21_ Vou chamar a polícia!
ㅡ Para a diagonal, meninas. ㅡ Taiana, nossa professora de ballet, disse enquanto afastava a barra do centro com a ajuda de outra bailarina.
Fomos para a diagonal enquanto Íris não parava de tagarelar sobre o provável fim de semana divertido que teríamos.
ㅡ Só não pode chover... ㅡ Minha frase a fez parar de sorrir na hora e me olhar com uma careta.
ㅡ Ta repreendido toda negatividade. Limpa, limpa, limpa. ㅡ Ela estalou os dedos diversas vezes na frente do rosto.
ㅡ Não é negatividade, olha só o tempo. ㅡ Apontei para a janela que mostrava perfeitamente a grande e cinza nuvem que começava a cobrir o céu. ㅡ Eu acho que vai chover.
ㅡ Não vai chover, Sophia, para de espraguejar. ㅡ Paramos ao canto da sala numa fila para fazer a diagonal.
ㅡ Não estou espraguejando nada, só estou falando. ㅡ Dei com os ombros rindo do desespero dela. Se chover, acho que ela chora o fim de semana todo. Quando ela coloca algo na cabeça e se anima, não tem quem tire. Parece até que ela está esperando por aquele final de semana tem meses, e não desde a uns minutos atrás.
Voltamos a prestar atenção na aula e, por um momento, ela parou de falar disso.
[...]
ㅡ Esse croissant é para mesa cinco. ㅡ Entreguei a bandeja para Carol e virei-me para pegar o Frapuccino. Coloquei-o sobre outra bandeja e levei até a mesa seis.
ㅡ Obrigado. ㅡ O homem sorriu para mim. O relógio de ouro em seu pulso brilhava e era facilmente a primeira coisa que alguém notava nele. O terno sofisticado e o cabelo bem penteado denunciava que ele devia ser bem rico. ㅡ Você é muito atenciosa. ㅡ Sorri agradecendo e já estava prestes a me virar para voltar ao balcão, mas ouvi alguém entrar na cafeteria e olhei involuntariamente.
ㅡ Boa noite. ㅡ Comecei a ouvir o meu coração pulsar mais forte. Esqueci de como se respirava e quase dei um tapa em mim mesma para acordar. Trevor sorriu assim que me disse o boa noite.
ㅡ Boa noite. ㅡ Não gaguejei, pelo menos.
Ele seguiu para uma mesa vazia e eu segui para os fundos para me enfiar no banheiro e jogar uma água no rosto.
Encarei o meu reflexo no espelho após secar o rosto com um papel toalha e respirei fundo.
ㅡ Eu devo estar ficando maluca. Só pode ser isso. ㅡ Virei-me de costas e encostei na pia. ㅡ É só o Trevor, Sophia, para de ser doida.
Saí do banheiro antes que começasse a pensar demais e voltei para o balcão. Bebi um pouco de água e observei enquanto Isadora ia atender mesa que Trevor estava sentado. O que era um belo milagre, porque para ela atender uma mesa, tinha quase que gritar com ela.
ㅡ Essa garota não perde tempo, né? ㅡ Carol se aproximou do balcão. ㅡ Foi correndo atender ele porque viu ele chegando naquele carrão.
Ri balançando a cabeça, mas parei quando Isadora voltou até nós com uma expressão emburrada e bateu o bloco de comandas no balcão.
ㅡ Que foi? Ele não é tão rico assim? ㅡ Carol debochou.
ㅡ Ele disse que quer ser atendido pela Sophia. ㅡ Ela resmungou e cruzou os braços.
Engoli em seco, mas peguei as comandas e fui até a mesa dele.
ㅡ Já está criando intrigas? ㅡ Ele ergueu o olhar do cardápio para mim. Notei que um notebook fechado estava sobre a mesa ao lado de seu braço. ㅡ Ela não gostou muito do seu pedido. ㅡ Indiquei Isadora com o queixo e Trevor olhou na direção dela.
ㅡ Eu me lembro da última vez que vim aqui e do quão irritante ela foi. ㅡ Apertei os olhos tentando me lembrar o que aconteceu na última vez que ele veio aqui. Não demorei a me recordar dela errando todos os pedidos e saindo gritando daqui de dentro. Sem contar com a chefe mandando eu limpar a bagunça dela. ㅡ Não gosto de gente assim. ㅡ Ele sussurrou para mim.
ㅡ Somos dois. ㅡ Sussurrei também e acabamos rindo. ㅡ O que vai querer?
ㅡ Por enquanto só um café, tenho bastante trabalho. ㅡ Ele puxou o Notebook para sua frente e o abriu.
Assenti após anotar e me afastei para voltar ao balcão. Coloquei a comanda na cozinha e voltei para o balcão onde Carol e Isadora estavam.
O homem rico do relógio de ouro acenou e Carol já estava pronta para ir até sua mesa, mas Isadora saiu na frente quase que correndo.
ㅡ Mas gente... ㅡ Carol fez uma careta. ㅡ Ela ta desesperada o que?
ㅡ É estranho ver ela trabalhando, né? ㅡ Ri. ㅡ Geralmente o cliente acena, grita, faz escândalo e ela finge que nem vê.
ㅡ Money, né, Sophia? Money. Essa daí não pode ver um rico bonitão que se assanha toda. É claro que eu não julgo porque não sou muito diferente, mas eu atendo os clientes igualmente, não só os ricos. Mas, se um rico me quiser um dia, eu não recuso. ㅡ Ri de sua resposta, mas logo parei novamente quando Isadora voltou ao balcão ainda mais revoltada.
ㅡ Ele também só quer ser atendido por você. ㅡ Ela falou olhando diretamente para mim.
Olhei na direção do homem e ele sorriu. Achei estranho, obviamente. Uma coisa é o Trevor, que me conhece, outra é esse moço que nunca vi na vida.
ㅡ Que isso em, Sophia! Arrasando os corações dos ricassos. Aproveita! ㅡ Carol sorriu.
ㅡ Aproveitar o que? Ta doida? ㅡ Peguei as comandas.
ㅡ Como assim o que? O cara é rico, lindo, maravilhoso. Deve ser um ou dois anos mais velho que você. Parece até um anjo de tão bonito. ㅡ Ri novamente, mas não a respondi, apenas segui até a mesa do homem.
ㅡ Posso ajuda-lo?
ㅡ Desculpe ficar te incomodando, mas não tive um dia muito bom e... Sei lá, ser atendido por você melhorou um pouco. ㅡ Ele sorriu novamente e eu me senti meio desconcertada.
É óbvio que já fui cantada por clientes, mas na maioria das vezes era por homens bem mais velhos que eu ou por homens que não sabiam o que era limites. Dessa vez, ele não era mais velho e nem estava sendo desrespeitoso. Era até esquisito não me sentir na obrigação de ser rude.
ㅡ Ah, er... ㅡ Fiquei sem saber o que dizer, o rapaz apenas riu.
ㅡ Me desculpa. Eu quero quatro milk shakes para viagem. ㅡ Anotei o seu pedido e me afastei de dua mesa. Voltei ao balcão e não comentei nada com as meninas sobre o que ele disse. Apenas esperei os pedidos.
O café do Trevor veio primeiro então eu o servi. Logo depois os quatro milk shakes e eu levei até a mesa do rapaz.
ㅡ Você pode me ajudar a levar até o meu carro, está aqui na frente. Eu sou meio desastrado e posso derrubar. ㅡ Ouvi o seu pedido e olhei na direção do balcão para ver se uma das meninas estava ali, mas ambas estavam na parte dos fundos. Olhei para o homem novamente e logo depois para a porta da cafeteria. Um carro vermelho estava parado logo em frente a calçada.
ㅡ É aquele carro ali? ㅡ Ele olhou na mesma direção e assentiu. Então, concordei. Peguei dois dos milk shakes e ele pegou os outros dois. Fui com ele até a calçada e observei a rua deserta, já devia ser quase a hora de fechar, o que fazia meus pés ansiarem por tirar os sapatos e me jogar na cama.
ㅡ Obrigado. ㅡ Ele disse após pegar as bebidas da minha mão e colocar dentro do carro.
ㅡ De nada. Tenha uma boa noite. ㅡ Já estava pronta para voltar a cafeteria, mas ele segurou meu braço.
ㅡ Espera... ㅡ Olhei para ele novamente. ㅡ Que horas você sai?
ㅡ Como é que é?
ㅡ Que horas você sai do trabalho. É que... Eu achei você muito linda e queria sair contigo. ㅡ Arqueei uma sobrancelha.
ㅡ Olha, eu não estou muito afim. To cansada, to com fome e só quero ir pra casa depois do trabalho. Agradeço muito e fico lisonjeada, mas não vai rolar. ㅡ Tentei me soltar, mas ele apenas apertou ainda mais o meu braço.
ㅡ Qualé? Eu só quero me divertir um pouco. Você vai gostar. ㅡ Ele me puxou para ele me fazendo ir de encontro ao seu peito.
ㅡ Não, eu não quero! Me solta! ㅡ Comecei a me debater e tentar me soltar, o que não rendeu muito tempo, pois o cara recebeu um soco no rosto que o fez cair para trás no carro.
Com o impacto, caí para trás também e ralei as mãos no chão. Olhei para cima vendo Trevor puxar a gola da camisa do cara e dizer algo, mas não consegui entender o que.
ㅡ Sophia? Você está bem? ㅡ Carol apareceu e me levantou do chão, limpando a poeira da minha roupa.
ㅡ Agora sai daqui antes que eu chame a polícia! ㅡ Trevor empurrou o cara para dentro do carro. O rapaz entrou quase que correndo e fechou a porta. Pude ver o sangue escorrendo em seu nariz e um corte na sobrancelha antes que ele partisse com o carro. Certamente não foi só um soco que ele levou.
ㅡ Sophia, fala alguma coisa. ㅡ Olhei para Carol que estava desesperada na minha frente e assenti.
ㅡ Eu estou bem.
ㅡ Vou pegar um pouco de água. ㅡ Ela correu lá para dentro me deixando a sós com Trevor. Ele ainda parecia estar com raiva, mas olhou para mim e seu olhar virou um olhar de preocupação.
ㅡ Você está bem mesmo? ㅡ Concordei com a cabeça.
ㅡ Estou. Foi só... Um susto. Não sei lidar bem com altas emoções ou adrenalina. ㅡ Respirei fundo e encarei seus olhos. ㅡ Obrigada. ㅡ Meu obrigada saiu quase como um choro, o que fez Trevor dar um passo na minha direção e me abraçar.
•••
Continua...
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