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Capítulo 24

Lembrem que o antigo nome da Jihyo era Jisoo ok?


Jihyo encarou a fachada daquele prédio e retirou os óculos escuros, mesmo que o clima não pedisse tal acessório. Encarou a recepção com um certo desgosto e mexeu na bolsa tiracolo preta que trazia.

- Tem certeza que é aqui?

Ela encarou a pessoa ao seu lado, que assentiu com convicção.

- Absoluta! Fiz a pesquisa e vim aqui antes.

- Muito bem, então agora é comigo.

Caminhou de forma elegante até a recepção, atraindo olhares dos demais presentes. Ela era belíssima e sabia disso, mas naquele momento, sua beleza não iria ajudá-la no que precisava.

- Boa tarde, eu tenho hora marcada.

- Seu nome?

- Jisoo Park. - Falou com a cara mais lavada do mundo. A recepcionista mexeu por alguns segundos na tela do computador e sorriu para ela.

- Pode subir até o último andar e aguardar por alguns instantes. A senhora Kim vai receber você.

Jihyo sorriu doce e seguiu até o elevador, pondo novamente os óculos de sol em caso de alguém teimar em lhe reconhecer. Mexeu na bolsa novamente e encarou seu reflexo no espelho. Estava toda de preto, desde o óculos luxuoso até os Scarpins finíssimos que usava.

As portas do elevador se abriram para revelar uma sala que poderia ser definida como elegante, se Jennie não estivesse com muita vontade de queimar tudo com a terapeuta ali dentro. Observou com desdém o divã preto perto da janela com uma vista maravilhosa para Seul, a mesa de mogno muito bem polida, a poltrona de luxo preta e outros artefatos que de nada a interessavam. Para ela, horrendos pela raiva.

Jihyo deu um giro perfeito nos saltos quando ouviu o barulho da descarga seguida da porta sendo aberta. Seus óculos escuros lhe permitiam analisar perfeitamente a mulher que saia secando as mãos e com uma feição agradável. A senhora Kim usava um vestido preto até abaixo dos joelhos, um certo decote que fez Jennie sentir ânsia e sapatos de salto baixos. Seu cabelo grisalho estava elegantemente preso por um coque firme e havia muitas rugas pelo rosto da senhora. Deve ser por ser uma vagabunda com suas clientes, a Park pensou antes de sorrir gentil.

Olá, deve ser a senhora Jisoo Park, certo? - A velha mulher perguntou gentil. Jennie assentiu dócil e se curvou.

- É um enorme prazer, senhora Oh. Por favor, me chame apenas de Jane.

- Certo, Jisoo então. Sente-se.

Jihyo colocou sua bolsa no divã e se sentou, cruzando as pernas. Observou enquanto a velha senhora pegava a prancheta e a caneta, voltando a sorrir para ela.

- Então, senhorita Jisoo. O que lhe traz aqui?

- Eu... estava precisando conversar sobre o meu divórcio, não imaginava que fosse me divorciar um dia, compreende? Os óculos são para esconder a vermelhidão dos olhos. - Falou com voz de choro.

A velha senhora lhe olhou com pena e assentiu, anotando algo em sua prancheta.

- Eu compreendo. Há quanto tempo estava casada?

- Ah, pouco mais de 2 anos. Acho que o baque foi maior por isso.

- É muito cedo para um divórcio, concordo. - Falou surpresa. Jihyo fungou, assentindo.

- Exatamente. Meu marido e eu temos uma leve diferença de idade, a senhora sabe que para a Coréia é comum. - A mulher assentiu. - E-ele me disse que q-queria algo com alguém da idade dele!

E caiu em um falso choro ininterrupto, deixando soluços saírem sem parar. A senhora Kim lhe olhava compadecida, e estendeu uma caixa de lenços de papel para ela.

- O-obrigada, muito obrigada. Me desculpe por isso.

- Não tem que se desculpar querida, está tudo bem. Não se fazem mais homens como antigamente, mulheres mais novas podem ser moldadas em boas esposas.

Para uma terapeuta, você dá muitas opiniões pessoais, Jihyo pensou soando o nariz.

- E-eu tentei ser uma boa esposa, sabe? Pintei meu cabelo de castanho por ele, comecei a fazer pilates, aguentava os comentários horríveis da minha sogra. Até mesmo, parei de dar aula na escola onde nos conhecemos.

O sorriso caiu do rosto da senhora Kim.

- A senhora era professora?

- Ah era! - Jihyo sorriu, assentindo.

- E eram colegas de profissão, suponho?

- Não, não. - Ela riu. - Nos conhecemos quando eu era aluna dele.

Ela analisou atentamente a expressão de terror no rosto da terapeuta.

A senhora Kim ficou em silêncio absoluto por bastante tempo, nos quais Jihyo aproveitou para fazer outra análise. Os ombros erguidos em choque, os olhos arregalados e a boca sem cor. Jihyo fingiu um pigarro e seu rosto assumiu falsa preocupação.

- A senhora está bem?

- Sim, eu estou. - Ela tentou sorrir. - E seu marido, quantos anos tem?

- Ele tem 30 para os meus 24. Eu tinha 16 e ele 22 quando nos conhecemos. - Sorrio dócil. 

A velha senhora novamente travou, e Jihyo esperou ansiosa para o sermão que ela passou em Tzuyu também. Engolindo em seco, a senhora Kim levantou da mesa e desligou o gravador. Jihyo franziu as sobrancelhas, observando ela também travar o elevador e se sentar cautelosa ao seu lado.

- Olhe, Jisoo. Você ainda ama seu marido?

- Mas é claro! Sei que nosso relacionamento começo diferente, mas eu o amo.

- Estava com ele desde os 16?

- Foi um amor proibido, mas eu o amava e ele queria cuidar de mim.

- Foi seu primeiro, suponho?

- E único! - Falou fingindo horror. - Sou uma mulher honrada, senhora Kim. Meus pais me criaram assim. - A velha senhora assentiu e tomou suas mãos nas dela.

- Então irei te ajudar a reconquistar seu marido.

Jihyo estava mais do que surpresa.

Ali, naquele relacionamento fictício, a diferença de idade era a mesma que a de Tzuyu e Sana e nunca houve nada entre elas. Por que aquela atitude?

- A senhora não vai me julgar? - A senhora Oh fez uma cara confusa. - Pela idade. Muita gente fala, pelo modo que nos conhecemos.

- Claro que não querida. - Ela sorriu. - Seu marido quis cuidar de você e te fazer a esposa perfeita.

As unhas de Jihyo se fincaram em suas coxas para controlar a vontade de arrancar os cabelos daquela velha escrota a sua frente.

- Mas-

- Olhe, eu tenho uma paciente que tem um amor proibido pela própria aluna, não conte. - Jihyo assentiu. - A diferença entre vocês duas, é que você tem um marido. O que elas fazem é nojento.

Felizmente pelos óculos, a velha senhora não podia ver os olhos de Jihyo tremendo violentamente. A mulher começou a falar e falar sobre assuntos relacionados a isso e Jihyo se forçou ao máximo para manter sua atuação. Ela se despediu depois de uma hora e metade do seu corpo estava marcado pelas unhas fincadas.

Saindo do elevador, ela agendou outra consulta e foi em passos duros até seu carro. Após entrar, começou a socar o volante e grunhir de tanta raiva. Felizmente, os vidros filmes impediam que se visse o que se passava ali dentro.

Após vários minutos tentando se acalmar, ela respirou fundo e puxou para baixo o espelho do carro, se arrumando. Soltou um longo suspiro e mexeu na bolsa, tirando o celular de lá de dentro.

- A senhora além de uma vaca, é preconceituosa, senhora Kim. E precisa de alguém para lhe ensinar uma lição.

Seus dedos tocaram a tela para desligar a gravação que estava rodando desde o momento em que entrou no escritório da mulher.

- Felizmente para a senhora, estou mais do que disposta a ser essa pessoa. Não perde por esperar.


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