseguia mexer o corpo. Virou a cabeça apenas ao ouvir passos, vendo que era Minho quem se aproximava de onde ele estava deitado.

O Lee terminou de se vestir e deitou ao lado do comandante na grama, colocando as mãos em cima do próprio tronco enquanto observava o céu em silêncio.

— Você está bem? — Minho perguntou em um cochicho,  virando o rosto e encarando o outro.

— Estou... — Jisung murmurou. — Mas estou bem cansado, sinto que meu corpo vai derreter.

Minho riu e então se virou para o outro, cutucando a bochecha do Han antes de se afastar levemente.  Não queria admitir, mas estava se sentindo igual ao mais baixo.

Eles passaram o resto do dia trocando carícias e beijos. No lago, na grama, encostados nas árvores e até em cima dos galhos. Praticamente exploraram de todas as maneiras o local onde estavam e o corpo um do outro.

E para Jisung era tão estranho.  Digo, ele tinha uma vida sexual ativa, entretanto as sensações que Minho o fazia sentir nenhum outro fez. Sequer sabia o que era um orgasmo antes, e somente aquele dia havia tido mais de cinco.

— Podemos passar a noite aqui? — Jisung perguntou o abraçando,  encolhendo o corpo quando o vento frio do início da noite soprou. — Não quero voltar.

— Podemos sim.  — Minho beijou sua testa. — Por que não quer voltar?

Jisung apenas negou com a cabeça e não disse mais nada. Ele estava se sentindo tão estranho desde aquela manhã,  era como se algo faltasse, mas não queria descobrir o que por medo. Entretanto,  era vergonhoso para si admitir em voz alta que estava com medo do que poderia acontecer futuramente.

Constantemente se pegava perguntando o que estava acontecendo consigo. Não deveria, mas ultimamente se pegava pensando tanto em Minho que estava ficando difícil se concentrar nos afazeres mais simples do dia-a-dia. Sempre se perguntava o que ele estaria fazendo ou por onde andava quando não estavam perto, fora a necessidade irritante que parecia o consumir de estar sempre ao lado do Lee.

Estava tratando Minho como uma prioridade e não deveria, ele gostava da companhia do Lee, mas aquilo estava ficando perigoso e ele sabia bem onde tudo poderia parar.

— Lua minguante.  — A voz do Lee soou distraída, ele olhou para o comandante e então sorriu. — Você sabia que é a minha fase favorita da lua?

— Por que?

— Não sei, talvez porque me lembre um sorriso. — Falou, rindo. — Quando eu era criança achava que ela estava sorrindo para mim.

— Talvez estivesse. — Jisung murmurou. — Eu gosto da lua cheia.

— Algum motivo especial?

— A lua estava cheia quando matei meu pai. — Jisung falou baixo, suspirando. — Então eu sempre me lembro daquele dia. 

— Quer falar sobre?

— Hum... — Jisung o olhou, vendo os olhos pequenos do Lee fitando seu rosto atentamente. — O meu pai era o líder do meu povo antes de mim, sabe? Porém ele falhava com seu dever. Uma tribo importante deserdou por causa das leis absurdas que ele começou a criar, não concordavam com as coisas que ele inventava. — Mais uma vez o menor suspirou, relembrando tudo. — Eu acho que na época estava com dezesseis e meu irmão tinha doze.

— Seu irmão? Você tem um irmão também? — Minho perguntou surpreso.

— É... Com uma das tribos mais importantes deserdando, meu pai perdeu o pouco controle que tinha e armou uma emboscada. Ele matou todos somente porque discordaram de suas leis. — Jisung resmungou desanimado. — São leis que infelizmente até os dias atuais estão em vigor, não tenho poder hierárquico para mudar isso já que não é algo que depende apenas de mim mesmo eu sendo um comandante.

— Que tipo de lei seria essa?

— Pessoas com anomalias ou algum tipo de monstruosidade causadas pela radiação não podem viver, é obrigatório julgar e matar independente da idade. — Jisung resmungou.  — Ele criou essa lei ridícula mesmo sabendo que o meu irmão...

Jisung se calou e então abaixou os olhos, quebrando o contato visual que estavam tendo. Percebendo a situação delicada e a dor que ele sentia ao falar aquilo, Minho apenas o abraçou na tentativa de consolar o menor que parecia segurar o choro.

— Joshua tinha uma anomalia, ele não tinha dedos em um dos pés. — O Han fungou. — Para mostrar exemplo, ele matou meu irmão na arena quando a lei entrou em vigor. Todo mundo viu e eu não pude fazer nada.

— E a sua mãe? Ela não tentou impedir?

— Poucos dias antes dessa loucura que ele criou a minha mãe havia morrido em um confronto contra os meio sangue.  O antigo líder a matou. — Falou baixo, apertando a camisa do Lee com os dedos. — Talvez meu pai tenha perdido o rumo da vida após isso, mas nada justifica as coisas que fez. Ele sabia o que estava fazendo, passou a odiar Joshua porque ele parecia a mamãe.

— Eu realmente sinto muito,  Ji.

— Isso é passado... — Jisung falou, suspendendo os olhos levemente vermelhos e encarando o Lee novamente.  — E foi em uma noite de lua cheia, quando ela estava no ápice do céu, que eu o matei.

O dragão que estava deitado um pouco longe deles rugiu baixinho, soprando um pouco de fumaça pelas narinas.

— Que nós o matamos. — Jisung se corrigiu, rindo fracamente. — Marana foi me dado em meu décimo aniversário,  é um dragão que representa a morte.

— Por isso ele não pode ficar perto do recanto?

— Sim, ele é perigoso. — Jisung falou.  — Tudo o que ele sabe é matar, afinal está além do extinto dele.

— Então porque não me matou?

Jisung apenas sorriu fechado e não respondeu nada, tocou o rosto do Lee deslizando a ponta dos dedos na cicatriz de queimadura e então fechou os olhos, se aninhando melhor nos braços do moreno antes de adormecer.

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