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Capítulo 18


— Dá para você calar a sua boca? Estou tentando ouvir.

— E quem é que vai conseguir ouvir com esse triturador de máquina que são seus dentes mastigando esse biscoito?

— Cala a boca Nayeon!

— Hipócrita.

— Calem a boca vocês duas! Inferno!

As duas se calaram com a fala de Jihyo, dando olhares sutis uma para a outra. Estavam as duas no alto da escada da casa dos Park, ouvindo a conversa entre Tzuyu e Sana. A senhora Jihyo havia ligado para o celular de Sana, que estava com Momo, para tentar ouvir também e saber como podia ajudar. Ela ainda achava que aquilo era maluquice, mas não quis justificar a pergunta de Nayeon sobre o porquê de ter decidido participar, já que elas não insistiram muito nem a forçaram.

— O que Tzuyu está fazendo?

— Não dá para ver, estamos no alto da escada.

— Então desçam!

— A senhora quer que a gente reprove é? Prefiro o colégio militar do que enfrentar aquela mal amada agora.

— Olhe a sua boca, senhorita Im.

— Perdão, mas se a senhora não teve a coragem de vir aqui, eu é que não vou ter coragem de ir lá.

— Eu tenho coisas melhores para fazer do que espionar minha amiga e a senhorita Minatozaki. Me liguem depois para contar o que aconteceu.

— Para quem tem coisas melhores para fazer, a senhora está bem interessada né.

— Nayeon! — Momo ralhou, tomando o celular da mão dela. — Peço desculpas, senhorita Jihyo. Irei desligar. — Jihyo ficou em silêncio por um tempo antes de responder.

— Até depois Momo.

A japonesa desligou o telefone e continuou olhando para ele por um tempo antes de colocar de lado e voltar a focar no andar debaixo. Quando se sentiu vigiada, olhou para o lado e viu Nayeon a encarando de maneira quase acusatória.

— O que foi?! — Momo exclamou na defensiva.

— Você está começando a fazer curso com Sana sobre se interessar por figuras de autoridade psicologicamente instáveis é?

Momo a encarou horrorizada, olhando nervosamente para baixo e lhe dando um tapa no braço em seguida. Viram as costas de Tzuyu se mover, mas Sana a fez virar novamente com uma pergunta distraída sobre física.

— De onde infernos você tirou isso!? Ficou maluca!?

— Não sei. — A menina disse despreocupada, abraçando os joelhos. — O que foi essa encarada para o telefone? O comportamento de vocês duas quando fomos até a secretaria falar com ela? Sana pode não ter notado, mas eu não sou tão burra quanto acham.

Momo ficou sem graça e baixou um pouco a guarda, se aproximando da menina.

— Ninguém disse que você era, Nana. Perdão se passamos essa impressão.

— Nah, está tudo bem. É bom que pensem assim, me dá mais liberdade para observar e julgar todos.

— Vai me julgar? — Momo perguntou surpresa. A menina negou.

— Não vocês, julgo o restante do colégio. Sou hipócrita. São minhas amigas, Momo. Se eu for julgar vocês, falarei pessoalmente para o bem de vocês. Por trás eu falo do restante.

Momo abafou uma risada, fazendo Nayeon dar um sorriso.

— Não vai responder minha pergunta?

— É infundada. — Momo falou simplesmente. — Não observou direito.

— Observei melhor do que você pensa. — Ela respondeu com clareza. — Se eu fosse você, pararia de falar da Ruiva. Você está queimando a língua sem perceber.

— Aquela mulher é uma psicopata, Nayeon! — A menina sussurrou agressiva. — Olha o que ela fez com a turma inteira! Com a nossa amiga!

— E você acha que gostar da amiga que deixa ela cometer todos esses delitos sem punição é menos agravante por qual razão?

Momo abriu e fechou a boca por um tempo, sem saber como responder. Solar continuou olhando para ela em busca da resposta. Quando percebeu que não receberia nenhuma, ela suspirou e se aproximou de Nayeon.

— Mo, não julguei ela, e definitivamente não vou julgar você. Mas para e pensa. Jihyo não é nada melhor do que a senhora Tzuyu Ela é quem deixa isso acontecer, ela é a autoridade da escola e se os alunos passam por isso, foi porque a diretora escolheu não dar uma punição. Ela concordou com isso por Tzuyu, por uma razão maior que a gente finge que desconhece, mas não é muito melhor do que ela se fecha os olhos para essas atrocidades, como você chama.

Momo não a olhou, mas isso não a impediu de continuar.

— O que eu estou dizendo é que você precisa parar de apontar os erros da senhora Tzuyu se vai se apaixonar por quem deixa ela cometer isso. Se eu fosse você, recomendava uma psiquiatra para a senhora Jihyo. Ela com certeza ouviria você.

Momo não respondeu novamente, então a menina se afastou e voltou a prestar atenção no que acontecia no andar debaixo. A japonesa de cabelos pretos continuou pensativa por toda a tarde, e se algo de inédito ocorreu, ela não saberia dizer. Mas Nayeon com certeza sim.

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