51_ Destino
Encarei o rapaz na minha frente, mas não fiz muito caso. Peguei o meu celular que estava sobre a mesa e olhei a hora de novo.
ㅡ Oi. ㅡ O respondi.
ㅡ Se eu pedir para darmos uma fugidinha, vai parecer brega? ㅡ Ele abriu um sorriso e eu fiz uma careta. Franzi o cenho voltando minha atenção para ele e ele continuou com a mesma expressão.
ㅡ O que? ㅡ Ele riu abaixando a cabeça e isso fez com que seus cabelos caíssem por seu rosto. Novamente ele passou a mão nos fios os jogando para trás.
ㅡ Acho que percebeu que eu não tirei os olhos de você hoje. ㅡ Ele estava dando em cima de mim? Era isso? Eu estava tão insegura com relação a mim que pensei que ele estava pensando algo ruim de mim quando na verdade ele tinha gostado de mim?
Encostei as costas na cadeira e cruzei os braços. Analisei o rapaz na minha frente sem o menor interesse por ele. Tudo que me interessava ali era o fato de eu ter sido uma tola o dia inteiro. Fico me preocupando com o que as pessoas pensam de mim que crio paranóias onde não há. Caraca, o garoto gostou de mim e eu estava imaginando que ele estava zombando de mim ou coisa do tipo.
ㅡ O que me diz? ㅡ Ele perguntou novamente e eu sorri balançando a cabeça.
ㅡ Não to interessada. ㅡ Respondi da maneira mais gentil possível e aguardei que ele se levantasse e saísse, mas ele não fez isso.
ㅡ Ah, qualé? ㅡ Pendeu o rosto pro lado. ㅡ Sou tão feio assim pra me recusar sem nem me conhecer?
ㅡ Eu só não quero. ㅡ Desfiz os meus braços cruzados e puxei o celular de novo. Estava preocupada com a hora. Ficaria muito chateada se perdessemos a orquestra.
ㅡ Por que? ㅡ Ele olhou para trás, na direção que Trevor foi. ㅡ Aquele que saiu daqui é seu namorado?
ㅡ Eu preciso estar namorando para ter direito de recusar um cara? ㅡ Dessa vez eu quem pendi a cabeça para o lado. Minha pergunta o fez parar de sorrir e perceber que havia passado dos limites.
ㅡ Eu não quis dizer isso... ㅡ Se ajeitou na cadeira parecendo desconfortável.
ㅡ Sim, ele é meu namorado. ㅡ Respondi ainda sorrindo ao perceber que Trevor estava vindo. Sei que não foi muito legal da minha parte, mas Trevor estava nitidamente com ciúmes e foi por isso que sorri na direção dele. ㅡ E ele está vindo.
O rapaz olhou para trás e eu juro que o rosto dele ficou pálido só de ver Trevor parar ao lado dele. Ele parecia tão assustador assim?
Eu abaixei a cabeça tentando não rir da cena enquanto o garoto se levantava rapidamente.
ㅡ Posso te ajudar com alguma coisa? ㅡ Trevor observou a expressão de medo do rapaz com os olhos semicerrados. Ele cruzou os braços, o que fez o rapaz dar um passo para trás e esbarrar na cadeira que estava sentado.
ㅡ Não, eu... Só estava batendo um papo com a sua mina. Só isso. ㅡ O garoto começou a andar de lado tentando sair da frente do Trevor. ㅡ Já vou indo. Desculpa incomodar. ㅡ Ele quase correu.
Olhei para Trevor, que ainda olhava na direção dele, e o chamei.
ㅡ Psiu... ㅡ Olhou para mim. ㅡ Relaxa. ㅡ Ri. ㅡ Ele não me fez nada. Jogou umas cantadas ridículas, mas não tentou nada. Não se preocupe. ㅡ Trevor riu balançando a cabeça e se sentou de volta na cadeira.
ㅡ Desculpa. É que ele já ficou te encarando o dia todo... Não faço o tipo ciumento, mas ele deixou bem claro o interesse por você. Eu saio por uns minutos e ele já toma meu lugar. ㅡ Ri do modo que ele falou e ele apenas me observou com um sorriso ladino.
ㅡ Ele tomou apenas a cadeira. O seu lugar ninguém vai tomar. ㅡ Pisquei pra ele. ㅡ Vamos dar uma fugidinha? ㅡ Ele franziu as sobrancelhas.
ㅡ O que? ㅡ Começou a rir.
Eu não o respondi, apenas me levantei, peguei sua mão e o puxei na direção das escadas. Fomos na direção do quarto e eu quis rir da cara de confuso que ele estava, mas segui até a porta do nosso quarto. Entrei primeiro e esperei que ele entrasse.
Trevor entrou no quarto que estava com as luzes apagadas. As janelas abertas permitiam que as luzes lá de fora entrassem e assim conseguíamos enxergar.
Ele parou no meio do quarto e se virou para mim depois que eu fechei a porta.
ㅡ O que você está aprontando, em? ㅡ Me aproximei dele e lhe beijei antes que ele perguntasse mais alguma coisa.
Trevor ficou surpreso, mas não levou nem um segundo para retribuir o beijo. Suas mãos tocaram a minha cintura, me puxando para ele e unindo meu corpo ao dele.
Eu o empurrei devagar para trás até ele se sentar na cama. Fiquei em pé entre suas pernas sem interromper o beijo. O perfume dele era tudo o que eu sentia. Suas mãos tocavam as minhas costas enquanto eu segurava seu pescoço e sua nuca.
ㅡ Desse jeito eu não vou querer sair... ㅡ Ele disse entre um beijo e outro e eu sorri.
Nós voltamos a nos beijar, mas ele me abraçou mais forte e se jogou para trás na cama comigo. Acabei rolando e parando ao seu lado. Estávamos rindo quando meu celular começou a despertar.
ㅡ Não... ㅡ Resmunguei. Deixei o celular tocando e o abracei, encostando minha cabeça no seu peito. Ele me deu um beijo na cabeça e nós ficamos em silêncio, apenas o som do despertador soava pelo quarto.
ㅡ Obrigado, Sophia. ㅡ Ele disse com um suspiro.
ㅡ Pelo que?
ㅡ Por me fazer sentir assim. Você me faz sentir vivo. É como se fosse por você que eu meu coração batesse todos os dias. ㅡ Eu senti tantas emoções juntas naquele momento que só consegui olhar para ele. Ele sorriu para mim. Tive certeza que meus olhos estavam brilhando. Talvez tenha sido a coisa mais linda que já escutei.
ㅡ Trevor...
ㅡ Eu te amo, Sophia. ㅡ Ele sussurrou.
Senti algo forte nascendo no meu peito. Algo que me fez acreditar que tinha algo naquele cara que me completava. Algo que eu nunca tinha sentido por alguém antes. Não era como o amor e o carinho que eu tinha pelos meus pais, família e amigos. Era como um sentimento que incendiava o meu coração. Eu queria estar com ele, cuidar dele, fazê-lo feliz. O amor era isso?
Se for...
ㅡ Eu também te amo. ㅡ Sussurrei de volta. Dessa vez os olhos dele que brilharam. A surpresa estava nítida no rosto dele quando ele se achegou para frente e me olhou nos olhos. Parecia querer pedir que eu dissesse de novo, então eu disse: ㅡ Eu te amo, Trevor.
O sorriso que ele abriu nos lábios foi um dos mais lindos que já vi. Ele me abraçou, me beijou e disse que me amava tantas vezes que eu nem pude contar.
Eu estava feliz. Estava tão feliz que até me esqueci o motivo de estar triste antes.
[...]
ㅡ Sabia que eu... Tecnicamente, te pedi para uma estrela cadente? ㅡ Ele fez uma careta. Estávamos sentados na sacada. Ficamos enrolando tanto no quarto que perdemos a hora para a orquestra.
ㅡ Como assim?
ㅡ Na noite que você me encontrou chorando na rua. Eu estava voltando do que eu pensei que seria um encontro com o Nicolas, mas ele levou a namorada e ainda disse que tinha vergonha de alguém como eu gostar dele. ㅡ Encarei o mar. A música no andar debaixo ainda soava e muitas vozes também. A festa ainda estava a todo vapor. ㅡ Eu estava chorando de raiva. Eu estava tão bem antes, fazia tanto tempo que não me sentia mal comigo mesma. Aí veio ele e bum! Jogou minha autoconfiança no chão e pisou. Eu estava bem sensível naquela noite e olhei pro céu pedindo que alguém gostasse de mim de verdade, ou coisa do tipo. Quando olhei pra frente, lá estava você. ㅡ Ele pareceu surpreso com a história. ㅡ A Íris me disse que aquilo era um sinal de que eu e você deveríamos ficar juntos, mas eu não levei a sério. Nunca acreditei nessas coisas de sinais e destino. Mas, acho que agora acredito. Afinal, você veio dos Estados Unidos, esteve em vários países nos últimos meses e justo naquela noite que eu falei com uma estrela, feito uma maluca, você estava lá. No Brasil, longe de casa, na mesma cidade, bairro e rua que eu.
ㅡ Eu também não acreditava nessas coisas. ㅡ Ele começou a falar. A noite estava sendo iluminada por uma bela lua que refletia na água do mar. Haviam algumas pessoas na praia, umas jogando vôlei e outras apenas conversando em círculos. ㅡ Mas aí cheguei aqui no Brasil e procurei por um lugar calmo que eu pudesse trabalhar e organizar a minha vida. Achei a cafeteria e fui atendido por uma garota. Eu tinha ficado um bom tempo sem falar o meu idioma, por estar viajando para vários países, então, sem querer, falei naquele dia. Quando percebi que estava falando inglês no país errado, já era tarde, pois a garota saiu de perto de mim e você chegou.
ㅡ É, eu me perguntei o motivo de você ter bancado o gringo não bilíngue lá naquele dia. ㅡ Ele riu.
ㅡ Eu pensei em pedir desculpas e falar em português, mas fiquei com medo de você desistir de me atender por isso e a outra atendente voltar. Nada contra ela, é só que... Você era a garota mais linda que eu já tinha visto. ㅡ Abaixei a cabeça sentindo o meu rosto ficar quente. ㅡ Eu não te olhei muito, para você ficar constrangida, porque eu só quis ficar te olhando. Eu fingi estar super ocupado e até fui meio arrogante, mas achei melhor assim do que você achar que eu era um maluco que ficava te encarando. ㅡ Ri junto com ele.
ㅡ Não sei se eu pensaria exatamente isso.
ㅡ Eu sabia que voltaria lá, talvez não tantas vezes, para não ser estranho. Mas eu aparecia lá algumas vezes e fingiria estar ocupado só para olhar pra você por alguns segundos de novo. ㅡ Ele sorriu e encarou a praia. ㅡ Só que aí... Te encontrei na rua. Estava indo buscar a cachorrinha que ia adotar e vi você. Fiquei bem surpreso de te ver e ainda mais te ver chorando. Quis perguntar o que tinha acontecido, mas não tínhamos intimidade e você saiu correndo. Depois eu fui para a CA e a Mônica me pediu para dar uma aula. Quando eu entro na sala... Lá estava você de novo. Eu entendi naquele dia que não teria como escapar. Eu realmente te admiraria onde quer que eu fosse. Inventei aquela coisa de você dançar contra o Nicolas para dar aquele sermão no final, mas na verdade eu só queria que você se votariasse para dançar e eu pudesse ver o que você sabia você. Se eu já te admirava pela sua beleza, imagina se visse você fazendo a coisa que mais amo na vida. ㅡ Ele voltou a me olhar. ㅡ Não tem como não acreditar em destino quando eu te encontrei tanto e em tantos lugares. Quando tudo cooperou para que estivéssemos no mesmo lugar... Juntos.
•••
Continua...
Bạn đang đọc truyện trên: Truyen247.Pro