A matéria
- Ainda com dificuldades, Yoon? Devia prestar mais atenção nas aulas.
- Devia passar deveres baseados nas matérias que estavam explicadas na lousa, senhor Choi, e não no que a senhora inventa em cima da hora.
SeungCheol ergueu as sobrancelhas, sorrindo de lado. Estavam naquilo por alguns minutos, esse jogo de farpas estava ficando interessante. SeungCheol estava vendo um lado de JeongHan que ele não pensou que veria alguma vez na vida, e sabia que teria que tomar muito cuidado com ele naquele estado.
- Mesmo fora da escola, sou o profissional designada para ajudá-lo, então me deve respeito.
- E estou respeitando o senhor. Se não consegue fazer o mesmo e se comprometer com a sua profissão, o problema não é meu. Afinal, estamos aqui por causa do senhor.
- Muito cuidado como fala comigo, JeongHan. - Ele se aproximou rápido por cima da mesa, a encarando de perto. - Sabe que não é mais meu protegido.
- Isso parece assusta-la mais do que assusta a mim, senhor Choi. - Para sua surpresa, JeongHan se aproximou também, quase colando seu rosto ao dela. - Ou não estaria tão na defensiva assim.
SeungCheol prendeu a respiração por alguns segundos, completamente embasbacada de JeongHan estar tão perto de si. Ele podia ver os olhos castanhos de perto, o brilho sagaz que os assumia quando ele falava assim. O hálito dele estava batendo em si, e levou tudo de si para não fechar os olhos e se inclinar mais. Ele deu graças a Deus quando sua mente perturbada criou a impressão de um barulho no corredor e ele se virou para olhar.
- O senhor pode me explicar como calcular o tempo aqui de novo?
A pergunta de JeongHan o fez se virar novamente para a mesa e encarar o menino, que estava olhando distraída para o caderno com capa rosa e flores vagas nas folhas. Ele batia o lápis em um ritmo uniforme enquanto encarava a questão.
- Eu já expliquei duas vezes.
- E pode me explicar a terceira? Essa matéria não foi passada.
SeungCheol respirou fundo e se pôs a explicar para o Yoon novamente a questão, acompanhando por cima da mesa como ela estava sendo feita. Estava tentando se recompor e voltar a ser sério.
- Pode chegar mais perto? Preciso que observe se estou chegando no resultado de forma correta para não ter que apagar e refazer de novo.
SeungCheol xingou absolutamente todos os antepassados de JeongHan naquele mesmíssimo momento. Xingou os pais, a irmã, seus estúpidos amigos, WonWoo, a escola, o zelador e até mesmo sua tia MoonByul que nem mantinha mais contato. Mas respirando fundo, se levantou e foi sentar-se ao lado dele.
SeungCheol posicionou a cadeira bem ao lado de JeongHan e se sentou, se inclinando para ver melhor. O perfume de laranja imediatamente a invadiu e SeungCheol se sentiu sufocado por um instante com a presença dominante de JeongHan. Ele não estava acostumado com isso, esse papel era dela.
- E então?
Ele perguntou baixinho. SeungCheol abriu a boca para falar, tentou respirar fundo e por fim se afastou.
- Dessa forma está bom.
- Mas está certo?
- Está bom.
- Com todo respeito, senhor, mas não foi o que eu perguntei.
SeungCheol respirou fundo, buscando a paciência que não tinha naquele momento e assentiu.
- Sim, Yoon. Está certo.
Em resposta, o menino abriu um sorriso gengival que desconcertou SeungCheol por um momento e começou a fazer as contas alegremente. Quando terminou, lhe entregou o caderno para correção. Honestamente, SeungCheol não conseguiria nem se quisesse corrigir naquele momento, pois JeongHan estava inclinado, com aquele perfume intoxicante invadindo suas narinas, esperando ansiosamente a fala da professora.
- Sim, está certo. Parabéns.
- Obrigada! - Seus olhos se fecharam quando ele sorriu. - O senhor vai comer os biscoitos comigo agora?
- Como? - SeungCheol perguntou desconcertada.
- Os cookies que fiz quando a senhora chegou. - Falou, tão confusa quanto ele. - O senhor está bem?
- Sim, estou bem. - Ele limpou a garganta e ajeitou o casaco. - Posso comer um.
- Claro!
Delicadamente, JeongHan o serviu com cookies e leite e se sentou para comer também. Fingindo não estar com o coração acelerado, SeungCheol mordeu um pedaço do biscoito, apenas para arregalar seus olhos e olhar para Sana com espanto.
- Está uma delícia!
- Obrigada. - Falou tímido.
SeungCheol devorou os cookies rapidamente, ficando um pouco envergonhado ao terminar rápido. Ele bebeu o leite rapidamente, mas acabou se engasgando e tossindo. Oloiro se levantou preocupado.
- O senhor está bem?
SeungCheol assentiu, ainda tossindo, e tudo só piorou quando o menino se aproximou dele e começou a dar batidinhas nas costas em prol de ajudá-lo. Seu rosto pegava fogo ao se recompor e ele rapidamente se levantou para ir embora.
- O senhor já vai? Ainda faltam-
- Ensinei o que podia ensinar hoje, você terá outras aulas. - Ele falou, andando rápido até a porta e puxando a maçaneta com força.
- O senhor está fugindo de mim? - SeungCheol parou onde estava, se virou lentamente, e o encarou.
- Por que eu fugiria de você, Yoon? Que eu saiba, eu é quem tenho o poder de fazer o senhor perder tudo. - Sorriu diabólico.
- Não seja tão prepotente, senhor Choi. Já me provou que isso não é verdade. - SeungCheol se surpreendeu quando ele se aproximou, bem calmo, e parou a sua frente. - Se isso fosse verdade, não fugiria de mim assim, assim como fugiu a tarde inteira. - Ele sorriu doce. - Mas não se preocupe, aprendi sua matéria, e vai ter que se esforçar um pouco para me reprovar agora.
- Você realmente quer jogar esse jogo, não quer? - Perguntou se aproximando dele. JeongHan levantou o rosto para lhe encarar.
- Já estamos jogando. Mas dessa vez, quem dita as regras sou eu.
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