Se afastaram da caverna em silêncio para evitar acordar o animal, retomando o caminho que haviam feito para chegarem ali.

Pararam próximos do portão dos fundos do recanto, visto que havia uma pequena confusão. Rapidamente Jisung se aproximou para verificar o que estava acontecendo, sendo seguido por Minho. Após saírem da caverna foram em direção a vila em completo silêncio, mas para o Lee era algo que incomodava um pouco, entretanto não queria ser inconveniente.

— O que está havendo? — Perguntou com a postura seria, olhando os rostos conhecidos.

— Yoongi veio, senhor. — Uma mulher que estava próxima do portão respondeu incerta e Minho arqueou a sobrancelha confuso.

— Por quê? — Questionou.

— Eu não sei, senhor...

— Onde ele está? — Jisung suspirou cansado, encarando o céu que aos poucos escurecia conforme a noite se aproximava mais.

— Receio dizer que em seus aposentos... — O outro homem respondeu baixo, olhando receoso para o "casal". — Tentamos o impedir, mas o senhor sabe como ele é teimoso.

Minho arqueou novamente a sobrancelha confuso. Quem era esse tal Yoongi e por que diabos ele havia ido direto para o quarto de Jisung? E por que todo mundo parecia ter medo dele? Era um lunático?

Jisung não os respondeu mais, avançou para dentro do recanto os deixando para trás, ignorando os murmurinhos que se iniciou quando ele se retirou. Minho novamente o seguiu, completamente curioso. Os dois adentraram a torre e foram direto para o quarto, entretanto o menor se virou para o outro antes de abrir a porta.

— O que está fazendo? — Questionou confuso. — Virou minha sombra?

— Não, mas acho que não perdi o direito em entrar no nosso quarto, certo?

Jisung o olhou e riu, negando.

— Você é tão irritante. — Retrucou. — Vai fazer algo, venha depois.

— Mas Jisu-

— Apenas venha depois. — O Han pareceu se zangar visto o tom rude que acabou por responder.

— Eu não posso entrar aí só porque esse tal Yoongi está? — Minho questionou desacreditado.

— Pelos deuses! — Reclamou impaciente. — Só não abra a boca para falar nada!

O Han avisou e abriu a porta, adentrando o quarto e encarando desgostoso o corpo alheio deitado em sua cama completamente espojado. Minho entrou logo depois e não disfarçou a cara de poucos amigos ao ver o desconhecido tão a vontade daquele jeito.

Jisung se aproximou e então encarou o outro seriamente, não precisou dizer nada para que ele se levantasse e ficasse em sua frente, sorrindo gengival para si.

— O que veio fazer em Tears? — Jisung questionou seriamente.

— Ver você, claro. — O outro deu de ombros ao responder. — Isso aqui fica uma loucura quando não estou por perto.

— Ah, claro que sim. — Jisung riu forçado ao falar irônico, cruzando os braços. — O vilarejo não pode ficar sem a sua liderança, Yoongi. O coloquei no posto de líder justamente para que lidere o lugar em minha ausência.

— Calma Jiji, está tudo sob controle. — O Min respondeu e tocou o rosto do outro, aproximando-se mais. Como assim Jiji? — Do jeito que fala parece até que não sente falta de mim. — Cochichou distraído, puxando um fio solto do cabelo de Jisung.

Minho pigarreou, atraindo a atenção dos olhos opacos do desconhecidos para si. Jisung se afastou do outro e então se virou, ficando entre os dois rapazes que se encaravam em silêncio.

— Soldado novo? — Yoongi o fitou da cabeça aos pés. — Ele não parece eficiente para o proteger.

— E o que você saberia sobre eficiência? — Minho retrucou e cruzou os braços, vendo Jisung o olhar como se o repreendesse.

— Oh. — Yoongi gargalhou, ficando sério logo depois. — Você quer morrer?

— Chega! — Jisung interveio, suspirando. — Ele não é um soldado, Yoongi. Eu me casei.

— Você... Casou?

Yoongi perguntou desacreditado, olhando do comandante para o desconhecido enquanto os analisava, como se estivesse processando as informações. Minho levantou a cabeça e ponderou um sorriso presunçoso ao perceber que o desconhecido parecia meio confuso e contrariado com a informação.

— Por que casou? — Questionou.

— Ele é um Lee, a profecia se cumpriu e como sabe é meu dever restaurar a linhagem. — Jisung explicou breve.

— Ah. — Yoongi concordou, rindo fraco o que automaticamente fez o Lee desmanchar o sorrisinho que mantinha no rosto. — Mas isso não é um problema para nós.

— "Nós"? — O Lee resmungou.

— O seu marido não lhe contou de mim? — O Min o questionou, rindo fraco. — A gente tem um caso. — Yoongi explicou. — Um bem carnal.

Deu ênfase na última frase a fim de provocar o Lee, sorrindo de lado ao perceber que conseguiu visto a expressão fechada de Minho. O comandante revirou os olhos e suspirou desanimado, odiava o temperamento de Yoongi e as provocações que ele amava fazer. Era irritante.

— Óbvio que sei que você não contaria com detalhes ao seu novo maridinho como e em quais lugares do quarto você quicou em mim amor, mas pensei que o avisaria, o coitado está surpreso. — Yoongi falou ao se virar para o comandante, escondendo um sorriso ao ouvir o resmungo baixo do Lee.

— Menos, Yoongi. — O Han interveio. — Quem fala muito perde a língua.

— Você não teria coragem de cortar a língua que percorre seu corpo, teria?

Minho riu desacreditado, sentando na poltrona e cruzando as pernas enquanto fuzilava o Min com os olhos. Ele sabia que o rapaz estava o provocando e não entendia porque se sentia tão incomodado, mas tentava ignorar para não cair em seu joguinho.

— Fale logo o que quer e saia do meu quarto. — Jisung falou rude, olhando seriamente para o Min que sorriu pequeno.

— Preciso deslocar o vilarejo, mas estamos sem soldados para a proteção durante a viagem então ficaremos mais vulneráveis.

— Quer descolar por quê? — Jisung questionou.

— Alguns homens do Hendery estão muito próximos, acredito que estejam preparando um ataque já que sabem que aquele é o vilarejo mais fraco do nosso povo. — Yoongi respondeu, pela primeira vez sua voz estava seria e centrada. — Estava pensando em ir para o leste, seria bom ficar próximo de Jackson, ele tem soldados e poderia nos dar cobertura quando necessário.

— Veio pedir permissão para o deslocamento e alguns homens? — Jisung perguntou analítico, vendo o outro concordar. — Concedido. Fale com Christopher para reunir alguns soldados, vocês partem amanhã cedo.

Yoongi concordou e agradeceu, iria se virar para sair, mas desistiu. Se virou novamente para o comandante e então sorriu.

— Já que irei apenas pela manhã, acredito que poderemos ter uma daquelas noites, sim?

— Vai sonhando. — Minho quem respondeu ao se levantar, se aproximando do outro e o encarando seriamente. — Agora que já tem sua permissão pode se retirar.

Jisung os observou em silêncio, rindo internamente com as reações do Lee. Ele estava encarando Yoongi de frente sem expressar medo algum, deveria admitir que Minho era corajosa ou então um grande maluco.

— Você sabe em qual quarto fico, Jiji. — Yoongi respondeu sorrindo, desviando o olhar do comandante para o rosto do Lee e sorrindo fechado, saindo logo depois.

Minho encarou a porta fechada e se praguejou mentalmente ao ouvir o quarto tão silencioso, virando o corpo na direção em que o comandante estava e o encarando.

Os olhos de Jisung o analisavam com um brilho estranho, Minho sentiu seu corpo inteiro se arrepiar ao ver o acastanhado se levantar, mas ele passou próximo de si e o ignorou completamente, caminhando para a sacada.

Minho suspirou pesado sentindo-se louco com todas aquelas sensações que estava sentindo, chegava a ser irritante tudo aquilo.