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Capítulo V

− Soltem-me! Isto é um ultraje! − A voz masculina e familiar ecoava pelo corredor escuro, cheio de celas fétidas repletas de insetos grotescos.

Eve correu e recostou o rosto pálido à grade, mantendo as mãos nas barras, paralelamente.

− Professor Russell! − gritou ao perceber que ele estava mais perto.

Foi então que algo perspicaz lhe passou pela cabeça. Eles não a deixariam sair dali, ao menos não viva. Seus olhos reviraram enquanto piscava rapidamente, ela sentia seu corpo reagir ao transtorno da viagem e sabia que não teria muito tempo para reverter a situação.

− As chaves, as chaves são os corvos, professor! São os corvos, as begônias... E... E eu... Eu sou a chave! − Ela correu até o fundo da cela e voltou em disparada, fazendo o próprio corpo colidir com as grades.

Do outro lado, preso pelos braços, Russell foi jogado no fundo de um dos cômodos. Ele insistia que não a conhecia e implorava para que o soltassem.

− Ela é uma louca! Vocês não percebem? Isto é inconcebível.

De certa forma, os homens que o levaram começavam a acreditar nas palavras do professor. A jovem parecia não estar em suas faculdades mentais perfeitas. Havia se estirado no chão e cantarolava algo como: "O sino toca, toca, e a neve lá fora anuncia que o Natal está de volta... Peguem os presentes, acendam as velas, o pequeno Bobby deve encontrar o sentido..."

Era uma melodia descompassada, sem um ritmo definido ou afinação. Mas o cientista tremeu com o nome que ouvira.

O líder da guarda se pôs frente à cela do professor, seu semblante era mais amigável.

− Irei interceder por ti junto ao rei. Não pode ser preso com uma mulher como essa, fora de si.

− Eu agradeço imensamente, guarda. Se puder ser rápido, minha esposa ficará preocupada com a demora.

− Farei o possível.

Evelyn continuava se debatendo no chão, cantarolando os mesmos versos disformes, embebida em suas próprias lágrimas. Minutos depois, o líder retornou, trazia um molho de chaves em mãos e um sorriso satisfeito no rosto.

− Está liberado, professor. O rei mandou que o soltássemos por falta de provas conclusivas sobre seu envolvimento com essa... garota − pronunciou a última palavra com desprezo.

− Obrigado − disse Russell, assim que se viu liberto.

− Meus homens irão levá-lo até o lado de fora.

− Agradeço o empenho em me libertar. Passe um bom Natal, meu caro.

O líder da guarda apressou-se a sair, murmurando uma resposta que o cientista não entendeu, a voz de Eve era cada vez mais alta.

− O pequeno Bobby... O pequeno Bobby... − repetia, com os olhos presos no teto.

Russell deu a indicação aos guardas para o esperarem e se aproximou da cela da moça.

− Quem é você? – questionou em um sussurro, mais para seus botões.

Evelyn, fraca, rastejou até às grades. O homem engoliu em seco e se acocorou para a ver melhor. O coração de Russell começou a saltar-lhe no peito ao vê-la colocar a mão no bolso.

− Toma. – Evelyn estendeu o biscoito que havia guardado. O cientista olhou-a sem entender. – Foi você quem me pediu. Posso não ter outra hipótese...

Sempre no Natal, a mãe de Bobby preparava duas bandejas cheias de biscoitos de açúcar. Não era apenas um alimento, era parte de sua alma que estava ali. "Como ela poderia saber?"

Russell retirou, discretamente, a seringa do bolso da sua camisa. Os guardas não poderiam desconfiar de nada. Eve viu o objeto afiado e nem tremeu, limitou-se a fechar a mão à volta do biscoito e a sorrir.

O cientista palpou por uma veia mais saliente no antebraço da moça e retirou apenas a quantidade que precisava.

− Toma – voltou a insistir a garota, sorridente. Russell pegou no biscoito e o arrumou no bolso contrário ao da seringa. – Obrigada, Bobby.

− Elas morrem? – Ainda não sabia se tudo aquilo era verdade, mas se fosse, ele precisava saber delas.

Eve acenou tristemente com a cabeça, confirmando a sentença.

Inquieto, o cientista levantou-se e juntou-se aos guardas.



As células do sangue tinham vestígio de uma radiação perigosa que ainda não havia chegado à superfície. Mas Russell não conseguia ainda acreditar que a jovem pudesse mesmo ter vindo do futuro. "Poderia a máquina fracassada de meus tempos de estudante ter dado certo?"

Russell concentrou-se nas palavras da garota. Sentado na mesa do laboratório, ele começou a murmurar as palavras em tom baixo, tentando encontrar algum significado para o que tanto lhe inquietava.

− Os corvos, corvos... Co... Será?

O homem pensou que se a jovem realmente o conhecesse no futuro, ela poderia saber a obsessão que este tinha pela Tabela Periódica. Talvez até a tivesse ensinado. "Seria ela minha discípula?"

Russell escreveu o número da massa atômica do elemento, que sabia de memória, em uma folha rabiscada.

− As chaves são os corvos, os corvos e as begônias − murmurou. – Berílio! − Anotou a nova sequência. − E eu... Eu sou a chave. Eu... Eu... Európio!

Ele registrou os últimos números e observou o que tinha. Era um amontoado de números e vírgulas, mas tinham de ter algum sentido.

58,933195    9,012182     151,904

Russell começou a andar de um lado para o outro com a folha. Os números ecoavam em sua cabeça, obrigando-o a pensar em uma solução lógica para aquele enigma.

− Pensa! Pensa! – ordenava a si próprio.

O homem começava a ficar verdadeiramente irritado. Ao chegar junto de um dos armários encostados à parede, ele pontapeou-o. O globo pousado no topo balançou, mas não caiu.

− É isso!

Russell sentou-se e começou a fazer círculos e setas em torno dos números.

− Este com este aqui... Estes dois vão pra lá... E este eu somo, então... É isso!!! São coordenadas!

Pegando no recetáculo com o sangue e em uma maquineta, ele saiu do laboratório numa correria contra o tempo.



Ele não o conseguia ver, mas o dispositivo portátil reagia à forte energia que emanava do vórtex. As partículas que eram analisadas, coincidiam com o ADN da jovem, o que provava que ela tinha mesmo vindo dali, daquele buraco temporal que ele, Bobby Russell, haveria de criar no futuro.

O cientista ficou eufórico. Ele nem podia acreditar na sua genialidade. Mas logo lhe caiu a ficha. Aquilo também significava que uma grande parte da população morreria naquele exato dia, como alertara a jovem. Sua mulher, sua mãe...

Sem se deixar afetar por isso, ele decidiu que a jovem seria sua prioridade. Não poderia tentar falar com o rei, porque talvez o achasse tão louco como Eve. A opinião que o monarca tinha a seu respeito não era das melhores e já tinha sido um verdadeiro milagre ter conseguido a libertação.

− A culpa é minha! – O cientista bufou desanimado. Ele tentou passar inutilmente pelo vórtex, com vontade de repreender o seu futuro eu. – Estúpida invenção!

Mas, de fato, a culpa era dele, o que o fazia a chave de tudo.

Não foi preciso muito para que também Russell chegasse a essa óbvia conclusão.



Uma hora depois

Russell viu a pequena criança loira a brincar na neve e soube que era ela. Ali estavam os traços suaves e harmoniosos de uma futura bela mulher. Ainda que a doença lhe tirasse algum do brilho, era impossível não reconhecer a beleza da prisioneira do rei.

− Olá – cumprimentou o cientista, aproximando-se. A criança ficou rígida e alerta, ela sabia que poderia ser perigoso falar com estranhos. – Eu sou um amigo de alguém que te é muito importante.

− Do papá?

O cientista ajoelhou-se à frente dela, sem responder.

− Trouxe um presente para você. – Russell retirou o pequeno bilhete que havia escrito à cerca de uma hora. Tinha demorado mais tempo a escolher as palavras do que a encontrar a morada de Evelyn Brown. – Só pode abrir ele quando estiver se sentindo muito triste. Me promete?

A criança anuiu e pegou no bilhete, guardando-o logo de seguida.

Bobby sorriu para a amiga que nunca chegaria a ter. Ainda que não se lembrasse, ele sabia que Eve tinha sido alguém importante na sua vida, e, por isso, lhe estava imensamente grato.

Ajeitando a pequena mala nas costas, já que não tinha tido coragem de ir a casa para buscar mais pertences, Russell seguiu seu caminho.

Enquanto se afastava daquela cidade onde vivia, sentia como se sua mente apagasse informações. Cada passo para longe era como um pedaço de uma borracha veloz que exterminava suas lembranças mais recentes. Lembrava-se da mulher, da mãe, sabia que tinha de festejar o Natal com elas. Ele olhou para o papel que tinha entre as mãos:

"Continua. Você não poderá voltar, seria o fim."

Era a letra dele, por isso, tinha que confiar.

Bobby Russell nunca chegaria a inventar a máquina do tempo. Evelyn nunca chegaria a ser presa a mando do rei. Aquele era um lapso temporal que mudaria todo o futuro.


1485 palavras

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