Capítulo 3
— Ela vai acabar comigo amanhã! Vou fazer papel de ridícula!
Foi tudo que Nayeon falou o dia inteiro. Sana estava apreensiva. Ela tinha experiência o suficiente para saber que Tzuyu não brincava com ameaças e realmente ia fazer o dia de Nayeon um inferno.
— Olha, fica calma Nana, ok? Eu vou dar um jeito, você pode ficar com o meu trabalho.
— Mas e a matéria Sana? — A menina perguntou quase chorando. Os olhos levemente arregalados já estavam cheios d'água. Sana mordeu o lábio inferior e tentou sorrir.
— A gente pode estudar juntas, que tal? Sinto muito, ninguém nunca sabe as matérias que Tzuyu passa, ela não segue o cronograma da escola nem da prefeitura.
Nayeon gemeu e deixou a cabeça cair na mesa. Não tinham muita escolha. Era estudar e rezar para um raio partir o carro de Tzuyu Chou no caminho para escola.
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Assim que chegou em casa Sana foi direto para o quarto abrir o notebook e mandar as 30 páginas de trabalho para Nayeon. Ela não comentou que ficara quase duas semanas fazendo, Nayeon precisava muito mais do que ela nesse momento. E mesmo que não gostasse, sabia que Tzuyu jamais brigaria consigo se deixasse de entregar na data que ela estipulou.
Tomou um banho gelado e desceu para fazer um sanduíche. Nenhum de seus pais estava em casa, muito menos sua irmã Mina. Eles passavam quase o dia todo fora e geralmente voltavam quando ela já estava pegando no sono. Hoje, por incrível que pareça, ela não ligava para isso.
As próximas horas de seu dia passaram tentando explicar as matérias para Nayeon. Teve que parar umas 5 vezes para acalmar as crises da amiga, se sentindo culpada por não poder fazer nada mais. Ela sabia que Tzuyu a comeria viva.
Era quase 2 da manhã quando finalmente adormeceu. Na verdade, as duas dormiram em cima de seus respectivos computadores, exaustas depois de tantas aulas.
**
Sana fechou os olhos brevemente quando saiu do Uber que havia chamado para ir a escola. O sol estava forte naquele dia e ela baixou os olhos envergonhada pelos olhares que recebeu. Não estava na sua melhor postura, afinal, suas costas doíam pela posição em que adormeceu e seu pescoço queimava terrivelmente.
— Sinto que me atropelaram.
Nayeon reclamou, chegando perto dela com a aparência até pior. A ruiva não se importou sequer de vestir a blusa do lado certo. Sana bocejou, passando os dedos pelos fios emaranhados.
— Vamos entrar e revisar. — Falou, enganchando o braço com a mais velha, que gemeu de desaprovação.
— Por Deus! Ontem não foi o suficiente?
— Nana, acredite em mim, Tzuyu não vai ser piedosa com você. Por favor, ok? — A menina não teve escolha senão aceitar e caminhou, derrotada.
Um pouco distante dali, Tzuyu observava do lado de fora de seu carro com reprovação. Sana jamais chegaria na escola daquela forma. Parecia que sequer havia penteado os cabelos. Suspirou e balançou a cabeça. Teria que se livrar dela bem rápido, ou a reputação de Sana ficaria pior do que já estava.
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— Eu não acredito que você me fez passar no refeitório Nayeon! — Sana reclamou, olhando seu caderno cheio de farelos de biscoito. — A aula começa já!
— Amiga, sem querer desmerecer seu esforço, mas eu já aceitei minha morte. Por que deixar de ter minha última refeição?
Sana respirou fundo, negando com a cabeça e tentando limpar os minúsculos farelos amarelos do biscoito que Solar comia despreocupada.
— Olá, você quer ajuda?
Nayeon e Sana levantaram a cabeça. Parada na frente delas, estava uma garota com um sorriso gentil. Ela tinha longos cabelos negros bem hidratados, lábios rosados e olhos castanhos amáveis. Ela poderia facilmente ir para algum concurso de beleza e levar o prêmio de mais bonita da Coréia.
— Hm, se quiser. Minatozaki Sana e esta é Im Nayeon.
— Hirai Momo, muito prazer.
Ela sorriu e seus olhos desapareceram. Nayeon ainda olhava abestalhada, afinal quem não olharia? Momo era simplesmente linda. Ela ajudou Sana a limpar seu caderno e tirou da mochila um pacote de lenços umedecidos para limpar as mãos, dando um deles para Sana.
— Muito obrigada Momo, você é muito gentil. — Ela sorriu novamente e balançou a cabeça.
— Não foi nada.
— Quer se sentar conosco Momo? — O sorriso dela aumentou ainda mais e a postura relaxou.
— Muito obrigada!
Tomando o lugar na frente dela, Momo arrumou rapidamente suas coisas na mesa e virou para trás, pronta para conversar animadamente com Sana e Nayeon.
Algum tempo depois, a sala foi preenchida com a presença sufocante de Tzuyu. A professora imediatamente ergueu as sobrancelhas e ficou impossivelmente séria ao ver as três garotas conversando animadas. Suas mãos se fecharam em punhos. Será possível que ela não teria um dia de paz?
Ouvindo o silêncio da sala, as três se viraram. O rosto de seu mais novo problema estava franzido em confusão, já Sana parecia receosa e Nayeon definitivamente estava com medo. Tzuyu resolveu se aproveitar desta última para mostrar ao seu novo problema como as coisas eram.
— Muito bem. — Falou em alto e bom som. — Vamos começar a aula. — Seus olhos transmitiam diversão quando se inclinou na mesa. — Senhorita Im, pode vir até o centro da sala.
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