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Capítulo 2


O silêncio da sala de aula não condizia com o cérebro da professora naquele momento.

 Tzuyu estava encostada na mesa, os braços e as pernas cruzadas. Seus olhos estavam fixos nos alunos e sua expressão era de apavorar qualquer um. Mas Tzuyu não estava dando a mínima se eles colariam naquele teste, não naquele. Sua mente só conseguia pensar em como fazer a amiga de Sana sofrer durante todo o ano letivo. 

Não, ela não havia gostado da forma que elas se abraçaram, de como seus braços ficaram enganchados após o término do abraço e nem de como Sana sorria para a loira. Não, Tzuyu não havia gostado, e nem queria gostar. Sua raiva crescia por não saber nada sobre elas e por não dar aula para Sana hoje, sua impaciência a colocaria em problemas. 

Im Nayeon  não perdia por esperar. 

**

 — Então você é o bichinho da professora? 

— Nayeon! 

Sana reclamou, com as bochechas queimando. A outra loira deu de ombros, sem se importar muito. As duas estavam no refeitório e, pela primeira vez, Sana não estava comendo sozinha, o que lhe deixava muito grata. 

— Não é nada demais, Sana. Não dá para mudar o fato de que você é a favorita dela, e seus colegas de classe são uns idiotas por te tratarem mal. 

— Eu não sei. — Sana encolheu os ombros. — Eu entendo que eles fiquem assim. Quer dizer, a senhora Chou é uma tirana, ela trata todo mundo da pior forma possível. Eu também ficaria chateada se fosse uma das que ela não gosta. 

— Eu entendi Ruiva, mas a culpa não é sua. Se é para culpar alguém, culpem a professora oras! Foi ela quem cismou com você, não o contrário! 

 — Mas Nay- 

— Olá Sana.

 Tanto Sana quanto Nayeon congelaram no lugar. Tzuyu se esgueirou no banco e sentou-se, a bandeja de comida perfeitamente arrumada. As roupas pretas lhe caíam bem, e o cabelo estava impecável e arrumado como sempre.  

— Senhora Chou. — Disse baixinho com a cabeça baixa. — A que devemos a honra?

— Vim almoçar com você. — Ela olhou na direção de Nayeon, de forma tão fria que a garota tremeu.

 — A menos que eu esteja atrapalhando algo.  A loira mais velha entendeu imediatamente porque ela era tão temida. O refeitório inteiro estava em silêncio, olhando para a interação das três, fazendo as bochechas de Sana queimarem. 

— Não senhora. — Respondeu, olhando temerosa para Nayeon.

 — Que bom. — Ela abriu um dos potinhos com salada e começou a mexer com o garfo. — Senhorita Im. 

Nayeon levantou a cabeça lentamente, se perguntando como ela já sabia seu nome.

 — Sim? 

— Amanhã é sua primeira aula comigo, certo? 

— Sim senhora.

 — Então creio que o trabalho que eu pedi sobre física, que, lembrando, precisa ter no mínimo 30 folhas, já esteja pronto, certo? 

Tzuyu ergueu os olhos como quem não queria nada, vendo o terror se espalhar pelo rosto da adolescente. Ela parecia muitíssimo satisfeita com o efeito que causou na garota.

 — Não, eu... — Ela respirou fundo, olhando para Sana buscando ajuda. — Sana não me avisou.

 — Me descul- 

— Sana não precisa te avisar sobre nada, não é obrigação dela. — Ela mordeu uma das folhas de alface, olhando para Nayeon dura feito aço. — Ela não me entrega o trabalho essa semana.

 — Mas... — A garota começou confusa, sendo interrompida por Tzuyu.

 — As regras da minha turma quem faz sou eu, senhorita Im. Eu disse a Sana que ela pode me entregar o dela na próxima semana. Não foi? — Ela olhou para Sana, os olhos bem mais gentis do que antes, vendo a garota assentir envergonhada. 

 — Senhora- — Nayeon tentou argumentar, mas bastou um olhar para que se calasse.

— Já que gosta tanto de me desafiar, não vai se importar de explicar a matéria de amanhã, certo? 

— Mas eu não sei! — A garota falou desesperada, os olhos arregalados. Tzuyu deu de ombros. 

— Então aprenda. — A taiwanesa limpou a boca com o guardanapo. 

— Vou deixar que descubra sozinha, e não atrapalhe Sana com seus comentários. Vai tirar toda a concentração dela desse jeito. 

Tzuyu levantou-se, dando um último olhar para uma Nayeon aterrorizada. 

— Até amanhã Sana.

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