05_ Estrela cadente
Quando minha mãe, finalmente, me entregou o empadão, corri para casa para ter tempo de me arrumar. A dancinha que eu fiz quando passei pela porta da minha casa foi super ridícula, Mônica me mataria se me visse dançando daquele jeito, mas, não liguei. Eu estava animada.
A primeira coisa que fiz, depois de largar a mochila no sofá e arrancar os tênis dos pés, foi ligar a televisão em músicas românticas e bregas. Ta, não chegam a ser bregas, muitas delas são ótimas, como a que estava tocando agora ( Love Story ) mas o termo " romance " para mim já soava algo brega, então eu costuma dizer que músicas, filmes, livros e séries de romance água com açúcar eram bregas. Não um brega ruim, óbvio.
A voz da Taylor soava pela minha casa enquanto eu rodava por ela fazendo múltiplas coisas ao mesmo tempo, como ajeitar o que estava bagunçado, preparar algo para comer e ajeitar tudo para tomar um belo de um banho.
Eu tinha algumas horas até a hora que Nicolas marcou de encontrar comigo, então calculei tudo certinho. Lavar cabelo, pensar na roupa, passar a peça que tiver que passar, fazer uma maquiagem que não seja tão difícil porque não sou boa com maquiagens e tudo que eu lembrasse.
Quando chegou a hora da roupa, precisei ligar por vídeo para Íris, pois estava muito indecisa.
Íris- Você só tem roupa estilosa, não sei porque esse desespero todo.
Ela estava sentada na frente do celular comendo o que parecia ser um miojo.
Sophia- Não estou desesperada, só estou... Indecisa.
Íris- Você gosta MESMO dele?
Sophia- Não sei se gosto MESMO. Eu... Acho ele bonitinho e, sim, tenho uma quedinha por ele. Mas... Você sabe. Não sinto nem perto do que as pessoas retratam em filmes de romance.
Íris- Eu nunca senti nada disso que Hollywood retrata, então nem sei se é verdade.
Sophia- Nem eu. A gente é tão encalhada, né?
Nós duas rimos como se a situação não fosse ruim.
Íris- Enfim, sabe aquela roupa que você foi no dia que fomos ver o espetáculo da turma intermediária? Ela é muito boa.
Sophia- Pode ser... Não é uma má ideia.
Íris- Bem, eu acho que você precisa se arrumar e eu preciso dormir. Amanhã me conta como foi e se rolou alguma coisa. Divirta-se e não faça nada que eu não faria.
Sophia- Espera... Você... Você acha que o Nicolas gosta de mim? Ou ao menos sente algo por mim?
Íris- Ai, Sô, eu não sei dizer, até porque nunca fui muito de conversar com eles e não entendo os garotos. Mas... Quem sabe ele não comece a gostar hoje? Vai ser que nem aqueles romances clichês. Ele te vê vibrando pelo show e se apaixona por você.
Sophia- Ok, já está me iludindo além da conta. Vou me arrumar.
Ri dela e desliguei a chamada após acenar.
Quando me dei conta, já estava arrumada. Me encarei no espelho e sorri. Estava me sentindo bonita, mas ao mesmo tempo nervosa. Não sei se por sair na companhia de um cara pela primeira vez ou se por realmente gostar dele.
Abracei meus próprios braços encarando meu reflexo. Metade de mim tentava não ser emocionada ou iludida, sabia que poderia ser só uma saída de amigos, mas a outra metade torcia para que fosse exatamente como Íris disse.
Balancei a cabeça negativamente e peguei minha bolsa. Passei um perfume, apaguei as luzes de casa e saí. Já estava escuro quando cheguei ao centro da cidade parei na pracinha onde tínhamos marcado de nos encontrar.
Os minutos foram passando e eu tentei não ficar tão nervosa. A praça estava bem movimentada e acesa, como era todas as noites. Um carro parou na frente da calçada e a porta de trás se abriu. Nicolas acenou para que eu entrasse e eu sorri na hora indo em direção à porta aberta do carro.
ㅡ Boa noite. ㅡ Disse ao me sentar ao seu lado e ao notar o motorista do uber.
ㅡ Boa noite. ㅡ Nicolas e o motorista responderam juntos enquanto eu fechava a porta ao meu lado.
ㅡ Boa noite, Sophia. É um prazer finalmente te conhecer. ㅡ Ouvi uma voz feminina e fiz uma careta. Olhei para o lado e notei uma garota sentada ao lado de Nicolas. Ela estava com a mão estendida para mim, então apertei. ㅡ O Nicolas falou de você e eu já te vi dançando nos espetáculos que fui ver ele. Você arrasa! ㅡ Ela sorriu para mim.
ㅡ Ah, obrigada. ㅡ Sorri meio sem jeito por nem ao menos saber quem ela era. Nicolas percebeu minha expressão.
ㅡ Ah, Sophia... ㅡ Ele passou seu braço por cima dos ombros da garota que logo sorriu. ㅡ Essa é a Mari... ㅡ Observei sua mão tocar o ombro da garota e seus lábios depositarem um beijo no canto da boca dela. ㅡ Minha namorada.
Namorada?
ㅡ Eu... ㅡ Perdi as palavras por um momento. Me senti uma idiota. Uma tremenda idiota. ㅡ Quer dizer, também é um prazer te conhecer. ㅡ Abri o sorriso mais forçado que já dei na vida.
A garota sorriu para mim e olhou para Nicolas. Ela viu algo em seu rosto e pediu para que ele virasse para ela para que ela pudesse tirar, e assim ela fez. Quando me dei conta, estavam se beijando e rindo, como os casais de filme. E... Eles ficavam tão bem juntos! Tão bem que doía!
Encarei a janela do carro me sentindo horrível. Horrível por ter sido boba e por ter achado que ficaria com um cara que, na verdade, era comprometido.
Eu não chorei, mas quis. Eu não gostava tanto dele para chorar, mas gostava o suficiente para me sentir mal. Não consegui assistir nem metade do show, pois me senti desconfortável perto deles. Eles estavam tão melosos que eu era a própria a tocha.
Inventei uma desculpa de que estava passando mal e saí de perto deles. Estava quase saindo do local do show quando senti alguém segurar meu braço. Olhei para trás me deparando com Nicolas. Ele me puxou para um lugar que não tinha tantas pessoas e barulho e me soltou.
ㅡ O que foi? ㅡ Ajeitei a bolsa no ombro sem olhar para o rosto dele. Ainda estava me sentindo envergonhada.
ㅡ Eu só quero fazer uma pergunta. ㅡ Ele ficou em silêncio enquanto eu encarava o chão. Percebi que ele não perguntaria enquanto eu não o olhasse, então encarei seus olhos. ㅡ Você... Por um acaso... Pensou que isso seria um encontro ou algo do tipo?
ㅡ O que? ㅡ Fiz uma careta. ㅡ Não, óbvio que não. ㅡ Ele arqueou uma sobrancelha parecendo não acreditar.
ㅡ Deu para perceber a sua decepção quando viu a Mari. Olha, Sophia... ㅡ Ele deu uns passos para a frente. ㅡ Desculpa se dei alguma esperança, mas nunca tive interesse em você. ㅡ Se eu pensei que doeu vê-lo com a namorada, é porque não tinha sentido o que estava sentindo agora. ㅡ Você nem é tão bonita, na verdade. ㅡ Engoli em seco. ㅡ Nunca me senti atraído por você, em sentido nenhum. Por favor, espero que não tenha contado para ninguém que gosta de mim.
ㅡ Eu não gosto de você. ㅡ Foi tudo o que consegui dizer antes de sair correndo dali.
Saí do local lotado do show e me deparei com uma rua praticamente vazia, tirando alguns carros que passavam. Foi quando eu finalmente chorei. Chorei porque estava doendo. Estava doendo tanto que as lágrimas ardiam. Eu entendia que ele poderia não sentir o mesmo por mim, mas não que pudesse dizer aquilo. Eu já tinha ficado me comparando com a namorada dele o show inteiro! Ela era toda delicada, fofa, bonita, cabelos enormes e loiros, os mais hidratados que já vi. A maquiagem dela estava impecável e ela estava tão estilosa. Eu não precisava ouvir aquilo para piorar a situação.
Pior que não tinha sido a primeira vez que eu ouvia algo daquele tipo.
Parei de andar e encarei o céu estrelado sentindo as lágrimas molharem meu rosto. Talvez eu só estivesse coração partido, ou estivesse chateada por ter me sentido inferior a uma garota de novo, ou estivesse carente, mas observei o céu e, quando vi algo que me pareceu uma estrela cadente cortando o céu, fechei os olhos com força.
Eu quero alguém que goste de mim como e pelo que sou.
Abri os olhos quando ouvi passos perto de mim e me deparei com uma passando caminhando pela rua. Essa pessoa mexia no celular com uma mão e a outra carregava uma sacola de mercado. Ele não tinha me notado, mas quando chegou perto o suficiente para que eu visse seu rosto, ele olhou para a frente e parou de andar.
Seus olhos ficaram confusos ao me ver chorando, foi aí que reconheci o gringo da cafeteria.
•••
Continua...
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